DESAFIOS DO ENVELHECIMENTO: COMPREENDENDO A VELHICE

AGING CHALLENGES: UNDERSTANDING OLD AGE

DESAFÍOS DEL ENVEJECIMIENTO: ENTENDIENDO LA VEJEZ

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10205469


¹Agatha Lavinia Morais Lima
²Geovanna Gabriele Pereira Alves
³Josiane Teixeira Silva
4Julia Carvalho De Souza
5Rosângela Neves Dos Santos
6Newton Ferreira de Paula Júnior


RESUMO

Objetivo: Conhecer o processo de envelhecimento, como é envelhecer com doença, o que leva a dor, depressão, sono, polifarmácia, e também os cuidados de enfermagem nesse processo.

Revisão Bibliográfica: A sociedade tem vivenciado um aumento da expectativa de vida, trazendo consigo uma série de desafios relacionados ao processo de envelhecimento. É natural e esperado que o corpo humano passe por alterações orgânicas, funcional e psicológicas, é o que chamamos de senescência. Isso pode trazer sérios problemas que frequentemente impactam na população idosa, como: dor crônica, depressão,  alterações no sono, e uso excessivo de medicamentos. A alguns fatores que podem influenciar esse processo como: sexo, origem, classe social, família, aptidões para a vida e experiências vivenciadas, exposição ao estresse, tabagismo, alcoolismo, falta de atividade física e nutrição inadequada. A enfermagem tem o papel crucial no processo de envelhecimento e principalmente no processo de envelhecer com saúde.

Considerações finais: Mediante exposto, os idosos estão susceptíveis há alguns dos principais problemas que acometem essa população. A prevenção feita com as vacinas, são consideradas uma importante medida de saúde, tornando um fator importante na manutenção da qualidade de vida. A enfermagem faz a prevenção, cuidados contínuos e no processo de envelhecer.

Palavras chaves: Idoso, dor, depressão, polifarmácia, vacinas

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ABSTRACT

Objective: learn about the aging process, what it’s like to grow old with an illness, what leads to pain, depression, sleep, poly pharmacy, and also the nursing processes in this process.

Bibliographic review: The society has experienced an increase in life expectancy, bringing with it a series of challenges related to the aging process. It’s natural and expected for the human body to undergo organic changes, functional and psychological, this is what we call senescence. This can cause serious problems that often impact the elderly population, such as: chronic pain, depression, sleep change, and excessive use of medications. There aresome factors that can influence this process, such as: sexo, origin, social class, family, life skill and lived experience, exposure to stress, smoking, alcoholism, lack of physical activity and inadequate nutrition. Nursing plays a crucial role in the aging process and especially in the process of aging healthily.

Final considerations: by the above, the elderly are susceptible to some of the main problems that affect this population. Prevention through vaccines, are considered an important measure of health, becoming an important factor in maintaining quality of life. Nursing provides prevention, ongoing care and the aging process.

Keywords: Elderly, pain, depression, polypharmacy, vaccines

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Resumen

Objetivo: aprender sobre el proceso de envejecimiento, lo que lleva al dolor, depresión, sueño, poli farmacia, y también los cuidados de enfermería en este proceso.

Revisión bibliográfica: La sociedad ha experimentado un aumento en la esperanza de vida, trayendo consigo una serie de desafíos relacionados con el proceso de envejecimiento. Es natural y esperado que el cuerpo humano sufra cambios orgánicos, funcional y psicologico, esto es lo que llamamos senescencia. Esto puede causar problemas graves que muchas veces impactan a la población de edad avanzada, como por ejemplo: dolor crónico, depresión, cambio de sueño, y uso excesivo de medicamentos. Hay algunos factores que pueden influir en este proceso, como por ejemplo: sexo, origen, classe social, familia, habilidades para la vida y experiencia vívida, exposición al estrés, el tabaquismo, alcoholismo, falta de actividad física y nutrición inadecuada. La enfermería juega un papel crucial en el proceso de envejecimiento y especialmente en el proceso de envejecer saludablemente.

Consideraciones finales: mediante lo expuesto, las personas mayores son susceptibles a algunos de los principales problemas que afectan a esta población.  La prevención con vacunas se considera una medida sanitaria importante, convirtiéndose en un factor importante para mantener la calidad de vida. La enfermería hace prevención, cuidado continuo y el proceso de envejecimiento.

Palabra claves: anciano, dolor, depresión, polifarmacia, vacunas

INTRODUÇÃO

A abordagem de desenvolvimento predominante em sociedades industrializadas e urbanas, historicamente priorizou a assistência à maternidade e à juventude. Isso justifica-se pelo fato de que investir nas primeiras fases da vida de uma criança pode resultar em um retorno potencial de 50 a 60 anos de vida produtiva. Com o envelhecimento populacional, uma parcela significativa da sociedade vivencia um aumento na expectativa de vida, o que traz consigo uma série de desafios relacionados ao processo de envelhecimento. Destaca-se, então, que as limitações do sistema de saúde pública e o rápido processo de envelhecimento apontam para a necessidade de se redefinirem as políticas deste setor, com vistas à necessidade de geração de recursos e de construção de infraestrutura que permitam um envelhecimento ativo (FREITAS, et al, 2013).

Instituições dedicadas à promoção da saúde física, psicológica e social das pessoas idosas utilizam critério cronológico que define a idade de referência a partir dos 60 anos. No entanto, é relevante ressaltar que esse critério varia de acordo com o contexto global. Em países em desenvolvimento, como o Brasil, a idade mínima para ser considerado idoso é estabelecida em 60 anos ou mais, enquanto em nações desenvolvidas, essa referência é elevada para 65 anos ou mais (ALENCAR, 2013). Esse mesmo critério também é empregado em estudos científicos, o que reflete na contínua discussão acerca do início do processo de envelhecimento. Diferentes perspectivas sugerem pontos de partida diversos como: o envelhecimento começa logo após a concepção, enquanto outros apontam para o final da terceira década de vida ou mesmo a partir da quarta década, que se aproxima do final da vida do indivíduo ( FREITAS, et al, 2013 ).

