CUIDADOS E ASSISTÊNCIAS DE ENFERMAGEM AOS IDOSOS HOSPITALIZADO EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: UM OLHAR HUMANIZADO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10207506


Letícia Alves Silva De Jesus1
Newton Ferreira De Paula Júnior2


RESUMO

A enfermagem é um dos ramos da ciência que cuida e assiste indivíduos em todo o processo de viver humano. Um atendimento humanizado que busca realizar escuta qualificada, compreensão de fatos, aconselhamento sistemático, respeito a opiniões, cuidar e atender as necessidades do paciente de maneira individual. A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é um setor onde demanda muita especialização do trabalho da equipe de enfermagem. Objetivo: analisar na literatura científica os cuidados e assistências de enfermagem aos idosos hospitalizados em UTI, a luz da humanização. Metodologia: realizou-se uma revisão integrativa de literatura. Resultados e Discussão: A partir da pesquisa foram encontrados 972 estudos, após aplicação dos critérios de exclusão e inclusão, obteve-se o total de 12 estudos incluídos na RI. Considerações Finais: A humanização, portanto, torna-se indispensável, diante de todas as vulnerabilidades que os idosos possam ter, bem como, é essencial que o cuidado seja direcionado não somente ao paciente, mas também, toda sua família que o acompanha.

Palavras-Chave: Enfermagem. Humanização. Idoso.

ABSTRACT

Nursing is one of the branches of science that cares for and assists individuals throughout the process of human living. A humanized service that seeks to carry out committed listening, understanding of facts, systematic advice, respect for opinions, caring and meeting the patient’s needs on an individual basis. The Intensive Care Unit (ICU) is a sector that demands a lot of specialization in the work of the nursing team. Objective: to analyze in the scientific literature nursing care and assistance for elderly people hospitalized in ICUs, in the light of humanization. Methodology: an integrative literature review was carried out. Results and Discussion: From the search, 972 studies were found, after applying the exclusion and inclusion criteria, obtaining a total of 12 studies included in the IR. Final Considerations: Humanization, therefore, becomes necessary, given all the vulnerabilities that the elderly may have, as well as, it is essential that care is directed not only to the patient, but also to the entire family that accompanies them.

Keywords: Nursing. Humanization. Elderly.

1. INTRODUÇÃO

A enfermagem é um dos ramos da ciência que cuida e assiste indivíduos em todo o processo de viver humano. Um atendimento humanizado que busca realizar escuta qualificada, compreensão de fatos, aconselhamento sistemático, respeito a opiniões, cuidar e atender as necessidades do paciente de maneira individual. Isso, arraigado em um contexto ético, técnico-científico e solidário. Como produto dos apontamentos anteriormente citados, espera-se atingir e garantir uma assistência segura e de qualidade. Em relação especialmente ao idoso, a enfermagem transmite cuidados humanizados que previnem, minimizam ou tratam as consequências e debilidades advindas do processo de envelhecimento (LIMA et. al., 2010).

A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é um setor onde demanda muita especialização do trabalho da equipe de enfermagem exigindo do profissional um treinamento adequado, uma afinidade para atuar em unidades fechadas, além de uma resistência diferenciada dos demais que atuam em outras áreas hospitalares. Além disso, diversas intervenções médicas assistenciais são realizadas neste setor, exigindo da equipe habilidades e conhecimentos científicos necessários para as intervenções existentes. Foi projetado para administrar tratamento a pacientes criticamente enfermos, porém que ainda têm chance de recuperação (OUCHI et al., 2018).

Sabe-se que o envelhecimento é inevitável e, conforme projeções da Organização Mundial de Saúde (OMS), nas próximas décadas a população mundial com mais de 60 anos dos atuais 841 milhões, para 2 bilhões até 2050. Assim, as doenças crônicas e o bem-estar da população idosa serão os novos desafios de saúde pública global. Em relação ao Brasil, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes ao ano de 2018, apontam que a população idosa ultrapassa os 29 milhões e a expectativa é que, até 2060, este número suba para 73 milhões, o que representa um aumento de 160%. O Brasil será considerado um país velho em 2032, quando 32,5 milhões dos mais de 226 milhões de brasileiros terão 65 anos ou mais. Acrescenta-se que até 2025, segundo a OMS, o Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos (IBGE, 2018).

Diante dos números apresentados, confirmam-se os avanços no setor da saúde e das tecnologias, o que permitiu ao idoso ter longevidade. Sabe-se que é positivo viver mais, todavia as políticas públicas também precisam acompanhar de forma efetiva, regular e eficiente essa longevidade que cresce aceleradamente. Nesse contexto, Miranda, Soares e Silva (2016), afirmam que o envelhecimento produz necessidades e demandas sociais, que exigem resolução, principalmente pela esfera governamental. Em relação ao setor da saúde, uma das políticas públicas mais urgentes em relação ao idoso é o cuidado humanizado da enfermagem em favor da saúde e do bem-estar deste público específico.

