DESAFIOS DO PROFISSIONAL ENFERMEIRO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA NO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DE SÍFILIS EM GESTANTES

CHALLENGES OF THE PROFESSIONAL NURSE IN PRIMARY CARE FOR THE DIAGNOSIS AND TREATMENT OF SYPHILIS IN PREGNANT WOMEN

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10045563


Daniela da Silva Sena¹
Sara Costa Nascimento¹
Sandra Helena de Lima Pereira Costa2


RESUMO

A sífilis é uma doença predominantemente de transmissão sexual, causada pelo agente etiológico bacteriano Treponema pallidum. Classificada através de estágios primário, secundário, terciário e latente, mas quando uma gestante é infectada pode ocorrer a transmissão vertical para o feto gerando a sífilis congênita, que pode acarretar uma série de problemas para o feto, se não tratada corretamente. Objetivo: Compreender as dificuldades e desafios dos enfermeiros para o diagnóstico e tratamento das gestantes com sífilis, e as estratégias adotadas para as dificuldades vivenciadas na atenção básica de saúde. Método: Revisão integrativa da literatura. Resultados: Encontraram-se 96 artigos e, após filtrá-los com os critérios de elegibilidade, 27 artigos foram selecionados para o estudo. Discussão: Após a análise da síntese dos resultados dos artigos selecionados para o estudo com o software IRAMUTEQ por meio do método da nuvem de palavras, surgiram 4 categorias baseadas nos objetivos: 1) Atuação dos enfermeiros da atenção primária, no diagnóstico, tratamento e acompanhamento da sífilis gestacional; 2) Condutas adotadas pelos enfermeiros em face da sífilis na gestação; 3) Dificuldades vivenciadas pelos enfermeiros para o acompanhamento e a adesão ao tratamento da gestante com sífilis; 4) Estratégias adotadas para a resolução das dificuldades vivenciadas. A sífilis continua sendo problema de saúde importante, mas quando atingi uma gestante merece atenção redobrada. Conclusão: Embora a cobertura de pré-natal seja quase 100% em todo território brasileiro, a prevalência de sífilis gestacional e congênita ainda é elevada, influências socioeconômicas, escolaridade, não tratamento do companheiro, qualidade do pré-natal, gestantes faltosas ao pré-natal, contribuem para a ocorrência de casos.

Palavras-chave: Enfermagem. Sífilis congênita. Cuidados de enfermagem. Cuidado pré-natal

ABSTRACT

Syphilis is a predominantly sexually transmitted disease, caused by the bacterial etiological agent Treponema pallidum. Classified into primary, secondary, tertiary and latent stages, but when a pregnant woman is infected, vertical transmission to the fetus can occur, generating congenital syphilis, which can cause a series of problems for the fetus, if not treated correctly. Objective: To understand the difficulties and challenges faced by nurses in diagnosing and treating pregnant women with syphilis, and the strategies adopted to address the difficulties experienced in basic health care. Method: Integrative literature review. Results: 96 articles were found and, after filtering them with the eligibility criteria, 27 articles were selected for the study. Discussion: After analyzing the synthesis of the results of the articles selected for the study with the IRAMUTEQ software using the word cloud method, 4 categories emerged based on the objectives: 1) Performance of primary care nurses in diagnosis, treatment and monitoring gestational syphilis; 2) Conduct adopted by nurses in the face of syphilis during pregnancy; 3) Difficulties experienced by nurses in monitoring and adhering to treatment of pregnant women with syphilis; 4) Strategies adopted to resolve the difficulties experienced. Syphilis continues to be an important health problem, but when it affects a pregnant woman it deserves extra attention. Conclusion: Although prenatal coverage is almost 100% throughout Brazil, the prevalence of gestational and congenital syphilis is still high, socioeconomic influences, education, non-treatment of the partner, quality of prenatal care, pregnant women missing prenatal care, natal, contribute to the occurrence of cases.

Keywords: Nursing. Congenital syphilis. Nursing care. Prenatal care.

1. INTRODUÇÃO

A sífilis é uma doença infecciosa causada pela bactéria Treponema pallidum, de transmissão predominantemente por via sexual. (CONCEIÇÃO; CÂMARA; PEREIRA, 2019). A sífilis em gestantes, mesmo sendo uma doença que poderia ser evitada com uma assistência de pré-natal de qualidade, continua sendo um problema de saúde importante (ROSA et al., 2020).

Apesar da sífilis ser uma doença conhecida há séculos, com tratamento eficaz e de baixo custo, existem diversos fatores que contribuem para a incidência de casos entre as gestantes ainda ser grande, pré-natal inadequado, o desconhecimento sobre a doença, seu meio de transmissão, o não tratamento de seu parceiro, não segmento correto do tratamento preconizado pelo Ministério da Saúde, reinfecção, com isso pode causar problemas tanto para a gestante quanto para o feto (CONCEIÇÃO; CÂMARA; PEREIRA, 2019).

A alta prevalência das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) ainda é um grande problema de saúde pública. No que diz respeito as gestantes, a sífilis adquirida por via sexual durante a gestação por ser uma doença infecciosa crônica de evolução lenta que as vezes os sinais clínicos passam despercebidos, se torna um grande problema no decorrer da gestação, principalmente para o concepto, que poderá ser contaminado por via transplacentária ou no momento do parto durante a passagem pelo canal vaginal do contato do recém-nato com lesões presentes (ROSA et al., 2020; REIS et al., 2020).

A enfermagem possui papel essencial no acompanhamento das gestantes na Estratégia de Saúde da Família (ESF) e durante as consultas de pré-natal, o profissional fará a triagem da sífilis e assim poderá atuar na prevenção com informações e ações educativas, e quando o diagnóstico positivo tratar a gestante e seu parceiro em tempo oportuno para o controle da sífilis congênita (SANTOS; GOMES, 2019). Diante disso, o profissional deve estar apto e preparado para reconhecer os sinais clínicos da sífilis, saber quais são os testes diagnósticos, saber interpretar os resultados do exame, conduzir a situação e o tratamento de acordo com o preconizado pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2022).

Em 2011 foi implementada a Rede Cegonha, uma estratégia do Ministério da Saúde, que busca garantir uma assistência de qualidade à mulher grávida, parto e puerpério, e à criança o direito de nascer, crescer e ter um desenvolvimento saudável (MACHADO et al., 2018; MOURA et al., 2021).

A sífilis constitui um problema de saúde pública importante que merece destaque e atenção das esferas governamentais, e atenção especial na rede primária de saúde. Nesse sentido, esta revisão tem como objetivo compreender as dificuldades e desafios dos enfermeiros para o diagnóstico e tratamento das gestantes com sífilis, e as estratégias adotadas para as dificuldades vivenciadas na atenção básica de saúde.

1.1. Justificativa

No Brasil, no último ano segundo dados do Ministério da Saúde, foram registrados mais de 122 mil casos de sífilis, sendo desses 31 mil em gestantes e 12 mil de sífilis congênita (Ministério da Saúde, 2023). Os casos de IST ainda são um grande problema de saúde pública, se tratando de gestantes a sífilis ainda possui alta prevalência de casos durante a gestação e consequentemente se tornando sífilis congênita, infectando o feto quando não tratada ou tratada incorretamente.

A sífilis pode causar abortamento espontâneo, parto prematuro, gerar consequências graves para o bebê, como surdez, cegueira, alterações óssea, má-formação, deficiência mental e levar a morte. A enfermagem possui papel essencial na prevenção desses problemas, é durante o pré-natal que pode ser diagnosticado através do teste rápido, um exame preconizado que deve ser realizado logo na primeira consulta de pré-natal. O tratamento deve ser iniciado assim que diagnosticado, e concluído em até 30 dias antes do parto.

Durante a graduação do curso de enfermagem, e com início dos estágios ofertados nas unidades básicas de saúde, pudemos vivenciar diferentes experiências, algumas positivas e outras negativas. E foi durante uma dessas experiências que nos despertou o interesse pelo tema deste trabalho. Uma gestante que durante uma consulta de pré-natal com o enfermeiro da unidade o teste rápido realizado para a triagem da sífilis deu regente. Com isso, o manejo do caso em questão não seguiu os protocolos preconizados do Ministério da Saúde. Não foi realizado orientações adequadas para esta gestante, explicação do que é esta infecção, como ocorre a transmissão, de como prevenir, da importância do segmento correto do tratamento, o que pode causar no feto se não realizado o tratamento adequado, a duração do tratamento e como ele é realizado, e mais importante ainda não ocorreu por parte do enfermeiro da unidade o questionamento e interrogação sobre seu parceiro, e muito menos a busca deste homem para a realização do rastreio da sífilis e o tratamento, e assim impedir que a gestante seja reinfectada. A procedência tomada para com essa gestante foi lhe informar o resultado de seu teste, e a prescrição da penicilina benzatina em dose total de 7,2 milhões UI, 2,4 milhões UI, IM, 1x/semana por 3 semanas. E em seguida o encaminhamento da gestante para a sala de procedimentos e aberto o protocolo de notificação da sífilis.

Diante da problemática, da convivência durante os estágios nas UBS com casos de sífilis na gestação, da importância do tema e da alta incidência de sífilis gestacional, faz-se necessário compreender as dificuldades e desafios que o enfermeiro vivencia para diagnosticar e tratar corretamente os casos nas Unidades Básicas de Saúde, porta de entrada da atenção primária. Desse modo, este trabalho busca compreender as dificuldades encontradas pelo enfermeiro, estratégias que são adotadas pelo profissional enfermeiro para a prevenção, diagnóstico e tratamento da sífilis gestacional.

1.2. Problema

Quais são os desafios do profissional enfermeiro na atenção primária para o diagnóstico e tratamento de sífilis em gestantes?

1.3. Objetivos

1.3.1. Objetivo geral

Compreender os desafios encontradas pelos enfermeiros da atenção básica para o correto diagnóstico e tratamento da sífilis gestacional.

1.3.2. Objetivos específicos

Analisar a atuação dos enfermeiros na atenção primária à saúde no diagnóstico, tratamento e acompanhamento da sífilis gestacional.

Verificar as condutas adotadas pelos enfermeiros em face da sífilis na gestação.

Identificar as dificuldades vivenciadas pelos enfermeiros para o acompanhamento e a adesão ao tratamento da gestante com sífilis.

