PALLIATIVE CARE AND THE AGING PROCESS
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202410281732
Francisca Aline Alves Silva1
Ionara Jhenniffer Farias Delfino das Neves2
Daniela dos Santos da Silva3
Orientador: Prof. Allan Bruno de Souza Marques4
Resumo:
Introdução: O envelhecimento populacional é um dos fenômenos de maior impacto no século XXI. Até 2050, no Brasil, 13% de sua população será composta por pessoas acima dos 60 anos. Objetivo: Revelar o impacto do processo de envelhecimento, bem como descrever o protocolo de cuidados paliativos indicados para a fase do envelhecimento e mostrar as principais estratégias de enfermagem para o acompanhamento destes pacientes. Método: Realizou-se uma revisão integrativa de artigos publicados nas bases SciElo (Scientific Electronic Library Online), Brazilian Journals, LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), PubMed, entre outros, focando nos últimos 5 anos. Resultados e Discussões: Os cuidados paliativos emergem como abordagem essencial no contexto do envelhecimento, cuja complexidade e nuances exigem uma atenção especial. Diante do envelhecimento populacional e prolongamento da vida, vários impactos estão estabelecidos. O principal deles é na área da saúde, que vão desde sua prevenção e promoção até no cuidado dela, quando parcela desse contingente de idosos apresentar algum tipo de doença e/ou incapacidade. O envelhecimento é um processo natural que envolve alterações biológicas, psicológicas e sócias. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2019). Os enfermeiros atuam como educadores, orientando as famílias sobre os aspectos da doença, promovendo o autocuidado e a compreensão sobre o processo de fim de vida, que pode ser um momento de grande ansiedade e medo para os idosos e seus familiares. Conclusão: Os cuidados paliativos emergem como uma abordagem essencial no contexto do envelhecimento, cuja complexidade e nuances exigem uma atenção especial.
Palavras-chave: Idosos. Cuidados Paliativos. Enfermagem. Saúde.
Abstract:
Introduction: Population aging is one of the most impactful phenomena in the 21st century. By 2050, in Brazil, 13% of its population will be made up of people over 60 years of age. Objective: reveal the impact of the aging process, as well as describe the palliative care protocol indicated for the aging phase and show the main nursing strategies for monitoring these patients. Method: An integrative review was conducted of articles published in SciELO (Scientific Electronic Library Online), Brazilian Journals, LILACS (Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences), PubMed, among others, focusing on the last 5 years. Results and Discussions: Palliative care emerges as an essential approach in the context of aging, whose complexity and nuances require special attention. Faced with population aging and life extension, several impacts are established. The main one is in the area of health, which ranges from prevention and promotion to care, when part of this group of elderly people has some type of illness and/or disability. Aging is a natural process that involves biological, psychological and social changes. According to the World Health Organization (WHO, 2019). Nurses act as educators, guiding families about aspects of the disease, promoting self-care and understanding the end-of-life process, which can be a time of great anxiety and fear for the elderly and their families. Conclusion: Palliative care emerges as an essential approach in the context of aging, whose complexity and nuances require special attention.
Keywords: Elderly. Palliative Care. Nursing. Health.
1 INTRODUÇÃO
O envelhecimento populacional é um dos fenômenos de maior impacto no século XXI. Em 2018, havia 962 milhões de pessoas com 60 anos ou mais no mundo, o que englobava 13% da população total. Assim, o crescimento do número de idosos em todo o mundo é de aproximadamente 3% ao ano, tendo previsto para o ano de 2050 chegar a 2,1 bilhões de pessoas na terceira idade. Até 2050, no Brasil, 13% de sua população será composta por pessoas com mais de 60 anos, chegando no índice de 29,3% (SOUZA et al., 2018).
Na atualidade, pessoas idosas constituem uma parcela notável da população mundial, na medida em que se espera que seu número cresça concomitantemente com a expectativa de vida em várias partes do mundo. A população idosa mundial (com idade> 60 anos) vem aumentando significativamente, podendo duplicar entre anos 2022 e 2050 (Pedreira et al., 2022).
No Brasil esse aumento da população de pessoas idosas também é uma realidade. Segundo o IBGE (2022), a expectativa de vida nos anos acima referidos será de 79 anos. No Maranhão, o número aumentou e já representa 56% da população (IBGE, 2023).