Dados os benefícios dos cuidados de enfermagem, este estudo denota a importância do cuidado humanizado dos (as) enfermeiros (as) aos (às) pacientes idosos (as). O envelhecimento exige melhores (e especiais) cuidados, confirmando o importante papel do (a) enfermeiro (a) neste sentido. Vale ressaltar que o Estatuto do Idoso garante atendimento prioritário aos (às) idosos (as), o que constitui direitos prioritários em diversas situações e em diversos tipos de atendimento (filas, vagas em transporte, descontos, serviços públicos etc.). Portanto, acredita-se que idosos precisam ser prioridade nos serviços de saúde, principalmente no que diz respeito ao cuidado humanizado (BRASIL, 2013).

Nesse sentido, objetiva-se por meio desse estudo, analisar na literatura científica, os cuidados e assistências de enfermagem aos (às) idosos (as) hospitalizados (as) em UTI, a luz da humanização.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 PROCESSO DE SENESCÊNCIA E SUAS LIMITAÇÕES

O número de pessoas idosas vem crescendo significativamente ao longo dos anos, tanto no Brasil quanto no mundo e como reflexo desse fenômeno observa-se o aumento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e degenerativas entre essa parcela da população. Nesse contexto, é imperativo capacitações e qualificações da equipe multidisciplinar referente a geriatria e gerontologia para atender esse público de forma qualificada e humanizada, isso possivelmente ajudará e promoverá respostas significativas diante do tratamento, no campo biopsicoespiritual (MIRANDA; MENDES; SILVA, 2016).

O envelhecimento é algo esperado, comum, considerado uma fase da vida, em que se espera transformações no corpo e mente, parte dessas transformações visíveis, surge novas características e a fragilidade potencializa na vida da pessoa idosa. Nesse sentido, as pessoas idosas experienciam dificuldades diante das possíveis e necessárias adaptações que essa nova fase exige, em especial as particularidades. As pessoas idosas estão mais sujeitas e sensíveis a vivenciarem a vulnerabilidade, dependência e as DCNT e degenerativas (BRASIL, 2010).

Com o passar dos anos, as pessoas idosas referem sensação de perda da autonomia e independência, isso pode refletir em sua saúde psicoemocional. Essas pessoas idosas temem ficar dependentes de cuidadores, tanto formais quanto informais. Portanto, cuidados preventivos contribuem para o envelhecimento ativo e saudável, o que possibilita independência por mais tempo. É relevante destacar que, não basta ter anos prolongados de vida, pois é necessário que nesses anos, se tenha qualidade de vida (QV). As pessoas idosas estão mais susceptíveis a serem hospitalizadas, precisarem de atendimento uma vez que experimentam DCNT e comorbidades acumuladas ao longo da vida (VERAS; OLIVEIRA, 2018).

Diante dos apontamentos, as pessoas idosas temem o ambiente hospitalar, e associam o hospital a fragilidade, medo e insegurança, por pensarem que a qualquer momento o quadro possa agravar. Nesse contexto, o tratamento humanizado é relevância a partir do momento que as pessoas idosas estão em contato com qualquer profissional da área da saúde, porque, além de fatores físicos, também entram fatores psicológicos e sociais, o que faz com que o tratamento humanizado, acalente este paciente. Profissionais da saúde devem se sensibilizar, considerando que as pessoas idosas precisam de cuidados redobrados, pois não são apenas questões de alterações físicas, mas também psicológicas, necessitando ainda mais de um atendimento de qualidade (LIMA et al., 2010).

2.2. TRATAMENTO HUMANIZADO DO PACIENTE IDOSO E REPERCUSSÃO NA SUA SAÚDE

A origem da humanização aplicada aos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, data da elaboração do documento “Direitos do Paciente” pelo conselho federal de medicina em 1965.

A palavra humanização de maneira pragmática, causa uma certa estranheza, considerando que pensar em tornar humano, o Ser Humano é um tanto quanto redundante. Isso nos provoca a refletir acerca do que levou os estudiosos a aprofundarem no debate e até mesmo os governantes chegarem ao ponto de elaborar uma política específica que comtemplasse a humanização em todos os cenários de saúde e em todas as esferas, a Política Nacional de Humanização (PNH) em 2003.

De acordo com o dicionário Aurélio, “Humanizar” é um verbo transitivo direto e pronominal que significa “tornar-se humano, dar ou adquirir condição humana”. Nesse sentido, fortalecer a operacionalização da humanização em ambiente hospitalar, possivelmente pode estar relacionado as profissões tecnicistas que muitas vezes levam seus colaboradores a serem convidados a cair na armadilha do piloto automático, do mecanicismo, confundindo o ser humano, nesse contexto, paciente/cliente/usuário, familiar e até mesmo outro profissional a um objeto, a uma máquina, isso pode estar relacionada a heranças de algumas teorias da administração, como o fordismo e taylorismo.

A humanização remete-se a valores e solidariedade, e ter essa preocupação com um ser vulnerável pode se desenvolver de duas maneiras, a primeira relacionada a entender a qualidade humana e a segunda ligada a assistência e cuidador, que oferece compaixão e respeito, porém não romantizando a humanização e sim com aplicação de políticas, diretrizes e raciocínio clínico e crítico pertinentes. Humanizar a saúde tem importância significativa, uma vez que o ser é único, tem suas necessidades, particularidades e personalidade e que apesar de fatores políticos, culturais e econômicos, todos têm direito a essa assistência. A relação entre paciente, família, comunidade, profissional é importante, na medida que fortalece a segurança do paciente e otimiza a qualidade do cuidado e assistência humanizada de enfermagem (WALDON; BORGES, 2011).

