DERMATITE ATÓPICA CANINA: REVISÃO DE LITERATURA

CANINE ATOPIC DERMATITIS: LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10393498


Caio Sérgio Pereira de Araújo1
Franscica Mariana Barbosa Cavalcante2
Marina Pandolphi Brolio3


Resumo

A Dermatite Atópica Canina (DAC) é uma condição cutânea crônica e comum em cães, caracterizada por prurido, inflamação e lesões na pele. Este trabalho de revisão bibliográfica objetiva explorar a DAC em cães, abordando sua etiologia, manifestações clínicas, diagnóstico, tratamento e perspectivas atuais; que incluem o desenvolvimento de novas terapias direcionadas, como imunomoduladores e terapias biológicas, visando abordagens mais específicas e eficazes no controle da DAC em cães. Além disso, avanços na compreensão dos aspectos genéticos e imunológicos podem abrir portas para tratamentos mais personalizados e direcionados no futuro. Em síntese, esta revisão bibliográfica destaca a complexidade da Dermatite Atópica Canina, fornecendo uma visão abrangente das suas causas, manifestações clínicas, métodos diagnósticos, opções terapêuticas atuais e perspectivas futuras, destacando a necessidade contínua de estudos para aprimorar o manejo dessa condição dermatológica em cães.

Palavras-chave: Dermatopatia. Atopia. Cães. Alérgenos

1 INTRODUÇÃO

A interação humano-cão (Canis familiaris) é bastante notória na nossa rotina urbana: para observá-la basta sair para caminhar num domingo à tarde, passear num parque ou até mesmo ir ao shopping. (GOLDBLATT; GAZIT; TERKEL, 2009; JEZIERSKI et al., 2014). O homem sempre dependeu de interações com outras espécies para a sua sobrevivência, sendo que esta relação a priori era de predação, passando mais tarde para a domesticação (GIUMELLI; SANTOS, 2016).

 Raro atualmente quem não tenha amigo ou vizinho com um cachorro considerado membro da família. É um fenômeno espantoso o crescimento do número e do grau de afeto dedicado aos animais de estimação nas últimas décadas. O IBGE revela que já é maior o número de lares com cachorros do que com crianças (RITTO; ALVARENGA, 2015). Os animais de estimação, no geral tiveram muitos benefícios devido a humanização como a melhora na alimentação e aumento dos cuidados veterinários (MACHADO, 2016). Os casos de dermatopatias apresentam grande prevalência na clínica de pequenos animais, são o motivo mais frequente para os animais serem levados ao médico veterinário. A pele é um órgão muito exposto, isso contribui para a grande quantidade de atendimentos realizados na área dermatológica nas clínicas e hospitais veterinários (PAULA, 2019).

Os distúrbios dermatológicos são motivo de preocupação imediata para os tutores, pois são facilmente perceptíveis. (PINHO et al., 2013). As doenças cutâneas mais frequentemente diagnosticadas no Brasil são as de origem bacteriana, imunopática, endócrina e parasitária (ALVES, 2018). Dentre essas doenças, a dermatite atópica canina – DAC, se destaca como segundo transtorno cutâneo alérgico mais frequente, sendo menos constante que a dermatite alérgica à picada de pulgas (DAPP) (ALVES, 2018).

A DAC é uma afecção cutânea crônica, inflamatória e pruriginosa, associada à predisposição genética e modificações na barreira epidérmica (CORK et al., 2019; SANTORO et al., 2019). São fatores que despertam o sistema imunológico, induzindo processos inflamatórios que causam agressões aos tecidos e consequentemente têm alterações sistêmicas (THIJS et al., 2018; WEIDINGER et al., 2018). Seu diagnóstico ocorre por meio de exclusão de outras doenças pruriginosas parecidas clinicamente, devendo ser considerada a relação semelhante entre DAC e as reações que são causadas por alimentos, onde ambos causam reações imunomediadas e não imediatas (HENSEL et al., 2015). O objetivo desse trabalho foi realizar uma revisão bibliográfica atualizada sobre a Dermatite atópica canina.

1                REVISÃO DE LITERATURA
1.1           Etiologia

A atopia é uma afecção alérgica, inflamatória, multifatorial, genética e pruriginosa em cães que refere-se a uma resposta de hipersensibilidade a antígenos ambientais, inalados ou absorvidos pela pele, especialmente em indivíduos com predisposição genética, pois eles apresentam uma falha na integridade da barreira lipídica epidérmica, o que pode resultar em um aumento do contato entre o sistema imunológico cutâneo e os antígenos ambientais, com isso acaba ocorrendo uma maior absorção pela via percutânea (HNILICA, et al., 2017).

Essa condição é comum em cães, se manifestam entre os seis meses e seis anos de idade. No entanto, na maioria dos cães atópicos, os sintomas tendem a surgir pela primeira vez entre um e três anos de idade (HNILICA, et al., 2017).