O envelhecimento é um processo natural e inevitável que traz consigo uma série de mudanças físicas, psicológicas e sociais. No contexto do envelhecimento, as implicações na saúde mental assumem um papel significativo, pois muitos idosos enfrentam desafios emocionais e psicológicos que podem afetar sua qualidade de vida (Girdhar et al., 2020).
Pedreira et al (2022), pontuam que a partir dos 65 anos ou mais, a capacidade mental tende a diminuir e podem enfrentar desafios emocionais e psicológicos, incluindo transtornos mentais como depressão, ansiedade e outros problemas de saúde mental.
Ao atingir a terceira idade, o ser humano passa por diversas mudanças físicas, emocionais e sociais que podem impactar significativamente o seu dia a dia. Neste período da vida, é comum que surjam preocupações com a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida. Segundo a autora Yasmin Ribeiro (2018), a terceira idade é uma fase caracterizada pelo envelhecimento e pela experiência acumulada ao longo dos anos, onde o indivíduo busca manter a autonomia e a independência (RIBEIRO, 2018).
O processo do envelhecimento é regado de alterações fisiológicas que interferem de forma progressiva nas atividades de vida diária dos indivíduos, além da predisposição a morbidades inerentes ao envelhecimento. Diante deste contexto, esta pesquisa tem como objetivo principal revelar o impacto do processo de envelhecimento, bem como descrever o processo dos cuidados paliativos indicados para a fase do envelhecimento e mostrar as principais estratégias de enfermagem para o acompanhamento destes pacientes.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
O presente estudo trata-se de uma revisão bibliográfica acerca do conhecimento científico produzido sobre Cuidados Paliativos e o Processo De Envelhecimento. Essa revisão fundamenta-se em uma análise aprofundada da literatura possibilitando discussões acerca do determinado tema, assim como reflexões para base de futuros estudos.
Para realização da pesquisa foram utilizadas bases de dados MediLine, Scientific Eletronic Librany Online (SciELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Google Acadêmico. Foram utilizados os seguintes descritores da saúde (DECS): Idosos, Cuidados Paliativos, Enfermagem, Saúde na terceira idade.
De acordo com os critérios de inclusão, foram selecionados: artigos eletrônicos disponíveis nas bases de dados supracitadas, que versam como Cuidados Paliativos e o Processo de Envelhecimento, nos cuidados prestados ao idoso, prevenção no processo de envelhecimento, papel da enfermagem em orientar a família e os idosos; que dispunham de texto completo com data de publicação prioritariamente entre 2015 e 2024 e disponíveis na língua portuguesa. Na pesquisa inicial foram encontrados 54 artigos e foram selecionados 38 artigos, pois continham os conteúdos de interesse dessa pesquisa.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para que os dados fossem apresentados da melhor forma possível, facilitando assim na compreensão das pesquisas selecionadas para compor está revisão integrativa, será apresentada uma síntese completa das publicações conforme, título/ano, autor, objetivo, facilitando no entendimento das pesquisas que serviram como subsídio para elaboração do atual estudo científico (Quadro 1).
Quadro 1: Síntese completa dos estudos selecionados
Autor/Ano | Título | Objetivo |
Lélia Mendes Sobrinho de Oliveira; Monah Licia Santos de Almeida; Carolina Pedra Branca Valentim Silva; Darci de Oliveira Santa Rosa; Nildete Pereira Gomes; Larissa Chaves Pedreira/ 2021 | Aspectos éticos do cuidado de enfermagem ao idoso em cuidados paliativos. | Identificar e descrever as evidências disponíveis na literatura sobre os aspectos éticos do cuidado do enfermeiro ao idoso em cuidados paliativos. |
Thais Delmonte de Baère, Andréa Mathes Faustino e Alexandre Franco Miranda/ 2017. | A importância da prática interdisciplinar da equipe de saúde nos cuidados paliativos. | Abordar a importância da interdisciplinaridade da equipe de saúde na assistência a pacientes idosos que se encontram sob cuidados paliativos. |
