CUIDADOS NÃO REALIZADOS NO PERÍODO PUERPERAL E POSSÍVEIS CAUSAS DE MORTE MATERNA: Uma revisão integrativa

REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th10241161120


Hellen Karen da Silva Fernandes
Julliana Gonçalves Barbosa de Sá
Sonalia Barros de Araujo


RESUMO

A mortalidade materna e neonatal representa um desafio persistente para os sistemas de saúde em todo o mundo, especialmente em países em desenvolvimento. Este estudo foi conduzido por meio de uma Revisão Integrativa da Literatura, com abordagem qualitativa, com o objetivo de investigar os cuidados não realizados no período puerperal e suas possíveis associações com a mortalidade materna. Foram analisados 10 estudos publicados entre 2019 e 2024, selecionados a partir de bases de dados como SciELO, LILACS, PubMed e BVS. Os resultados destacaram que complicações obstétricas, infecções, transtornos de saúde mental e o uso de substâncias são as principais causas de morte materna associadas à falta de cuidados adequados no período puerperal. A ausência de monitoramento contínuo e intervenções preventivas no pós-parto emergem como fatores determinantes para os desfechos fatais, reforçando a necessidade de políticas de saúde que priorizem um acompanhamento integral e equitativo da mulher nesse período. As conclusões deste estudo sublinham a importância de uma abordagem multidisciplinar que contemple tanto o cuidado físico quanto o suporte psicológico, visando reduzir as taxas de mortalidade materna.

Palavras-chave: Período puerperal. mortalidade materna. cuidados não realizados

ABSTRACT


Maternal and neonatal mortality remains a persistent challenge for health systems worldwide, especially in developing countries. This study was conducted through an Integrative Literature Review with a qualitative approach, aiming to investigate the unperformed care during the puerperal period and its possible associations with maternal mortality. Ten studies published between 2019 and 2024 were analyzed, selected from databases such as SciELO, LILACS, PubMed, and BVS. The results highlighted that obstetric complications, infections, mental health disorders, and substance use are the main causes of maternal death associated with the lack of adequate care during the puerperal period. The absence of continuous monitoring and preventive interventions in the postpartum period emerges as determining factors for fatal outcomes, reinforcing the need for health policies that prioritize comprehensive and equitable care for women during this period. The conclusions of this study emphasize the importance of a multidisciplinary approach that addresses both physical care and psychological support, aiming to reduce maternal mortality rates.

Keywords: Puerperal period. maternal mortality. unperformed care

1 INTRODUÇÃO

A mortalidade materna e neonatal representa um desafio persistente para os sistemas de saúde em todo o mundo, especialmente em países em desenvolvimento. No Brasil, apesar dos avanços significativos nas últimas décadas, a taxa de mortalidade neonatal ainda permanece elevada. Em 1982, essa taxa era de 63,4 por mil nascidos vivos, reduzindo para 8,2 por mil em 2015, 9 por mil em 2017 e 7,4 por mil em 2018 (NÓBREGA et al., 2022). Embora esses números indiquem uma tendência de queda ao longo dos anos, a mortalidade neonatal ainda constitui uma parcela significativa da mortalidade infantil, que, em 2018, registrou uma incidência de 10,58 por mil nascidos vivos (IBGE, 2021).

No período puerperal, as mulheres, especialmente aquelas que vivenciaram gestações de alto risco, enfrentam uma série de desafios que podem agravar a ocorrência de complicações, conhecidas como emergências obstétricas (RUIZ et al., 2017). A assistência inadequada durante a gestação, o parto e o pós-parto contribuem significativamente para a mortalidade materna e neonatal. Muitas dessas mortes poderiam ser evitadas com cuidados de saúde apropriados e de qualidade (BRASIL, 2021; IBGE, 2021).

Essas causas evitáveis de morte são indicadores sensíveis da qualidade dos serviços de saúde e representam uma importante ferramenta para avaliar o acesso da população aos cuidados e identificar falhas no sistema (BAPTISTA; POTON, 2021). No entanto, a mortalidade materna continua sendo um reflexo das desigualdades no acesso e na qualidade dos serviços oferecidos, exigindo esforços direcionados e intervenções estratégicas.

Além disso, fatores como a qualidade do atendimento durante o período gravídico-puerperal e os cuidados prestados ao recém-nascido estão intimamente relacionados ao número de óbitos (CARVALHAL et al., 2013). A falta de recursos, a formação inadequada dos profissionais de saúde, e a ausência de protocolos claros para a gestão de complicações durante o período pós-parto são algumas das barreiras que contribuem para a mortalidade materna e neonatal.

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) incluem a redução da mortalidade materna como um dos principais objetivos de saúde. O terceiro objetivo, que visa assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar em todas as idades, estabelece a meta de reduzir em 51,7% a taxa de mortalidade materna até 2030, equivalente a 30 mortes por 100.000 nascidos vivos (Brasil, 2017). Essa meta é apoiada por esforços do Ministério da Saúde do Brasil para melhorar a qualidade da assistência obstétrica em todo o país.

A implementação de políticas públicas efetivas, a capacitação dos profissionais de saúde, e o fortalecimento dos sistemas de vigilância da mortalidade materna são estratégias essenciais para alcançar essa meta. No entanto, desafios persistem na identificação de lacunas na assistência e na garantia de cuidados equitativos e contínuos às mulheres durante todo o ciclo gravídico-puerperal (PINTO et al., 2022).

O objetivo deste estudo é realizar uma revisão integrativa da literatura para identificar os cuidados não realizados no período puerperal e compreender as possíveis causas associadas à morte materna, oferecendo uma visão abrangente das falhas no atendimento e sugerindo melhorias nos protocolos de assistência à saúde para reduzir essas taxas de mortalidade.