É possível afirmar que os animais estão diariamente expostos a antígenos presentes no ambiente, seja no ar ou nos alimentos. Geralmente, a maioria dos indivíduos responde a esses antígenos gerando anticorpos das classes IgG ou IgA, sem que isso resulte em consequências clínicas. Contudo, em alguns casos, pode ocorrer uma resposta imunológica do tipo 2 exagerada, a algum estímulo específico, como alérgeno, levando à produção excessiva de IgE e ao desenvolvimento de reações de hipersensibilidade tipo 1. Essa produção abundante de IgE é denominada atopia, e os indivíduos afetados são identificados como atópicos (JERICÓ, 2015).

Os alérgenos mais comuns são a poeira caseira e os ácaros dos alimentos (particularmente Tyriphagus putresceantiae, Dermatophagoides pteronnyissinus, Dermatophagoides farinae, Acarus siro), caspa humana, pólens, mortos e outros alérgenos ambientais como a paina, penas e etc. (WILKINSON, et al., 1994). As diferenças regionais dos alérgenos em decorrência dos tipos de fauna e flora e o estilo de vida de cada região é algo importante a ser considerado. Além disso, os sinais clínicos iniciais podem manifestar-se em determinada época do ano, dividindo a DAC em sazonal e não sazonal (ZANON, et.al, 2008). Em alguns casos, ocorre a manifestação da forma não sazonal de atopia, caracterizada pelo prurido persistente ao longo de todo o ano. No entanto, observa-se um agravamento dos sinais nos meses mais quentes (HILLIER, 2002).

Certas raças têm uma maior predisposição ao desenvolvimento de dermatite atópica (SOUSA, et al., 2001). Entre as mais comuns estão o Sharpei, West Highland White Terrier, Scoth Terrier, Lhasa Apso, Shih Tzu, Fox Terrier de Pêlo Duro, Dálmata, Pug, Setter Irlandês, Boston Terrier, Golden Retriever, Boxer, Setter Inglês, Labrador, Schnauzer Miniatura, Pastor Belga (SCOTT, et al., 1996), e Buldog Inglês (WHITE, 1998; GRIFFIN; DEBOER, 2001). Algumas raças são mencionadas com menos frequência, como Pastor Alemão, Cocker Spaniel, Dachshund, Doberman e Poodle Gigante (GRIFFIN; DEBOER, 2001).

1.2           Epidemiologia

A atopia canina é a segunda patologia cutânea alérgica mais prevalente, sendo menos comum apenas em comparação com a dermatite alérgica causada por picadas de pulgas (ZANON, et.al., 2008). A prevalência da atopia na população canina global situa-se em torno de 10 a 15%, sendo que os cães que vivem dentro de casa são os mais propensos a desenvolver essa condição, percentuais semelhantes são observados no Brasil. O autor afirma que até o momento, há poucos estudos que abordam o perfil epidemiológico das afecções dermatológicas nas distintas regiões do país, os registros indicam que as dermatopatias bacterianas predominam com uma prevalência entre 20,5% a 30,35%, seguidas pelas parasitárias (15,56% a 19,3%), fúngicas (4% a 14,79%) e imunológicas (10,51% a 37,8%) (SANTOS, 2016).

De acordo com Ferreira et.al. (2023), a exposição ambiental pode impactar o sistema imunológico, a barreira cutânea e a microbiota. Em seres humanos, fatores como industrialização e poluição do ar e da água têm sido associados à persistência de sinais clínicos de dermatite atópica, juntamente com a exposição precoce a antibióticos. Por outro lado, a exposição aos raios ultravioleta B (UVB) e infecções por helmintos foram identificadas como benéficas para a condição da pele. No caso de cães atópicos, estudos sugerem que a infecção por Toxocara canis pode reduzir o prurido, enquanto o tabagismo passivo pode aumentar o risco de desenvolver dermatite atópica. Esses achados destacam a influência significativa de diversos fatores de estilo de vida na Dermatite Atópica Canina (DAC).

1.3           Fisiopatogenia

A patogênese da dermatite atópica canina ainda não foi completamente esclarecida, porém, entende-se que há uma associação de fatores que contribuem para o desenvolvimento da DAC. Estes incluem a deficiência na barreira cutânea, a sensibilização a alérgenos ambientais, alimentares e microbianos, além de uma resposta imunológica específica (FUNDÃO, et al., 2018).

1.3.1     Barreira Epidérmica

A pele é o revestimento externo do corpo, é reconhecida como um dos maiores órgãos, representando cerca de 16% do peso corporal. Desempenha um papel crucial ao estabelecer uma barreira anatômica e fisiológica entre o animal e o ambiente. É composta pela epiderme, a porção epitelial, pela derme, a porção conjuntiva, e diversas estruturas associadas, como pelos, glândulas sebáceas e sudoríparas, entre outras (Figura 1) (DOMINGUES, 2011).

Figura 1 – Representação esquemática da pele.