Nayara Alves Oliveira da Cruz, Matheus Rodrigues Nóbrega, Marianne Ribeiro Barboza Gaudêncio, Marcele Torres Andriani, Talinny Zubisarrannya Teoclaudylyanny Teotonio de Farias, Talita Saraiva Pimenta, Antônio Ramos Nogueira Fernandes, Rachel Cavalcanti Fonseca Pereira/ 2021 | O papel da equipe multidisciplinar nos cuidados paliativos em idosos. | Analisar a multidisciplinaridade nos cuidados na perspectiva dos profissionais que atuam na saúde do idoso. |
Maria das Dores Santos Da Silva/ 2019 | Papel do enfermeiro nos cuidados paliativos a pessoa idosa. | Compreender o papel do enfermeiro nos Cuidados Paliativos. |
Marilene Souza Morais /2023 | Os cuidados do enfermeiro na saúde do idoso. | Destacar a relevância da atuação do enfermeiro na saúde do idoso e na promoção do envelhecimento saudável. |
Luan dos Santos Fonseca; Beatriz Correia Carvalho; Héllen Oliveira Santos; Jackeline Melo da Silva; José Cleyton de Oliveira Santos; Laíse Luemmy de Lima Ferreira; Simone Yuriko Kameo/2022. | Atuação do Enfermeiro em Cuidados Paliativos na Atenção Primária à Saúde: Revisão Integrativa. | Analisar e sintetizar a produção científica relacionada à assistência do enfermeiro ao indivíduo em CP nas APS. |
Marina Mendes Luiz; José Jeová Mourão Netto; Ana Karina Barbosa Vasconcelos; Maria da Conceição Coelho Brito/ 2018. | Cuidados paliativos em enfermagem ao idoso em UTI: uma revisão integrativa | Identificar as principais intervenções e ações da enfermagem ao paciente idoso sob cuidados paliativos em UTI. |
Pollyana Farias de Almeida/ 2020. | A relação entre o enfermeiro e o paciente nos cuidados paliativos oncológicos. | Avaliar a relação e vivência do enfermeiro, relativos aos cuidados com os pacientes oncológicos, bem como identificar as dificuldades diárias e as conquistas desses profissionais frente a esses pacientes. |
Ana Gabriela Saraiva Grechi, Daniela Aparecida Silva Rebouças, Anny Caroline Dedicação/ 2018. | Assistência de enfermagem destinada a idosos institucionalizados em cuidados paliativos. | Objetivou sistematizar o conhecimento existente sobre as necessidades e a determinação dos CP de enfermagem para idosos institucionalizados. |
Isabela Silva Câncio Velloso, Carolina da Silva CaramIsabela , Rodrigues Pego de Almeida, Maria José Silva Souza, Matheus Henrique Silva, Carolina Sales Galdino/ .2022 | Cuidado paliativo à pessoa idosa na Rede de Atenção à Saúde: uma revisão de escopo. | Mapear as evidências científicas relacionadas à organização das práticas do cuidado paliativo à pessoa idosa na Rede de Atenção à Saúde. |
Fonte: Autores, 2024
Em relação aos tipos de estudos selecionados, são estudos do tipo descritivo sendo a abordagem metodológica qualitativo presente em mais de 60% dos artigos estudados. As publicações são de 2018 a 2024.
Após análise em base de dados utilizando os descritores desta pesquisa e leitura reflexiva para desfecho do estudo e alcance dos objetivos propostos, o presente estudo foi organizado em 3 pilares do saber que se descrevem a seguir:
3.1 O impacto do processo de envelhecimento.
Diante do envelhecimento populacional e prolongamento da vida, vários impactos estão estabelecidos. O principal deles é na área da saúde, que vão desde sua prevenção e promoção até no cuidado dela, quando parcela desse contingente de idosos apresentar algum tipo de doença e/ou incapacidade. Dessa forma o desafio não é prolongar a vida a qualquer custo, mas sim dispor de adequada assistência, prevenção e promoção da saúde não somente para as idades mais tenras, mas também na fase de envelhecimento, evitando mortes prematuras de idosos. Nos últimos anos é evidente demograficamente o aumento da população idosa, sendo o envelhecimento humano, antes considerado um acontecimento particularmente especial, hoje faz parte da realidade da maioria das sociedades (NETO et al., 2019).
O envelhecimento populacional é um fenômeno que provoca grandes desafios, salienta-se a dificuldade de adequação, dos serviços de saúde, a essa nova demanda, quanto à disponibilidade de estrutura física e tecnologias específicas, quanto à escassez de profissionais capacitados a trabalhar com idosos, assim como devido ao universo fisiopatológico e psicossocial singular que esse público representa (AGUIAR et al., 2020).
No Brasil, 30,1% das pessoas com 60 anos ou mais apresentam limitação funcional, definida pela dificuldade para realizar pelo menos uma entre dez atividades básicas ou instrumentais da vida diária (LIMA-COSTA et. al, 2018).