2 PERÍODO PUERPERAL

2.1 Definição e Importância do Período Puerperal

O período puerperal, também conhecido como puerpério, é o intervalo de tempo que se inicia imediatamente após o parto e se estende até aproximadamente seis semanas após o nascimento. Durante este período, o organismo da mulher passa por um processo de recuperação e adaptação, caracterizado por modificações fisiológicas e psicológicas significativas, que visam restabelecer as condições anteriores à gestação (SILVA; KREBS, 2021). O puerpério é comumente dividido em três fases: o puerpério imediato (primeiras 24 horas), o puerpério tardio (do segundo ao décimo dia pós-parto) e o puerpério remoto (até seis semanas após o parto) (BRASIL, 2021).

A importância do período puerperal reside na sua relação direta com a saúde materna e neonatal. É um momento crucial para a detecção precoce de complicações como hemorragias, infecções, e transtornos hipertensivos, que são causas significativas de morbidade e mortalidade materna (NERY et al., 2021). Além disso, é uma fase essencial para a orientação e o suporte à mãe em relação à amamentação, à adaptação ao papel materno, e ao manejo de possíveis intercorrências pós-parto (FROTA et al., 2020).

O acompanhamento adequado no período puerperal é fundamental para garantir a recuperação plena da mulher e a promoção da saúde do recém-nascido. Estudos indicam que o cuidado contínuo e individualizado durante o puerpério pode reduzir significativamente o risco de complicações graves, como hemorragias pós-parto e infecções puerperais, além de melhorar os indicadores de saúde materno-infantil (LEMOS et al., 2022). O acesso limitado a serviços de saúde e a qualidade inadequada da assistência são fatores que contribuem para a ocorrência de óbitos maternos evitáveis durante esse período.

Adicionalmente, o puerpério é um momento de vulnerabilidade emocional para muitas mulheres, em que questões relacionadas à saúde mental, como depressão pós-parto e ansiedade, podem surgir ou se agravar. A atenção à saúde mental nesse período é igualmente relevante, pois está associada a melhores desfechos tanto para a mãe quanto para o bebê (OLIVINDO et al., 2021). Dessa forma, o suporte psicossocial adequado é essencial para assegurar o bem-estar materno e familiar.

Portanto, compreender a definição e a importância do período puerperal é crucial para a implementação de políticas e práticas que promovam cuidados abrangentes e de qualidade. A efetividade dos cuidados puerperais depende da capacitação dos profissionais de saúde, da disponibilidade de recursos, e do acesso equitativo a serviços de saúde, principalmente em regiões vulneráveis (CAETANO et al., 2020). A melhoria da assistência neste período pode contribuir significativamente para a redução das taxas de mortalidade materna e neonatal, alinhando-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

2.2 Implicações na Qualidade da Assistência de Enfermagem ao Parto e Puerpério

A qualidade da assistência de enfermagem durante o parto e o puerpério é crucial para a saúde materna e neonatal, influenciando diretamente a prevenção de complicações e a redução da mortalidade materna. Uma assistência adequada inclui a identificação precoce de riscos, monitoramento contínuo e promoção de cuidados humanizados, que respeitam as preferências da mulher e fortalecem o vínculo mãe-bebê (MEDEIROS et al., 2021; FERREIRA et al., 2021).

Deficiências na assistência, como falta de protocolos, recursos limitados, e capacitação insuficiente dos profissionais, podem levar a falhas na detecção de complicações e desfechos negativos para a saúde materna (ARRUSSUL et al., 2024; SILVA et al., 2020). Melhorar essa qualidade requer investimento em formação contínua, criação de protocolos baseados em evidências, e fortalecimento das condições de trabalho da equipe de enfermagem.

A legislação brasileira estabelece diretrizes claras para a atuação dos profissionais de enfermagem, destacando o papel fundamental do enfermeiro na condução do cuidado materno e neonatal durante o período do parto e puerpério. De acordo com a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, e o Decreto nº 94.406, de 8 de junho de 1987, é atribuído ao enfermeiro a liderança no processo de execução e avaliação do cuidado de enfermagem, cabendo-lhe responsabilidades específicas, que são complementadas pela atuação do técnico e auxiliar de enfermagem sob sua supervisão (BRASIL, 1987).

De acordo com o Art. 4º da legislação mencionada, cabe ao enfermeiro a liderança na execução e avaliação do Processo de Enfermagem, observando as disposições da Lei nº 7.498/1986 e do Decreto nº 94.406/1987. Esse papel inclui, privativamente, o diagnóstico de enfermagem relativo às respostas da pessoa, família ou comunidade em um determinado momento do processo saúde-doença, bem como a prescrição das ações ou intervenções de enfermagem a serem realizadas de acordo com essas respostas (COFEN, 2009). 1

Já para o técnico e auxiliar de enfermagem cabe:

O Art. 5º dispõe que o técnico e o auxiliar de enfermagem participam da execução do Processo de Enfermagem conforme suas competências, sempre sob a supervisão e orientação do enfermeiro, também de acordo com as determinações da Lei nº 7.498/1986 e do Decreto nº 94.406/1987. Dessa forma, o trabalho em equipe é coordenado para garantir a qualidade da assistência de enfermagem, assegurando cuidados adequados e contínuos durante o período do parto e puerpério (COFEN, 2009). ¹

Diante das evidências apresentadas, é evidente que a qualidade da assistência de enfermagem ao parto e puerpério depende de múltiplos fatores, incluindo a capacitação contínua dos profissionais, o cumprimento de protocolos baseados em evidências e a disponibilidade de recursos adequados. Além disso, a legislação vigente reforça o papel central do enfermeiro como líder no processo de cuidado, bem como a importância do trabalho colaborativo com técnicos e auxiliares de enfermagem para garantir uma assistência segura e eficaz. Melhorar esses aspectos é fundamental para a promoção da saúde materna e para a redução das taxas de mortalidade, reforçando a necessidade de uma abordagem integral e humanizada no atendimento às mulheres no período puerperal.

