DENGUE HEMORRÁGICA EM PACIENTE INTERNADO NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE (HU-UFS) VINCULADO À REDE EBSERH

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10248310739


Paula Akemi Fujishima1
Gilton José Ferreira da Silva2


RESUMO

Objetivo: Descrever o manejo e cuidados adotados para um paciente com dengue hemorrágica internado na Clínica Médica 2 no Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe, vinculado à Rede de Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH. Relato de experiência: Destaca o caso de um paciente, homem de 35 anos, apresentou quadro clínico característico de dengue hemorrágica, incluindo febre alta, dor abdominal, sangramento gengival e queda abrupta das plaquetas. O diagnóstico foi confirmado por sorologia positiva para o vírus da dengue. Durante a internação, o paciente recebeu tratamento intensivo com reposição volêmica, monitoramento rigoroso dos sinais vitais e suporte terapêutico para complicações hemorrágicas. Considerações finais: A intervenção precoce e o manejo adequado das complicações foram cruciais para a recuperação do paciente. Este caso ressalta a importância de um diagnóstico rápido e de um tratamento imediato em casos de dengue hemorrágica, bem como a necessidade de capacitação das equipes de saúde para lidar com as complicações associadas a essa forma grave da doença.

Palavras-chave: Dengue hemorrágica; manejo clínico; complicações hemorrágicas.

INTRODUÇÃO

A dengue é uma doença viral aguda causada pelos vírus dengue, transmitidos principalmente pelo mosquito Aedes aegypti. Com a expansão urbana e mudanças climáticas, a incidência de dengue tem aumentado globalmente, tornando-se uma das principais preocupações de saúde pública nas regiões tropicais e subtropicais (SILVA, 2017). No Brasil, a dengue é um problema endêmico e sazonal, com surtos recorrentes que desafiam os sistemas de saúde pública e exigem medidas de controle eficazes (SILVA, 2015).

A doença apresenta um espectro clínico variado, que vai desde formas leves, como a dengue clássica, até formas graves, como a dengue hemorrágica e a síndrome do choque da dengue. A dengue hemorrágica é caracterizada por um quadro clínico severo que inclui hemorragias, trombocitopenia (redução do número de plaquetas) e extravasamento de plasma, levando a um risco significativo de choque hipovolêmico e morte (MARCOLINO, 2024). Este quadro é frequentemente precedido por uma fase febril que pode evoluir rapidamente para formas graves, especialmente quando não há um manejo clínico adequado (SOUZA, 2017).

O tratamento da dengue hemorrágica requer uma abordagem multidisciplinar, com ênfase na monitorização rigorosa e na administração de fluidos e transfusões quando necessário. A intervenção precoce e o manejo intensivo são cruciais para reduzir a mortalidade e a morbidade associadas a essa forma grave da doença (SPANHOLI; MOREIRA; BENIGNO, 2024). O Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (HU-UFS) tem desempenhado um papel significativo no tratamento de casos graves de dengue, proporcionando um ambiente controlado para a observação e tratamento intensivo.

Este artigo relata o caso de um paciente com dengue hemorrágica internado no HU-UFS, com o objetivo de destacar as estratégias de manejo empregadas e os desafios enfrentados durante o tratamento. O relato pretende contribuir para a compreensão dos protocolos de tratamento e para a capacitação de equipes de saúde na abordagem de formas graves da doença, além de oferecer insights sobre a eficácia das intervenções clínicas em um contexto hospitalar específico.

Este relato de experiência detalha o manejo clínico de um paciente com dengue hemorrágica, admitido na Clínica Médica 2 do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe, vinculado à Rede de Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH. O relato enfatiza as estratégias adotadas para o manejo do paciente.

RELATO DE EXPERIÊNCIA

O paciente, um homem de 35 anos, foi admitido na Clínica Médica 2 no Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe, vinculado à Rede de Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH. Com histórico de febre alta, dor retroorbital, mialgia e artralgia, sintomas que iniciaram aproximadamente 5 dias antes da admissão. O paciente relatou que, além da febre, começou a apresentar dor abdominal difusa e episódios de sangramento gengival, sinais sugestivos de dengue hemorrágica. O quadro clínico evoluiu com a presença de exantema e hipotensão ortostática.

