CUIDADOS E ABORDAGEM DE ENFERMAGEM PARA MINIMIZAR SEQUELAS PÓS-PCR EM ÓRGÃOS-ALVO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8419555


Lucas Pereira Fernandes Almeida
Geovana Gomes Cunha


RESUMO

Os cuidados posteriores à parada cardiorrespiratória (PCR) devem ser abrangentes e envolver suporte tanto para o sistema cardiopulmonar quanto para o neurológico. Objetivo: Avaliar de forma sistemática as evidências científicas relativas às condutas de enfermagem do paciente reanimado após um evento de Parada Cardiorrespiratória. Metodologia: Este estudo corresponde a uma revisão integrativa da literatura, uma abordagem que envolve uma análise abrangente dos estudos disponíveis em bases de dados, contribuindo assim para uma síntese mais completa e para a obtenção de resultados de pesquisa mais robustos. Resultados: Esta revisão enfatiza a relevância dos cuidados de enfermagem no período pós-reanimação cardiopulmonar (RCP) para reduzir sequelas e complicações. Os cuidados mencionados abrangem a hipotermia terapêutica, monitorização contínua, suporte à ventilação e circulação, avaliação neurológica, controle da temperatura e investigação da causa subjacente. No entanto, a revisão enfrentou limitações devido à escassez de artigos na literatura e restrições de tempo. Ainda assim, contribui ao preencher uma lacuna na literatura e enfatiza a importância de pesquisas contínuas nessa área, visando aprimorar a qualidade dos cuidados de enfermagem. Considerações Finais: Por meio desta análise crítica da literatura, tornou-se evidente a significância dos cuidados de enfermagem direcionados aos pacientes após uma reanimação cardiopulmonar, bem como seu papel essencial na redução de sequelas e potenciais complicações associadas a essa situação clínica.

Palavras-Chave: Enfermagem; Cuidados Pós-Parada Cardiorrespiratória; Hipotermia Terapêutica.

ABSTRACT

Post-cardiac arrest (CPA) care should be comprehensive and involve support for both the cardiopulmonary and neurological systems. Objective: To systematically evaluate the scientific evidence related to the nursing conducts of resuscitated patients after a Cardiopulmonary Arrest event. Methodology: This study corresponds to an integrative literature review, an approach that involves a comprehensive analysis of available studies in databases, thus contributing to a more complete synthesis and to obtaining more robust research results. Results: This review emphasizes the relevance of nursing care in the post- cardiopulmonary resuscitation (CPR) period to reduce sequelae and complications. The care mentioned includes therapeutic hypothermia, continuous monitoring, ventilation and circulation support, neurological evaluation, temperature control and investigation of the underlying cause. However, the review faced limitations due to the scarcity of articles in the literature and time constraints. Even so, it contributes by filling a gap in the literature and emphasizes the importance of continuous research in this area, aiming to improve the quality of nursing care. Final Considerations: Through this critical analysis of the literature, the significance of nursing care directed to patients after cardiopulmonary resuscitation, as well as its essential role in reducing sequelae and potential complications associated with this clinical situation, became evident.

Keywords: Nursing; Post Cardiopulmonary Arrest Care; Therapeutic Hypothermia.

1. INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos o Brasil vem traçando um perfil epidemiológico evidente no quesito doenças crônico, os hábitos inapropriados instigam ainda mais o surgimento de distúrbios cardiovasculares, principalmente. De acordo com pesquisas da SBC – (Sociedade Brasileira de Cardiologia) em 2021, analisando bancos de dados do SUS e GBD – (Global Burden of Disease), as Doenças Cardiovasculares são a causa número 1 de morte no Brasil, estimada em 6,1% da população com um índice exponencial desde 1990. O agravamento do quadro clínico dessas doenças pode levar a complicações severas, como por exemplo, a parada cardiorrespiratória (PCR).

Conforme informações compartilhadas pelo especialista Aehlert, a Parada Cardiorrespiratória (PCR) caracteriza-se pela interrupção súbita e prolongada das funções cardíacas, levando à suspensão da circulação sanguínea. Isso resulta em perda de consciência, ausência de pulsações palpáveis, apneia e insensibilidade a estímulos. Importa destacar que a PCR apresenta diferentes manifestações, incluindo Fibrilação Ventricular (FV), Taquicardia Ventricular Sem Pulso (TVSP), Atividade Elétrica Sem Pulso (AESP) e Assistolia. (Research, Society and Development, 2020, p.3).