Com isso, é fundamental destacar o conceito de idade funcional, o qual guarda uma íntima relação com a idade biológica e se pode definir como o grau de preservação do nível de capacidade adaptativa em comparação com a idade cronológica. Nesse contexto, é relevante refletir acerca do envelhecimento funcional. Outra classificação muito usada é por idade funcional, isto é, o quão bem uma pessoa funciona em um ambiente físico e social em comparação a outras de mesma idade cronológica. Por exemplo, uma pessoa de 90 anos com boa saúde física pode ser funcionalmente mais jovem do que uma de 65 anos que não está (PAPALIA, et al, 2006). O entendimento da idade funcional, portanto, é essencial para avaliar o envelhecimento de maneira mais abrangente e adequada, levando em consideração não apenas a idade cronológica, mas também a capacidade adaptativa e as condições socioeconômicas que influenciam a qualidade de vida das pessoas idosas. Nesse contexto, as experiências relacionadas ao envelhecimento e à velhice podem apresentar variações significativas ao longo do tempo histórico de uma sociedade, o que está diretamente relacionado às circunstâncias econômicas que prevalecem em determinado período.

Para compreender de maneira densa o processo de envelhecimento, é necessário considerar três aspectos: velhice; senescência ou senectude e senilidade. A velhice é a última face do ciclo da vida, caracterizada pela redução da capacidade funcional, da capacidade de trabalho e da resistência, entre outras. A senescência ou senectude é o somatório das alterações orgânicas, funcionais e psicológicas próprias do envelhecimento. E a senilidade são modificações determinadas por uma condição patológica por estresse emocional, acidente ou doença, porém, vale ressaltar que cada indivíduo envelhece de um modo diferente, isso vai depender de variáveis como: sexo; origem; classe social; família; aptidões para a vida e experiências vivenciadas; exposição ao estresse; tabagismo; alcoolismo; falta de atividade física e nutrição inadequada (FREITAS; PY, 2011).

Com o aumento progressivo e acelerado da proporção de idosos na sociedade, que frequentemente enfrentam doenças crônicas ou multimorbidade, é comum o uso concomitante de vários medicamentos, o que é conhecido como polifarmácia. Embora o limite de cinco medicamentos seja amplamente adotado na literatura, é importante mencionar que diferentes autores têm suas próprias recomendações, e alguns consideram a polifarmácia apenas quando se trata de medicamentos utilizados sem indicação médica ou em doses excessivas, como observado por (HAJJAR 2005). Nesse contexto, o idoso pode em algum momento de sua vida experimentar quadros de depressão.

O termo depressão é utilizado de forma ampla, e abrange tanto um sintoma quanto uma condição clínica específica. Em relação aos sintomas, a depressão se manifesta por meio de um baixo estado de ânimo, preocupações e insônia, isso pode ocorrer em uma variedade de condições clínicas como: demência; esquizofrenia; doenças médicas e como resposta a situações estressantes. Todos esses contextos podem ter um impacto negativo na qualidade de vida (MANN, 2001). Quando se trata dos idosos, a depressão é uma condição mental comum, muitas vezes associada a um sofrimento psicológico considerável, ela é caracterizada como uma síndrome que abrange diversos aspectos clínicos e de tratamento. Em casos de início tardio, a depressão frequentemente está relacionada a condições médicas gerais e pode estar associada a alterações estruturais e funcionais no cérebro. E nesse sentido, o organismo experimenta alterações biopsicossocial e comportamental, como por exemplo o padrão do sono.

Assim, o processo de envelhecimento traz consigo mudanças significativas no que diz respeito ao sono. Os idosos frequentemente manifestam insatisfação com a qualidade do sono e relatam sonolência diurna, o que pode levá-los a cochilar durante o dia. Isso está, em parte, relacionado à redução da percepção do tempo externo, que está ligada à exposição à luz natural. Alguns idosos têm menos acesso à luz durante o dia, e apresentam menor sensibilidade à luz devido à diminuição da acuidade visual associada à idade. Essa diminuição da exposição à luz natural muitas vezes resulta em uma tendência de ir dormir mais cedo e acordar mais cedo, o que pode causar dificuldades de ajuste aos padrões sociais convencionais. Nesse sentido, os idosos frequentemente se esforçam para dormir mais tarde do que o seu ciclo de sono natural para se adequarem a compromissos e horários externos, isso inclui aqueles de parceiros e familiares, e resulta em uma redução do tempo total de sono, o que por sua vez, pode levar à compensação por meio de cochilos durante o dia (FEINSILVER; HERNANDEZ, 2017). Somado a alteração do padrão do sono, a dor crônica se faz presente com uma certa frequência entre as pessoas idosas.

A dor crônica é caracterizada por sua persistência ao longo de meses, anos, ou até mesmo por toda a vida. Ela pode se apresentar de forma intermitente, a qual altera períodos de dor com momentos de alívio, um padrão que pode se repetir continuamente durante um longo período. Por outro lado, a dor crônica também pode ser constante, e mantem- se presente e, às vezes, até piora progressivamente, mesmo com o tratamento. Quando consideramos a perspectiva do envelhecimento, a descrição da dor torna-se um desafio para os idosos. Com isso, ela é considerada um evento complexo, de natureza biopsicossocial, que se configura em problema de saúde coletiva e exige abordagem multidisciplinar (RULL, 2004). Um exemplo de doença que pode desencadear a dor crônica, é a herpes zoster, uma doença viral que causa dor neuropática, é relevante destacar que existe vacina para essa doença que acomete principalmente as pessoas idosas. Interessante seria o ministério da saúde adicionar a vacina do herpes zoster no calendário de imunização para as pessoas idosas.