2.3 Principais Complicações no Período Puerperal

O período puerperal é marcado por transformações fisiológicas e psicológicas profundas, sendo um momento vulnerável para o surgimento de complicações que podem comprometer a saúde materna. Entre as principais complicações, destaca-se a hemorragia pós-parto, que é uma das principais causas de mortalidade materna em todo o mundo. A hemorragia pode ocorrer nas primeiras 24 horas após o parto (hemorragia pós-parto precoce) ou até seis semanas depois (hemorragia tardia), sendo frequentemente causada pela atonia uterina, quando o útero não se contrai adequadamente após o parto (SOUZA et al., 2023). Essa condição requer intervenção imediata para evitar desfechos fatais.

Além das hemorragias, as infecções puerperais, como a endometrite, são complicações significativas nesse período. A endometrite é uma inflamação do endométrio, frequentemente resultante de infecções bacterianas que ocorrem após o parto. Ela é mais comum em partos cesáreos, mas também pode ocorrer após o parto vaginal. Se não tratada adequadamente, a infecção pode progredir, levando à septicemia e colocando a vida da mulher em risco (BATISTA; LEIDENTZ; BERLET, 2019). A adequada higienização e os cuidados preventivos, aliados à detecção precoce, são essenciais para minimizar o risco dessas complicações.

Outra complicação relevante no período puerperal é a tromboembolia, que ocorre quando há a formação de coágulos sanguíneos, geralmente nas veias das pernas ou da pelve, que podem migrar para os pulmões, causando embolia pulmonar. Mulheres no puerpério apresentam maior risco de desenvolver trombose venosa profunda, especialmente aquelas que passaram por cesarianas, tiveram imobilidade prolongada ou apresentam fatores de risco adicionais, como obesidade ou histórico familiar de trombose (MENDONÇA et al., 2021). A prevenção envolve o uso de anticoagulantes profiláticos em casos indicados e a mobilização precoce após o parto.

Além das complicações físicas, os distúrbios psiquiátricos, como a depressão pós-parto, também são comuns no período puerperal. A depressão pós-parto pode afetar significativamente a relação mãe-bebê, dificultando a adaptação da mulher ao papel materno e influenciando negativamente o desenvolvimento emocional e social do recém-nascido (MATOS et al., 2016). O acompanhamento psicológico durante o puerpério é crucial para a identificação precoce desses transtornos, proporcionando apoio e intervenções adequadas.

Portanto, as complicações no período puerperal representam desafios para a saúde pública e exigem uma abordagem multidisciplinar, com foco na prevenção, detecção precoce e tratamento adequado. A capacitação dos profissionais de saúde, somada à implementação de protocolos clínicos, é fundamental para reduzir a mortalidade e morbidade materna, assegurando uma assistência de qualidade e humanizada (COSTA TEIXEIRA et al., 2019). A conscientização das mulheres sobre os sinais de alerta e a importância do acompanhamento pós-parto também desempenham um papel crucial na prevenção dessas complicações.

2.4 Cuidados Puerperais e Saúde Mental Materna

A saúde mental materna no período puerperal é uma questão de extrema relevância, visto que o puerpério é um momento de intensas mudanças físicas, hormonais e emocionais. Durante esse período, muitas mulheres podem desenvolver condições de saúde mental, como a depressão pós-parto, transtorno de ansiedade pós-parto e, em casos mais graves, a psicose pós-parto (MUCHON et al., 2022). Esses distúrbios não só impactam o bem-estar da mãe, mas também influenciam a interação com o recém-nascido, podendo afetar negativamente o vínculo mãe-bebê e o desenvolvimento infantil (SANTOS et al., 2022).

Entre os transtornos mais comuns está a depressão pós-parto, que afeta aproximadamente 10% a 20% das mulheres no período puerperal (FONSECA; CANAVARRO, 2017). Caracteriza-se por sentimentos persistentes de tristeza, falta de energia, irritabilidade e, em alguns casos, pensamentos de autolesão ou rejeição ao bebê. A falta de suporte social, histórico de transtornos psiquiátricos, e o estresse relacionado à nova função materna são fatores que podem contribuir para o surgimento da depressão (PEREIRA; ARAÚJO, 2020). O acompanhamento adequado durante o puerpério é fundamental para identificar precocemente os sinais de depressão e oferecer suporte psicológico e terapêutico apropriado.

Além da depressão, o transtorno de ansiedade pós-parto é outra condição frequente, muitas vezes subdiagnosticada. A ansiedade excessiva em relação ao cuidado com o bebê, preocupações exageradas sobre sua saúde, além de sentimentos de inadequação e culpa, são sintomas comuns desse transtorno (MULLER; MARTINS; BORGES, 2022). A falta de acompanhamento psicológico adequado pode agravar esses sintomas, afetando a capacidade da mãe de cuidar do bebê de maneira saudável e comprometendo seu próprio bem-estar.

A psicose pós-parto, embora rara, é uma condição psiquiátrica grave que exige intervenção imediata. Caracteriza-se por alucinações, delírios e desorientação, e pode levar a comportamentos perigosos, como o risco de violência contra si mesma ou contra o bebê (IZOTON et al., 2022). Nesse sentido, é crucial que os profissionais de saúde estejam treinados para identificar rapidamente os sinais de psicose e encaminhar a mulher para o tratamento adequado, garantindo a segurança de ambos.