Conhecer as estratégias adotadas para a resolução das dificuldades vivenciadas.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. SÍFILIS

A Sífilis é conhecida desde o século XV, é uma doença infeciosa de evolução lenta, crônica, transmitida por via sexual e vertical, de mãe para filho durante a gestação, ou ainda através de transfusão sanguínea, caso raro hoje em dia. A doença causada pela bactéria espiroqueta Treponema pallidum, cujo único hospedeiro é o homem, por séculos desafia a humanidade. Caracteriza-se por fases de surto e latência com suas graves complicações, podendo comprometer todos os órgãos e sistemas do corpo humano de pessoas não tratadas ou tratadas incorretamente (ROSA et al., 2020; HOLZTRATTNER et al., 2019).

Apesar de ser conhecida há séculos e possuir diagnósticos e tratamento de baixo custo, ainda se mantém como um problema de saúde pública. Seus sinais e sintomas são muito variados e complexos que muitas vezes passa despercebido. Manifesta-se nas fases primária, secundária, latente e terciária, a sífilis na gestante é de vigilância essencial e notificação compulsória (REIS et al., 2020; SIQUEIRA, 2021).

2.1.1. Classificação da Sífilis

2.1.1.1. Sífilis Primária

Uma das primeiras manifestações do T. pallidum, surge de 10 a 90 dias após a infecção, com o aparecimento de uma lesão rósea, com bordas bem definidas, elevadas e endurecidas, surge no local da entrada da bactéria, esta lesão é altamente rica em treponemas e contaminante. Denominada esta primeira lesão de cancro duro, geralmente surge nas mulheres nos pequenos e grandes lábios e colo uterino, nos homens costuma inicialmente acometer em volta do prepúcio, contudo, pode acometer também boca, ânus, língua, e outros locais do tegumento (BRASIL, 2022; SIQUEIRA, 2021).

Essas manifestações clínicas podem desaparecer após 4 ou 5 semanas sem deixar marcas independente de tratamento. Podendo fazer assim que a pessoa infectada não dê importância ou não note a lesão (BRASIL, 2022).

2.1.1.2. Sífilis Secundária

Após o desaparecimento do cancro duro, leva em média entre seis semanas a seis meses para o surgimento de sinais clínicos na sífilis secundária. Nessa fase o T. pallidum já conseguiu se disseminar para os órgãos e tecidos do corpo. Os sinais clínicos mais comumente que se manifesta são lesões na região da palma das mãos e região plantar do pé, mas, que podem atingir qualquer região do corpo (BRASIL, 2022).

As erupções que aparecem inicialmente são em forma de pápulas roséola, que depois progridem para lesões mais evidentes, papulosas acastanhadas. Nesse momento essas erupções são altamente infectantes. São comuns sintomas de febre, cefalia, mal-estar, prurido. Essa sintomatologia costuma regredir espontaneamente, levando uma falsa sensação de cura, com isso se instala um período de silêncio clínico (BRASIL, 2022).

2.1.1.3. Sífilis Latente

Fase que não apresenta nenhum sinal ou sintoma, pode ser classificada em latente recente (menos de um ano) e latente tardia (mais de um ano de infecção), fase assintomática, o diagnóstico é feito apenas por testes sorológico. Maioria dos diagnósticos feito nessa fase. Cerca de 25% dos pacientes não tratados ou tratados incorretamente associam lesões secundárias a um período de latência (BRASIL, 2022).

2.1.1.4. Sífilis Terciária

Essa fase pode surgir após anos ou décadas do início da infecção por sífilis. Nesse estágio provoca a destruição tecidual, comum acometer o sistema cardiovascular e sistema nervoso (neurossífilis). Nesse estágio da doença, ocorre como um processo inflamatório ocasionando formação de gomas sifilíticas (tumores), nas mucosas, pele, ossos, qualquer tecido, causando desfiguração e podendo levar até ao óbito (BRASIL, 2022).

2.1.2. Diagnóstico da sífilis em gestantes

A atuação do enfermeiro nesse momento é essencial, uma anamnese, exame clínico, avaliação da paciente como um todo. Compreender e questionar sobre sinais clínicos que tenham aparecido. Uma assistência de pré-natal de qualidade é imprescindível, é preconizado pelo Ministério da Saúde que a gestante faça no mínimo 6 consultas de pré-natal durante a gestação, intercalando com médico e enfermeiro, nesses momentos são feitos o rastreio para a sífilis, HIV, Hepatite B e C, no primeiro trimestre da gestação e terceiro trimestre, no momento do parto e após aborto, são essenciais o rastreio para a sífilis, seguindo protocolos do MS (BRASIL, 2021; LIMA; HOLANDA; SARAIVA; ROUBERTE, 2021).

O enfermeiro é agente promovedor de informações, atua em diversas frentes, promovendo ações educativas, informações, nos testes diagnósticos, monitoramento e acompanhamento dos casos (LIMA; HOLANDA; SARAIVA; ROUBERTE, 2021). Para um controle e diagnostico fidedigno, é essencial os testes sorológicos acompanhado de exame físico da paciente para identificação de possíveis sinais clínicos que auxiliara no diagnóstico (LIMA; HOLANDA; SARAIVA; ROUBERTE, 2021).

Para o diagnóstico de sífilis são comumente empregados testes imunológicos os quais se dividem em testes treponêmicos, detectam anticorpos específicos produzidos que podem aparecer a partir do décimo dia da lesão primária, e não treponêmicos, apresenta resultado semiquantitativo, auxilia no monitoramento (BRASIL, 2021).

Testes treponêmicos identificam os anticorpos específicos para o antígeno da bactéria da sífilis, T. pallidum. Vale ressaltar que estes testes podem ocorrer de dar falso-positivo, por não ser capaz de diferenciar a cicatriz sorológica (cura da doença) de uma infecção em curso (BRASIL, 2022).

Nos testes treponêmicos temos os testes rápidos (TR), um dos mais utilizados para o rastreio da sífilis, principalmente nas UBS, de fácil manipulação e interpretação dos resultados, contudo necessita de profissionais capacitados. Tem-se também o exame ELISA (Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay) detecta os antígeno-anticorpos através de reações enzimáticas. Testes treponêmicos são de alta sensibilidade e especificidade (BRASIL, 2021; BRASIL, 2022).

Os TR são feitos com amostras sanguina de punção venosa ou digital, resultado no máximo 30 minutos, possibilita início de tratamento imediato, realizado logo na primeira consulta de pré-natal da gestante, um dos mais utilizados na atenção básica para início de diagnóstico da sífilis (BRASIL, 2021). São distribuídos pelo MS para todos os estados (BRASIL, 2022).

Tem-se também TPHA, um teste de hemaglutinação, TPPA (aglutitação de partículas), um dos mais utilizados também é o FTA-Abs, teste de imunofluorescência direta que pesquisa a absorção de anticorpos, são alguns dos testes treponêmicos (BRASIL, 2021; BRASIL 2022).

Os testes não treponêmicos, detectam anticorpos anticardiolipínicos (IgM e IgG) não específicos do T. pallidum, mas que estão presentes na sífilis, estes testes são semiquantitativos, são usados para diagnósticos, acompanhamento da resposta ao tratamento e cura da doença dos casos de sífilis com titulação dos resultados (ex.: 1:2, 1:4, …,1:129, etc.) (BRASIL, 2022; GASPAR et al, 2021).

Os testes não treponêmicos mais utilizados são o VDRL (Venereal Disease Research Laboratory), o Rapid Plasma Reagin (RPR) e o UnheatedSerum Reagin (URS). O VDRL se dar através de títulos, tem alta sensibilidade e baixa especificidade, com resultado positivo podendo aparecer com três a seis semanas após aparecimento do cancro duro, contudo, resultados falso-reagentes podem aparecer pois o teste do VDRL tem antígenos formados por colesterol, lecitina, cardiolipina purificada, que está presente não somente na sífilis podendo ocorrer um resultado falso (BRASIL, 2021; BRASIL, 2022; GASPAR et al, 2021).

Mais importante do que realizar o teste é realizar a conduta adequada após teste positivo, principalmente se tratando de gestante. Iniciar o quanto antes o tratamento de acordo com o estágio da doença, devidas orientações sobre o que é essa infecção, como ocorre seu meio de transmissão, como é o tratamento e seu tempo de duração, as consequências que podem causar tanto na gestante quanto para o bebê e a importância do tratamento correto e adequado para evitar que cause danos ao feto. Busca ativa ao(s) parceiro(s) dessa gestante para o teste, diagnóstico e tratamento da sífilis, para que não ocorra reinfecção desta gestante. Acompanhamento tanto do parceiro quanto da gestante até a cura desta enfermidade são ações que o enfermeiro deve implementar e fazer (SANTOS; GOMES, 2019; SILVA; GOMES, 2020; MELO; SANTOS, 2023).

2.1.3. Tratamento da sífilis gestacional

Após a gestante ser diagnosticada com sífilis durante o pré-natal, é essencial que o profissional enfermeiro explique sobre a doença e as consequências que o feto poderá sofrer se não realizado o tratamento correto. A droga apropriada e de primeira escolha para o tratamento é a Penicilina G benzatina, este medicamento consegue atravessar a barreira transplacentária, sendo a única opção segura e comprovadamente eficaz para o tratamento das gestantes, conseguindo assim evitar a SC se feito o tratamento adequadamente (BRASIL, 2022; SIQUEIRA, 2021). Não existe até então caso documentado de resistência do T. pallidum a Penicilina G benzatina, o seu custo e efetividade são inquestionáveis, sendo um tratamento barato e ofertado pelo SUS, sendo a atenção primária a porta de entrada (SIQUEIRA, 2021).

Para pessoas que são alérgicas a penicilina existe tratamento alternativo, utilizado a Doxiciclina, Ceftriaxona, contudo qualquer outro medicamento utilizado em gestantes para o tratamento da sífilis que não seja a penicilina é considerado tratamento não adequado, sendo assim o RN notificado como caso de sífilis congênita e submetido a exames laboratorial e avaliação clínica como preconizado pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2022; SIQUEIRA, 2021).

O tratamento com a Penicilina G benzatina é realizado de acordo com o estágio da doença. Segundo Brasil (2022, p.150):

Sífilis recente: sífilis primária, secundária e latente recente (com até um ano de evolução): Benzilpenicilina benzatina 2,4 milhões UI, IM, dose única (1,2 milhão UI em cada glúteo).