Com isso, a imunização de idosos desempenha um papel importante na redução das hospitalizações, no risco de morte associados a diversas doenças preveníveis por meio de vacinas, no envelhecimento ativo e saudável e na perspectiva de qualidade de vida. Diante da constante evolução de novos vírus e bactérias, as vacinas assumem um papel crucial na luta contra diversas enfermidades, isso inclui as várias cepas da gripe. Especialmente para a população idosa, a simples decisão de se vacinar pode fazer toda a diferença na preservação da saúde e na prevenção de doenças que podem ser potencialmente graves (HERNDLER-BRANDSTETTER, 2006).

Dessa forma, à medida que o indivíduo envelhece, o ritmo de reações do seu organismo desacelera gradualmente, e sua capacidade funcional diminui. Isso evidencia certos problemas que frequentemente impactam a população idosa, como dor crônica, depressão, uso excessivo de medicamentos (polifarmácia) e distúrbios do sono. Contudo, existem alguns meios de prevenção para essas doenças, como por exemplo: atividade física e boa alimentação, mas existem também algumas doenças que podem levar a complicações no idoso o que pode levar à morte, como as doenças respiratórias, e que a melhor maneira de prevenção é a vacinação. Nesse contexto, a pergunta de pesquisa é: “Como a enfermagem pode contribuir para o processo de envelhecimento humano ativo e saudável? Assim o objetivo dessa pesquisa é: Realizar uma revisão bibliográfica acerca dos desafios do envelhecimento.

PROCESSO DE ENVELHECIMENTO

O envelhecimento é um processo natural, contínuo e progressivo que engloba aspectos fisiológicos, psicológicos e sociais, e o contexto e local onde o indivíduo vive reflete diretamente na forma de envelhecer, isso o torna heterogêneo e individual (MARTINS et al.,2019). A Organização Mundial de Saúde (OMS) projeta que até 2025 haverá mais pessoas idosas a crianças no mundo, e a previsão para o Brasil é ocupar o sexto lugar no ranking de maior população idosa, tornando-se importante considerar como o idoso é e será visto pela sociedade, desde o cumprimento dos seus direitos até questões referentes a negligência às suas necessidades de cuidado (MOREIRA; ALVES; SILVA, 2009).

O aumento da longevidade da população mundial é, sem dúvida, um valioso trunfo alcançado pela humanidade. A OMS, preocupada com a qualidade de vida das pessoas na fase idosa, recomenda aos países desenvolvidos e em desenvolvimento que busquem a promoção de um envelhecimento voltado para a manutenção da atividade funcional e da autonomia, acompanhado da melhoria ou manutenção da saúde e da qualidade de vida (OLIVEIRA et al., 2012).

À medida que a população envelhece maior é a prevalência de problemas crônicos de saúde e incapacidades funcionais associadas. Estima-se que 20% a 50% dos idosos provenientes da comunidade apresentam problemas relacionados à presença de dor, esse número aumenta para 45% a 80% em pacientes institucionalizados, e isso pode ser ainda maior nos internados. Estudos (Programa de autogerenciamento da dor crônica no idoso: estudo piloto) mostram que mais de 50% dos idosos portadores de dor crônica não recebem o seu controle adequado e mais de 25% morrem sem obter o seu controle. Em idosos com deficiências cognitivas, o diagnóstico e tratamento da dor podem tornar-se um problema ainda maior, o que, em parte, se justifica pela maior dificuldade em sua avaliação (SANTOS et al., 2011). A dor confronta o idoso com sua fragilidade e ameaça sua segurança, autonomia e independência, isso pode dificultar a realização das atividades de vida diária bem como limitar sua interação e convívio social, o que compromete a qualidade de vida (CELICH; GALON, 2009).

A dor é definida como “uma experiência sensorial ou emocional desagradável, principalmente associada a um dorso real ou potencial dos tecidos, ou descrita em termos de tais lesões, ou ambos” segundo a Associação Internacional para Estudo  da  Dor (MERSKEY 1994), a “dor é aquilo que o indivíduo relata como sendo dor, e existe quando ele disser que existe” (PASERO et al., 1999). A essência das definições é que a dor é subjetiva, apresenta múltiplas dimensões, sem uma clara relação entre a intensidade da sensação e a lesão tecidual associada à dor. A experiência da dor é modulada por vários aspectos pessoais, o que reflete em experiência sensorial e resposta afetiva e cognitiva individual, Assim, esse fenômeno, inicialmente, biológico pode causar um grau de dificuldade tanto para reconhecimento e diagnóstico, como para tratamento e manutenção de sua terapêutica ao longo da evolução da doença de base, crônica ou aguda subjacente (FREITAS et al., 2011).

A dor não é uma parte inevitável do envelhecimento. Do mesmo modo, a percepção da dor não diminui com a idade. O idoso, porém, tem uma probabilidade maior de vir a apresentar condições patológicas que se acompanham com a dor. Além disso, alterações relacionadas com a idade e uma fragilidade aumentada podem levar a uma resposta mais imprevisível a analgésicos, a uma sensibilidade maior a medicações e a efeitos potencialmente prejudiciais as drogas (VAN OJIK et al., 2012). Alterações graves no estado funcional acompanham frequentemente a dor em pacientes idosos. Ela reduz potencialmente a mobilidade, as atividades de vida diária, as atividades sociais e a tolerância à atividade (POTTER et al., 2021).