Fonte: Sociedade Brasileira de Dermatologia, 2023

Houve uma teoria que enfoca o papel essencial da barreira epidérmica na patogênese da DAC. Essa teoria sugere que uma barreira anormal na pele de pacientes atópicos facilita a entrada de alérgenos (e micróbios) através da epiderme, aumentando assim o contato e a exposição a células imunes epidérmicas. Essas teorias não são exclusivas entre si e foram integradas em uma teoria mais abrangente, conhecida como a teoria “fora-dentro-fora”. Essa abordagem se baseia na ideia de que um defeito primário na barreira epidérmica resulta em uma maior penetração de alérgenos e micróbios, estimulando em excesso a imunidade local (inata e adaptativa). Essa estimulação excessiva desencadeia a liberação de mediadores inflamatórios que amplificam ainda mais a disfunção da barreira epidérmica. Em cães, há poucos estudos que examinam as falhas na barreira da pele e a relação entre a imunidade local e o microbioma cutâneo na Dermatite Atópica (DA) (MEDEIROS, 2017).

A integração entre a barreira física e os mecanismos de defesa, como as secreções das glândulas cutâneas e a liberação de metabólitos de peptídeos e lipídeos pelas células da epiderme (que possuem atividades antimicrobianas), reduz a adesão de microrganismos à epiderme. A infecção só se manifesta quando essas defesas normais são comprometidas. Sob essas condições, infecções superficiais podem ocorrer como resultado da adesão, colonização e proliferação microbiana, juntamente com a produção de fatores de virulência. A barreira da pele é frequentemente desafiada por microorganismos, mas é raramente infectada. A produção de peptídeos antimicrobianos na pele é um mecanismo primordial de proteção, e a expressão de alguns desses peptídeos aumenta em resposta à invasão microbiana. Catelecilina, beta-defensinas, lipocalinas e proteína S100 desempenham um papel central na patogênese de várias doenças cutâneas, incluindo a dermatite atópica. Pacientes com dermatite atópica, estima-se, possuem defeitos genéticos na barreira epidérmica e na codificação das proteínas de adesão. Isso resulta em um aumento na meia-vida da enzima quimiotríptica do estrato córneo, levando à quebra dos corneodesmossomos, causando descamação prematura dos corneócitos e tornando a camada córnea mais fina. As áreas propensas a lesões na dermatite atópica são aquelas onde essa camada é mais fina, o que sugere uma maior suscetibilidade à penetração de alérgenos (SOLOMON, et al., 2011). A DAC é classificada como uma reação de hipersensibilidade do tipo I (Figura 2). Uma descrição clássica da patogênese, afirma que as IgE (ou IgG) se ligam aos mastócitos presentes nos tecidos, especialmente na pele, que é o principal órgão afetado pela doença. Quando o complexo IgE-mastócitos reage com alérgenos específicos, ocorre a desgranulação dos mastócitos, resultando na liberação ou produção de substâncias farmacologicamente ativas. Os mastócitos são responsáveis pela produção de vários mediadores inflamatórios, como histamina, triptase, quimase, leucotrienos, fator α de necrose tumoral (TNFα), entre outros. Esses mediadores desempenham um papel complexo na interação entre a microvasculatura e outras células inflamatórias, contribuindo para o surgimento de diversos sinais clínicos da DAC (DOMINGUES, 2011).

Figura 2 – Reação de hipersensibilidade.

Fonte: Microbiologia e Imunologia on-line, 2013.

Além dos mastócitos, outras células são mencionadas por seu papel relevante na patogênese da doença. Estas incluem as células de Langerhans e as células dendríticas, responsáveis pela apresentação e processamento do antígeno; os linfócitos B, que produzem anticorpos; e os linfócitos Th alergeno-específicos, que geram citoquinas que ativam os linfócitos B e outras células inflamatórias (HILL; OLIVRY, 2001).

Cães com predisposição genética são capazes de absorver vários alérgenos através das vias percutânea, inalatória e possivelmente via oral, desencadeando a produção de IgE ou IgG específicas para esses alérgenos. Os alérgenos absorvidos pela via percutânea, possivelmente facilitados por falhas na função de barreira da epiderme, são encontrados por IgE específicas nas células de Langerhans. Estes alérgenos são processados e apresentados aos linfócitos T alergeno-específicos. Isso leva à expansão das células Th2, que produzem várias citocinas como IL-3, IL-4, IL5, IL-6, IL-10 e IL-13. O desequilíbrio entre as células Th2 e Th1 resulta em um aumento da produção de IgE pelos linfócitos B. À medida que a doença se torna crônica, há mudanças na expressão das citocinas, com níveis reduzidos de IL-13 e aumentados de interferon-α (DOMINGUES, 2011).