É importante destacar que a humanização na saúde tem como um dos propósitos significar e fortalecer a tecnologia em estabelecimentos assistenciais de saúde. O tratamento humanizado também exige a compreensão pela vida e dor do outro, tendo uma sensibilidade por parte do profissional. É importante entender o sentido da vida para o paciente, bem como respeitar a autonomia e a integridade daquele paciente, independente da patologia que o acomete (OLIVEIRA; COLLET; VIEIRA, 2006).

2.3. ASSISTÊNCIA AO IDOSO EM UTI

De acordo com a Resolução Nº 7 do dia 24 de fevereiro de 2010, a UTI é uma área hospitalar crítica e tem por finalidade suprir as demandas de pacientes em circunstâncias agravadas que evidenciam comprometimento em um ou mais órgão, mau funcionamento das funções vitais, induzindo a necessitar de avaliações e assistência contínua e precisam da atuação de profissionais devidamente treinados, uso de materiais específicos e de alta tecnologia para o auxílio de diagnósticos precisos (BRASIL, 2010).

Nesse sentido, no contexto hospitalar, a unidade de terapia intensiva é o local onde os estudos apontam uma necessidade urgente de aplicar os princípios da PNH, certamente relacionado as características específicas do ambiente de terapia intensiva, tanto as físicas quanto as comportamentais e a clientela assistida nessa unidade. A UTI é um setor fechado, controlado, arraigado em protocolos, fluxos, POP, rotinas e com destaque para a fortalezada da tecnologia dura (monitores multiparâmetros, bombas de infusão, camas elétricas, balão intra aórtico, cateter de Swan- Ganz, aparelhos de ultrassom, torre para realização de procedimentos endoscópios, dentre outros) e somado a isso o paciente criticamente enfermo muitas vezes se encontram com a comunicação prejudicada, relacionado a terapêutica medicamentosa (sedoanalgesia) (OLIVEIRA, 2021).

Os comportamentos de cuidado são de grande importância para todos os que procuram ajuda; no entanto, ganham mais destaque para os idosos devido à sua condição especial. Satisfazer suas necessidades biopsicossociais, respeito, bem-estar e conforto são direitos dos idosos. Contudo, pesquisas mostram que a assistência aos idosos hospitalizados apresenta deficiências. Promover conforto é mais do que posicionar adequadamente o paciente, aliviar a dor, garantir nutrição ou higiene. É a experiência de fornecer ajuda e/ou incentivo, atendendo a todos os aspectos das necessidades do paciente e fornecendo medidas para aliviar o sofrimento (CARDOSO et al., 2020; ASADI et al., 2023).

Para atingir esse objetivo, é necessário que o enfermeiro utilize sua ferramenta metodológica de trabalho, o Processo de Enfermagem (PE), para determinar as verdadeiras necessidades dos pacientes e melhorar o conforto dos idosos hospitalizados com base na teoria. A aplicação da teoria na área da promoção do conforto pode ajudar os enfermeiros a compreenderem as necessidades dos idosos hospitalizados e a abordar as dimensões do conforto. E, o referencial de teorias de enfermagem podem auxiliar na operacionalização do PE ao idoso hospitalizado (CARDOSO et al., 2020).

Na sua busca pelo desenvolvimento de um conceito holístico de conforto, Kolcaba contribuiu na formação da teoria do conforto, que são descritos como contextos ou dimensões de conforto, a saber: físico (sensações corporais ou mecanismos homeostáticos); psicoespiritual (o significado da vida de alguém, autoconsciência, o que envolve, além da espiritualidade, autoestima, autoconceito, sexualidade); sociocultural (abrange relações interpessoais, familiares e sociais; inclui também aspectos financeiros); meio ambiente (aspectos externos da experiência humana). Noções básicas, circunstâncias externas, condições e influências, incluindo o meio ambiente (CARDOSO et al., 2020).

Os princípios da Teoria do Conforto de Kolcaba garantem estratégias para melhorar o conforto dos idosos hospitalizados na UTI, argumentando que: os enfermeiros(as) trabalham com outros membros da equipe multidisciplinar para identificar necessidades não atendidas dos idosos e suas famílias; o enfermeiro(a) define e coordena intervenções para atender a essas necessidades; considera variáveis ​​intermitentes ao planejar intervenções porque elas são críticas para o sucesso da intervenção; quando a intervenção é eficaz, o conforto é alcançado imediatamente; se o conforto é alcançado, os idosos têm maior probabilidade envolver-se em comportamentos de procura de saúde, promovendo ainda mais o conforto; quando os idosos aumentam os seus esforços em comportamentos de procura de saúde, o conforto aumenta; quando os indivíduos (idosos/família/enfermeiros) estão satisfeitos com os cuidados de saúde, pode ocorrer o reconhecimento público das organizações de cuidados de saúde (CARDOSO et al., 2020).