A cronicidade da dor é definida como aquela que persiste além do tempo razoável para a cura de uma lesão. Pode ainda estar associada a processos patológicos crônicos que causam dor contínua ou recorrente em intervalos de meses ou anos (DELLAROZA; PIMENTA, 2012). A sensação dolorosa, mesmo que apresente situações coincidentes, é diferente para cada indivíduo, e a dor em si é difícil de ser entendida, diagnosticada e tratada, principalmente por seu caráter subjetivo na percepção do estímulo doloroso, pelas variações biológicas das respostas e das atitudes de enfrentamento, pela falta de marcadores biológicos e pela subjetividade dos examinadores na análise dos sintomas (LISBOA; LISBOA; SÁ, 2016).

A dor não faz parte do envelhecimento natural saudável. É um sintoma e a sensação de desconforto que alerta a pessoa de que algo está errado. A dor é prevalente na população idosa e pode ser aguda ou crônica. As consequências da dor persistentes incluem depressão, perda de apetite, dificuldades para dormir, alterações da marcha e mobilidade, além de menos socialização (POTTER et al., 2021). A dor aguda está associada à lesão do organismo, é de curta duração e desaparece com a cicatrização da lesão. A dor crônica, por sua vez, é persistente ou recorrente e não está necessariamente associada a uma lesão no organismo (SOUZA,2009).

Nesse contexto, a dor aguda é em geral protetora, tem duração curta e acarreta um grau limitado de dano tecidual e de resposta emocional. Ela é comum após uma lesão aguda, uma doença ou uma cirurgia. A dor aguda avisa às pessoas sobre uma lesão ou doença; portanto é protetora. Ela é autolimitada, em consequência disso, o indivíduo sabe que o fim está próximo (POTTER et al., 2021). Diferente da dor aguda, a dor crônica não é protetora e não tem, portanto, nenhum propósito, mas tem um efeito dramático sobre a percepção de qualidade vida de uma pessoa. A dor não cancerosa é prolongada, varia quanto à intensidade e em geral dura mais tempo (tipicamente pelo menos 6 meses) do que o esperado ou predito (IOM, 2011).

Pessoas idosas são mais propensas a desenvolver dor crônica e às mudanças involutivas do organismo que, somadas à presença de comorbidades, favorecem a ocorrência desse tipo de dor (DZIECHCIAŻ, BALICKAADAMIK; FILIP, 2013).  A dor quando presente na vida do idoso promove enfraquecimento, fragilidade e ameaça sua segurança, autonomia e independência, impedindo-o em alguns momentos de desenvolver suas atividades rotineiras de vida diária, bem como limitando sua interação social (CELICH; GALON, 2009). Pode, ainda, pelas limitações impostas na vida do idoso, dificultar o diagnóstico de quadros depressivos (DZIECHCIAŻ et al.,2013).

Entre os problemas crônicos que acometem a pessoa idosa a depressão se destaca por ser apontada como uma das patologias psiquiátricas mais comuns e importantes. Segundo uma revisão sistemática, a prevalência mundial varia de 0,9% a 9,4% em idosos que viviam na comunidade e de 14% a 42% em institucionalizados. Estudo epidemiológico brasileiros conduzidos com a população idosa, evidenciou que a prevalência de sintomas depressivos variou entre 19% e 34% nas diferentes regiões do país (BORGES et al., 2013).

Na sociedade, o número de idosos com depressão é comum, recorrente e frequentemente subdiagnosticada e subtratada, principalmente em nível dos cuidados de saúde primária. As consequências na saúde pública do subtratamento da depressão no idoso irão aumentar, dado o envelhecimento crescente da população (ALMEIDA; QUINTÃO, 2012).

A depressão associa-se e agrava a vivência dolorosa. Quando não controlada, interfere significativamente na qualidade de vida do idoso, pois ocasiona maior comprometimento do sono, do humor, do apetite, maior queixa de fadiga e apreciação negativa da vida e de si mesmo, maiores problemas no relacionamento interpessoal. Pode dificultar seriamente o tratamento e levar os idosos a aderirem menos à terapêutica e à obtenção de resultados menos satisfatórios no controle do quadro álgico (DUARTE; DIOGO, 2000).  É bastante reduzido o diagnóstico de depressão em idosos, estima-se que 50% dos idosos depressivos não são diagnosticados pelos profissionais de saúde que exercem atividade na atenção primária, devido os sintomas serem semelhantes ao processo natural do envelhecimento. Alguns desses sintomas são, queixas físicas com fadiga, sono, falta de apetite e indisposição que podem ser confundidos pelo desafio adaptativo do envelhecimento (SOUZA et al., 2017).

A ocorrência de depressão em idosos pode ser responsável pela perda de autonomia e pelo agravamento de quadros patológicos preexistentes. Com frequência, está associada à elevação do risco de morbidade e mortalidade, isso ocasiona aumento na utilização dos serviços de saúde, negligência no autocuidado e adesão reduzida a tratamentos terapêuticos. Ademais, a presença de comorbidades e o uso de muitos medicamentos, situações comuns entre os idosos, fazem com que o diagnóstico e o tratamento da depressão se tornem mais complexos (TESTON; CARREIRA; MARCON, 2014).

O diagnóstico da depressão no idoso é difícil e complexo. Isso se deve a percepção equivocada dos aspectos envolvidos no processo do envelhecimento, e há na verdade, uma predominância dos sintomas físicos como: perda de apetite; inapetência; déficit de concentração; insônia e dor. Geralmente estes sintomas são associados ou confundidos com as doenças clínicas que são comuns nos idosos (PAPALÉO NETTO, 2005).