Sendo ela compreendida por uma instância emergencial multicausal de grande complexidade e com altos índices epidemiológicos de morbimortalidade no Brasil. Diante desse cenário é evidente que a PCR está associada a uma considerável morbimortalidade, e o sucesso da reanimação cardiopulmonar (RCP) depende de um sistema de atendimento eficaz. Nesse contexto, a American Heart Association (AHA) desenvolveu uma abordagem protocolizada baseada em evidências científicas de diversos estudos internacionais, delineando seus algoritmos de assistência. A AHA elaborou cadeias de sobrevivência tanto para a PCR extra-hospitalar (PCREH) quanto para a intra-hospitalar (PRCIH), incorporando recomendações para profissionais de saúde e leigos. Tais diretrizes, de acordo com as Guidelines da AHA de 2020 (p.14-15), são de extrema importância para garantir uma resposta assistencial ágil à vítima, aumentando as chances de sobrevivência e minimizando possíveis sequelas futuras.

O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem (CEPE) foi atualizado pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) em 2017. Nessa revisão, estabeleceu-se que a enfermagem conduz suas ações e intervenções de forma autônoma ou em colaboração com outros profissionais do setor. Isso resulta em duas vertentes da prática de enfermagem no contexto assistencial: a autonomia e a colaboração. A dimensão colaborativa representa a cooperação e trabalho conjunto entre o enfermeiro e a equipe como membros integrantes da equipe de saúde. ( Luiz, George, 2020, p.2). Com isso, tal prática dialoga com outros saberes, fazendo nexo a uma equipe multiprofissional compartilhando conhecimentos técnico- científicos, cuja centralidade está nas necessidades de saúde dos usuários. A enfermagem ao longo da história vem mostrando seu empoderamento na linha de frente quando diz respeito ao plano assistencial, sendo ela uma ciência humana prática, cujo saber é fruto de uma racionalidade prático-reflexiva, resultante da clínica, ao ser sistematizado se constitui em saber próprio disciplinar (Luiz, George, 2020, p.2). Posto isto, durante toda a trajetória hospitalar, o enfermeiro se depara com dilemas éticos e legais envolvidos às suas responsabilidades profissionais com uma visão turva e dicotômica entre atividades autônomas e colaborativas, sendo um empecilho para um cuidado eficiente. Em contrapartida, adotando a SAE como uma ferramenta para melhoria da assistência e fortificação de atividades autônomas de enfermagem obtém-se a desmistificação da ideia de que a prática de enfermagem é apenas baseada em atividades colaborativas.

Quando mencionamos uma assistência sistematizada damos ênfase à SAE – (Sistematização da Assistência de Enfermagem) o seu escopo é regulamentado pela Lei do Exercício Profissional do Enfermeiro tendo em sua fundamentação o processo de enfermagem. Esse processo tem uma abordagem piramidal sendo constituído por etapas distintas mas que se comunicam, constitui-se o processo de enfermagem das seguintes etapas: o histórico de enfermagem, o diagnóstico, o planejamento, a implementação e a avaliação de enfermagem.

Entende-se por diagnóstico de enfermagem segundo o (NANDA International – North American Nursing Diagnosis Association, 2021-2023, ed 12º) como um julgamento clínico sobre uma resposta humana a condições de saúde/processos da vida, ou uma vulnerabilidade a tal resposta, de um indivíduo, uma família, um grupo ou uma comunidade. Os diagnósticos são agrupados e recebem nomenclaturas específicas que refletem basicamente em quatro condições: atuais, de risco, de bem-estar e de promoção da saúde. Estes diagnósticos geram intervenções de enfermagem e resultados a serem alcançados.