Para Santos (2018) a terceira idade é um período da vida caracterizado por diversos estereótipos que envolvem a passividade, a improdutividade, a assexualidade, a degeneração orgânica e psíquica, entre outros fatores que interferem diretamente na qualidade de vida do indivíduo, sendo considerado o caminho para a velhice (SANTOS, 2018).
O impacto do envelhecimento sobre o sistema de saúde é um tema clássico de pesquisa e discussão, que nos últimos anos tem tido muita relevância. Essa configuração trará como implicações a necessidade de adaptações não só nas políticas sociais, na previdência e na assistência social, mas principalmente nas áreas de assistência à saúde da pessoa idosa (BRASIL, 2010). A mudança no perfil de adoecimento da população, consequentemente, repercute na atenção e nas políticas públicas, passando a enfatizar a promoção da saúde e a manutenção da autonomia que gera um impacto nas diversas formas de se prestar assistência ao idoso (BRASIL, 2020).
O conceito de envelhecimento saudável baseia-se no processo de desenvolvimento individual, ou seja, ao longo da trajetória de vida e na manutenção da capacidade funcional, que poderá permitir o bem-estar geral em idades mais avançadas. (OMS,2015).
A sociedade visualiza o envelhecimento humano, apenas como algo decorrente é constituído por perdas e restrições, quando se trata de um momento muito mais amplo e complexo da vida do homem. O idoso não precisa apenas de cuidado e proteção, mas de totais condições socioambientais e espirituais, para que adquira qualidade de vida, considerando-se que suas emoções, sensações e comportamentos são importantes mediadores para desencadear tal benefício. (LIMA et at., 2016).
A presença de doenças crônicas condiciona o modo como o idoso vive. Uma doença pode gerar desconforto e o convívio com dores, influenciando na atividade e autonomia na terceira idade. Além do que a presença de comorbidades pode levar ao uso de medicações e a necessidade de dependência e fragilidade. (STIVAL et al., 2015).
3.2 Processo de cuidados paliativos indicados para a fase de envelhecimento.
O envelhecimento é um processo natural que envolve alterações biológicas, psicológicas e sociais. Segundo a OMS (2019), o envelhecimento saudável depende não apenas de cuidados médicos, mas também de fatores sociais e ambientais, que promovem a qualidade de vida de paciente e familiares que enfrentam doenças que ameaçam a continuidade da vida, através da prevenção do alívio da dor e sofrimento. (OMS, 2019).
O suporte psicológico desempenha um papel crucial. Os idosos frequentemente enfrentam sentimentos de medo, depressão e ansiedade à medida que se aproximam do fim da vida, e presença de uma rede de apoio emocional, que inclui familiares e profissionais da saúde para lidar com esses desafios. (FERREIRA,2020).
O envelhecimento pode favorecer o surgimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Entre as DCNT que acometem principalmente os idosos estão depressão, diabetes, cardiopatia, doenças renais, câncer e hipertensão (Lima, Valença, Chaves & dos REIS, 2016).
Para que seja oferecido cuidado paliativo de qualidade, supõe-se o respeito à autonomia do paciente e suas preferências em relação a situações de fim de vida. Central nesse contexto é o paciente ser capaz de compreender a informação para tomar decisões. (Comissão Permanente de Protocolos de Atenção à Saúde da SES-DF – CPPAS Página 3).
O processo de cuidados paliativos na fase do envelhecimento não busca apenas prolongar a vida, mas garantir que ela seja vivida com o máximo de conforto, dignidade e autonomia possíveis. A implementação de um protocolo de cuidados bem estruturado, centrado nas necessidades e desejos do paciente idoso, promove um ambiente de cuidado mais humanizado e eficaz. (Comissão Permanente de Protocolos de Atenção à Saúde da SES-DF CPPAS).
Os cuidados paliativos são uma forma de atenção à saúde que se concentra em melhorar a qualidade de vida de pacientes e seus familiares diante de doenças graves. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2018), “os cuidados paliativos visam aliviar o sofrimento e melhorar a qualidade de vida, enfatizando o atendimento integral ao paciente”.