Ao exame físico, o paciente estava afebril no momento da admissão, mas apresentava sinais de desidratação moderada, com taquicardia e pressão arterial levemente reduzida. A inspeção oral revelou sangramento gengival espontâneo, mas não houve outros sinais evidentes de hemorragias graves. A ausculta pulmonar e cardíaca não revelou alterações significativas, e o exame abdominal não evidenciou sinais de ascite ou hepatomegalia.

Os exames laboratoriais realizados confirmaram o diagnóstico de dengue hemorrágica: a contagem de plaquetas estava significativamente reduzida, com valores de 48.000/mm³ (normalmente acima de 150.000/mm³) e o hematócrito estava elevado, indicando extravasamento de plasma. A sorologia para dengue foi positiva para o vírus tipo 2, confirmando a infecção.

O tratamento inicial incluiu a administração de solução cristaloide (solução Ringer Lactato) para reidratação e correção da desidratação, além de monitoramento rigoroso da pressão arterial, frequência cardíaca e contagem de plaquetas (BROTTO, 2022). O paciente foi orientado a permanecer em repouso absoluto e foi realizado acompanhamento diário dos parâmetros laboratoriais. A abordagem inicial foi eficaz para estabilizar o quadro clínico do paciente, sem necessidade de transfusão de plaquetas ou outros procedimentos invasivos.

Durante a internação, o paciente respondeu bem ao tratamento, com melhora gradual dos sintomas. A febre foi controlada e não houve novos episódios de sangramento. O monitoramento contínuo permitiu a observação de uma recuperação estável, sem sinais de agravamento que indicassem a necessidade de cuidados intensivos. Após 7 dias de internação, o paciente apresentou normalização das contagens de plaquetas e melhora dos sintomas, permitindo sua alta hospitalar com orientações para seguimento ambulatorial e medidas de autocuidado.

O caso relatado demonstra a eficácia do manejo clínico em um ambiente hospitalar para pacientes com dengue hemorrágica que não evoluem para formas mais graves, como o choque hipovolêmico ou necessidade de UTI. A intervenção precoce e o acompanhamento contínuo foram fundamentais para a recuperação do paciente e evidenciam a importância de protocolos de tratamento bem estabelecidos para a dengue hemorrágica (DE GÓES CAVALCANTI, 2016).

DISCUSSÃO

A dengue hemorrágica é uma forma grave da infecção por dengue, caracterizada por um quadro clínico que inclui hemorragias, trombocitopenia e extravasamento de plasma, podendo levar ao choque hipovolêmico e, em casos extremos, à morte. O manejo clínico desta condição exige um diagnóstico precoce e uma abordagem terapêutica intensiva para evitar complicações graves e desfechos adversos (COQUEMALA, 2024).

O caso apresentado destaca a importância da identificação precoce dos sinais de dengue hemorrágica e da implementação de um protocolo de tratamento adequado para evitar a progressão da doença (POMPEO, 2016). A admissão do paciente no HU-UFS e a aplicação de estratégias de manejo conservadoras e eficazes permitiram o tratamento bem-sucedido sem necessidade de cuidados intensivos. A abordagem inicial com reposição volêmica e monitoramento rigoroso dos parâmetros clínicos e laboratoriais foi crucial para a estabilização do quadro e a prevenção de complicações adicionais(DE PAULA FILHO et al., 2024).

Estudos demonstram que a transfusão de plaquetas e a administração de soluções cristaloides são componentes fundamentais no tratamento da dengue hemorrágica. A escolha do tratamento deve ser baseada na gravidade do quadro e na resposta do paciente às intervenções iniciais. No caso relatado, a administração de solução cristaloide foi suficiente para controlar os sinais de desidratação e manter a estabilidade hemodinâmica, evitando a necessidade de transfusões ou outros procedimentos invasivos (PIZA, 2016).