Para o diagnóstico, algumas escalas de avaliação são aplicáveis, o que possibilita uma melhor intervenção durante a avaliação multidimensional do idoso. Dentre essas, destaca-se a Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage, instrumento validado para avaliação geriátrica global para detectar sintomas depressivos compostos por 15 itens com duas opções de resposta (negativa/positiva), no qual o resultado com 5 ou mais pontos caracteriza depressão. Pontuação igual ou maior que 12 pontos está associada a depressão grave. Esta versão reduzida com 15 itens torna fácil e rápida a aplicação (FERRARI; DELACARTI, 2007; PINHO et al., 2010).

O tratamento da depressão em idosos consiste no desaparecimento dos sintomas bem como na reabilitação e prevenção de recaída. É necessário o uso de medicamentos antidepressivos combinado com medidas não farmacológicas como o estímulo a participação em grupos de convivência a combinação fim de reabilitar o idoso (PARADELLA; LOURENÇO; VERAS,2011).

A depressão maior provoca aumento dos níveis de cortisol no sangue. O aumento dos níveis de cortisol tem o papel de manter uma pessoa acordada e alerta durante o dia, sendo que os seus níveis mais baixos durante a noite. Como um dos possíveis sintomas da depressão é a insônia, e a insônia é um fator de risco para a depressão, verifica-se alterações do funcionamento do eixo endócrino hipotálamopituitária-adrenal (HPA) tanto em episódios de insônia, como de depressão e estresse (SARAIVA; FORTUNATO; GAVINA, 2005).

Nesse sentido, o organismo experimenta alterações biopsicossociais e comportamental, como por exemplo o padrão do sono. O sono é uma necessidade básica fisiológica, essencial para a saúde e bem-estar humano independentemente da idade. É um estado no qual a capacidade sensorial e atividade motora involuntária estão temporariamente desativadas. Desempenha papel fundamental na vida diária humana pela função reparadora de conservação de energia, proteção imunológica, regulação de hormônios e do sistema linfático (KAJIHARA, 2022)

A neurofisiologia consegue explicar o mecanismo da vigília por meio de um sistema ativador ascendente na formação reticular a nível rostral do tronco encefálico como produto direto da estimulação sensorial. Em torno de 1950, Kleitman, Aseriusky e Dement descreveram as duas fases básicas de divisão do fenômeno sono: REM (rapid eye movement), na qual ocorrem movimentos oculares, e NREM (no rapid eye movement), sem esses movimentos (FREITAS et al, 2013). A fase NREM é fisiologicamente controlada pelo sistema autônomo parassimpático e está dividida em 4 estágios em que ocorrem alterações graduais dos níveis de consciência. Os registros eletroencefalográficos indicam que há maior atividade cerebral direita no sono REM e menor para o hemisfério cerebral esquerdo nos estágios NREM (FEINBERG, 1967).

Quadro 1. Estágios do sono normal

Estágios do sonoPercentuais
NREM – 12% a 5%
NREM – 245% a 55%
NREM- 3 (delta) e 413% a 23%
REM20% a 25%

Fonte: DE FREITAS, Elizabete Viana; PY, Ligia. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2011, Terceira Edição.

O sono dos movimentos oculares (REM) ocorre em 20% do período total do sono e está associado aos sonhos, bem como às variações dos batimentos cardíacos, pressão arterial e frequência respiratória. Ao adormecer, o indivíduo passa consecutivamente pelos estágios 1, 2, 3 e 4 do sono NREM e, ao final, alcança a fase REM. Este ciclo se repete, em geral, 5 vezes durante o sono noturno, e cada ciclo dura, aproximadamente, 90 min (FREITAS et al, 2013).

No decorrer do envelhecimento, mudanças sociais, psicológicas e físicas ocorrem. Em idosos há uma maior probabilidade de distúrbios do sono resultando em alterações na qualidade e quantidade do sono (ESMERALDINO; PHILIPPI; WILLIG, 2022). Sabe-se que no envelhecimento há insatisfação com a qualidade do sono. O idoso dorme em torno de 6 horas, o período de latência é maior, o sono é mais superficial, com ausência dos estágios mais profundos (FEINBERG, et al., 1967). Freitas et al (20132), relataram ainda que os estágios 3 e 4 são menores e que ocorrem mais despertares durante a noite.

Algumas modificações relacionadas ao sono são notadas com o envelhecimento, como diminuição do limiar para o despertar em virtude de ruídos, redução superficial, duração menor do sono noturno total e presença acentuada de distúrbios respiratórios do sono. As reclamações mais comuns relacionadas ao sono no idosos são insônia, que é a dificuldade de iniciar e manter o sono, seguida de queixas de sonolência diurna excessiva, resultando em cochilos frequentes (ESMERALDINO; PHILIPPI; WILLIG, 2022).

O transtorno do sono pode ser intimamente ligado a comorbidades como síndrome de apneia obstrutiva do sono, diabetes mellitus, aumento da resistência à insulina, hipertensão arterial, dislipidemia, obesidade, problemas farmacológicos e psicológicos, além de vários desfechos adversos, como quedas, déficit cognitivo e piora da qualidade de vida. A condição do sono repercute diretamente no humor, nas respostas imunológicas, nos comportamentos sociais, na produção hormonal, nos processos fisiológicos do trato gastrointestinal e em fatores psicológicos (RIBEIRO, et al., 2020).