Sífilis tardia: sífilis latente tardia (com mais de um ano de evolução) ou latente com duração ignorada e sífilis terciária: Benzilpenicilina benzatina 2,4 milhões UI, IM, 1x/semana (1,2 milhão UI em cada glúteo) por 3 semanas. Dose total: 7,2 milhões UI, IM.

O acompanhamento da efetividade do tratamento é realizado através dos testes não treponêmicos mensalmente, através da titulação, até a estabilidade dos resultados, que é considerado a cura da doença e/ou cicatriz sorológica da sífilis que se mantêm (BRASIL, 2022; BRASIL, 2021; SIQUEIRA, 2021).

Para início do tratamento da gestante, com um teste treponêmico reagente já se inicia de imediato o tratamento, o qual deve terminar 30 dias antes do parto, para diminuir as chances de a criança nascer com SC (SIQUEIRA, 2021; REIS et al, 2020).

2.2. Sífilis e a Gestação

Dentre as diversas IST, a sífilis merece destaque devido à sua alta incidência de transmissão, sendo uma doença que atinge homens e mulheres, de qualquer classe social e nacionalidade. A sífilis na gestante é uma condição grave que exige tratamento imediato e eficiente. Uma das principais causas de mortalidade e morbidade fetal e neonatal, de fácil prevenção e tratamento (ARAÚJO et al., 2019).

A sífilis gestacional é um risco não apenas para a mãe como também para o feto, podendo a bactéria causar complicações como abortamento, parto prematuro, morte neonatal, natimorto e sífilis congênita. O tratamento na gestante é simples, porém se não feito ou feito incorretamente as chances da criança nascer com sífilis congênita é quase 100% em todos os casos (OLIVEIRA; OLIVEIRA; ALVEZ, 2021).

Sífilis gestacional é de notificação compulsória desde a publicação da Portaria 33/2005, para ocorrer a devida vigilância epidemiológica e com isso planejamento de promoção a saúde, prevenção, diagnósticos e o devido tratamento e controle de casos (ROSA et al., 2020; SILVA et al., 2023). Contudo, estudos demonstram que há subnotificação e os dados de casos notificados em gestantes por ano não são 100% fidedignos, demonstrando assim falhas no atendimento à mulher gestante e ao pré-natal ofertado.

2.2.1. Complicações mais frequentes da Sífilis durante a Gestação

Dentre as diversas doenças que podem ser transmitidas durante o ciclo gravídico-puerperal, a sífilis é que tem a maior taxa de infecção por transmissão vertical, podendo a contaminação nas fases primária e secundária ser de 70% a 100% dos casos de mães não tratadas ou tratadas inadequadamente, nesse estágio os treponemas estão mais presentes e a transmissão vertical pode ocorrer mais facilmente no primeiro trimestre de gravidez, quando os órgãos do feto estão em formação (LIMA; HOLANDA; SARAIVA; ROUBERTE, 2022). ). Além das manifestações e problemas que causa na mãe com sífilis, o concepto pode ser o mais prejudicado, uma vida que ainda está em formação pode ser atingida e prejudicada, podendo nascer já com problemas em decorrência dessa contaminação vertical ou nem chegar a nascer.

A Sífilis Congênita (SC) é uma das complicações mais graves que pode ocorrer em decorrência da sífilis gestacional. Outras manifestações em decorrência da sífilis pode ser abortamento espontâneo, parto prematuro, morte fetal e neonatal, surdez, deficiência mental, entre outros (REIS et al, 2020; SIQUEIRA, 2021).

O recém-nascido acometido por SC pode apresentar sinais precoce que aparecem logo nos primeiros meses, que incluem, feridas no corpo, surdez, problemas ósseos, baixo peso, hepatomegalia, icterícia, entre muitos outros problemas (SIQUEIRA, 2021). Já na manifestação tardia de SC no recém-nascido, após os dois anos de idade, manifestações clínicas são raras, o que é resultante da cicatrização da infecção sistêmica, podendo acometer vários órgãos (SIQUEIRA, 2021).

2.2.2. Sífilis Gestacional e os desafios que dificultam na eficácia do diagnóstico e adesão ao tratamento

Estudo realizado por SILVA e GOMES (2020) em 14 unidades da ESF com 14 enfermeiros no município de Vassouras/RJ, a maioria das enfermeiras que participaram afirmaram que o maior desafio para a quebra da cadeia de transmissão da sífilis é a captação e realização do teste diagnóstico nos parceiros das gestantes, sendo assim a difícil adesão também ao tratamento concomitante do(s) companheiro(s) da gestante, gestantes que não comparecem para o seguimento completo do tratamento, gestantes faltosas nas consultas de pré-natal. A adesão das parcerias da gestante ao tratamento é crucial para o sucesso do tratamento e evitar a reinfecção e a sífilis congênita. Vários estudos nacionais vão de encontro a essa afirmação, mas está não é uma realidade vivenciada, por vários motivos, um dos principais é a multiplicidade de parceiros e a recusa do mesmo ao tratamento.

A enfermagem possui papel importante na quebra da cadeia de infecção por sífilis, principalmente das gestantes. Com oferta de um pré-natal de qualidade e que atenda tanto a gestante, o feto e seu companheiro. O comparecimento do companheiro da gestante na UBS ainda é um problema encontrado, a UBS carrega o estigma de que só mulheres, crianças e idosos as frequenta, os homens ainda têm preconceito ou não vem necessidade de fazer o acompanhamento com a gestante, assim ficando difícil a captação para a testagem, diagnóstico e tratamento desse homem (ARAÚJO et al., 2019; SILVA; GOMES, 2020).

Outra dificuldade encontrada também é por parte da equipe de enfermagem, que não prescrevem o medicamento para o tratamento, faz o encaminhamento para o médico para este o fazer, ocasionando demora no tratamento. Enfermeiros estão aptos e respaldados (COFEN) a prescrever a penicilina G benzatina conforme Protocolos do Ministério da Saúde e Portarias Estaduais e Municipais de Saúde ou em rotina aprovada pela instituição de saúde que atuam, e a realizarem a aplicação da mesma, mas as vezes não o fazem por medo de reações adversas, preferindo o encaminhamento para médicos e unidades especializadas (ARAÚJO; SOUZA, 2020; SILVA; GOMES, 2020; MACHADO et al, 2018).

Um dos problemas encontrados também é o relato de dor no segmento terapêutico na hora da aplicação da medicação, fazendo com que tanto a gestante quanto seu companheiro não voltem para completar o tratamento corretamente que é necessário a depender do estágio da doença (SILVA; GOMES, 2020).

Estudos demonstram que a incidência de sífilis é maior em mulheres com idade entre 15 e 29 anos (SILVA; GOMES, 2020). A baixa escolaridade, o nível socioeconômico, a cor negra, barreiras para acesso aos serviços de saúde, principalmente pré-natal, promiscuidade, início precoce da atividade sexual, uso de substâncias ilícitas, não uso da camisinha nas relações sexuais, déficit de conhecimento sobre a sífilis, tudo isso são relatados por autores como fatores para a disseminação da sífilis (ROSA et al., 2020; PEREIRA; SANTOS; GOMES, 2020; SILVA; GOMES, 2020; SIQUEIRA, 2021).

A oferta de pré-natal com qualidade também é uma deficiência encontrada no Brasil, e a sífilis congênita é o reflexo desse pré-natal, uma doença evitável e tratável. A entrada tardia no pré-natal, que dificulta o rastreio e tratamento da sífilis, o mínimo de consultas para um pré-natal abaixo da média, o despreparo do profissional enfermeiro, a sobrecarga desse profissional que com isso faz uma oferta de atendimento no pré-natal de baixa qualidade (HERINGER et al., 2020; MOURA et al., 2021).

A falta as vezes nas Unidades Básicas de Saúde dos testes rápidos e da penicilina foram relatadas em estudos como problemáticas também para o controle da sífilis, mesmo que por um curto período, são fatores que dificultam o diagnóstico e tratamento correto (SILVA; GOMES, 2020; MACHADO et al, 2018).

Tudo isso são presenciados no dia a dia dos enfermeiros, são barreiras e desafios que a equipe de enfermagem tem que saber abordar e atuar, mas não são problemáticas apenas para a enfermagem, é necessária uma equipe multidisciplinar nessa atuação, composta por médicos, técnicos de enfermagem, enfermagem, agentes de saúde e toda equipe que compões a Estratégia de Saúde da Família. Principalmente na busca de gestantes faltosas ao pré-natal e companheiros de gestantes diagnosticadas com sífilis.

2.2.3. Assistência de Enfermagem a Gestantes com Sífilis na Atenção Básica

A atenção básica (AB), é a porta de entrada dos usuários para os serviços de saúde. E por meio deste espaço que presta assistência aos usuários, por meio da promoção, educação em saúde, diagnósticos, tratamento, acompanhamento, reabilitação, redução de danos e a manutenção da saúde, por meio dos profissionais que ali atuam, essencialmente o enfermeiro que cria um vínculo maior com a comunidade (MACHADO et al, 2018; SOUZA et al, 2019).

O enfermeiro através da Lei do Exercício Profissional (decreto nº 94.406/87 e lei 7.498/86) tem respaldo legal para a realização do pré-natal de baixo risco, realizando consulta de enfermagem, prescrição de medicamentos de acordo com protocolos e uma assistência de qualidade durante todo o período gravídico e puerpério (SOUZA et al., 2019; SANTOS; GOMES, 2019). Em 2011 ocorreu a implantação da Rede Cegonha criado pelo MS para facilitar e ampliar o acesso das gestantes aos serviços de saúde e reduzir a morbimortalidade materno-infantil, garantindo acolhimento, atenção integral e qualificada a criança (MORAES; FEIRE; RUFINO, 2021; MELO; SANTOS, 2023).

Quando uma gestante entra na Unidade Básica de Saúde para iniciar o pré-natal, toda assistência e informações devem ser oferecidas e ofertadas. Solicitação de todos os exames preconizados, informações sobre todo o processo gravídico e mudanças no corpo, queixas da gestante, informações sobre o parto, caderneta da gestante, entre muitas outras coisas, mas essencialmente assistência a enfermidades que podem acometer tanto a mãe e o feto, exemplo, sífilis (BRASIL, 2020; SOUZA et al, 2019).

A gestante com diagnóstico de sífilis, deve ser acompanhada pela equipe de saúde da unidade que ela frequenta, para ocorrer o tratamento adequadamente, sem problemas para o seu feto, visando um nascimento saudável desse binômio sem intercorrências. Uma escuta de qualidade e acolhimento são essenciais nesse momento (SOUZA et al, 2019).