Os cuidados puerperais incluem, portanto, não apenas o monitoramento físico da mãe, mas também a atenção integral à sua saúde mental. O suporte emocional, a orientação sobre os desafios da maternidade, e o estabelecimento de uma rede de apoio são essenciais para prevenir e tratar transtornos mentais no período pós-parto (BRANGA et al., 2022). A assistência humanizada e o acompanhamento regular são estratégias fundamentais para promover a saúde mental materna e fortalecer o vínculo mãe-bebê.

Por fim, é necessário que as políticas de saúde pública contemplem a saúde mental como parte integrante dos cuidados no período puerperal, disponibilizando profissionais capacitados para o atendimento psicológico e psiquiátrico, quando necessário. A promoção da saúde mental materna não apenas melhora a qualidade de vida das mulheres, mas também contribui para o desenvolvimento saudável do recém-nascido, garantindo um ambiente familiar mais seguro e acolhedor.

2.5 Impacto da Qualidade do Atendimento na Mortalidade Materna

A qualidade do atendimento oferecido às mulheres durante o ciclo gravídico-puerperal tem uma influência direta e significativa sobre as taxas de mortalidade materna. O atendimento inadequado ou insuficiente, tanto no pré-natal quanto no parto e puerpério, é um dos principais fatores que contribuem para mortes evitáveis. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 70% das mortes maternas são causadas por complicações que poderiam ser prevenidas ou tratadas com intervenções oportunas e adequadas, como hemorragias, infecções e hipertensão gestacional.

O acompanhamento pré-natal de qualidade é essencial para identificar precocemente fatores de risco e evitar complicações no parto e no pós-parto. No entanto, muitas mulheres, especialmente em áreas rurais ou com menor acesso a serviços de saúde, recebem cuidados insuficientes ou não qualificados, o que aumenta o risco de complicações (MENDES et al., 2020). A falta de exames apropriados, ausência de orientação adequada, e a negligência em relação a sinais de alerta durante a gestação são fatores que aumentam a probabilidade de desfechos adversos, incluindo a mortalidade materna.

Durante o parto, o papel da equipe de saúde, especialmente de médicos e enfermeiros, é crucial para garantir a segurança da mulher. A inadequação na identificação de complicações como a pré-eclâmpsia, a distorcia de ombro, e a atonia uterina pode resultar em desfechos fatais. Além disso, a falta de recursos materiais e de infraestrutura em unidades de saúde, como a ausência de medicamentos para controle de hemorragias ou de tecnologias adequadas para monitoramento, contribui para a precariedade do atendimento e o aumento das mortes maternas (BARBOSA et al., 2022).

O período puerperal, que muitas vezes é negligenciado, também exige um atendimento cuidadoso para evitar complicações como infecções e hemorragias tardias. A qualidade da assistência no puerpério depende não apenas do monitoramento físico da mãe, mas também da orientação sobre cuidados domiciliares e a necessidade de buscar atendimento imediato ao surgirem sinais de complicação (FERREIRA et al., 2021). A desinformação e o acesso limitado aos serviços de saúde podem levar ao agravamento de condições que poderiam ser tratadas de maneira simples se identificadas a tempo.

Além disso, a mortalidade materna está intimamente ligada às desigualdades no acesso aos cuidados de saúde. Em contextos onde as mulheres enfrentam barreiras geográficas, econômicas e sociais para acessar serviços de qualidade, as taxas de mortalidade materna tendem a ser mais elevadas (PINTO et al., 2021). A distribuição desigual de recursos e a escassez de profissionais qualificados em áreas remotas aumentam a vulnerabilidade das mulheres, especialmente daquelas em situação de pobreza ou pertencentes a grupos marginalizados.

Portanto, o impacto da qualidade do atendimento na mortalidade materna evidencia a necessidade de políticas de saúde que priorizem o fortalecimento da assistência à saúde materna em todas as fases do ciclo reprodutivo. Melhorar a formação dos profissionais de saúde, garantir infraestrutura adequada, e assegurar o acesso equitativo aos cuidados são estratégias fundamentais para reduzir as taxas de mortalidade materna e promover a saúde da mulher em contextos de maior vulnerabilidade.

2.6 Políticas Públicas e Estratégias de Redução da Mortalidade Materna

A redução da mortalidade materna tem sido uma prioridade nas agendas de saúde pública de vários países, incluindo o Brasil. Diversas políticas públicas e estratégias têm sido implementadas com o objetivo de assegurar que as mulheres recebam cuidados de saúde adequados durante a gestação, o parto e o período puerperal. Entre as principais iniciativas, destaca-se o fortalecimento da atenção primária à saúde e a ampliação do acesso ao pré-natal de qualidade, garantindo a identificação precoce de fatores de risco e o acompanhamento adequado de gestações de alto risco (BRASIL, 2020).

Uma das principais políticas implementadas no Brasil é o programa Rede Cegonha, lançado em 2011, que visa garantir o acesso a uma assistência de qualidade à gestante, ao recém-nascido e à puérpera, integrando os serviços de saúde desde o pré-natal até o puerpério. O programa busca promover um atendimento humanizado, oferecer suporte no planejamento reprodutivo e melhorar as condições de transporte para o acesso a serviços de urgência obstétrica, especialmente em áreas remotas (BRASIL, 2017). Essa iniciativa também inclui o fortalecimento das maternidades e a criação de centros de parto normal, com foco na redução das cesarianas desnecessárias e no incentivo ao parto natural.