1.4           Sinais clínicos

A falta de estabilidade na função da barreira epidérmica em cães com dermatite atópica resulta em um aumento da entrada de substâncias alérgicas, o que pode acentuar os sintomas clínicos nos pacientes afetados (MARSELLA, et al. 2011). O prurido representa o principal sintoma dessa condição. Sua intensidade pode se manifestar de várias maneiras, como coceira, mordedura, lambedura ou esfregamento. Quando é intenso, pode resultar em episódios de autotraumatismo. Nas fases iniciais, o prurido tende a ser localizado, afetando uma única região, como a face, axila, orelhas (em 60% dos casos) ou patas (em 75% dos casos). À medida que a doença progride, a duração do prurido aumenta gradualmente, tornando-se persistente e generalizado (CAMPOS, et.al. 2021).

Figura 3 – Escala para avaliação do prurido

Fonte: RYBNÍCEK et al.2009

Dependendo dos alérgenos envolvidos, o prurido pode apresentar uma natureza sazonal (pólen) ou não sazonal (ácaros e alimentos). Inicialmente, o prurido pode se manifestar sem lesões visíveis ou associado a lesões cutâneas primárias, tais como eritema e, ocasionalmente, pápulas. Na dermatite atópica canina, áreas como a face, o interior das orelhas, a região ventral, axilas, área inguinal, área perineal e extremidades distais são comumente afetadas (Figura 4), embora variações associadas à raça tenham sido identificadas quanto aos locais do corpo afetados pela condição (Figura 5). Em estágios mais crônicos, ocorrem lesões cutâneas secundárias devido ao autotrauma, inflamação crônica e infecções secundárias. Entre as lesões cutâneas secundárias mais comuns estão escoriações, perda de pelos, liquenificação, hiperpigmentação, crostas e presença de seborreia (Figura 6) (HENSEL, et.al. 2015).

Figura 4 – Localização frequente das manifestações clínicas e prurido relacionado à Dermatite Atópica Canina.

Fonte: HENSEL, et.al.,2015

Figura 5 – Silhuetas de boxers atópicos em diferentes raças.

Fonte: HENSEL, et.al.,2015

Figura 6 – Distribuição típica de lesões cutâneas secundárias.

Fonte: HENSEL, et.al.,2015

Lesões eritematosas, escoriações e edema podem surgir, as mesmas podem estar associadas ao desenvolvimento de infecções secundárias bacterianas e/ou fúngicas, resultando em um quadro dermatológico marcante. Isso pode incluir manifestações como pústulas, pequenos inchaços na pele (pápulas), um anel de pele elevada ao redor das lesões (colarete epidérmico), perda de pelo localizada ou generalizada, aumento da espessura da pele (acantose), crescimento excessivo de pelos (feotriquia), endurecimento da pele (liquenificação) e aumento da pigmentação da pele (hiperpigmentação) (SOUZA, et.al. 2022)

O eritema, que está relacionado à inflamação e ao prurido, frequentemente resulta em lesões secundárias, como piodermites causadas por Malassezia pachydermatis e otite externa. Além disso, há o surgimento de lesões cutâneas secundárias devido ao autotraumatismo, levando a escoriações, perda de pelo, presença de escamas, crostas, hiperpigmentação, entre outros sintomas. Em alguns cães com dermatite atópica, são observados sinais não cutâneos, como rinite, catarata, asma, ceratoconjuntivite seca, distúrbios urinários, gastrointestinais e sensibilidade hormonal (DIAS; NETO, 2022)

1.5           Diagnóstico

O diagnóstico da DAC é estabelecido por meio de uma anamnese minuciosa, um exame físico e dermatológico detalhado, além da exclusão de possíveis diagnósticos diferenciais, que incluem doenças com manifestações clínicas semelhantes, como dermatites pruriginosas e eritematosas. A avaliação de testes alérgicos também é considerada, dado que não há sinais ou lesões específicas que sejam patognomônicas da DAC (GRILO, 2011). Os diagnósticos diferenciais incluem alergia alimentar, sarnas, dermatite por Malassezia e piodermite bacteriana e outras hipersensibilidades (saliva de pulga, contato), parasitas (queiletiose, pediculose e foliculite) (HNILICA, 2017).

Segundo Hensel (2015), é crucial recordar que esta enfermidade não exibe sinais clínicos específicos que possibilitem um diagnóstico conclusivo após a primeira avaliação com o dono do animal e exame físico. Isso se deve à grande variedade de manifestações clínicas, que podem ser influenciadas por fatores genéticos (fenótipos associados à raça), extensão das lesões (localizadas ou generalizadas), estágio da doença (agudo ou crônico) e presença de infecções microbianas secundárias ou outros elementos que possam agravar o quadro. Além disso, certos aspectos da enfermidade podem se assemelhar a outras condições dermatológicas não relacionadas à Dermatite Atópica canina. Por todas essas razões, o diagnóstico definitivo da DAC pode representar um desafio. Um setor específico do Comitê Internacional para Doenças Alérgicas em Animais (ICADA) recebeu a responsabilidade de criar um conjunto de diretrizes práticas. Estas diretrizes têm como objetivo auxiliar profissionais e pesquisadores no processo de diagnóstico da Dermatite Atópica Canina.