Após o diagnóstico de sífilis na gestante, deve se fazer a notificação compulsória que é obrigatório desde julho de 2005 através da Portaria MS/ SUS nº33, e iniciar o tratamento, que pode ser feito após um teste treponêmico positivo. Explicar para essa gestante todo o processo do tratamento, o tempo de duração, as doses necessárias, que é um tratamento doloroso, mas necessário, explicar o que é a sífilis e o que ela pode causar, principalmente no bebê, como ocorre a transmissão e que o tratamento de seu parceiro é essencial, para não ocorrer a sua reinfecção (MACHADO et al, 2018; SOUZA et al, 2019; SILVA et al., 2023).

O acompanhamento dessa gestante deve ser feito até a cura da patologia, com solicitações de exames (VDRL) mensalmente para monitoração da efetividade do tratamento e verificação de ocorrência de reinfecção. Uma assistência e acompanhamento qualificada no pré-natal possibilita a prevenção da transmissão vertical dessa gestante (MACHADO et al., 2018).

2.2.4. Estratégias do Enfermeiro para prevenção e tratamento adequado da Sífilis em Gestantes na Atenção Básica

O período gestacional de uma mulher deve contemplar todos os benefícios para a saúde, bem-estar físico, social, mental, para que este processo evolua da melhor maneira possível, prevenindo complicações para mãe e o feto, acompanhamento nos serviços de saúde ofertados para a gestante e seu parceiro, para promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e acompanhamento de qualquer processo patológico na gestação, a fim de prevenir qualquer complicação materno-fetais e neonatais (NUNES et al, 2018).

A enfermagem tem um papel muito importante na prevenção e tratamento da sífilis na atenção básica, é o enfermeiro que constrói um vínculo maior com a comunidade, principalmente com as gestantes da área que atua, durante o pré-natal irá ofertar toda assistência necessária para que o feto não desenvolva nenhuma complicação em decorrência da sífilis (SANTOS; GOMES, 2019). O enfermeiro atua conforme os programas e protocolos ofertados pelo Ministério da Saúde, com embasamento técnico, científico, holístico e humanizado da melhor maneira possível para atender as necessidades da comunidade de sua área, buscando a manutenção da saúde, promoção, prevenção e monitoramento das doenças, principalmente a sífilis, que tem caráter transmissível elevado (SANTOS; GOMES, 2019; PEREIRA; SANTOS; GOMES, 2020; BRASIL, 2022).

O planejamento familiar uma estratégia da ESF, além de ofertar para a mulher métodos contraceptivos, contempla o preparo da mulher para uma gestação sem complicações, assim como informações indispensáveis para a mulher que deseja engravidar e seu parceiro (LIMA; HOLANDA; SARAIVA; ROUBERTE, 2022).

Se tratando da prevenção da sífilis gestacional e congênita, o profissional enfermeiro atua em diversas frentes, a principal é ações educativas, com rodas de conversas com gestantes, palestras, orientações e informações tanto para a gestante e seu parceiro, visitas domiciliares principalmente para as gestantes faltosas e as em situações de vulnerabilidade, conscientização e educação relacionada ao uso de preservativo nas relações sexuais, monitoramento e realização dos testes rápidos (TR) tanto nas gestantes e seu(s) parceiro(s), distribuição de preservativos. “A melhor forma de se combater a sífilis é através de prevenção e campanhas direcionadas ao público-alvo” (LIMA; HOLANDA; SARAIVA; ROUBERTE, 2022, p. 22).

O pré-natal é o momento perfeito para orientação da mãe, parceiro e familiares quando o resultado para sífilis é positivo, orientar quanto a devida adesão ao tratamento e segmento correto. Fazer uma busca ativa aos parceiros das gestantes diagnosticadas com sífilis e tentar sensibilizar este homem para fazer o tratamento, com isso evitar a reinfecção da gestante (ARAÚJO et al., 2019; SILVA; GOMES, 2020).

A principal ferramenta que o enfermeiro tem ao seu dispor para atuar com eficiência na prevenção da sífilis e demais patologias é sua capacitação e educação continuada. O enfermeiro atua como protagonista na atenção básica, quando este atua conforme protocolos estabelecidos consegue ter domínio, autonomia e planejar ações para a comunidade onde atua para a prevenção da sífilis, deve ter uma postura acolhedora e não julgadora, acolher essa gestante e parceiro para que eles se sintam seguros e confiantes no profissional (NUNES et al, 2018; HERINGER et al., 2020).

O preenchimento da ficha de notificação compulsória corretamente através do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAM), é uma ferramenta importante no combate a sífilis, por meio na notificação e alimentação do sistema de dados a vigilância epidemiológica pode adotar estratégia para prevenir a incidência de sífilis, principalmente a sífilis congênita, pois é uma doença 100% tratável (NUNES et al, 2018).

O principal meio para uma prevenção e tratamento da sífilis correto é a informação, e como os profissionais da saúde, principalmente os enfermeiros vão disseminar essas informações, por meio de uma linguagem acessível que todos entendam, correta abordagem dessas pessoas da comunidade, pois vai se falar sobre questões de sexualidade, e ainda existe muito tabu relacionado a esse assunto. Quando as gestantes estão na sala de espera para consulta é um ótimo momento de conversar com o público-alvo sobre educação em saúde e sensibilizar esse público, com utilização de banner, cartilhas, cartazes sobre a sífilis e suas consequências para o feto e a importância do tratamento e diagnóstico precoce (SANTOS; GOMES, 2019; SILVA; GOMES, 2020; CERQUEIRA; SILVA; GAMA, 2021).

3. METODOLOGIA

Para o presente trabalho realizou-se um estudo descritivo de revisão bibliográfica do tipo integrativa, e de abordagem qualitativa e quantitativa.

Como forma de direcionar a revisão integrativa, criou-se a seguinte questão, conforme estratégia PICo (População, Interesse, Contexto) que ficou definida como: Quais são as evidências científicas de literatura existente sobre o papel do Enfermeiro da atenção básica para o correto diagnóstico e tratamento da sífilis gestacional e desafios encontrados neste processo.

A revisão da literatura se deu de forma on-line em artigos científicos sobre o tema, o levantamento ocorreu entre fevereiro e junho de 2023, na base de dados Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), a base: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Base de Dados de Enfermagem (BDENF); no Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), incluídos nos resultados com os seguintes Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): enfermagem; sífilis congênita; cuidados de enfermagem; pré-natal, sendo esses pesquisados de forma associada, utilizando o operador booleano AND.

Os critérios de inclusão dos artigos foram: artigos que atendiam ao tema proposto, publicados em português, publicados nos últimos 5 anos (2018 a 2023), disponível on-line, completo, gratuito e disponíveis para download. A exclusão ocorreu daqueles com mais de 5 anos de publicados, publicados em outras línguas, que não atendiam ao tema proposto, que não estavam disponíveis na integra, gratuitos on-line e disponíveis para download.

Inicialmente, as obras foram armazenadas e em seguida foi feita a pré-seleção dos artigos com a leitura dos resumos. Nessa etapa, analisou-se a relação entre o conteúdo, título, resumo, e se atendiam ao objeto do presente estudo.

Na etapa seguinte, na fase de seleção, as obras foram lidas na integra, com foco para os resultados e conclusão das obras, os trabalhos que apresentavam qualquer relação com o tema foram excluídos. Ao utilizar os descritores foram encontrados 96 artigos, após a filtragem utilizando os critérios de inclusão e exclusão, 27 se adequavam aos parâmetros estabelecidos. Conforme ilustra o Fluxograma 1.

Fluxograma 1. Estratégia de busca.

Fonte: elaborado pelas autoras, 2023.

4. RESULTADOS

Os achados desta pesquisa foram compostos por 27 artigos que atenderam rigorosamente aos critérios de inclusão e exclusão previamente estabelecidos. Os achados estão apresentados no quadro 1 abaixo.

Quadro 1. Publicações selecionadas para discussão, capturadas nas bases Lilacs, BDENF, Scielo e CAPES no período de 2018 a 2023.