Além disso, o Brasil está comprometido com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), especificamente o ODS 3, que busca reduzir a razão de mortalidade materna global para menos de 70 mortes por 100.000 nascidos vivos até 2030. Para atingir essa meta, é necessário um esforço conjunto entre governos, organizações internacionais e a sociedade civil, visando à melhoria das condições socioeconômicas, à redução das desigualdades no acesso à saúde, e à capacitação contínua dos profissionais de saúde (ONU, 2015).

Outra estratégia importante é o fortalecimento dos sistemas de vigilância da mortalidade materna. No Brasil, o Comitê de Mortalidade Materna foi instituído para investigar, analisar e propor medidas preventivas com base nas causas de mortes maternas identificadas. Essa estratégia tem sido fundamental para identificar as falhas no sistema de saúde e propor soluções, especialmente em áreas com maior incidência de mortes evitáveis (BRASIL, 2021). A partir dessas análises, são criadas diretrizes específicas para garantir que as equipes de saúde estejam preparadas para lidar com as principais complicações obstétricas.

Além das iniciativas nacionais, as parcerias com organizações internacionais como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) também têm desempenhado um papel importante no financiamento e implementação de projetos voltados para a melhoria da saúde materna. Essas colaborações facilitam o intercâmbio de conhecimentos e práticas bem-sucedidas de outros países, promovendo soluções inovadoras para os desafios de saúde materna (SALGADO et al., 2024).

Por fim, é essencial que as políticas públicas sejam constantemente revisadas e adaptadas às realidades locais, levando em consideração fatores como desigualdade socioeconômica, acesso a serviços de saúde e condições regionais de infraestrutura. O sucesso na redução da mortalidade materna depende não apenas de políticas bem estruturadas, mas também da sua efetiva implementação, fiscalização e do monitoramento contínuo de seus resultados.

3 METODOLOGIA

Este estudo foi realizado por meio de uma Revisão Integrativa da Literatura, com abordagem qualitativa, visando investigar os cuidados não realizados no período puerperal e suas possíveis associações com a mortalidade materna. A metodologia adotada incluiu a compilação e síntese das evidências científicas disponíveis, proporcionando uma análise crítica e abrangente do conhecimento atual sobre o tema. A questão central que guiou esta revisão foi: “Quais cuidados não realizados no período puerperal estão associados à mortalidade materna?”

Para orientar a pesquisa, utilizou-se a estratégia PICo, conforme descrito na Tabela 1, que define a população, intervenção e o contexto de interesse do estudo.

Tabela 1: Estratégia PICo do estudo

PICo
PopulaçãoIntervençãoContexto
Mulheres no período puerperalCuidados não realizadosSaúde materna durante o período puerperal

Fonte: própria (2024)

A pesquisa sistemática foi conduzida em bases de dados reconhecidas, incluindo Scientific Electronic Library Online (SciELO), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), U.S. National Library of Medicine (PubMed), e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), com complementação de busca na plataforma Google Scholar para auxílio de estudos que possam corroborar com o proposto. Além disso, as referências dos estudos inicialmente selecionados foram revisadas para identificar artigos adicionais relevantes. Os descritores utilizados incluíram termos específicos como “Morte Materna”, “Período Puerperal”, “Cuidados Pós-Parto” e “Mortalidade Obstétrica”, combinados com operadores booleanos AND e OR para refinar os resultados.

Foram incluídos artigos que abordassem diretamente a associação entre cuidados não realizados durante o período puerperal e a mortalidade materna, publicados entre 2019 e 2024, nos idiomas português, inglês e espanhol. Os critérios de exclusão envolveram estudos que não tratassem diretamente do tema, artigos disponíveis apenas como resumos, estudos realizados em modelos animais e aqueles de acesso restrito. Apenas estudos completos e disponíveis online foram considerados para análise.

A triagem inicial dos artigos identificados foi realizada com base no título e resumo, avaliando a relevância em relação à pergunta de pesquisa. Os estudos que atenderam aos critérios de inclusão foram lidos na íntegra e submetidos a uma análise crítica detalhada. Ao final do processo, 10 estudos foram selecionados e incluídos na revisão, conforme demonstrado no fluxograma 1, que detalha cada etapa da seleção dos artigos.

Fluxograma 1:PRISMA – Abordagem metodológica para a seleção dos artigos.

Identificação dos estudos através de bases de dados registos

Fonte: própria (2024)

Os dez artigos selecionados foram organizados de maneira sistemática em quadros, visando proporcionar uma análise detalhada e estruturada dos cuidados não realizados no período puerperal e suas possíveis associações com a mortalidade materna. No Quadro 01, são descritas as características de cada estudo, incluindo o ano de publicação, os objetivos específicos e os principais achados relacionados à identificação de lacunas nos cuidados pós-parto e suas consequências para a saúde materna. Essa abordagem permite uma visualização clara e condensada das informações mais relevantes, facilitando a identificação de tendências, lacunas e áreas prioritárias para futuras pesquisas.

A revisão aprofundada desses artigos busca expandir significativamente a compreensão sobre os cuidados não realizados no período puerperal e suas possíveis implicações na mortalidade materna. Assim, fornece valiosas contribuições para o aprimoramento das políticas de saúde e estratégias clínicas, com foco na melhoria da qualidade do atendimento, na redução de falhas no cuidado materno e, consequentemente, na diminuição das taxas de mortalidade materna.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a seleção dos dez artigos, cada estudo foi submetido a uma análise minuciosa, que evidenciou a sua relevância para o escopo deste estudo, conforme detalhado no Quadro 1, que resume as principais características dos estudos analisados, incluindo autores, ano de publicação, objetivos, tamanho da amostra e resultados principais. Os estudos foram realizados em diferentes regiões e variaram em termos de tamanho amostral, explorando uma ampla gama de questões relacionadas aos cuidados não realizados no período puerperal e suas possíveis associações com a mortalidade materna.