Conforme diretrizes da ICADA, é fundamental excluir outras condições cutâneas que apresentem sinais clínicos semelhantes ou sobreponham-se à Dermatite Atópica canina (DAC). Esse procedimento é tradicionalmente denominado “work-up”. A utilização dos oito critérios de Favrot (Figura 7) é uma ferramenta para auxiliar no diagnóstico, associados à análise dos achados clínicos. Quando os cães apresentam cinco desses critérios, a sensibilidade para diferenciar a Dermatite Atópica canina (DAC) do prurido crônico recorrente é de 85%, com uma especificidade de 79%. A inclusão de um sexto parâmetro aumenta a especificidade para 89%, porém reduz a sensibilidade para 58% (RIBEIRO, et.al., 2020).

Figura 7 – 8 critério de Favrot

Fonte: Derma Conecta, 2023.

A hipersensibilidade alimentar e a dermatite Atópica canina exibem reações e lesões semelhantes durante o exame físico. No entanto, a hipersensibilidade alimentar não costuma ser sazonal, ao passo que a hipersensibilidade às picadas de pulga é uma das principais causas de prurido sazonal associado à atopia em muitas regiões. A sarna sarcóptica, comum em cães jovens e que vivem em ambientes externos, causa um intenso prurido na região ventral do tórax, nas laterais dos cotovelos e nas margens dos pavilhões auriculares (RHODES, 2014).

Um aspecto relevante do prurido na Dermatite Atópica canina é a resposta positiva em 81% dos casos ao tratamento com glicocorticoide. Portanto, a realização de um teste terapêutico com corticoides torna-se uma estratégia importante para descartar determinados diagnósticos diferenciais (FARIAS, 2007). Porém, é possível realizar uma variedade de exames complementares, como tricograma, raspagem cutânea e citologia, além da aplicação de tratamentos específicos, como controle de ectoparasitas, adoção de dietas de eliminação, administração de antibióticos, antifúngicos, entre outros procedimentos. Essas ações têm como objetivo descartar outras condições e alcançar o diagnóstico de DAC, o qual deve estar em consonância com o quadro clínico apresentado pelo animal (SCOTT, et al., 2001).

1.5.1     Exames laboratoriais

Uma vez estabelecido o diagnóstico clínico de DAC, diversos elementos devem ser considerados na decisão de realizar ou não um teste de alergia. Em situações onde os sinais clínicos são graves, persistem por mais de três meses por ano e o tratamento sintomático é inadequado devido aos efeitos colaterais dos medicamentos utilizados ou à má adesão do proprietário, geralmente justifica-se a realização do teste de alergia na maioria dos casos. Esses testes podem ser conduzidos por meio do teste intradérmico (IDT) e do teste de sorologia de IgE específica para alérgenos. Ambos não são indicados como testes de triagem e devem ser utilizados apenas para confirmar o diagnóstico clínico de DAC (HENSEL, et.al., 2015).

1.5.1.1                   Teste intradérmico (tid)

Quando realizados de forma precisa e considerando o padrão adequado, desempenham um papel significativo na evidenciação de reações de hipersensibilidade alérgeno-específicas, especialmente aquelas mediadas por IgE. Dessa forma, a seleção de um fabricante confiável é crucial, e os alérgenos devem ser obtidos, preferencialmente, de uma única fonte (GRILO, 2011).

O TID é uma forma indireta de avaliar a reatividade cutânea dos mastócitos devido à presença de IgE. A seleção apropriada dos alérgenos a serem testados é essencial para garantir resultados precisos no teste intradérmico (TID). De fato, os alérgenos, especialmente os provenientes de pólens, podem variar consideravelmente de acordo com a localização geográfica (HENSEL, et.al., 2015).

Esses testes destacam a habilidade dos mastócitos em sofrer desgranulação após a exposição intradérmica a alérgenos, ocorrendo por meio da ligação desses alérgenos às IgE alérgeno-específicas na superfície dos mastócitos. Isso resulta na formação de uma pápula eritematosa. Além disso, esses testes também avaliam a capacidade dos mastócitos para liberar seus conteúdos (o que pode estar alterado em cães com Dermatite Atópica) e a resposta da pele aos mediadores da inflamação (GRILO, 2011).

Segundo Grilo (2011), para a realização desses testes alérgicos, é necessário posicionar o animal em decúbito lateral, preferencialmente usando a parede lateral do tórax para a administração dos alérgenos. Em alguns casos, pode ser requerida a sedação do animal. A preparação da pele do animal inclui a realização de tricotomia seguida de lavagem ou fricção, e a identificação dos locais onde os alérgenos serão injetados, marcando-os com materiais à prova d’água e garantindo uma separação mínima de 3cm entre eles. Cerca de quinze minutos após a administração dos alérgenos por via intradérmica (com um volume de injeção de 0,05mL), assim como dos controles positivo (solução de fosfato de histamina 0,001%) e negativo (solução salina tamponada de fosfato a 0,9%), procede-se à avaliação dos resultados. Essa avaliação pode ser realizada de maneira subjetiva, observando a intensidade e/ou tamanho do eritema, turgidez ou formação de pápula, e de maneira objetiva, por meio da medição do diâmetro ou área do eritema ou pápula (Figura 8)