Autor/anoTítulo do ArtigoObjetivoResultados
Machado, I. et al.,2018.Diagnóstico e tratamento de sífilis durante a gestação: Desafio para enfermeiras?.Identificar dificuldades ou facilidades que enfermeiras (os) encontram para realizar o tratamento da sífilis na gestante e em seus parceiros sexuais.A maioria (86%) das enfermeiras realiza o teste rápido, recruta parceiros sexuais das gestantes para realizar o teste e 62% responderam que administram penicilina benzatina na própria unidade para o tratamento; a oferta do teste rápido na própria unidade e a agilidade de retorno do resultado do exame foram relatadas como principais facilidades encontradas; as dificuldades foram a adesão do parceiro ao tratamento seguido da falta de comprometimento da gestante para seguir o tratamento.
Holztrattner, J. S. et al., 2019.Sífilis congênita: realização do pré-natal e tratamento da gestante e de seu parceiroAnalisar a ocorrência e a associação da sífilis congênita com a realização do pré-natal e tratamento da gestante e do parceiro.A taxa de sífilis congênita em menores de um ano de idade aumentou de 2 para 6,5 no Brasil, de 1,5 para 11,5 no Rio Grande do Sul e de 4,4 para 30,2 em Porto Alegre. Em torno de 74% de mulheres realizaram o pré-natal nas três esferas. Das gestantes 80% não realizaram o tratamento ou o fizeram de maneira inadequada. O percentual de tratamento do parceiro não ultrapassou 20,5%.
Souza, A. Q. et al., 2019.A assistência no pré-natal no contexto da estratégia de saúde da família sob o olhar do enfermeiro.Conhecer a percepção de enfermeiras acerca da assistência e das orientações durante o pré-natal em relação ao parto no contexto da Estratégia de Saúde da Família.Com base na análise de conteúdo, os dados resultaram em duas categorias temáticas: Orientações durante a consulta de pré-natal; e percepção das enfermeiras sobre o cuidado ofertado durante o pré-natal nas Estratégias de Saúde da Família. Os resultados mostraram que as enfermeiras não abordavam o parto como tema das consultas de pré-natal.
Souza, M. H. T.; Beck, E. Q. 2019.Compreendendo a sífilis congênita a partir do olhar maternocompreender as percepções maternas sobre sífilis congênita e os cuidados de saúde desses recém-nascidos.Os dados resultaram em três eixos temáticos: Falhas na realização do pré-natal; Conhecimento das mães em relação à sífilis congênita e sentimentos das mães acerca do diagnóstico de sífilis congênita. Apesar da realização do pré-natal, evidenciaram-se inseguranças, fragilidades e insuficiência de conhecimentos em relação à doença no que se refere ao diagnóstico, tratamento e prevenção.
Santos, P. A.; Gomes, A. A. 2019.Ações na estratégia saúde da família para combate à sífilis congênita.Tem como objetivo relatar a experiencia desenvolvida e os avanços obtidos no combate a sífilis congênita no município baiano de Ibicaraí-BA.O projeto abordou aspectos sobre questões culturais da população, como a resistência ao uso do preservativo, bem como da participação dos homens nas consultas de planejamento familiar e pré-natal. Também foram trabalhados aspectos relacionados à prevenção, diagnóstico e tratamento da sífilis. Após a implementação das ações percebeu-se uma mudança de postura frente aos usuários do serviço, e redução no número de casos de sífilis em gestantes e de sífilis congênita notificadas no SINAN.
Conceição, H. N.; Câmara, J. T.; Pereira, B. M. 2019.Análise epidemiológica e espacial dos casos de sífilis gestacional e congênita.Analisar o perfil epidemiológico e a distribuição espacial dos casos de sífilis gestacional e congênita.Foram 149 casos de sífilis gestacional, apresentando crescimento de 73% no período. As maiores prevalências ocorreram em mulheres jovens, pardas, com baixa escolaridade e donas de casa. Evidenciou-se maior frequência do diagnóstico no terceiro trimestre gestacional, com maior prevalência de sífilis primária. Foram 18 casos de sífilis congênita, com redução de 33% na taxa de detecção e prevalência na idade entre 1 e 28 dias de vida. Na análise espacial, as zonas Oeste e Leste, periferia do município, concentraram o maior número de casos.
Araújo, M. A. M. et al., 2019.Linha de cuidados para gestantes com sífilis baseada na visão de enfermeirosConstruir uma proposta de linha de cuidado para a gestante com sífilis a partir da visão de enfermeiros.A amostra foi composta em sua totalidade por participantes do gênero feminino; a idade variou de 23 a 42 anos, com média de 30 anos. A eliminação da sífilis depende da qualificação na assistência, principalmente da equipe inserida na Atenção Primária à Saúde, o qual se direciona como porta de entrada dessa Rede. A captação precoce das gestantes por meio dos Agentes Comunitários de Saúde e a utilização de redes sociais para manter a comunicação com as usuárias se configuram como potencialidades enfatizadas pelas enfermeiras. Os principais desafios relacionados à eliminação da sífilis congênita são a necessidade de melhorar o cuidado pré-natal, aumentar a cobertura dos testes rápidos, treinar os profissionais de saúde acerca do diagnóstico, tratamento e acompanhamento, e ampliar o acesso aos testes de rastreio e aos medicamentos utilizados na linha de frente do tratamento.
Silva, T. S.; Gomes, E. N. F. 2020.O perfil epidemiológico da sífilis no município de Vassouras – estratégias e desafios dos enfermeiros na atenção básica para promoção e prevenção da sífilis.Caracterizar o perfil epidemiológico da sífilis no município de Vassouras dos anos de 2016 a 2018; Identificar as estratégias e os desafios dos enfermeiros da Estratégias Saúde da Família (ESF) para a promoção e prevenção da Sífilis.De acordo com os dados coletados ficou constatado que houve um declínio da infecção entre os anos 2016 a 2017 e no ano de 2018 um acentuado crescimento dos casos de sífilis, a doença é predominante no sexo feminino e prevalente na zona urbana tendo 102 notificações que representa 76,7% dos casos de sífilis. Os enfermeiros apontam na pesquisa que realizam a maioria das ações que são propostas para o manejo correto da sífilis, porém em algumas unidades a apresentam fragilidades, para o diagnóstico, tratamento e busca ativa dos parceiros dos casos positivos de sífilis. O tratamento doloroso impede que os pacientes retornem para realizar as demais doses da terapia, os pacientes têm pelo preconceito, preferem não procurar a unidade de saúde para poder ocultar, a dificuldade de acesso na zona rural caracteriza um desafio constantes para os enfermeiros.
Rosa, R. F. N. et al., 2020.O manejo da sífilis gestacional no pré-natalAnalisar o manejo da sífilis gestacional durante a assistência pré-natal.Certifica-se de que o manejo da sífilis gestacional foi realizado inadequadamente na maioria dos estudos analisados devido ao diagnóstico e ao tratamento tardios, não adesão ao tratamento, pela gestante e pelo parceiro, número reduzido de consultas pré-natais, insegurança profissional de realizar os esquemas terapêuticos e problemas organizacionais dos serviços de saúde.
Lima, M. J. A.; Holanda, R. E.; Saraiva, J. A.; Rouberte, E. S. C. 2020.A importância da atuação do enfermeiro frente ao diagnóstico de sífilis congênita no recém-nascido.Analisar literaturas que abordam o papel e o conhecimento do enfermeiro frente ao diagnóstico de sífilis em recém-nascidos.Diante da persistência do problema da Sífilis Congênita, pode-se afirmar que a sua gênese é multifatorial e possivelmente está relacionada com a falta de conhecimento da equipe de saúde acerca do seu manejo, requerendo maior atenção dos órgãos responsáveis pelas políticas públicas. Um pré-natal de qualidade requer capacitação técnica dos profissionais que realizam o acompanhamento das gestantes, especialmente na atenção primária em prol da prevenção da SC e consequentemente da melhora dos indicadores de morbimortalidades materna e fetal.
Reis, M. P. L. et al., 2020.Sífilis na gestação e sua influência nas complicações materno-fetais.Identificar o quadro clínico, o diagnóstico e o tratamento da Sífilis, bem como discutir os fatores que contribuem para o aumento da incidência dessa patologia.O curso da doença se divide em quatro estágios de acordo com o tempo de evolução: sífilis primária, secundária, latente e terciária. Dentre os fatores que contribuem para o aumento da incidência da sífilis, tem-se a assistência pré-natal falha, falta de adesão do parceiro ao tratamento, problemas com o desabastecimento de penicilina no SUS, falta de conhecimento da infecção e falta de orientação por parte dos profissionais da saúde.
Araújo, T. C. V.; Souza, M. B. 2020.Adesão das equipes aos testes rápidos no pré-natal e administração da penicilina benzatina na atenção primária.Identificar os fatores relacionados ao processo de trabalho no que se refere à adesão das equipes de Atenção Primária ao teste rápido para HIV, sífilis, hepatites B e C durante o acompanhamento do pré-natal e a administração da penicilina benzatina na atenção primária à saúde.Participaram do estudo 18 municípios, 94 Unidades Básicas de Saúde e 100 equipes de Estratégia de Saúde da Família. O enfermeiro era o principal envolvido no serviço de testagem, 93% das equipes entrevistadas ofereciam o teste na rotina do serviço. Dessas equipes, 97,8% realizavam a testagem no pré-natal, 51,6% disponibilizavam o teste para a gestante no início do terceiro trimestre e 57% ofereciam o teste rápido para os(as) parceiros(as) sexuais. A penicilina benzantina estava disponível em 87,1% das equipes, todavia, 49,5% não administravam a medicação na atenção primária.
Cesar, J. A.; Camerini, A. V.; Paulitsch, R. G.; Terlan, R. J. 2020.Não realização de teste sorológico para sífilis durante o pré-natal: prevalência e fatores associados.Este estudo buscou medir a prevalência, avaliar a tendência e identificar fatores associados à não realização de exame sorológico para sífilis entre todas as puérperas residentes no município de Rio Grande, RS, que tiveram filho nas duas únicas maternidades locais, nos anos de 2007, 2010 e 2013.Entre as 7.351 mães que passaram por pelo menos uma consulta, a prevalência de não realização de sorologia para sífilis nos três anos foi de 2,9% (intervalo de confiança de 95% — IC95% 2,56 – 3,33), sendo de 3,3% (IC95% 2,56 – 3,97) em 2007, 2,8% (IC95% 2,20 – 3,52) em 2010 e 2,7% (IC95% 2,12 – 3,38) em 2013. Mães de cor da pele preta, de baixa renda familiar e escolaridade e que passam por poucas consultas apresentaram maior RP à não realização desse exame.
Heringer, A. L. S. et al., 2020.Desigualdades na tendência da sífilis congênita no município de Niterói, Brasil, 2007 a 2016.Descrever a distribuição temporal e as características epidemiológicas da sífilis congênita (SC) em Niterói, Sudeste do Brasil, de 2007 a 2016.Identificaram-se 754 casos de SC no período estudado (incidência média de 11,9 casos/1 000 nascidos vivos). A incidência foi mais elevada em jovens (10 a 19 anos; 20 a 24 anos), participantes de cor preta e naquelas com baixa escolaridade e sem pré-natal. Do total de mulheres, apenas 57,6% obtiveram o diagnóstico de sífilis durante o pré-natal. O tratamento foi inadequado em 87,7% das mulheres. Apenas 12,2% dos parceiros foram tratados. Houve tendência crescente do agravo (16%/ano), que atingiu 23,2 casos/1 000 nascidos vivos em 2016. O crescimento foi mais acentuado em adolescentes do sexo feminino (25,2%/ano), raça/cor parda (16,8%/ano), indivíduos com baixa escolaridade (57,1%/ano) e mulheres que realizaram pré-natal (17,3%/ano); e, no período de 2012 a 2016, em mulheres com informação ignorada para a cor da pele.