Contudo, é necessário salientar que o cuidado com a população idosa na UTI está associado com o aumento da carga de trabalho de enfermagem quando comparado com adultos sendo visto como um fator associado à maior demanda de cuidado. Logo, a assistência às pessoas com mais de 60 anos em leitos de UTI demanda enfermeiros qualificados, conhecedores das especificidades inerentes à senescência e à senilidade (RIBEIRO et al., 2023).

3. METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão integrativa de literatura (RIL), de caráter descritiva, baseada na análise de artigos científicos acerca da humanização da saúde e a assistência de enfermagem aos idosos internados em UTI. A RIL tem como característica a síntese de estudos desenvolvidos por meio de diversas metodologias, o que possibilita aos revisores sintetizarem resultados sem alterar os conhecimentos incluídos. Este tipo de revisão permite criticar e sintetizar a literatura científica de forma integrada e permite gerar novos questionamentos acerca do tema revisado (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).

Este estudo foi composto por seis etapas: 1ª: elaboração da pergunta norteadora; 2ª: busca ou amostragem na literatura; 3ª: coleta de dados; 4ª: análise crítica dos estudos incluídos; 5ª: discussão dos resultados e 6ª: apresentação da revisão integrativa (SOUZA, SILVA, CARVALHO, 2010).

Para a pesquisa utilizou-se a estratégia PCC, sendo (P) População – Idosos (C) Conceito – Atendimento Humanizado (C) Contexto – Assistência da Enfermagem na UTI. Assim, formulou a seguinte pergunta de pesquisa: como se apresenta a produção do conhecimento acerca dos cuidados e assistência de enfermagem aos idosos hospitalizados em UTI sob a ótica da humanização?

A pesquisa eletrônica foi realizada nas bases de dados constituintes da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS): Medical Literature Analysisand Retrievel System Online (MEDLINE),  Índice Latino-americano de Publicações Científicas Seriadas (Latindex),Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online Brasil (SciELO).

Foram utilizados os seguintes descritores constantes nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): enfermagem gerontológica; humanização; assistência de enfermagem; idoso acamado na UTI e instituições de longa permanência para idosos conforme apresentado no quadro a seguir. Também, junto aos descritores foi empregado os termos boolenos: AND e OR a fim de compor as estratégias de busca a serem utilizadas para buscas nas bases de dados. Como critérios de inclusão foram adotados: estudos publicados no período de 5 anos (2019 a 2023), disponíveis nos idiomas vernáculo (português) e estrangeiros (inglês e espanhol). Como critérios de exclusão: foram excluídos os estudos que fugiram da temática.

Assim, foram analisadas as palavras contidas nos títulos, resumos e descritores, para delimitar os estudos que poderão ser incluídos na presente pesquisa. Os estudos selecionados que responderem à questão norteadora desta revisão foram lidos na íntegra, para que o conteúdo fosse analisado, sintetizado, extraiu-se as evidências encontradas nos estudos de acordo com a temática, que foram analisadas e apresentadas.

Destaca-se que foi considerado neste estudo para classificar o nível de evidência (N.E.) dos artigos do sistema de classificação que é composto por sete níveis, conforme explica Galvão (2006), a saber: Nível I – evidências oriundas de revisões sistemáticas ou meta-análise de relevantes ensaios clínicos; Nível II – evidências derivadas de, pelo menos, um ensaio clínico randomizado controlado bem delineado; Nível III – ensaios clínicos bem delineados sem randomização; Nível IV – estudos de coorte e de caso controle bem delineados; Nível V – revisão sistemática de estudos descritivos e qualitativos; Nível VI – evidências derivadas de um único estudo descritivo ou qualitativo; Nível VII – opinião de autoridades ou relatório de comitês de especialistas.

Foi realizado um levantamento de informações para conhecimentos teóricos, sem que haja plágio conforme prescrito na Lei Nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998 de forma respeitosa para com os autores e suas ideias (MARTINS FILHO, 1998).

Após a seleção dos materiais, foi realizado uma leitura analítica de todos os artigos na íntegra. Para organização das informações coletadas, utilizou-se um quadro categorizado que contemplou os seguintes tópicos: o autor; título; base de dados; periódico; nível de evidência; metodologia e principais achados.