Figura 8 – Realização do teste Intradérmico

Fonte: Martins, 2011

Convencionalmente, há uma escala de avaliação de 0 a 4 para examinar as reações, onde qualquer resposta igual ou acima de 2 é classificada como positiva; o nível 0 refere-se ao controle negativo, enquanto o nível 4 refere-se ao controle positivo. Além disso, uma reação é considerada positiva se a área de coceira e vermelhidão formada tiver um diâmetro igual ou maior do que a diferença entre os controles positivo e negativo (GRILO, 2011).

1.5.1.2                  Testes sorológicos

Na dermatologia veterinária, nos cães com alergias, os testes sorológicos são amplamente empregados para identificar IgE séricas específicas para alérgenos. A principal finalidade desses testes é detectar a presença de anticorpos diretamente no sangue do paciente (SOUZA, et.al.,2022). Ao comparar os testes sorológicos com os intradérmicos, constata-se sua superioridade devido a várias razões: não requer tricotomia ou contenção química, resultando em menor interferência nos resultados para pacientes com tratamentos prévios ou em curso; pode ser aplicado em casos de dermatite difusa e é menos invasivo, já que apenas 3 a 5 ml de soro do paciente são necessários (ZANON, et.al. 2008).

No que diz respeito à medição dos níveis de IgE total, é conhecido que essa abordagem carece de utilidade significativa no diagnóstico de Dermatite Atópica Canina, uma vez que os níveis de IgE não apresentam diferenças substanciais entre cães afetados pela DAC e cães saudáveis. Por outro lado, acredita-se que as imunizações de rotina e a presença de parasitas externos e internos podem afetar os níveis séricos de IgE, havendo também variações nos níveis de IgE entre diferentes raças. Os testes sorológicos são comumente empregados quando os testes intradérmicos não podem ser realizados por alguma razão específica (GRILO, 2011).

1.6          Tratamento

A dermatite atópica não possui cura, o que demanda um tratamento contínuo ao longo da vida do animal. Por esse motivo, é fundamental comunicar de forma precisa ao tutor do animal sobre as causas subjacentes da doença, sua natureza crônica e a probabilidade de episódios recorrentes de agravamento. É crucial também ressaltar a importância do controle constante e da supervisão veterinária regular para obter sucesso no gerenciamento da condição (MENDONÇA, 2021). O tratamento terapêutico deve considerar vários elementos, como a sazonalidade dos sintomas, a extensão e a área afetada da pele, bem como a gravidade das lesões e o estágio da doença. O tratamento pode envolver abordagens tópicas, sistêmicas e a remoção do alérgeno do ambiente. A combinação dessas medidas costuma proporcionar resultados mais eficazes no tratamento da condição (SILVA, et al., 2021).

1.6.1     Glicocorticóides

A inflamação aguda pode ser tratada com glicocorticóides por via tópica ou oral em um curso de curta duração (MARCELA, 2012). Os glicocorticoides representam os imunossupressores mais comumente empregados. Em resumo, esses compostos inibem a produção de citocinas, notadamente o interferon-gama e a interleucina. Além disso, também promovem a ativação de genes anti-inflamatórios, resultando na expressão de substâncias como a anexina-1. Esta última atua inibindo a síntese de fosfolipase A2, que por sua vez é responsável por desencadear a produção de prostaglandinas e outras substâncias inflamatórias (FONSECA, 2013).

De acordo com Rosana Marcela (2012), o tratamento tópico é considerado mais seguro do que o sistêmico, pois sua absorção é mínima. Além disso, a administração oral é preferida em relação à injetável, permitindo horários reduzidos com doses alternadas, o que ajuda a minimizar a supressão adrenal. Portanto, formulações injetáveis devem ser evitadas no tratamento de pacientes com DAC. A autora destacou que um estudo clínico controlado por placebo, o uso do spray tópico contendo aceponato de hidrocortisona a 0,0584% demonstrou rápida eficácia no controle do prurido em cães com DAC. Os escores clínicos e a intensidade do prurido reduziram significativamente após 2 semanas de terapia, sem relatos de efeitos adversos. Em outro estudo que comparou o mesmo spray tópico com ciclosporina administrada oralmente, não foram encontradas diferenças significativas em termos de eficácia clínica. O uso de uma baixa concentração de triancinolona aplicada topicamente é outra opção para controlar rapidamente o prurido em cães atópicos, sendo uma abordagem segura e bem tolerada na maioria dos casos. Além disso, o banho com xampus não irritantes proporciona alívio temporário aos cães com coceira e desempenha um papel importante na terapia para o manejo agudo e crônico de cães com Dermatite Atópica.