Figueiredo, D. C. M. M. et al., 2020.Relação entre oferta de diagnóstico e tratamento da sífilis na atenção básica sobre a incidência de sífilis gestacional e congênita.Objetiva analisar a relação entre as ofertas de diagnóstico e tratamento para sífilis na atenção básica e as incidências municipais de sífilis gestacional e congênita. Busca-se também avaliar o impacto dessas ações na redução da transmissão vertical, por meio de indicador que mensure essas variações.A amostra do estudo foi composta por municípios com população acima de 20.000 habitantes, com cobertura da atenção básica superior a 50% e nos quais a maioria das equipes foi avaliada no segundo ciclo do Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade na Atenção Básica. A administração da penicilina e a realização de teste rápido nesses municípios obtiveram medianas iguais a 41,9% e 67,14%, respectivamente, com diferenças regionais. A mediana da incidência de sífilis gestacional foi 6,24 (IIQ: 2,63-10,99) em municípios com maior oferta de teste rápido, e de 3,82 (IIQ: 0,00-8,21) naqueles com oferta inferior, apontando aumento na capacidade de detecção. Municípios com redução da transmissão vertical apresentavam maiores medianas dos percentuais de equipes com oferta dos testes rápidos (83,33%; IIQ: 50,00-100,00) e realização de penicilina (50,00%; IIQ: 11,10-87,50), demonstrando relação entre estas ações e a redução de sífilis congênita.
Macêdo, V. C. et al., 2020.Sífilis na gestação: barreiras na assistência pré-natal para o controle da transmissão vertical.Avaliar as barreiras na assistência pré-natal para o controle da transmissão vertical da sífilis em gestantes segundo perfil sociodemográfico, reprodutivo e assistencial em uma metrópole do Nordeste brasileiro.Foram incluídas 1.206 mulheres, 91,7% realizaram pré-natal e se declaram, em maior proporção, como casadas, menor número de filhos e maior escolaridade. O resultado do VDRL do pré-natal foi anotado em 23,9%. Entre as 838 mulheres que receberam o VDRL no pré-natal, 21% eram reagentes e 70,5% trataram a infecção. Destas, 69,4% utilizaram o esquema para sífilis terciaria e 8,1% trataram com outras medicações. O pré-natal não alcançou a efetividade na prevenção e rasteio da sífilis;
Pereira, B. B.; Santos, C. P.; Gomes, G. C. 2020.Realização de testes rápidos de sífilis em gestantes por enfermeiros da atenção básica.Conhecer de que forma os enfermeiros da atenção básica realizam os testes rápidos para sífilis em gestantes.Referiram que a doença pode ser assintomática, mas tem três estágios. Citaram como sintomas uma ferida vaginal que some e após aparecem manchas no corpo. A doença pode causar no recém-nascido má-formação. Houve desconhecimento acerca da doença. Notificam os casos positivos e iniciam imediatamente o tratamento da gestante. Ressaltaram a não adesão dos parceiros ao tratamento. destaca-se o importante papel do enfermeiro na realização do pré-natal e do teste rápido de sífilis. Observa-se que são necessárias ações de educação continuada melhorando os indicadores da doença no país.
Siqueira, A. A. 2021.Complicações da sífilis no período gestacional: uma revisão de literatura.Analisar a percepção das gestantes sobre a sífilis congênita e suas complicações gerais através da transmissão vertical, identificar os principais agravos decorrentes da sífilis durante o período gestacional, averiguar o papel da assistência de enfermagem no enfrentamento da sífilis no período gestacional.Devidas inúmeras complicações que a sífilis no período gestacional é ideal que a mulher quando adentra no período gestacional tenha conhecimentos dos elementos que podem prejudicar a sua saúde como também da criança. As intercorrências da sífilis na gestação podem ser evitadas quando a mulher recebe orientação, sendo essencial o profissional alertar sobre os perigos da infecção, para servir como impulso de interesse em realizar o tratamento de maneira adequada em tempo oportuno. Convém ressaltar que os profissionais de enfermagem geralmente orientam sobre a sífilis quando a mulher é diagnóstica, ou seja, o exame quando é negativo os profissionais não se preocupam em prestar orientações, esquecem ou ignoram o fato de que, quanto mais informações a sociedade obtiver sobre as consequências desta infecção, aumenta a probabilidade da população adotar medida preventiva.
Oliveira, I. M.; Oliveira, R. P. B.; Alves, R. R. F. 2021.Diagnóstico, tratamento e notificação da sífilis durante a gestação em Goiás, de 2007 a 2017.Analisar a evolução das notificações da sífilis durante a gestação em relação à classificação clínica, ao diagnóstico e ao tratamento no estado de Goiás, entre 2007 e 2017.Ao todo, 7.774 casos foram notificados no período. A maior porcentagem das notificações ocorreu no segundo trimestre de gestação (39,8%) e correspondeu à sífilis primária (34,1%). O tratamento prescrito com maior frequência foi a penicilina benzatina em dose de 7,2 milhões (43,8%). Entre 2007 e 2017, observou-se tendência crescente nas porcentagens de notificações de sífilis latente (14,1% para 30,7%), secundária (5,2% para 19%) e terciária (4,4% para 11,4%), assim como no tratamento com penicilina benzatina em dose de 7,2 milhões (19,3% para 59,6%). Tendência decrescente foi observada nas porcentagens de notificação de sífilis primária (43,4% para 22,1%) e nos demais esquemas de tratamento.
Gaspar, P. C. et al., 2021.Protocolo brasileiro para infecções sexualmente transmissíveis 2020: teste diagnóstico para sífilis.Este artigo objetiva sistematizar e atualizar os conteúdos presentes nas diretrizes nacionais que buscam a qualificação das práticas de testagem e diagnóstico da sífilis.O diagnóstico de sífilis requer a combinação de dados clínicos, resultados de testes diagnósticos, histórico de infecções passadas, registro de tratamento recente e investigação de exposição a risco. Os testes diagnósticos contemplam exames diretos e testes imunológicos (treponêmicos e não treponêmicos. Os testes não treponêmicos também são úteis para monitoramento do tratamento e diagnóstico de neurossífilis e sífilis congênita.
Moraes, M. M. S.; Freire, M. R. S.; Rufino, V. N. 2021.Sífilis gestacional e congênita: evolução e relação com estratégia saúde da família do sul e extremo sul baiano.Objetivo desse estudo foi descrever a situação epidemiológica da sífilis em gestantes e da sífilis congênita, na região sul e estremo sul da Bahia, por porte populacional, comparando a evolução das taxas de detecção de SG e de incidência para a SC com a aplicação da cobertura da ESF, no período de 2009 a 2019.Foram correlacionadas taxas de detecção e incidência com a cobertura da ESF utilizando o coeficiente de correlação de postos de Spearman. Foram notificados um total de 3.028 casos de sífilis em gestantes e 1.454 de sífilis congênita, nos 22 municípios selecionados, que formaram três grupos. Todos os grupos apresentaram aumento nas taxas de detecção e incidência e, quando correlacionadas com a cobertura da ESF, mostraram resultados positivos, sendo os mais fortes para o de menor população. Em todos os grupos prevaleceram casos de mulheres jovens, com baixa escolaridade, em sua maioria negras e que realizaram pré-natal, mas com diagnóstico de sífilis primária no terceiro trimestre gestacional. O tratamento da gestante e do parceiro foi inadequado ou não realizado na maioria dos grupos.
Soares, M. A. S.; Aquino, R. 2021.Associação entre as taxas de incidência de sífilis gestacional e sífilis congênita e a cobertura de pré-natal no Estado da Bahia, Brasil.O presente estudo teve como objetivo analisar a associação entre as taxas de incidência de sífilis gestacional e de sífilis congênita e a cobertura de pré-natal no período de 2007 a 2017 no Estado da Bahia.Nas análises multivariadas, a cobertura de pré-natal apresentou associação positiva estatisticamente significante com a taxa de incidência de sífilis gestacional, mas não foi observada associação com a taxa de incidência de sífilis congênita. Tendo como referência o grupo de municípios com cobertura pré-natal < 45%, a taxa de incidência de sífilis gestacional aumentou em 22% e 25%, respectivamente nos municípios com cobertura de pré-natal entre 45%-64,9% (RR = 1,22; IC95%: 1,11-1,33) e ≥ 65% (RR = 1,25; IC95%: 1,10-1,43). Os achados do estudo indicam que, embora a ampliação da cobertura de atenção pré-natal nos municípios baianos tenha contribuído para a melhoria da detecção dos casos de sífilis gestacional, não houve impacto na redução da taxa de incidência de sífilis congênita.
Cerqueira, B. G. T.; Silva, E. P.; Gama, Z. A. S. 2021.Melhoria da qualidade do cuidado à sífilis gestacional no município do Rio de Janeiro.Analisar o efeito de uma intervenção multifacetada no cuidado das gestantes com sífilis na atenção primária à saúde.Após a intervenção, observou-se melhoria absoluta total de 6,7% (64,4% versus 71,0%) e relativa de 28,8% (p > 0,05). Oito dos dez critérios de qualidade tiveram melhoria, sendo esta significativa em quatro deles (p < 0,05). O indicador mensal de tratamento adequado também melhorou (p < 0,05), porém manteve baixo desempenho em todo projeto. Destacou-se positivamente o aumento da conformidade do esquema de tratamento com o protocolo (91,4% versus 99,1%), porém as principais oportunidades de melhoria foram a testagem (42,8% versus 48,5%) e o tratamento das parcerias sexuais (42,8% versus 44,2%).
Moura, J. R. A. et al., 2021.Epidemiologia da sífilis gestacional em um estado brasileiro: análise à luz da teoria social ecológica.Analisar, à luz da teoria social ecológica, a evolução temporal da sífilis gestacional e sua relação com a implantação da rede cegonha no Ceará.Foram notificados 229.558 casos de sífilis gestacional no Brasil; destes, 7.040 foram oriundos do estado do Ceará (3,1%), com aumento crescente dos casos no decorrer dos anos. Com relação à distribuição dos casos de sífilis entre o período antes e após a implantação da rede cegonha, houve associação com escolaridade (p < 0,0001), classificação clínica (p < 0,0001) e idade gestacional (p = 0,0005). Apesar da efetivação de políticas públicas e aprimoramento do sistema de vigilância epidemiológica, ainda há um longo caminho para controle da sífilis na gestação.
Silva, F. M. G. et al., 2023.Sífilis gestacional: dificuldade na adesão ao tratamento na perspectiva do profissional de enfermagemDescrever as dificuldades da adesão ao tratamento da sífilis gestacional na perspectiva dos profissionais de enfermagem.O presente estudo evidenciou que 80% das gestantes iniciaram o pré-natal ainda no primeiro trimestre, sendo que 20% apresentaram complicações, e 60% dos parceiros não realizam o tratamento. A incidência da sífilis e suas complicações estão diretamente correlacionadas à baixa escolaridade materna, uma vez que pode dificultar o conhecimento e o entendimento acerca da patologia no período gestacional. O maior desafio encontrado pelos profissionais é a adesão dos parceiros ao tratamento da sífilis, uma vez que não tomam a medicação e se recusam a fazer uso do preservativo, expondo as companheiras ao risco de reinfecção. Assim como, a ausência de capacitação acerca do manejo clínico da sífilis em gestantes tornou-se evidente.
Paiva, M. F. C. M.; Fonseca, S. C. 2023.Sífilis congênita no Município do Rio de Janeiro, 2016-2020: perfil epidemiológico e completude dos registros.Descrever o perfil sociodemográfico, condições do pré-natal e evolução dos casos de sífilis congênita na cidade do Rio de Janeiro de 2016 a 2020; calcular as taxas de incidência (total e segundo variáveis sociodemográficas) e as taxas de mortalidade (fetal e infantil), e analisar a completude dos dados da ficha do SINAN.Entre 2016 e 2020, a cidade do Rio de Janeiro apresentou elevadas taxas de sífilis congênita, chegando a uma incidência de 18,6/1000 nascidos vivos em 2020, com mais de 90% de casos de SC recente. A maioria ocorreu em mulheres em situação de vulnerabilidade social. Observa-se diminuição na taxa de mortalidade infantil, de 2016 a 2019, e aumento pronunciado no ano de 2020.
Melo, H. S.; Santos, D. C. 2023.Cuidados de enfermagem da sífilis congênita na atenção básica: revisão integrativa.O objetivo deste estudo é identificar os cuidados de enfermagem na sífilis congênita oferecidos pela atenção básica em saúde.17 artigos foram selecionados para leitura na integra, mas 06 deles foram eliminados por não abordarem a questão norteadora e 02 por ser revisão. 09 artigos foram considerados adequados para a análise final. É essencial que os profissionais de enfermagem sejam capacitados e sensibilizados para a importância dessas ações, e que o cuidado seja centrado no paciente, com ênfase na humanização e na integralidade do cuidado, a fim de garantir a saúde e bem-estar das crianças e suas famílias.