As causas de insônia no idoso são divididas em quatro grandes grupos etiológicos sendo eles: clínicas: alterações neurológicas, respiratórias, cardiológicas, renais, gastroenterologicas, dermatológicas e osteoarticulares. Psiquiátricas: depressão, demência, ansiedade e alcoolismo. Farmacológicas: acredita-se que 90% dos idosos fazem uso de, no mínimo, 2 medicamentos de uma so vez. São descritos distúrbios do sono como efeito colateral de medicamentos: sedativos, hipnóticos, teofilina, simpaticomiméticos, diuréticos, betabloqueadores, cafeína, antidepressivos, corticoides, alguns neurolépticos, e tiroxinas. Ambientais: este tipo de insônia tem sido frequente pelo hábito de dormir tarde, ficar até de manhã lendo, assistindo televisão etc (FREITAS, et al, 2013).

De acordo com Geib et al (2003) a prevenção e tratamento nos distúrbios do sono na terceira idade podem incluir medidas terapêuticas não medicamentosas que tem o objetivo de melhorar a quantidade e a qualidade do sono. Entre elas estão a Terapia cognitiva e Comportamental que inclui: 1) controle de estímulos: estabelecer horários e rotinas regulares para deitar e despertar; evitar a permanência na cama; manter o mínimo de cochilos durante o dia; tomar medicações conforme prescrições; 2) educação sobre higiene do sono: evitar consumos de bebidas com cafeína (chá, café, refrigerante, chocolate) após o almoço e antes de deitar; evitar cigarro e álcool; 3) relaxamento muscular: realizar exercícios de relaxamento muscular antes de deitar; manter rituais como oração e meditação antes de dormir; ler ou ouvir música relaxante; treinar o controle de pensamentos; 4) restringir ingesta hídrica: refeição leve noturna; exercícios físicos leves; manter a temperatura confortável; roupas de cama e colchoes confortáveis; manter interações sociais, expor a luz do dia, evitar estresse.

Por outro lado, há também o tratamento medicamentoso para a insônia, porém antes de iniciá-lo é indispensável verificar se existe alguma condição responsável por esse distúrbio que mereça ser tratado primariamente. Os medicamentos escolhidos para os idosos devem ser os de meia vida curta, que não tenha potencial para ação paradoxal, aumentando o risco de agitação, além de ser recomendado iniciar com doses pequenas e manter a menor dose possível. Os principais fármacos utilizados são: Benzodiazepínicos; Antidepressivos tricíclicos (amitriptilina); Zolpidem; Zolpiclone; Melatonina; Anti-histamínicos (FREITAS et al, 2013).

Logo a polifarmácia pode ser caracterizada pelo uso rotineiro e simultâneo de cinco ou mais fármacos por indivíduo. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) grande parte dos medicamentos são prescritos, dispensados ou vendidos de forma inadequada e a maioria dos pacientes fazem o uso de maneira incorreta ou abandonam ou abandonam o tratamento de precocemente.

Com a inversão da pirâmide etária em 1970 houve o aumento da expectativa de vida devido a ações de saúde pública, vacinação, antibióticos, vigilância sanitária, entre outros avanços, resultando no crescimento da população idosa. O envelhecimento é um processo natural onde ocorre diversas modificações no organismo do indivíduo, tornando suscetível ao desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) como cardiovasculares, diabetes, doenças respiratórias e câncer. A idade é uma variável preditora da terapia medicamentosa e seu efeito se produz mesmo antes dos 60 anos, pois a chance de usar algum tipo de fármaco aumenta desde a quarta década de vida (JUNIOR et al, 2013). Por causa da incidência de muitas patologias que acometem esta faixa etária, estes indivíduos tendem a ser maiores usuários de medicamentos.

Os idosos usam um número desproporcional de prescrições e medicamentos, esta quantidade de medicações, a complexidade dos regimes terapêuticos, especialmente na vigência de comorbidades, e as alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas inerentes ao processo de envelhecimento são fatores que aumentam a vulnerabilidade desse grupo etário reações adversas do medicamento. Reações Adversa a Medicamento (RAM) é definida como “qualquer efeito prejudicial ou indesejado que se manifeste após a administração do medicamento, em doses normalmente utilizadas no homem para profilaxia, diagnóstico ou tratamento de uma enfermidade” (PEREIRA, 2010). Dessa forma os medicamentos podem contribuir para a manutenção funcional para o problema do idoso, mas também pode comprometê-lo.

Ao prescrever medicamentos para idosos, o médico deve: considerar a real necessidade do uso do medicamento; não prescrever medicamentos que não sejam realmente úteis, principalmente aqueles com incidência elevada de efeitos colaterais; avaliar se a dose do medicamento é a mais apropriada para as possíveis alterações do estado fisiológico do paciente, considerando as funções renais e hepáticas do momento; verificar a forma farmacêutica mais indicada; observar se a embalagem é a mais indicada para o idoso, levando em conta suas dificuldades; evitar, sempre que possível, o uso de medicamentos para tratar os efeitos colaterais de outra medicação; ter sempre em mente a possibilidade de interação com substâncias que o paciente possa estar usando sem o conhecimento do médico, incluindo fitoterápicos, medicamentos não controlados, sobras de medicamentos obtidos de amigos; usar associações fixas de medicamentos só quando estas forem lógicas, bem estudadas e auxiliem a aceitabilidade ou melhorem a tolerância e a eficácia; tentar verificar se o paciente aceita e segue corretamente o tratamento(JUNIOR et al, 2013).