1.6.2   Anti-histamínicos

Os anti-histamínicos frequentemente utilizados, agem nos receptores H1 localizados em células dos vasos sanguíneos, músculos lisos do trato respiratório e gastrointestinal, coração e sistema nervoso central. A histamina gera efeitos como coceira, dor e aumento da permeabilidade vascular. A menor eficácia dos anti-histamínicos tipo I é atribuída à pouca relevância da histamina em lesões persistentes em pacientes com condições atópicas e os benefícios dos anti-histamínicos são observados apenas em alguns casos, representando uma minoria, a resposta aos medicamentos varia de um animal para outro, e há falta de consenso sobre qual fármaco usar, exigindo testes de várias drogas em cada animal. Quando há efeitos benéficos, estes geralmente se manifestam entre o sétimo e o 14º dia de tratamento. Os anti-histamínicos podem potencializar seus efeitos quando combinados com outros medicamentos, como ácidos graxos essenciais e corticoides. Além disso, o efeito colateral de sedação causado pelos anti-histamínicos pode contribuir para parte da melhoria clínica observada no animal (FONSECA, 2013).

1.6.3     Imunoterapia alérgeno-específica

A Imunoterapia alérgeno-específica consiste na administração gradual de quantidades crescentes do extrato do alérgeno diluído ao animal. Isso estimula uma maior produção de IgG em comparação com IgE, reduzindo o recrutamento de células inflamatórias. Além disso, ela modifica a ação dos linfócitos T para desenvolver tolerância no sistema imunológico do animal em relação aos antígenos (DEBOER, 2017).

Atualmente, a imunoterapia é reconhecida como o único método capaz de alterar uma parte dos mecanismos causadores da Dermatite Atópica Canina, aliviando os sinais clínicos e impedindo a progressão da doença. A vantagem desse procedimento é que a alteração do curso da alergia ocorre sem os possíveis problemas associados ao uso prolongado de medicamentos, além de ter um potencial de eficácia duradouro (ALCANTARA, et al., 2022).

É importante enfatizar que essa técnica é realizada após testes alérgicos intradérmicos ou sorológicos de IgE específica, e sua aplicação depende de vários fatores, principalmente do histórico e da localização geográfica do animal. Devido a esses aspectos, a seleção do alérgeno, a dosagem e os esquemas de administração não seguem um padrão fixo, variando de um animal para outro. Da mesma forma, os resultados do tratamento e o tempo de resposta podem diferir. Portanto, é crucial que um veterinário especializado em dermatologia realize os testes alérgicos para evitar interpretações equivocadas e técnicas inadequadas que possam invalidar a imunoterapia, levando a diagnósticos falsos positivos ou negativos (ALCANTARA, et al., 2022).

1.6.4    Tracrolimus

O tacrolimus é um macrólido imunomodulador produzido pelo fungo Streptomyces tsukubaensis, atua como inibidor local da calcineurina, apresentando um perfil notável de segurança e eficácia. Sua ação consiste na inibição da capacidade da calcineurina de desfosforilar o fator de transcrição essencial para os genes da Interleucina 2 e Interleucina 4 (IL-2 e IL-4) (CÁCERES, 2013).

Na prática da medicina veterinária, o uso bem-sucedido do tacrolimus, no qual o tacrolimus 0,1% demonstrou reduzir de forma significativa a intensidade dos sintomas quando comparado a vaselina (MARSELLA, et al., 2004).

1.6.5     Ciclosporinas

A calcineurina desempenha um papel crucial na transcrição de interleucinas inflamatórias, como IL-2, IL-3, IL-4 e TNF-α. Esse processo de transcrição é ativado por um mecanismo dependente de cálcio, envolvendo duas classes de proteínas: a calmodulina e as imunofilinas. Essas proteínas têm esse nome por agirem como receptores de substâncias que inibem a calcineurina, reduzindo a atividade dos linfócitos. Esse processo deve ser cuidadosamente controlado para assegurar a melhora do quadro alérgico, sem comprometer a função imunológica do organismo (OLEA, 2014).

De acordo com Marilia Olea (2014), o uso de ciclosporina na dosagem de 5mg/kg, administrada uma vez ao dia por via oral em cães, tem sido associado a uma redução significativa do prurido e da inflamação relacionados à Dermatite Atópica Canina (DAC) em 40 a 86% dos casos.

1.6.6     Maleato de Oclacitinib

O oclacitinib é um inibidor seletivo da janus associated kinase (JAK) e sua principal função é controlar o prurido em cães, principalmente os afetados por dermatites e atopias alérgicas. É importante destacar que não é aconselhável seu uso em cães com menos de 12 meses de idade ou em casos de infecções graves, pois pode aumentar a susceptibilidade a doenças como demodicose e agravar condições neoplásicas. Por essa razão, é recomendado o monitoramento desses pacientes durante a continuidade do tratamento. Há poucos relatos de reações adversas ao uso de oclacitinib na prática veterinária rotineira em cães. As principais reações adversas observadas parecem ser relacionadas a problemas gastrointestinais, como diarreia e vômitos, porém, esses efeitos não diferem significativamente do efeito placebo e costumam se resolver após alguns dias de tratamento. Quando administrado dentro das diretrizes recomendadas, o oclacitinib possui uma margem de segurança elevada, proporcionando uma ação rápida e eficaz contra os sinais associados à dermatite atópica, incluindo inflamação, alergia e prurido (FONSECA, 2018).