A análise desses artigos forneceu uma base sólida para a revisão integrativa da literatura, destacando tanto os fatores que contribuem para a falta de cuidados adequados no período puerperal quanto as implicações para a saúde materna. Essa análise comparativa proporciona uma visão clara das semelhanças e diferenças entre os estudos, permitindo uma discussão aprofundada sobre as falhas nos cuidados pós-parto, os desafios enfrentados pelos sistemas de saúde, e a necessidade de intervenções específicas para reduzir a mortalidade materna.

Quadro 1: Características dos estudos selecionados

NAutor/AnoObjetivo do EstudoPrincipais Resultados
1Goldman-Mellor e Margerison, 2019Examinar a incidência de mortes relacionadas a drogas e suicídio no período pós-parto.Mortes relacionadas a drogas e suicídio representaram 18% das mortes maternas; maior prevalência em mulheres brancas e com uso frequente de emergência médica antes da morte.
2Trost et al., 2021Descrever características das mortes relacionadas à saúde mental na gravidez.11% das mortes maternas foram relacionadas à saúde mental; 63% das mortes foram por suicídio, com oportunidades de prevenção identificadas.
3Tesfay et al., 2022Identificar determinantes da morte pós-parto na Etiópia em nível individual e distrital.65,1% das mortes maternas ocorreram no pós-parto; fatores como hemorragia e falta de prontidão nas unidades de saúde contribuíram significativamente.
4Smith et al., 2023Identificar fatores de risco em mulheres grávidas e puérperas com COVID-19.Mulheres grávidas com comorbidades, como diabetes, hipertensão e obesidade, apresentaram maior risco de complicações graves da COVID-19.
5Frey et al., 2023Desenvolver um modelo de estratificação de risco para morbidade materna grave (MMG).O modelo previu MMG ou mortalidade com boa calibração até 1 ano pós-parto, com idade, IMC e hipertensão como preditores.
6Galvão et al., 2023Analisar a tendência da mortalidade materna e correlacionar com pré-natal na Bahia.A mortalidade materna apresentou tendência decrescente; correlação significativa entre maior cobertura de pré-natal e menor mortalidade entre adolescentes e adultas jovens.
7Suarez et al., 2023Avaliar a incidência e fatores de risco para morte por overdose de opioides.Indivíduos com transtorno de uso de opioides (OUD) apresentaram alta incidência de morte por overdose e outras causas evitáveis como suicídio e acidentes.
8Dol et al., 2023Determinar o momento da mortalidade materna no período pós-parto.A maioria das mortes maternas ocorreu no primeiro dia pós-parto; infecções foram mais prevalentes após o oitavo dia.
9Mitchell et al., 2023Explorar a incidência do uso de pronto-socorro pós-parto.Cerca de 12% das mulheres no pós-parto procuraram atendimento de emergência; mulheres jovens de minorias raciais tinham maior probabilidade de usar esses serviços.
10Zivin et al., 2024Examinar riscos associados ao suicídio perinatal.Problemas com parceiros, depressão e uso de substâncias foram fatores de risco para suicídio perinatal; 12,4% das falecidas apresentaram depressão pós-parto.

*MMG – Morbidade Materna Grave;

OUD – Transtorno do Uso de Opioides (Opioid Use Disorder);

IMC – Índice de Massa Corporal.

Fonte: própria (2024)

A análise dos 10 estudos revela que as principais causas de mortalidade no período pós-parto estão fortemente relacionadas a comorbidades maternas, saúde mental, infecções e complicações obstétricas. Smith et al. (2023) destacam que mulheres com comorbidades como diabetes, hipertensão e obesidade apresentam maior risco de complicações graves no período pós-parto, achado corroborado por Frey et al. (2023), que associam essas mesmas condições a uma alta incidência de morbidade materna grave (MMG) até um ano após o parto. Tesfay et al. (2022) reforçam a relevância de complicações como hemorragias e infecções, especialmente em regiões com infraestrutura de saúde inadequada, como a Etiópia, evidenciando que a falta de prontidão das unidades de saúde contribui significativamente para desfechos fatais. Dol et al. (2023) complementam que a maior parte das mortes maternas ocorre no primeiro dia pós-parto, com hemorragia e embolia sendo as principais causas imediatas, enquanto as infecções prevalecem a partir do oitavo dia.

Além disso, as questões relacionadas à saúde mental emergem como um fator crítico nas mortes pós-parto. Trost et al. (2021) e Zivin et al. (2024) enfatizam o impacto dos suicídios e transtornos mentais, como a depressão pós-parto, como causas importantes de mortalidade materna. Goldman-Mellor e Margerison (2019) e Suarez et al. (2023) ressaltam a crescente prevalência de mortes associadas ao uso de substâncias, especialmente overdoses de opioides, entre mulheres com transtorno por uso de opioides (OUD) nos Estados Unidos. Essas evidências indicam a necessidade de uma abordagem integrada de saúde, que inclua tanto a atenção à saúde física quanto à saúde mental, para a redução eficaz das taxas de mortalidade materna no período pós-parto, em que essas condições se manifestam com maior frequência.

As principais causas de mortalidade materna no período pós-parto, identificadas nos estudos analisados, evidenciam a importância das complicações obstétricas, infecções, saúde mental, uso de substâncias e comorbidades pré-existentes como fatores determinantes conforme ilustrado na figura 1.