Base de DadosEstratégias de Busca das Evidências
MEDLINE(Idosos AND enfermagem AND Unidade de Terapia Itensiva) [Title] (Idosos AND enfermagem OR nurse AND Unidade de Terapia Itensiva OR UTI) [Title/subject/abstract], (“Idosos” OR “Gerontologia” AND “enfermagem” OR “nurse” AND “Unidade de Terapia Itensiva” OR “UTI” OR “Cuidados Intensivos”) [Title/subject/abstract], Idosos AND enfermagem OR nurse AND Enfermagem gerontologica AND Unidade de Terapia Itensiva OR UTI) [Title/subject/abstract] , (Idosos OR elderly AND enfermagem OR nurse AND Unidade de Terapia Itensiva OR UTI) [Title/subject/abstract], (“Idosos” OR “Gerontologia” OR “Elderly” AND “enfermagem” OR “nurse” AND “Unidade de Terapia Itensiva” OR “UTI” OR “Intensive care unit” OR “ICU” OR “Cuidados Intensivos” AND humanização) [Title/subject/abstract].
Latindex(Idosos AND enfermagem AND Unidade de Terapia Itensiva) [Title] (Idosos AND enfermagem OR nurse AND Unidade de Terapia Itensiva OR UTI) [Title/subject/abstract], (“Idosos” OR “Gerontologia” AND “enfermagem” OR “nurse” AND Assistência AND humanização “Unidade de Terapia Itensiva” OR “UTI” OR “Cuidados Intensivos”) [Title/subject/abstract], Idosos AND enfermagem OR nurse AND Enfermagem gerontologica AND Unidade de Terapia Itensiva OR UTI AND humanização) [Title/subject/abstract] , (Idosos OR elderly AND enfermagem OR nurse AND Unidade de Terapia Itensiva OR UTI AND humanização) [Title/subject/abstract], (“Idosos” OR “Gerontologia” OR “Elderly” AND “enfermagem” OR “nurse” AND “Unidade de Terapia Itensiva” OR “UTI” OR “Intensive care unit” OR “ICU” OR “Cuidados Intensivos” AND humanização) [Title/subject/abstract].
LILACS(Idosos AND enfermagem AND Unidade de Terapia Itensiva) [Title] (Idosos AND enfermagem OR nurse AND Unidade de Terapia Itensiva OR UTI) [Title/subject/abstract], (“Idosos” OR “Gerontologia” AND “enfermagem” OR “nurse” AND “Unidade de Terapia Itensiva” OR “UTI” OR “Cuidados Intensivos” AND humanização) [Title/subject/abstract], Idosos AND enfermagem OR nurse AND Enfermagem gerontologica AND Unidade de Terapia Itensiva OR UTI) [Title/subject/abstract] , (Idosos OR elderly AND enfermagem OR nurse AND Unidade de Terapia Itensiva OR UTI AND humanização) [Title/subject/abstract], (“Idosos” OR “Gerontologia” OR “Elderly” AND “enfermagem” OR “nurse” AND “Unidade de Terapia Itensiva” OR “UTI” OR “Intensive care unit” OR “ICU” OR “Cuidados Intensivos” AND humanização) [Title/subject/abstract].
SciELO(Idosos AND enfermagem AND Unidade de Terapia Itensiva) [Title] (Idosos AND enfermagem OR nurse AND Unidade de Terapia Itensiva OR UTI) [Title/subject/abstract], (“Idosos” OR “Gerontologia” OR “Elderly” AND “enfermagem” OR “nurse” AND “Unidade de Terapia Itensiva” OR “UTI” OR “Intensive care unit” OR “ICU” OR “Cuidados Intensivos” AND humanização) [Title/subject/abstract], Idosos AND enfermagem OR nurse AND Enfermagem gerontologica AND Unidade de Terapia Itensiva OR UTI AND humanização) [Title/subject/abstract] , (Idosos OR elderly AND enfermagem OR nurse AND Unidade de Terapia Itensiva OR UTI) [Title/subject/abstract]

Quadro 1. Estratégias de busca de artigos utilizadas para a realização da RIacerca da atuação do enfermeiro no atendimento humanizado de idosos na UTI segundo as bases de dados consultadas, Itumbiara, 2023. Fonte: Dados da Pesquisa, 2023.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir da pesquisa foram encontrados 972 estudos, após aplicação dos critérios de exclusão e inclusão, obteve-se o total de 12 estudos incluídos na RI. O processo percorrido para chegar a este resultado encontra-se descrito no fluxograma, a seguir:

Fluxograma 1. Estratégia de busca de artigos utilizadas para a realização da revisão integrativa cuidados e assistências de enfermagem aos idosos hospitalizado em UTI.

Após leitura dos artigos selecionados foi possível categorizá-los de acordo com os temas abordados pelos autores em duas categorias distintas, a saber: 1. Estudos que trataram da humanização na assistência da enfermagem prestada aos idosos na UTI; 2. Estudos que abordaram as dificuldades enfrentadas pelos enfermeiros (as) que trabalham com idosos na UTI.

Categoria 1. Estudos que trataram da humanização na assistência da enfermagem prestada aos idosos na UTI

CódigoAutor Principal (Ano)TítuloBase De DadosPeriódicoMétodoN.E.
01Asadi et al. 2023A comparison of nurses and elderly patients’ perceptions of caring behaviors in intensive care units.MEDLINEEnfermagem IntensivaEstudo descritivo-analíticoII
02Cardoso et al. 2020Diagnósticos de enfermagem em idosos hospitalizados à luz da teoria do conforto de KolcabaSciELORevista de Enfermagem ReferênciaEstudo transversal qualitativoVI
03Leite et al. 2020Assistência de enfermagem nos cuidados paliativos (CP) ao paciente idoso em UTILatindexBrazilian Journal of DevelopmentEstudo descritivo qualitativoVI
04Meireles et al. 2020Assistência de enfermagem ao idoso em CP: um relato de experiênciaLatindexBrazilian Journal of DevelopmentEstudo descritivo qualitativoVI
05Pacheco et al. 2022The role of nursing with palliative elderlyLatindexResearch, Society and DevelopmentEstudo descritivo qualitativoVI
06Santos et al. 2019O enfermeiro e os CP prestados ao idoso terminal internado em UTI.LatindexBrazilian Journal of Health ReviewEstudo descritivo qualitativoVI

Quadro 2. Apresentação dos estudos que trataram da humanização na assistência da enfermagem prestada aos idosos na UTI. Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

Conforme pode ser observado no quadro 2, 50% (n=6) dos estudos trataram sobre a humanização da assistência da enfermagem prestada aos idosos. Dentre tais estudos, nota-se que a maioria “66,66%” (n=4) dessa classe discutiram sobre a assistência paliativa.