5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Foi realizado uma análise qualiquantitativa de conteúdo dos dados dos resultados dos artigos da síntese com auxílio do software de análise textual IRAMUTEQ (Interface de R pour les Analyles Multidimensionelles de Textes et de Questionnaires). Segundo Camargo e Justos (2013), o IRAMUTEQ, é um software para análise de dados textuais (Artigos, entrevistas…), que tem como princípio a lexicometria: o estudo da mensuração e matematização das possíveis relações entre as palavras e conceitos. Ele Possibilita 5 tipos de análises textuais e, para este estudo foi realizado o tipo: “nuvem de palavras”. Durante a revisão da literatura foram selecionados 27 textos organizados em um único arquivo que corresponderam aos resultados dos estudos. Portanto, foram gerados 27 resultados. O corpus geral foi organizado da seguinte forma: cada artigo foi separado por uma linha de comando, (**** *) composta por uma única variável (Art), correspondendo a palavra “Artigo”, seguido do número de ordem designado pelas pesquisadoras (**** *Art_1, **** *Art_2, até **** *Art_27).

Utilizando-se análise de nuvem de palavras, onde as palavras com maior frequência foram: sífilis (353 ocorrências); tratamento (227 ocorrências); gestante (213 ocorrências); pré-natal (178 ocorrências); diagnóstico (107 ocorrências) e parceiro (100 ocorrências). Conforme Figura 1.

Figura 1. Nuvem de palavras geradas pelo software IRAMUTEQ extraídas dos artigos selecionados.

Fonte: Dados das próprias autoras através do software IRAMUTEQ, 2023.

Assim surgiram 4 categorias analisadas baseadas nos objetivos específicos.

A) Atuação dos enfermeiros da atenção primária, no diagnóstico, tratamento e acompanhamento da sífilis gestacional.

A análise do estudo revelou que a assistência prestada durante o pré-natal ainda é deficiente, as características socioeconômicas, sociodemográficas, escolaridade e barreiras para acessar ao pré-natal exercem influência nos casos de sífilis gestacional e congênita, o parceiro da gestante é peça fundamental para a quebra da cadeia de transmissão da sífilis. E a captação das gestantes faltosas ao pré-natal e seu companheiro é fundamental para o rastreio, diagnóstico e tratamento da sífilis (ROSA et al., 2020; PEREIRA; SANTOS; GOMES, 2020).

O enfermeiro na atenção básica atua com protagonismo na assistência a população de sua área de abrangência, especialmente no que envolve as gestantes e o pré-natal. A mulher quando entra no período gestacional o ideal é que ela tenha conhecimentos sobre processos patológicos que podem prejudicar tanto ela quanto seu bebê. Por esse motivo o segmento correto das consultas no pré-natal é de extrema importância, a comunicação entre a equipe de enfermagem e a gestante é fundamental e cria mecanismos de orientação, sendo papel essencial do profissional esclarecer dúvidas e incentivar a gestante diagnosticada com sífilis a fazer o correto tratamento. A consulta de enfermagem é uma extensão dos programas ofertados pelos serviços de saúde, e o pré-natal garante uma assistência de qualidade as gestantes (SOUZA et al., 2019; SIQUEIRA, 2021).

A enfermagem é essencial para uma assistência adequada no que envolve o rastreio e diagnóstico da sífilis, quanto na atuação do adequado tratamento e acompanhamento até a cura dessa gestante. O enfermeiro conforme protocolos e diretrizes do Ministério da Saúde deve realizar a sorologia para rastreio da sífilis/HIV/Hepatite B e C logo na primeira consulta de pré-natal. E se resultado reagente para sífilis, de imediato iniciar o tratamento com penicilina G benzatina com dose adequada para fase clínica da sífilis (BRASIL, 2021; BRASIL, 2022).

O enfermeiro deve estar capacitado para saber realizar e interpretar os exames de detecção da sífilis, principalmente no que envolve os testes rápidos, os quais são ofertados e realizados nas Unidades Básicas de Saúde e é a primeira oportunidade de diagnóstico da sífilis ofertados para as gestantes (MACHADO et al., 2018).

No entanto, o que se identificou neste estudo foi que apesar da cobertura de pré-natal nos últimos anos atingir quase 100% em todo território brasileiro, a prevalência de sífilis na gestação e consequentemente sífilis congênita ainda é elevada. E isso se deve diretamente a assistência prestada durante o pré-natal. A falta as vezes nas unidades básicas dos testes rápidos para a sorologia da sífilis, com isso fazendo o agendamento para o retorno da gestante ou então o encaminhamento dessa gestante para outra unidade, e muitas vezes a mesma não comparece para a realização do exame, ocasionando a demora no diagnóstico e tratamento (MOURA et al., 2021; SOARES; AQUINO, 2021).

Observou-se também que, as gestantes as vezes não comparecem as consultas de pré-natal ou o iniciam tardiamente no segundo ou terceiro trimestre, dificultando a detecção e o correto tratamento da sífilis em tempo oportuno. Por isso é de extrema importância realizar a busca ativa das gestantes faltosas ao pré-natal (ROSA et al., 2020).

Tão importante quanto a realização do diagnóstico e tratamento, é o acompanhamento da gestante com sífilis, que deve ser realizado pelo enfermeiro e médico da Unidade Básica de Saúde, com a solicitação mensalmente do VDRL até a cicatriz sorológica (cura da doença) e verificação da ocorrência de reinfecção. Importante ressaltar que o acompanhamento da gestante e de seu parceiro também deve ser realizado.

B) Condutas adotadas pelos enfermeiros em face da sífilis na gestação.

A partir do momento que a gestante é diagnosticada com sífilis, deve-se fazer a notificação compulsória, que é obrigatória desde 2005 (OLIVEIRA; OLIVEIRA; ALVES, 2021), iniciar o tratamento de imediato com a dose adequada conforme a fase clínica e dar orientações e esclarecer dúvidas que possam surgir da gestante. Uma assistência de qualidade evita que ocorra a transmissão vertical para o feto (SANTOS; GOMES, 2019).

O Ministério da Saúde orienta que toda assistência e esclarecimento devem ser ofertados as gestantes diagnosticadas com sífilis, explicar o que é essa patologia, como ocorre a transmissão, como se preveni, o tempo de duração do tratamento e como ele é realizado, as consequências que podem ocorrer tanto para a gestante quanto para o binômio se não realizado o tratamento, e a importância da realização do tratamento do parceiro dessa gestante. A captação tanto da gestante quanto de seu parceiro para esclarecimento de dúvidas e orientações deve ser realizado, e é de extrema importância (BRASIL, 2022; HOLZTRATTNER, 2019).

No entanto, o que se observou neste estudo foi que as condutas adotadas pelos enfermeiros na atenção básica após o diagnóstico de sífilis na gestação estão aquém do esperado e preconizado pelo Ministério da Saúde. Observa-se, que após o diagnóstico da sífilis as orientações e explicações passadas para as gestantes são mínimas. Não abordam e nem esclarecem devidamente o que é a sífilis e o que ela pode causar, tanto na gestante quanto no feto caso não seja feito o tratamento adequado. O que corrobora para o não entendimento da importância da realização do tratamento correto, pois a maioria das gestantes acometida pela sífilis são mulheres jovens, com baixa escolaridade e de classe social baixa (REIS et al., 2020; SILVA et al., 2023).

Estudos apontam falhas na solicitação do VDRL para o acompanhamento e monitoramento dessa gestante com sífilis. E a difícil adesão e comprometimento da gestante na realização desse exame todo mês, pela não compreensão da importância e da gravidade desta Infecção Sexualmente Transmissível, o que evidencia falhas na assistência prestada no pré-natal. O monitoramento e acompanhamento pelo enfermeiro é essencial para evitar complicações mais graves tanto para a gestante como para o seu feto (SOUZA et al., 2019; CESAR; CAMERINI; PAULITSCH; TERLAN, 2020).

C) Dificuldades vivenciadas pelos enfermeiros para o acompanhamento e a adesão ao tratamento da gestante com sífilis.

A sífilis, em especial a congênita representa muitas vezes falhas da assistência prestada no sistema de saúde, assim como deficiência no processo educacional da população. Um pré-natal de qualidade ofertado para as gestantes deveria cessar os casos de sífilis gestacional e principalmente os casos de sífilis congênita. No entanto, o que se observa é que nem a quantidade mínima de consultas e exames durante a gravidez são realizados, o que corrobora com os achados neste estudo, na maioria dos casos de gestantes com sífilis não foi realizado o mínimo de consultas exigidas pelo Ministério da Saúde (SOUZA et al., 2019; MACÊDO et al., 2020).