Figura 1: Frequência das causas de mortes no pós-parto

Fonte: própria (2024)

As complicações obstétricas, como hemorragias, embolias e distúrbios hipertensivos, são responsáveis por 40% das mortes maternas no período pós-parto, sendo amplamente discutidas por Dol et al. (2023) e Tesfay et al. (2022). Esses estudos enfatizam que a hemorragia, especialmente no primeiro dia pós-parto, é uma das principais causas de mortalidade, agravada em contextos de infraestrutura deficiente. Além disso, os distúrbios hipertensivos, como a pré-eclâmpsia, também são apontados como fatores críticos para óbitos maternos. Já as infecções puerperais e septicemia representam 20% das mortes, sendo mais frequentes após o oitavo dia, conforme discutido por Dol et al. (2023) e Smith et al. (2023), reforçando a necessidade de monitoramento contínuo mesmo após os primeiros dias pós-parto.

A saúde mental é outra causa significativa, representando 20% das mortes, com suicídios e transtornos como a depressão pós-parto sendo destacadas por Trost et al. (2021) e Zivin et al. (2024). A falta de diagnóstico e tratamento adequado desses transtornos resulta em desfechos fatais evitáveis. O uso de substâncias, principalmente opioides, é responsável por 10% das mortes, como evidenciado por Goldman-Mellor e Margerison (2019) e Suarez et al. (2023), apontando para a necessidade de intervenções mais eficazes. Comorbidades pré-existentes, como diabetes e hipertensão, também contribuem com 10% das mortes, conforme Smith et al. (2023) e Frey et al. (2023), reforçando a importância de uma abordagem integrada no cuidado dessas mulheres.

Os estudos sobre mortalidade materna no período pós-parto evidenciam a complexidade das condições que afetam a saúde das mulheres, abrangendo fatores físicos e psicossociais. Trost et al. (2021) relatam que 11% das mortes maternas estão relacionadas à saúde mental, com o suicídio sendo responsável por 63% desses óbitos. Goller et al. (2024) reforçam a importância do suicídio como uma das principais causas de morte no pós-parto, associada à ausência de acompanhamento psicológico adequado e ao subdiagnóstico de transtornos mentais. Esses dados indicam a necessidade urgente de reforçar triagens consistentes e programas de tratamento de saúde mental no período pós-parto, uma vez que as intervenções existentes ainda são insuficientes para abordar esse problema de maneira eficaz.

Zivin et al. (2024) também destacam a importância da saúde mental no pós-parto, apontando que a depressão e os transtornos relacionados ao uso de substâncias são causas significativas de mortalidade materna por suicídio. De forma semelhante, Wolfson et al. (2024) evidenciam que pacientes que vivenciam morbidade materna grave (SMM) apresentam maior risco de hospitalização com diagnósticos de condições de saúde mental ou transtornos por uso de substâncias no primeiro ano após o parto. Esses achados reforçam a interligação entre morbidade física e complicações psicológicas, sugerindo a necessidade de uma abordagem multidisciplinar que considere tanto os aspectos físicos quanto mentais do cuidado materno.

O uso de substâncias, em especial os opioides, tem se mostrado um fator de risco crescente para mortalidade materna no período pós-parto. Goldman-Mellor e Margerison (2019) demonstram que mortes relacionadas ao uso de drogas, especialmente opioides, são uma das principais causas de morte materna nos Estados Unidos. Suarez et al. (2023) corroboram esses achados, apontando que mulheres com transtornos por uso de substâncias apresentam um risco seis vezes maior de morte por overdose no período pós-parto. Metz et al. (2016) também destacam o uso de opioides como a droga mais comum identificada em mortes maternas por automutilação. Esses resultados reforçam a necessidade de intervenções mais robustas para prevenir o abuso de substâncias durante e após a gravidez, integrando estratégias de tratamento com os cuidados maternos de rotina.

Apesar da crescente ênfase nos aspectos psicossociais, as complicações obstétricas, como hemorragias e embolias, continuam sendo causas críticas de mortalidade materna no período pós-parto, conforme relatado por Dol et al. (2023). Esses autores destacam que a maioria dessas mortes ocorre nas primeiras 24 horas após o parto, ressaltando a necessidade de intervenções rápidas e eficazes. Embora os estudos mais recentes, como o de Merla e Ezhumalai (2022), tenham focado em complicações neurológicas, como a mielite hemorrágica, o que amplia a compreensão sobre os múltiplos fatores que podem impactar a saúde materna, as complicações obstétricas permanecem uma prioridade nas estratégias de prevenção.

As infecções, como septicemia e infecções puerperais, também figuram entre as causas relevantes de mortalidade materna, especialmente após o oitavo dia pós-parto, conforme apontado por Smith et al. (2023). Entretanto, os estudos mais recentes, como os de Wolfson et al. (2024), têm dado maior destaque a problemas relacionados à saúde mental e uso de substâncias, minimizando o foco nas infecções. Essa mudança de foco pode refletir a evolução das causas de mortalidade materna em diferentes contextos, sendo que, em algumas populações, as complicações físicas, como infecções e hemorragias, ainda predominam, enquanto em outras, como as dos Estados Unidos, os fatores psicossociais têm maior impacto.

Adicionalmente, comorbidades pré-existentes, como diabetes, hipertensão e doenças cardíacas, continuam a ser fatores de risco importantes no período pós-parto, como destacado por Smith et al. (2023) e Frey et al. (2023). Contudo, os estudos mais recentes, como os de Metz et al. (2016) e Goller et al. (2024), não abordam essas condições com a mesma profundidade, concentrando-se mais nos aspectos psicossociais. Esse cenário sugere que, embora as comorbidades continuem a influenciar negativamente os desfechos maternos, o aumento de problemas relacionados à saúde mental e ao uso de substâncias exige maior atenção e intervenção nos cuidados pós-parto.