CódigoobjetivoPrincipais achados
01Comparar as percepções de enfermeiros e pacientes idosos sobre os comportamentos de cuidado dos enfermeiros em UTI de acordo com a teoria do cuidado transpessoal de Watson.O acompanhamento e a avaliação contínua das condutas de cuidado permitiram manifestar seus problemas, de modo que, por sua vez, promoveriam os serviços de cuidado por meio do planejamento de intervenções racionais e da eliminação dos problemas. 
02Identificar os diagnósticos de enfermagem (DE) em idosos hospitalizados numa UTI; categorizar os diagnósticos conforme as dimensões do conforto (Física, Psicoespiritual, Sociocultural e Ambiental) da teoria de Kolcaba.A incorporação de teoria ao processo de enfermagem poderá auxiliar o enfermeiro na identificação e implementação de medidas de conforto em todas as dimensões ao idoso hospitalizado.
03Descrever as evidências publicadas sobre a assistência de enfermagem nos CP em pacientes idosos em UTI.O aumento da prevalência de DCNT e incapacitantes, junto a demanda crescente de idosos que procuram as instituições de saúde e são encaminhados para UTI tem levado a uma maior necessidade de assistência paliativa.
04Categorizar os cuidados de enfermagem, conforme a estratificação de CP da instituição, para respaldar uma assistência segura e humanizada. Trabalhar na UTI com idosos é uma oportunidade ímpar de aprendizado profissional e moral, pois sente-se o valor da humanização e o quão gratificante é contribuir com o alívio às dores do corpo e da alma.
05Analisar estudos sobre a importância da aplicação dos CP com idosos nas UTI.Os CP são uma abordagem que melhora a QV do paciente e de seus familiares, mediante prevenção e alívio do sofrimento, envolvendo a identificação precoce.
06Destacar as possiblidades de atuação do enfermeiro nos CP proporcionados ao idoso terminal internados em UTIOs enfermeiros devem apresentar um atendimento humanizado ao seu paciente, onde precisa respeitá-lo e oferecer apoio a ele e aos seus familiares, usando como estratégia a Sistematização de Assistência de Enfermagem (SAE), levantando os diagnósticos, elaborando o planejamento, implementando os cuidados e avaliando os resultados, pois o que se busca é um fim de vida tranquilo e digno para o enfermo.

Quadro 3. Apresentação dos principais achados nos estudos que trataram da humanização na assistência da enfermagem prestada aos idosos na UTI. Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

No contexto de oferta de uma assistência humanizada aos idosos com doenças terminais na UTI, Pacheco et al. (2022) afirmaram que é necessário oferecer o bem-estar possível do paciente, deve-se prestar uma assistência qualidade mesmo que sua idade e/ou suas morbidades o tenham deixado debilitado a construção de novos pactos, com a aproximação dos conceitos acerca do cuidado integral, humanizado e de qualidade, além da equidade e dos marcos que ocorreram fortemente no processo de reforma do sistema de saúde brasileiro, são essenciais para que tais mudanças possam ocorrer.

Santos et al. (2019), Leite et al. (2020) e Meireles et al. (2020) também realizaram pesquisas no âmbito dos CP em idosos na UTI. Eles afirmaram que o cuidado com o bem-estar, com a amenização da dor e sofrimento são elementos indispensáveis na filosofia dos CP. Este tipo de cuidado inclui a tentativa de respeitar a vontade e dignidade da pessoa até seu suspiro, tal qual a redução dos sintomas físicos, psíquicos e espirituais. Nesta conjuntura, a equipe dos CP deve ser multiprofissional, porém a enfermagem acompanha o paciente terminal por mais tempo, visto que este se torna dependente de seus cuidados.

Assim explica-se que os profissionais de enfermagem assumem responsabilidades com os pacientes idosos e familiares até momento em que é possível manter a QV frente aos CP, partindo dos cuidados físicos, como as refeições diárias até a higienização, além dos suportes psicológicos e emocionais, haja vista que a finalidade dos cuidados é proporcionar o enfrentamento e a solução de problemas identificados por meio da articulação de saberes e práticas com diferenciados graus de complexidade tecnológica, envolvendo diferentes campos do conhecimento, desenvolvendo habilidades e mudanças de atitudes nos profissionais envolvidos (PACHECO et al., 2022).