Prescrever para o idoso não é o mesmo que prescrever para um adulto jovem. O envelheci­mento conduz a progressivas alterações da far­macocinética que afeta a absorção dos fármacos e da farmacodinâmica que modifica o efeito dos fármacos nos órgãos e tecidos. Das alterações relacionadas pela absorção, o aumento do pH gástrico, a diminuição da mobilidade gastrintestinal e da superfície de absorção e a possível redução do transporte ativo são as mais frequentes, o que contribui para o aumento ou diminuição da absorção de diversos fármacos, dependendo da farmacoci­nética de cada um. A distribuição dos fármacos é afetada pela redução da água corporal total e das proteínas e pelo aumento da massa gorda, o que contribui para alterações na distribuição e para a sua acumulação. A redução do fluxo sanguíneo hepático, as interações medicamen­tosas e algumas doenças mais prevalentes no idoso (por exemplo, insuficiência cardíaca e patologia da tireoide) provocam alterações no metabolismo dos fármacos. A diminuição da função renal contribui para a sua acumulação. Para além dos efeitos descritos, diversos outros fatores influenciam a eficácia e a segurança da terapêutica do idoso, nomeadamente alterações de órgãos e sistemas, da função cognitiva, fatores financeiros e existência de problemas de saúde concomitante (GOMES; CALDAS,2008).

A saúde do idoso pode ser determinada pelo harmonioso funcionamento de quatro domínios funcionais que são cognição, humor, mobilidade e comunicação que devem ser avaliados rotineiramente no atendimento ao idoso. A perda destas funções dará origem às Síndromes Geriátricas (MORAES, 2010). Além das doenças crônicas não transmissíveis que acometem os idosos há também as patologias mais querentes desta síndrome, sendo elas as demências não degenerativas (déficit vitamínico, distúrbios hormonais, infecções, delirium, depressão) e as degenerativas como: doença de Alzheimer, demência de Pick, demência de corpos Lewys e Parkinson (BRAGA; GALEGUILLOS, 2014).

Segundo Carvalho Filho et al (1988) entre os medicamentos mais causadores de iatrogênia usados pelos idosos encontram-se:

Drogas%
Quimioterápicos22,2
Digitálicos16,7
Neurolépticos11,1
Anti-inflamatórios11,1
Benzodiazepínico5,6
Corticoesteroide5,6
Antidepressivo5,6
Hipotensor5,6
Sulfato Ferroso5,6
Warfarin5,6

Quadro 2: Medicamentos causadores de iatrogenia. Fonte Carvalho Filho et al, 1998.

Consideram-se como afecções iatrogênicas aquelas decorrentes da intervenção do médico e/ou de seus auxiliares, seja ela certa ou errada, justificada ou não, mas da qual resultam consequências prejudiciais para a saúde do paciente; as pesquisas indicam que sua maior ocorrência é em pacientes idosos (GOMES; CALDAS, 2008).

Cabe ao geriatra a identificação das situ­ações de risco e o uso racional dos fármacos, bem como o pronto reconhecimento dos efeitos adversos da terapia, evitando tratar com nova droga o efeito colateral de outra. Sendo assim é imperativa a presença de profissionais nas unidades de saúde com co­nhecimento do processo de envelhecimento, das particularidades da apresentação clínica das doenças no idoso, do impacto que isso representa sobre seu estado funcional e, por conseguinte, capaz de realizar uma abordagem pelo prisma da Avaliação Geriátrica Ampla e permitir adequada individualização do paciente, com aumento das possibilidades de sucessos do tratamento e redução dos riscos de complicações e incapacidade para esse paciente (GOMES; CALDAS,2008).

Em primeiro lugar o processo de envelhecer não deve ser sinônimo de inúmeras doenças e problemas de saúde, é possível que seja de forma cuidadosa e com prevenção. Logo envelhecer não significa necessariamente adoecer. Então, um indivíduo pode envelhecer de forma natural, convivendo bem com o passar dos anos e mantendo-se ativo em todas as fases da vida (Fiocruz, 2015). Por isso, cuidar da saúde, ter uma boa alimentação, realizar atividades físicas são pilares de um envelhecimento sadio, e dentro desses a vacinação está presente, pois promove a prevenção de doenças causadas tanto por vírus quanto por bactéria e que podem levar o ser humano a estado grave e até mesmo a morte.

Dessa forma a vacinação é um método artificial de imunização ativa, que consiste na inoculação de uma suspensão de microrganismos vivos atenuados ou inativados, ou componentes antigénicos destes, com o objetivo de induzir imunidade e prevenir a doença (Reis, 2015). Principalmente para os idosos o reforço da imunidade é de extrema importância para que o organismo consiga eliminar agentes patógenos e preservar a saúde e bem-estar do indivíduo.

No entanto, ao falar de imunização é recorrente o pensamento de campanhas de vacinação infantil os pais se preocupam e se atentam ao calendário de vacinas de seus filhos, mas ocorre que no decorrer da vida essa preocupação vai esfriando e as pessoas até mesmo esquecem dessa importante responsabilidade, mas não quer dizer que não existem vacinas disponíveis e necessárias para todas as idades e fazendo um recorte para a população com mais de 60 anos existem três vacinas disponíveis e outras duas vacinas que fazem parte de campanhas (VALERI, 2023).

De acordo com o site da FIOCRUZ (2015) as vacinas que o Ministério da saúde oferece para os idosos são: Hepatite B: se a pessoa não tiver comprovação vacinal, a vacina será administrada em três doses com intervalo de trinta dias entre a primeira e a segunda dose e de seis meses entre a primeira e a terceira dose. Porém o idoso com esquema vacinal incompleto receberá apenas as vacinas que faltam para completar o esquema. Difteria e tétano (dupla adulto): sem esquema ou com esquema incompleto, para difteria e tétano, será completado o esquema de três doses, considerando as doses anteriores. Com esquema vacinal completo três doses para difteria e tétano é importante que a vacina reforço seja administrada a cada 10 anos. Febre amarela: para o idoso que nunca foi vacinado ou sem comprovante de vacinação, o médico deverá avaliar o benefício/risco da vacinação e a necessidade de administrar uma dose levando em conta o risco da doença e o risco de eventos adversos nessa faixa etária e/ou decorrentes de comorbidades e o histórico vacinal.