Existem diversas barreiras e problemas para que os casos de sífilis tanta adquirida durante a gestação tanto quanto casos de sífilis congênita sejam elevados. Barreiras que dificultam o acesso aos serviços de saúde, o grau de escolaridade o que dificulta o entendimento da importância do pré-natal, nível socioeconômico, adolescentes grávidas, a diversidade de parceiros, entre muitos outros. Estudo realizado por MACÊDO et al., (2020) em maternidades do Recife demonstraram isso também, as gestantes atendidas nessas maternidades enfrentaram barreiras para acessar ao pré-natal oferecidos pelas Unidades Básicas de Saúde, e isto estava relacionado à transmissão vertical da sífilis, resultado expressivo das desigualdades aos grupos vulneráveis e as ofertas dos serviços de saúde para essa população.

Os principais desafios e problemas encontrados, como evidenciado na análise de nuvem de palavras, gira em torno da gestante, seu parceiro, o pré-natal e aceitação de tratamento de casos de sífilis por ambos. O pré-natal é o pilar para o desenvolvimento de uma gestação sem complicações materno-fetal, e quando não é ofertado uma assistência de qualidade, como evidenciado durante a análise deste estudo, gera complicações para a gestante, e a sífilis é uma destas complicações que poderiam ser evitadas, mas que a prevalência ainda é elevada em todo território brasileiro (REIS et al., 2020; SILVA et al., 2023).

Vários fatores contribuem para um pré-natal sem qualidade, a falta de capacitação do profissional, a sobrecarga do profissional enfermeiro, o desconhecimento do enfermeiro em relação aos protocolos de manejo da sífilis, a subnotificação dos casos positivos de sífilis, a estrutura da UBS, a falta as vezes tanto dos testes rápidos como da medicação para o tratamento, a não prescrição da penicilina G benzatina pelo enfermeiro por receio de reações adversas, preferindo encaminhar a gestante para o médico ocasionando a demora do tratamento, o enfermeiro é respaldado para realizar a prescrição tanto quanto a aplicação da medicação, a não abordagem das ISTs durante as consultas, entre muitos outros fatores, tudo isso colabora para um pré-natal sem qualidade, e consequentemente uma sífilis congênita (HOLZTRATTNER et al., 2019; MORAES; FREIRE; RUFINO, 2021).

As gestantes e os parceiros também exercem papel primordial no combate a sífilis gestacional, não devendo toda a responsabilidade sob recair no enfermeiro. Pois a realização do segmento correto das consultas de pré-natal, realização dos exames, acompanhamento, devem ser realizados pela gestante e seu companheiro, contudo, o que se evidencia é que nem os exames essenciais e o mínimo de seis consultas são realizados pela maioria das gestantes durante o pré-natal. Entender os motivos é primordial para o combate a sífilis: barreiras socioeconômicas, baixa escolaridade, gestantes jovens, desinteresse, desconhecimento da importância do acompanhamento no pré-natal. Por isso, é essencial realizar a busca ativa dessas gestantes faltosas ao pré-natal, entender sua situação e buscar uma melhor forma para a atender (MACÊDO et al., 2020; CESAR; CAMERINI; PAULITSCH; TERLAN, 2020)

A captação e testagem do parceiro da gestante também se constata como um dos principais agravantes para o sucesso do tratamento da sífilis, pois os mesmos não comparecem as unidades quando são convocados para a realização do rastreio e se positivo a realização do tratamento. Se recusam a realizar o tratamento, não comparecem durante as consultas de pré-natal para a testagem sorológica, dificultando assim a quebra da cadeia de transmissão da sífilis e podendo reinfectar a gestante, prejudicando o adequado tratamento e acarretando a transmissão vertical para o feto. Sempre que uma gestante é diagnosticada com sífilis, seu parceiro deve ser convocado pelo serviço de saúde para orientação, avaliação clínica, testagem e tratamento, a busca ativa por esses companheiros é de extrema importância, fator primordial para o sucesso do tratamento da gestante (HERINGER et al., 2020; SILVA; GOMES, 2020).

Outro problema relatado tanto pelas gestantes quanto pelo companheiro é a dor na hora da aplicação da medicação, fazendo com que eles não voltem para o segmento do tratamento completo, a multiplicidade de parceiros também é um problema encontrado pelos enfermeiros, as vezes as gestantes se negam a revelar quem são seus parceiros, o que dificulta o rastreio e testagem dos mesmo, o não uso de preservativos nas relações sexuais, o desconhecimento das ISTs e suas formas de transmissão, tudo isso dificulta a quebra da cadeia de transmissão da sífilis e são situações vivenciadas no dia a dia pelos enfermeiros das UBS (ROSA et al., 2020; SILVA; GOMES, 2020).

D) Estratégias adotadas para a resolução das dificuldades vivenciadas.

O déficit de informação reflete em como a sociedade encara as consequências dessa infecção. O desconhecimento ou até mesmo conceitos errados colaboram para o alto índice dos casos de sífilis gestacional e congênita. A ausência de sinais e sintomas e o desconhecimento do meio de transmissão refletem no elevado índice de casos (LIMA; HOLANDA; SARAIVA; ROUBERT, 2022).

As ações dos enfermeiros devem ser voltadas para a prevenção, diagnóstico e tratamento das ISTs/HIV/sífilis/Hepatites virais. A educação em saúde realizadas com as gestantes e a comunidade é uma importante intervenção para o combate a essas ISTs. A atenção primária precisa atuar no combate a sífilis, uma infecção de fácil diagnóstico e tratamento, ofertados pelas UBS. Fazer o acompanhamento dessa gestante portadora de sífilis e de seu parceiro para que não abandonem o tratamento, promover ações que conscientize e sensibilize a população mais vulnerável (SILVA; GOMES, 2020; ARAÚJO; SOUZA, 2020).

O enfermeiro da atenção primária deve atuar com estratégias para promoção, prevenção, controle, diagnóstico, tratamento e acompanhamento da sífilis. Algumas estratégias que podem ser adotadas são: a construção do vínculo com a comunidade de abrangência, educação em saúde, palestras nas salas de espera, rodas de conversas com as gestantes e seus parceiros, visitas domiciliares, busca ativa das gestantes faltosas ao pré-natal e ao (s) parceiro (s) dessas gestantes, orientações e informações, distribuição e educação ao uso correto de preservativos, realização de testes rápidos nas campanhas, livre demanda para realização de testagem e consultas, monitoramento e acompanhamento das gestantes e seu parceiro (SANTOS; GOMES, 2019; SILVA; GOMES, 2020).

Atividades educativas são de extrema importância para prevenção e manejo da sífilis. A informação é o principal meio de prevenção e tratamento correto da sífilis, como os profissionais de saúde repassam essas informações é crucial, por meio de uma linguagem acessível e de fácil compreensão que todos entendam, o uso de cartilhas, cartazes, banner e a demonstração ilustrativa com as consequências tanto para o feto como para as gestantes se não feito o tratamento adequado, tentar sensibilizar os parceiros e a população em geral sobre quão grave é esta infecção e que se deve dá a devida importância para a sífilis como para todas as ISTs, pois são um problema de saúde pública (SANTOS; GOMES, 2019; SILVA; GOMES, 2020).

Estudo realizado por CERQUEIRA; SILVA; GAMA (2021) em 26 unidades básicas de saúde no município do Rio de Janeiro, onde foi realizado uma implementação de estratégias para a melhoria da qualidade de assistência a gestantes com sífilis e o pré-natal: sendo “educação permanente”, “registros e sistema de informação”, “auditoria e feedback”, “educação do paciente”, “mudanças organizacionais e processos de trabalho” as estratégias implementadas, no final do estudo percebeu-se que com as estratégias implementadas obteve-se uma melhora significante na redução dos casos de sífilis gestacional e congênita. Contudo, observou-se que ainda é necessário mais empenho do poder público, dos profissionais da saúde e da população para uma melhor adesão as estratégias e protocolos no que envolve as ISTs em especial a sífilis.

Para ações promocionais e preventivas, é essencial que o enfermeiro tenha competência técnica, sensibilidade e comunicação de fácil compreensão, por isso a capacitação com especialidades voltadas para a ESF e a educação permanente é essencial para esse profissional. O enfermeiro quando atua conforme protocolos e diretrizes estabelecidas pelo MS, consegue ter domínio e autonomia para lidar com situações nos casos de sífilis, consegue planejar e desenvolver ações com a comunidade, em especial com as gestantes (ARAÚJO et al., 2019).

6. CONCLUSÃO

A sífilis gestacional assim como a sífilis congênita, evidencia a fragilidade do sistema de saúde brasileiro, por ser uma IST de fácil diagnóstico e tratamento, ofertados pelas UBS, e ainda assim permanecer como um problema de saúde pública com elevadas taxas de incidência causando abortamentos, partos prematuros, mortalidade infantil.

Além do mais, as características socioeconômicas, etnia, escolaridade, exercem papel importante na prevalência dos casos de sífilis, atingindo em sua maioria as populações com maior vulnerabilidade, em especial as mulheres gestantes negras. No entanto, observa-se que com a implementação dos programas de saúde ao longo dos anos, em especial a Rede Cegonha, ouve melhorias em relação ao diagnóstico e tratamento dos casos de sífilis e ao pré-natal ofertado, contudo, a assistência prestada pelos profissionais de saúde na atenção básica está longe de ser a ideal, ainda precisa de melhorias para atenderem as necessidades das populações mais vulneráveis. É necessário a implementação de mais estratégias para a captação dessa população, em especial a gestante faltosa ao pré-natal e o (s) parceiro (s) dessas gestantes. Percebe-se a necessidade de mais profissionais enfermeiros capacitados para o manejo da sífilis, e com especialidades voltadas para a ESF.

É necessário também mais estudos dessa magnitude voltados para a elaboração de estratégias da enfermagem, aprofundando e elaborando soluções para a problemática considerando as dificuldades vivenciadas por eles no dia a dia na atenção primária.

7. REFERÊNCIAS

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¹Discente de Enfermagem; Centro Universitário Presidente Antônio Carlos – UNITPAC, Av. Filadélfia, 568; setor oeste; CEP: 77.816-540; Araguaína/ TO, Brasil. E-mail: danisena2018@gmail.com; sarahnascimento847@gmail.com

2Mestre em Ensino em Saúde na Amazonia (UEPA). Docente do Ensino Superior de Enfermagem pelo Instituto UNITPAC, Araguaína/TO. E-mail: sandrahelenalp@gmail.com