O primeiro princípio dos cuidados paliativos consistem na avaliação contínua e ampla das necessidades do paciente. Isso inclui a identificação das doenças mais prevalentes na população idosa, que geralmente apresentem um curso progressivo. De acordo com Tavares e Freitas (2019), “é crucial um acompanhamento multidisciplinar, onde médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais trabalhem em conjunto para oferecer um plano de cuidados personalizado”.
A gestão da dor e de outros sintomas é uma prioridade nos cuidados paliativos. O controle da dor, muitas vezes, é negligenciado em idosos devido à crença de que dor é um componente inevitável da idade. No entanto, Oliveira e Souza (2021, p.87) destacam que “a dor não é uma parte normal do envelhecimento e deve ser tratada de forma proativa e sistemática”.
Os cuidados paliativos devem também incluir o apoio psicológico tanto para o paciente quanto para os familiares, uma vez que o impacto emocional de viver com uma doença crônica pode ser profundo. A inclusão de terapias complementares e suporte emocional pode fazer uma diferença significativa na experiência do envelhecimento (LIMA, 2022).
As principais doenças que acometem a população idosa incluem uma variedade de condições críticas. Entre elas, a doença cardiovascular, que abrange casos de insuficiência cardíaca e arritmias, exige um controle rigoroso dos sintomas e uma gestão cuidadosa da dor (KUMAR & CLARK, 2021).
O câncer, especialmente em suas fases avançadas, frequentemente requer cuidados paliativos, sendo um campo que demanda uma abordagem sensível e humanizada (BRECENT & BORRILL, 2018).
As doenças respiratórias crônicas, como a DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica), necessitam de atenção especial para o manejo da falta de ar e a promoção do conforto (Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease, 2020).
Demências são outra área que exige um suporte considerável, não apenas para o paciente, mas também para os cuidadores e familiares, que muitas vezes enfrentam desafios complexos relacionados ao comportamento e ao conforto do doente (ALZHEIMER’S ASSOCIATION, 2022).
Lennaerts et al. (2017) destacam que pacientes idosos com Doença de Parkinson (DP) necessitam de cuidados paliativos; de acordo com os autores, as diretrizes recomendam fortemente os cuidados paliativos para melhorar a qualidade de vida e, se necessário, a qualidade.
Por último, a diabetes é uma condição que pode levar a complicações crônicas, impactando a qualidade de vida, por isso é essencial realizar um gerenciamento adequado da dor neuropática para melhorar os aspectos do cotidiano do paciente (HOLMES, 2019).
3.3 As principais estratégias de enfermagem para o acompanhamento de idosos em cuidados paliativos.
É importante destacar a importância do autocuidado e da saúde mental dos idosos no século XXI. Estudos apontam que a prática regular de exercícios físicos, como caminhadas e atividades em grupo, contribui para o bem-estar emocional e para a prevenção de doenças crônicas (Moreira, 2017). Em relação à saúde mental, a terapia cognitivo-comportamental e o envolvimento em atividades cognitivas desafiadoras têm sido recomendados para prevenir o declínio cognitivo e manter a mente ativa (Santos, 2020).
O idoso que adere junto com seus familiares aos cuidados paliativos, tem como base uma assistência adequada, tendo uma qualidade em seu final de vida, por isso a enfermagem regulamenta que é de grande significado o compromisso de qualidade, oferecendo dignidade ao paciente idoso resultando consequentemente, o aumento da qualidade de vida (PICOLLO; FACHINI, 2018).
Os enfermeiros atuam como educadores, orientando as famílias sobre os aspectos da doença, promovendo o autocuidado e a compreensão sobre o processo de fim de vida, que pode ser um momento de grande ansiedade e medo para os idosos e seus familiares (PEREIRA et al., 2022).
A relação entre profissionais de saúde, pacientes e familiares deve ser aberta e empática. Segundo Ribeiro (2020), “a comunicação honesta sobre prognóstico e as opções de tratamento pode auxiliar os pacientes e seus familiares a tomar decisões informadas”. Isso se torna ainda mais relevante no contexto do envelhecimento, onde questões como autonomia e dignidade devem ser sempre respeitadas.
É fundamental o envolvimento da família no planejamento do cuidado. É importante que os enfermeiros encorajem a participação ativa da família nas decisões sobre o tratamento e no cuidado diário do idoso. Bonifas e Bowers (2015) ressaltam que “a inclusão da família no processo de planejamento de cuidados não só melhora a satisfação deles, mas também pode resultar em melhores desfechos para o paciente”. Essa participação ativa fortalece os laços familiares e proporciona apoio emocional, o que é vital em momentos de crise.