As vacinas oferecidas em campanhas anuais são: Vacina contra a Influenza é oferecida anualmente durante a Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza. Vacina pneumocócica 23-valente: é administrada durante a Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza, nos indivíduos de 60 anos e mais não vacinados que vivem acamados e ou em instituições fechadas como casas geriátricas, hospitais, unidades de acolhimento/asilos, casas de repouso (Fiocruz, 2015).

Portanto, deve-se salientar a importância de manter o quadro vacinal sempre atualizado tendo em vista os efeitos positivos e necessários das vacinas no organismo dos idosos, como em todas as fases da vida essa em fundamental deve ter o cuidado e zelo com o sistema imunológico, idosos que acarretam comorbinades e doenças já adquiridas não devem deixar de ter essa responsabilidade. Pois, uma das consequências do envelhecimento é o aumento da incidência e da severidade das doenças infeciosas. Estas comportam, ainda, um risco muito elevado de mortalidade e morbilidade, como perda da autonomia, na população idosa. Assim, é importante estabelecer estratégias que permitam reduzir o peso destas doenças nessa população, permitindo um envelhecimento saudável. Uma delas, e a mais eficaz, é a vacinação (Reis,2015). As doenças respiratórias apresentam taxas altas de morbimortalidade, que associadas às doenças crônico-degenerativas tornam a população mais idosa alvo de complicações. (Braga,2014)

Calendário de vacinação do idoso
Vacina Hepatite B3 DosesContra Hepatite B
Vacina Dupla adulto3 DosesContra tétano e difteria
Vacina febre amarelaDose únicaContra febre amarela
Vacina influenzaDose anualContra gripe (campanhas)
Vacina Pneumococo 23 valenteDose únicaContra pneumonia por pneumococo
Vacina dupla adulto Vacina febre amarelaReforço a cada 10 anos 

Fonte: BRAGA, Cristina. Saúde do adulto e do idoso. São Paulo: Erica, 2014.

Além disso, diversos estudos apontam uma baixa procura dessa população aos postos de saúde em busca de vacinação, ou de frequência nas campanhas anuais existem alguns fatores associados à adesão ou não adesão à campanha vacinal, como o sexo, uma vez que uma pesquisa14 identificou que as mulheres idosas procuram mais o atendimento à saúde. Fatores como o estado civil, escolaridade, classe econômica, presença de doenças crônicas e hábitos saudáveis também parecem interferir no processo de adesão (SANTOS et al, 2015). Cabe a políticas públicas serem intensificadas com o foco em estimular a presença e adesão às campanhas de vacinação, principalmente do grupo da terceira idade.

Já que a preocupação e cuidado com a saúde deve ocorrer durante toda a vida, mas destaca-se essa importância durante o envelhecimento, as condições de saúde se tornam mais vulneráveis e necessitam de mais atenção como no caso da vacina contra a gripe, que em uma pessoa com a idade mais avançada essa enfermidade pode desencadear complicações graves como pneumonia, diabete, insuficiência cardíaca, derrame e até mesmo infarto e levarem ao óbito, mas estudos comprovam que o fortalecimento de anticorpos com a vacina reduz drasticamente o risco destas complicações (VALERI, 2023).

Por tanto o trabalho de toda equipe de saúde desde a pesquisadores até a enfermagem deve seguir com avidez para proporcionar a população idosa o melhor para a sua imunização, com pontos para melhora conforme Reis (2005) apesar de muito trabalho ter sido realizado na última década no sentido de perceber e melhorar a resposta imunológica dos idosos à vacinação, é necessário continuar os esforços para produzir vacinas mais eficazes, que permitam reduzir de forma mais significativa a morbilidade e mortalidade nesta população, permitindo-lhes usufruir de uma melhor qualidade de vida. Depois da pandemia da Covid – 19 e os resultados aparentes de campanhas de vacinação os empenhos devem continuar e reforçar a importância e necessidade que os idosos têm de se vacinarem e estarem atentos em busca de uma boa qualidade de vida e envelhecendo da melhor maneira possível.

CONCIDERAÇÕES FINAIS

O processo de envelhecimento vem acompanhado de alterações fisiológicas e há uma perda de capacidade em manter o equilíbrio. Com isso, os idosos estão suscetíveis a dor, depressão, questões relacionadas ao sono, a polifarmácia, e estes agentes são complexos e com consequências em suas atividades de vida diária, o que leva a incapacidade funcional e perda da sua autonomia. São pontos que precisam ser considerados para que o idosos experimentem essa fase com o mínimo possível de consequências. A prevenção feita com as vacinas, são consideradas uma importante medida de saúde, isso é um fator importante na manutenção da qualidade de vida. A enfermagem tem uma função crucial na vida das pessoas, com prestação da assistência e do cuidado em saúde, principalmente na vida do idoso. E para ajudar no processo de envelhecer com saúde a enfermagem, deve começar desde o nascer, oferece educação em saúde para as famílias, por meio das visitas domiciliares e das consultas de rotinas, o que garante assim uma boa qualidade de vida. Com os idosos a enfermagem tem que acompanhar a caderneta de vacinação, orientar sobre o uso das medicações, e orientar aqueles que podem, a exercitar se mais o físico (com caminhadas) e a mente (com leituras).

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¹Discente do curso de Graduação em Enfermagem. Fundação Presidente Antônio Carlos- FUPAC/Uberlândia/MG
²Doutor em Enfermagem. Docente do curso de Graduação em Enfermagem. Fundação Presidente Antônio Carlos de Uberlândia- FUPAC/Uberlândia/MG.