Além disso, vale ressaltar que é importante respeitar as escolhas do paciente e oferecer apoio não somente a ele, mas também aos seus familiares, usando como estratégia a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), realizando o histórico de enfermagem, levantando os diagnósticos enfermagem, elaborando o planejamento, implementando os cuidados, analisando os resultados e por fim evoluindo o paciente, a fim de assegurar a dignidade no fim da vida, pois os cuidados vão além dos procedimentos técnicos, segundo Leite et al. (2020) e Meireles et al. (2020) tais como ministração de medicamentos, curativos, banhos, entre outros, tendo o foco do seu fazer voltado para o ser e não para a doença, buscando intervir no controle da dor e do sofrimento nas dimensões biopsicossocial e espiritual dos pacientes e seus familiares.

Meireles et al. (2020), por sua vez, afirmaram que em uma equipe devidamente capacitada e comprometida em atuar nos CP, o paciente recebe uma visão holística como um ser humano que tem sentimentos e merece todo respeito, amor, atenção, carinho e conforto na fase final da sua vida.

Enquanto no estudo de Asadi et al. (2023), dissertaram que na UTI os comportamentos de cuidado, que estão associados às dimensões físico-técnicas, têm recebido maior atenção; e que os idosos precisam de atenção e avaliação contínua do quadro clínico. Em tal cena, Cardoso et al. (2020) explicaram que a hospitalização tende a ser uma experiência pouco agradável e pode acentuar a fragilidade do idoso, por deixá-lo suscetível ao sofrimento e desconforto, o que pode prejudicar a sua recuperação. 

A tecnologia dura, representada pelos equipamentos tecnológicos nas UTI são cruciais. Contudo, o cuidado aos pacientes ultrapassa esse aspeto uma vez que deve ser levada em consideração e respeitada a necessidade de conforto do idoso. As medidas de conforto são importantes para o restabelecimento da saúde do idoso hospitalizado. O conforto é uma necessidade básica do ser humano, um resultado fundamental do cuidado de enfermagem, universalmente desejável, relevante em várias taxonomias profissionais e teorias de enfermagem (CARDOSO et al., 2020).

Categoria 2. Estudos que abordaram as dificuldades enfrentadas pelos enfermeiros(as) que trabalham com idosos na UTI.

A segunda categoria de estudos incluídos na pesquisa, representam 50% do corpus do estudo (artigos do 07 ao 12) e estão apresentados no quadro 04 e 05 a seguir:

CódigoAutor principal (Ano)TítuloBase de dadosPeriódicoMétodoN.E.
07Barros et al. 2021Nurse’s role in the prevention of pressure injuries in patients with COVID-19 in the ICULatindexResearch, Society and DevelopmentPesquisa exploratória, descritiva, qualitativaVI
08Batista et al. 2021Assistência de enfermagem ao idoso em UTI cardiológica: percepções do cuidarLatindexRevista eletrônica acervo saúdePesquisa exploratória e descritiva qualitativaII
09Ferreira et al. 2020Reflexões da enfermagem no manejo ao paciente idoso com delirium em UTI.LatindexDisciplinarum Scientia | Saúde,Pesquisa exploratória e descritiva qualitativaVI
10Reis et al. 2023Impacto das trocas de curativos na carga de trabalho de enfermagem em uma UTI.MEDLINEInternational Journal of environmental Resarch and Public Healthestudo observacional retrospectivo e analíticoIV
11Ribeiro et al. 2023Carga de trabalho de enfermagem e requisição das atividades no cuidado de pessoas idosas em UTI.SciELORevista brasileira de geriatria e gerontologiaEstudo transversal estatística descritivaII
12Vieira et al. 2020Prevalência de lesões por fricção (LF) e fatores associados em idosos em UTI.SciELOTexto & contexto enfermagemEstudo transversal e analíticoII

Quadro 4. Apresentação dos estudos que trataram das dificuldades dos enfermagem que trabalham com idosos na UTI. Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

CódigoObjetivoPrincipais achados
07Analisar as evidências científicas disponíveis acerca atuação do enfermeiro no manejo do cuidado e na prevenção de LPP na UTI em paciente com COVID-19A maioria das dificuldades apontadas pelos profissionais da equipe de enfermagem na implementação das etapas essenciais na prevenção de LPP.
08Conhecer a percepção da equipe de enfermagem sobre o cuidado ao paciente idoso cardiopata em UTI.Os enfermeiros Demonstraram perceber seu cuidado prestado como desafiador, porém gratificante.
09Ratificar os fatores de riscos e os cuidados de enfermagem na síndrome delirium nos pacientes idosos, assim como, buscar estratégias de prevenção no âmbito da UTI.Os enfermeiros enfrentam falta do conhecimento da síndrome de delirium nos idosos, consequentemente dificuldade na identificação dos processos fisiopatogênico e neuroquímico. E dificuldades no diagnóstico.
10Compreender como o tipo de troca de curativos (rotineiros ou frequentes) em pacientes internados em UTI influencia a carga de trabalho do enfermeiro.Idade influencia a carga de trabalho de enfermagem; os idosos estão associados a uma maior carga de trabalho de enfermagem.
11Analisar a carga de trabalho e requisição de cuidados de enfermagem de pessoas idosas admitidas na UTI em comparação com adultos.A idade avançada está associada com uma maior carga de trabalho da enfermagem em UTI e maior chance de ocorrência de intervenções, associada à maior gravidade na admissão e maior tempo de internação nos idosos.
12Analisar a prevalência de LF e fatores associados em idosos internados em UTI.A avaliação e classificação da LPP são importantes para instrumentalizar a escolha dos produtos e as ações terapêuticas, em especial nos idosos com hospitalização prolongada que tornam o tratamento mais difícil.