Dessa forma, a análise dos estudos revela que, além das complicações físicas tradicionais, as questões de saúde mental e o uso de substâncias no período pós-parto têm se tornado fatores críticos na mortalidade materna. A integração de cuidados físicos e psicológicos é imprescindível para melhorar os desfechos nesse período, com a necessidade de políticas de saúde voltadas tanto para a prevenção e manejo das complicações obstétricas e infecções quanto para o suporte psicológico e o tratamento de transtornos relacionados ao uso de substâncias.

Os cuidados não realizados durante o período puerperal emergem como um dos principais fatores contribuintes para as elevadas taxas de mortalidade materna observadas em diversos contextos. Os estudos analisados indicam que complicações como hemorragia, embolia e infecções, quando não adequadamente monitoradas e tratadas, podem levar a desfechos fatais. Dol et al. (2023) e Tesfay et al. (2022) destacam que a ausência de acompanhamento imediato e intervenções rápidas no período pós-parto inicial, especialmente nas primeiras 24 horas, agrava o risco de morte materna, particularmente em casos de hemorragias. A falta de acesso a cuidados de qualidade, sobretudo em regiões com infraestrutura de saúde limitada, demonstra a necessidade de protocolos mais rigorosos de monitoramento, especialmente nas primeiras semanas pós-parto.

As infecções, como descrito por Smith et al. (2023) e Dol et al. (2023), são outro aspecto crítico dos cuidados não realizados no período puerperal. Infecções puerperais e septicemia, que frequentemente se manifestam após o oitavo dia pós-parto, são muitas vezes negligenciadas devido à falsa percepção de que o risco de complicações diminui com o tempo. A falta de um acompanhamento contínuo, que inclua a identificação precoce de sinais de infecção, contribui diretamente para a mortalidade materna evitável. A implementação de rotinas de vigilância mais intensas nas semanas subsequentes ao parto, aliadas à orientação adequada das pacientes quanto aos sinais de alerta, são medidas essenciais para reduzir essas mortes.

O acompanhamento inadequado da saúde mental no período puerperal é outro fator preponderante. Estudos como os de Trost et al. (2021) e Zivin et al. (2024) destacam que a ausência de triagem eficaz para transtornos mentais no pós-parto, como depressão e ansiedade, resulta em um aumento significativo dos casos de suicídio materno. Esse aspecto do cuidado materno muitas vezes é negligenciado, deixando mulheres vulneráveis sem o suporte necessário. A falta de protocolos integrados de saúde mental no período puerperal contribui para a perpetuação desse cenário. Estratégias de prevenção, como triagem psicológica regular e programas de suporte psicológico, são indispensáveis para garantir a segurança da mulher e prevenir o agravamento de transtornos mentais.

O manejo inadequado de comorbidades pré-existentes, como hipertensão e diabetes, durante o período puerperal também se destaca como uma falha nos cuidados que podem levar à morte materna. Smith et al. (2023) e Frey et al. (2023) evidenciam que o acompanhamento contínuo dessas condições é essencial, uma vez que o risco de complicações graves persiste após o parto. A ausência de monitoramento específico para essas comorbidades no período puerperal agrava o risco de desfechos adversos, como pré-eclâmpsia e complicações cardíacas, que poderiam ser prevenidos com intervenções adequadas. Portanto, a implementação de cuidados personalizados e vigilância contínua para mulheres com comorbidades é fundamental para a redução das taxas de mortalidade materna no período puerperal.

Diante dos resultados apresentados, torna-se evidente que a falta de cuidados adequados no período puerperal é um fator determinante para a ocorrência de mortes maternas, particularmente em contextos de vulnerabilidade. Complicações obstétricas, infecções, transtornos de saúde mental e o manejo inadequado de comorbidades são elementos recorrentes nos estudos analisados, reforçando a necessidade de um acompanhamento integral e contínuo da saúde materna, tanto físico quanto psicológico. A ausência de intervenções rápidas e eficazes, especialmente nas primeiras semanas após o parto, agrava o risco de desfechos fatais, o que evidencia a urgência de protocolos mais rigorosos de vigilância e suporte à mulher nesse período. Esses achados sublinham a importância de políticas de saúde que priorizem o cuidado integral no pós-parto, garantindo acesso equitativo a serviços de saúde de qualidade para prevenir mortes evitáveis e melhorar a qualidade de vida materna.

5 CONCLUSÃO

Os resultados deste estudo indicam que a mortalidade materna no período puerperal está fortemente associada à inadequação ou falta de cuidados de saúde, tanto no controle de complicações físicas quanto no suporte à saúde mental. Fatores como complicações obstétricas, infecções, transtornos mentais e comorbidades mal monitoradas foram identificados como causas recorrentes de óbitos, especialmente quando o acompanhamento pós-parto é falho ou ausente. A ausência de intervenções oportunas e de políticas eficazes voltadas para a atenção integral à mulher neste período reforça a necessidade de reformulação dos cuidados oferecidos. Portanto, este estudo ressalta a importância de uma abordagem integrada e multidisciplinar no período puerperal, que contemple o monitoramento contínuo e intervenções preventivas. A ampliação do acesso a cuidados de saúde de qualidade e a capacitação dos profissionais envolvidos são essenciais para reduzir as taxas de mortalidade materna e garantir a saúde e o bem-estar das mulheres nesse período crucial.

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