Uma das principais estratégias é a comunicação eficaz. A enfermagem deve adotar uma abordagem empática e sensível, proporcionando um espaço seguro para que os familiares expressem suas preocupações e sentimentos. Segundo Fowers et al. (2016), “a comunicação clara e aberta é vital para o manejo das expectativas familiares e para a tomada de decisões compartilhadas”. Isso implica não apenas informar sobre o estado de saúde do paciente, mas também ouvir atentamente as inquietações da família e suas necessidades emocionais.
Os impactos decorrentes do avanço da são negativos afetando a independência do indivíduo, necessitando do amparo dos familiares ou de instituições de longa permanência para suprir suas necessidades básicas, como também, gerando estressores e frustrações para o indivíduo que está despreparado para a transição da independência para a dependência (RODRIGUES, et al, 2020).
No que se referem às ações do enfermeiro referentes à saúde da pessoa idosa, destaca se a realização da consulta de enfermagem, processo metodológico de sistematização de conhecimento configurado em método aplicado na perspectiva educativa e assistencial, capaz de dar respostas à complexidade do sujeito assistido, estabelecendo também uma conexão com a família, orientando-a como agir, além de estabelecer parcerias com outros profissionais na resolução dos problemas de saúde que surgirem (ARAUJO; SOUZA, 2019).
O idoso que adere junto com seus familiares aos cuidados paliativos, tem como base uma assistência adequada, tendo uma qualidade em seu final de vida, por isso a enfermagem regulamenta que é de grande significado o compromisso de qualidade, oferecendo dignidade ao paciente idoso resultando consequentemente, o aumento da qualidade de vida (PICOLLO; FACHINI, 2018).
Os enfermeiros atuam como educadores, orientando as famílias sobre os aspectos da doença, promovendo o autocuidado e a compreensão sobre o processo de fim de vida, que pode ser um momento de grande ansiedade e medo para os idosos e seus familiares (PEREIRA et al., 2022).
Os enfermeiros devem reconhecer e abordar o estresse emocional que a abordagem de cuidados paliativos pode causar à família. O suporte emocional pode ser oferecido por meio de aconselhamento, grupos de apoio e recursos educacionais sobre cuidados paliativos. Conforme destacado por Block (2018), “o cuidado paliativo é tanto sobre tratar o paciente quanto sobre apoiar aqueles que cuidam dele”. A oferta de recursos e suporte pode ajudar a aliviar a carga emocional da família, permitindo-lhes lidar melhor com a situação. (BLOCK,2018).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os cuidados paliativos emergem como uma abordagem essencial no contexto do envelhecimento, cuja complexidade e nuances exigem uma atenção especial. À medida que a população mundial envelhece, torna-se cada vez mais evidente a necessidade de integrar estratégias que não apenas prolonguem a vida, mas que também promovam a qualidade de vida, especialmente em situações de doenças crônicas e terminais.
A prática dos cuidados paliativos se destaca ao oferecer um suporte multidimensional que abrange não apenas o manejo da dor e dos sintomas, mas também o atendimento às necessidades psicológicas, sociais e espirituais dos pacientes e de suas famílias. Essa abordagem holística se torna ainda mais crucial em idosos, que podem enfrentar um acúmulo de comorbidades e uma maior fragilidade, exigindo uma atenção cuidadosa e personalizada.
O processo de envelhecimento, muitas vezes, está associado ao aumento da vulnerabilidade, tanto física quanto emocional. Nesse sentido os cuidados paliativos desempenham um papel vital ao assegurar que os idosos possam viver seus últimos anos com dignidade e conforto, minimizando sofrimentos desnecessários. A comunicação eficaz e a empatia são pilares fundamentais na relação entre profissionais de saúde e pacientes, permitindo que se respeitem as preferências e valores dos indivíduos, promovendo decisões informadas sobre seus cuidados.
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1 Discente do Curso de Enfermagem da Faculdade Ls, e-mail: Francisca.a.a.silva@lseducacional.com
2 Discente do Curso de Enfermagem da Faculdade Ls, e-mail: ionara.neves@lseducacional.com
3 Discente do Curso de Enfermagem da Faculdade Ls, e-mail: Daniela.s.silvalseducacional.com
4 Professor(a) de Enfermagem/Faculdade LS, e-mail: allan.marques@unils.edu.br