Quadro 5. Apresentação dos principais achados nos estudos que abordaram as dificuldades enfrentadas pelos enfermeiros (as) que trabalham com idosos na UTI. Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

Majoritariamente, observa-se que o trabalho dos (as) enfermeiros (as) ao prestarem assistência aos idosos na UTI é dificultoso, devido a diversos fatores, dentre estes a suscetibilidade de desenvolverem lesões, sejam elas por pressão (LPP) ou por fricção (LF) foi abordado em dois estudos, Vieira et al. (2020) e Barros et al. (2021) dessa categoria (33,33%).

Vieira et al. (2020) explicaram que os idosos são mais propensos a desenvolverem LPP na UTI, devido a idade avançada, presença de comorbidades, fotoenvelhecimento, pele seca e descamativa, uso de corticoides, alterações fisiológicas intrínsecas ao envelhecimento que expõem essa população a essas lesões mais do que qualquer outro grupo de risco por fragilizar a pele. Além do etarismo, a condição clínica também deixa os idosos vulneráveis a traumas. Outros fatores também são apontados como associados à ocorrência de lesões: dependência para realização das atividades básicas de vida diária, comprometimento cognitivo e comportamento agitado.

Barros et al. (2021), por outro lado, dissertaram sobre a dificuldade no trabalho da enfermagem em identificar os fatores da LPP, tais como: problemas na realização de todas as etapas essenciais, desde a admissão do paciente, dentre eles: a falta de recursos materiais e humanos, a superlotação de pacientes; dificuldade de reposicionamento; tempo de internação em unidade crítico prolongado; a falta de capacitação continuada e conhecimento das etapas essenciais para prevenção de LPP.

A sobrecarga da enfermagem devido aos cuidados dos idosos nas UTI, foi relatada por Ribeiro et al. (2023) e Reis et al. (2023), devido a requisição de cuidados na categoria de atividades básicas, associada à maior gravidade na admissão e maior tempo de internação na UTI por essa população em comparação aos adultos. Destaca-se, portanto, que tal sobrecarga produz uma diminuição na taxa de sobrevida dos pacientes, o que, por sua vez, pode ser atribuído ao aumento dos cuidados abaixo do ideal para alguns pacientes.

Corroborando com tais estudos, Batista et al. (2021), apontaram que os idosos demandam maior estabilização clínica, segurança e conforto, para tanto, requer-se um melhor dimensionamento profissional dos (as) enfermeiros (as), apoio da família e equipe multiprofissional para agregar uma maior efetividade à assistência.

Outro desafio enfrentado pela enfermagem foi abordado pelos autores Ferreira et al. (2020) cujo apresentaram sobre as dificuldades na identificação da síndrome de delirium, pela equipe multiprofissional, neste cenário a desorientação e confusão mental, comumente observado aos idosos internados, advêm a sinais sugestivos do delirium, no entanto tendem a passar despercebidos.

Logo, na UTI acontecem erros no diagnóstico do delirium, mas em contrapartida há o crescimento das taxas de permanência hospitalar e morbimortalidade em delirium o reconhecimento dos fatores de risco não modificáveis e de possível intervenção são ferramentais cruciais da prevenção do delirium em idosos a âmbito de UTI. A identificação dos sinais provenientes dos idosos é de suma importância para sua rápida intervenção e diagnóstico, para que sejam propostas condutas aos episódios e fomentadas ações de vigilância contínua (FERREIRA et al., 2020).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O (A) enfermeiro (a) é o profissional que possui maior contato diário com idosos hospitalizados em UTI, na maioria dos casos, devido aos fatores intrínsecos da senescência, senilidade, doenças crônicas, esse segmento populacional está sujeito a um maior tempo de internação, o que demanda mais esforços dos profissionais de saúde, assim como, maior atenção e dedicação, esses aspectos tornam difícil o trabalho assistencial prestado.

A humanização, portanto, torna-se indispensável, diante de todas as vulnerabilidades que os idosos possam ter, bem como, é essencial que o cuidado seja direcionado não somente ao paciente, mas também, toda sua família que o acompanha. O (A) enfermeiro (a) deve usar instrumentos como a SAE para planejar e contemplar uma assistência humanizada com visão holística aos seus respectivos pacientes.

Assim, infere-se a relevância do desenvolvimento de mais estudos como esse, que busquem a pauta de práticas humanizadas pela equipe de enfermagem a população idosa, que está em crescimento não apenas no Brasil, mas a nível mundial.

6. REFERÊNCIAS

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1 Acadêmica do curso de Enfermagem – Universidade Estadual de Goiás (UEG), Unidade Universitária – Itumbiara/GO, e-mail: leticiaueg2020@gmail.com

2 Docente do curso de Enfermagem – Universidade Estadual de Goiás (UEG), Unidade Itumbiara/GO, e-mail: newton.paula@ueg.br