O monitoramento contínuo das contagens de plaquetas e dos sinais vitais é essencial para a detecção precoce de sinais de agravamento e para a tomada de decisões terapêuticas oportunas(SPANHOLI; MOREIRA; BENIGNO, 2024). A normalização das contagens de plaquetas e a melhora dos sintomas observadas durante a internação do paciente indicam a eficácia do manejo clínico adotado, corroborando com a literatura que enfatiza a importância de um acompanhamento próximo e da intervenção precoce para melhorar os desfechos clínicos .

A prevenção da progressão para formas mais graves da dengue também é um aspecto crítico. Protocolos de manejo que incluem monitoramento intensivo e tratamento precoce podem reduzir significativamente a morbidade associada à dengue hemorrágica (MELARÉ, 2024). O sucesso do tratamento deste paciente reforça a necessidade de treinamento contínuo das equipes de saúde para o manejo adequado da dengue grave e a importância de protocolos bem estabelecidos que possam ser aplicados em contextos hospitalares diversos.

Além disso, o caso sublinha a relevância de um ambiente hospitalar bem equipado e de um protocolo de atendimento estruturado para lidar com formas graves da dengue. A experiência adquirida com casos como este contribui para a melhoria contínua dos cuidados e para a otimização dos resultados clínicos na abordagem de dengue hemorrágica.


REFERÊNCIAS

MELARÉ, Artur Afonso Cavallante. Proposta Biotecnológica Para Criação De Uma Vacina Contra Dengue. Tese de Doutorado. Universidade Estadual Paulista, 2024.

PIZA, Felipe Maia de Toledo. Papel da tromboelastometria em pacientes com dengue e trombocitopenia. 2016. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.

POMPEO, Carolina Mariano. Dengue: caracterização clínica e variáveis associadas ao agravamento. 2016.

DE PAULA FILHO, Elder Gorza et al. Complicações cardiovasculares na Dengue: revisão das evidências clínicas e epidemiológicas. Brazilian Journal of Health Review, v. 7, n. 4, p. e71266-e71266, 2024.

COQUEMALA, Luiz Gustavo et al. Dengue grave: Um caso clínico do manejo e de suas complicações. Seven Editora, p. 119-125, 2024.

DE GÓES CAVALCANTI, Luciano Pamplona. Abordagem Integrada De Vigilância E Controle Do Dengue, Com Foco Na Redução Da Letalidade Pelas Formas Graves Da Doença. Pesquisa Para O Sus Ceará: Coletânea de artigos do PPSUS 4, p. 108, 2016.

BROTTO, Aline de Oliveira. Relato Individual vivido durante o Internato Médico em Urgência e Emergência do SUS. 2022.

SPANHOLI, Ezequiel Fabiane; MOREIRA, Maria das Graças Moura Lobo; BENIGNO, Rita de Cássia Santos Pereira. Dengue Hemorrágica: Mecanismos Imunológicos. Revista Transdisciplinar Universo Da Saúde, v. 3, n. 3, 2024.

MARCOLINO, Thaiane Vieira Ferreira et al. Relação entre os mecanismos de ativação plaquetária e a resposta inflamatória na dengue: uma revisão narrativa. 2024.

SOUZA, Ivanise Arouche Gomes de et al. Construção de instrumento: avaliação de infraestrutura para montar um centro de hidratação nas epidemias de dengue. 2017.

SILVA, José Hilton Rodrigues da et al. Análise situacional e epidemiológica da dengue: uma revisão bibliográfica. 2017.

SILVA, Felipe Ricardo Baptista. Governança de novas dimensões de segurança internacional: doenças infecciosas emergentes. 2015.


1 Hospital Universitário de Sergipe da Universidade Federal de Sergipe, vinculado a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), Aracaju – SE. *E-mail: paula.fujishima@ebserh.gov.br.

2 Universidade Federal de Sergipe (UFS), São Cristóvão – SE.