A eficácia do oclacitinib varia entre 66% e 49%, alcançando 67% em estudos relacionados à dermatite alérgica. Estes resultados foram consideravelmente superiores à administração de placebos. Pesquisas também evidenciaram que o oclacitinib apresenta uma eficácia similar à prednisolona em cães, especialmente na redução do prurido (PAPICH, 2016; APOQUEL, 2016).

1.6.7    Lokivetmab

O lokivetmab, é um anticorpo monoclonal caninizado produzido por tecnologia recombinante, foi criado para tratar os sintomas da Dermatite Atópica Canina (DAC). Sua principal função é neutralizar a ação da IL-31 ao se conectar de maneira seletiva a essa substância, bloqueando, consequentemente, sua ligação ao seu receptor (SILVA, 2019). Vários estudos já comprovaram o efeito antipruriginoso do lokivetmab. As observações sobre o intervalo entre a administração e o início do efeito clínico indicam uma resposta rápida e um período curto de ação. Em menos de 24 horas, observa-se uma redução significativa do prurido, até mesmo em cães que não estão recebendo qualquer outra medicação antipruriginosa (SOUZA et al., 2018).

1.6.8     Antibioticoterapia

Na maioria dos casos, cães com atopia apresentam a pele colonizada por patógenos como Malassezia pachydermatis e Staphylococcus intermedius. Tanto esses microrganismos quanto as toxinas que produzem podem desencadear reações imuno-específicas envolvendo a IgE. Por essa razão, a antibioticoterapia é frequentemente uma das primeiras abordagens terapêuticas em cães atópicos. Além disso, essas infecções são responsáveis por atrair células inflamatórias, agravando os sintomas da dermatite alérgica. O tratamento antibacteriano e antifúngico pode ser administrado por via sistêmica ou tópica, sendo ideal combinar ambos os métodos (FONSECA, 2013).

A seleção dos antibióticos tornou-se desafiadora para os clínicos devido à resistência dos patógenos. Por esse motivo, é crucial que os profissionais de saúde animal busquem reduzir ao máximo o uso de antibióticos, dando prioridade aos de menor espectro em vez dos de maior espectro. Além disso, a aplicação de doses e duração apropriadas é fundamental para minimizar falhas no tratamento e recorrência de infecções (MARCELLA, 2012).

2                CONCLUSÃO

A Dermatite Atópica Canina (DAC) é uma condição dermatológica desafiadora e complexa, afetando significativamente a qualidade de vida dos cães e apresentando uma gama diversificada de manifestações clínicas. A revisão bibliográfica realizada proporcionou uma compreensão aprofundada dos aspectos etiológicos, diagnósticos, terapêuticos e perspectivas futuras relacionadas à DAC. Os avanços na compreensão dos fatores genéticos, imunológicos e ambientais subjacentes à DAC são fundamentais para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas mais precisas e eficazes. Embora o tratamento atual envolva uma abordagem multifacetada, com terapias tópicas e sistêmicas, a busca por opções terapêuticas mais direcionadas continua sendo uma prioridade. As perspectivas futuras da DAC sugerem um caminho promissor com o advento de novas terapias, como imunomoduladores e terapias biológicas, que oferecem um potencial significativo para um tratamento mais personalizado e eficiente. no entanto, há uma demanda crescente por estudos mais aprofundados e abrangentes para ampliar o conhecimento sobre essa condição dermatológica em cães. Investigar novos alvos terapêuticos, compreender melhor a interação genética e imunológica, além de explorar estratégias preventivas são áreas críticas que merecem atenção contínua da comunidade científica.

Em conclusão, a DAC é uma condição desafiadora que requer abordagens integradas e inovações terapêuticas para melhorar o manejo clínico e a qualidade de vida dos cães afetados. Com a evolução contínua da pesquisa nesse campo, é esperado que novas descobertas impulsionem terapias mais eficazes e personalizadas, proporcionando alívio aos animais afetados por essa condição dermatológica crônica.

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Caio Sérgio Pereira de Araújo – Discentes do Curso Superior de Medicina Veterinária do Centro Universitário Fametro CEUNI-FAMETRO – Manaus/AM.1
Franscica Mariana Barbosa Cavalcante – Discentes do Curso Superior de Medicina Veterinária do Centro Universitário Fametro CEUNI-FAMETRO – Manaus/AM.2
Marina Pandolphi Brolio – Docente do Curso Superior de Medicina Veterinária do Centro Universitário Fametro CEUNI FAMETRO – Manaus/AM. Doutora em Ciências (FMVZ/USP) e-mail: marina.brolio@fametro.edu.br3