As intervenções e resultados esperados respectivamente são embasados em literaturas como NIC – (Nursing Interventions Classification) e NOC – (Nursing Outcomes Classification), sendo elas de suma importância para que em conjunto com a NANDA traçe o processo de enfermagem, com isso, as práticas seguem uma linha científica pautada em estudos e evidências e não de forma empírica. Nesse sentido, podemos dizer que os cuidados ao paciente vítima de PCR seguem esse fundamento, com uma abordagem mais minuciosa após esse evento podemos minimizar agravos desse quadro resguardando o cliente de maiores sequelas decorrentes desse processo. Segundo Oliveira e Antoniette (2021) , a sobrevivência do paciente após parada cardiorrespiratória (PCR) é determinada pelo retorno da circulação espontânea (RCE). Nesse contexto, é de suma importância que os cuidados pós-PCR sejam iniciados imediatamente. Essas medidas devem fundamentar-se na avaliação neurológica, no atendimento às metas hemodinâmicas e no controle da temperatura (p.5).

Podemos inferir que a principal sequela decorrente da PCR é o dano cerebral por hipóxia – (diminuição considerável da saturação de oxigênio em níveis lesivos). Dessa forma, o tratamento após o paciente ser reanimado destina-se a preservar as funções orgânicas (em particular a cerebral), evitando a progressão da lesão e mantendo adequada a pressão de perfusão nos diversos territórios vasculares. Esta estratégia é complementar da abordagem diagnóstica e terapêutica da causa da PCR e de potenciais complicações – (Carlos, João, 2008, p.191).

A assistência de enfermagem qualificada é de suma importância para prevenir e tratar as possíveis complicações de um paciente após uma PCR, de forma que a plena execução de suas funções corrobora para uma melhora significativa do seu quadro clínico. Ao longo dessa pauta analisaremos de forma sistemática as evidências científicas relativas às condutas de enfermagem do paciente reanimado após um evento de Parada Cardiorrespiratória.

2. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de revisão da literatura do tipo bibliográfica integrativa, descritiva e retrospectiva com fontes de informação bibliográfica e análise qualitativa e quantitativa.

A revisão da literatura ou bibliográfica tem como objetivo fazer um levantamento do conhecimento disponível na área, identificando as teorias produzidas, analisando-as e avaliando sua contribuição para compreender ou explicar o problema objeto da investigação. É por meio da revisão ampla da literatura científica que o pesquisador passará a conhecer a respeito de quem escreveu o que já foi publicado, quais aspectos foram abordados e as dúvidas sobre o tema ou sobre a questão da pesquisa proposta (FONTELLES et al. 2009; MALHEIROS S/A).

A pesquisa descritiva tem como objetivo apenas a observar, registrar e descrever as características de um determinado fenômeno ocorrido em uma amostra ou população, sem, no entanto, analisar o mérito de seu conteúdo (FONTELLES et al. 2009) . Desse modo, no presente estudo o cunho descritivo será apenas para observar, registrar e descrever as características dos estudos encontrados na literatura científica.

O Estudo será retrospectivo devido, pois é desenhado para explorar fatos do passado, ou seja, pode-se delinear para retornar, do momento atual até um determinado ponto no passado, há vários anos. Assim, o presente estudo buscará artigos dos últimos quinze anos para compor a amostra.

A análise de cunho qualitativo se deve ao fato que o estudo de pesquisa é apropriado para quem busca o entendimento de fenômenos complexos específicos, em profundidade. Assim o pesquisador busca entender o fenômeno em estudo, seja ele de natureza social e cultural, mediante descrições, interpretações e comparações, sem considerar os seus aspectos numéricos em termos de regras matemáticas e estatísticas (FONTELLES et al. 2009).

Serão adotadas para a realização desta pesquisa as seguintes etapas: Formulação de uma questão norteadora de pesquisa; busca na literatura para identificar o tema escolhido; seleção dos estudos/artigos a serem incluídos na revisão; avaliação da literatura e análise e síntese dos dados.

A busca na literatura compreendeu o período de 2009-2023, mediante levantamento nas seguintes bases de dados: BDENF – Banco de dados em enfermagem; LILACS – Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde e MEDLINE – Medical Literature Analysis and Retrievel System Online.

Serão utilizados os descritores do DeCS, para a realização da busca dos artigos que compõem a amostra do estudo, a seguir: Cuidados de Enfermagem (E 02.760.611/ N02.421.533); Parada Cardiorrespiratória ( C14.280.383); Enfermagem (H02.478/N04.452.758.377/SH1.020.020.040.030); Síndrome Pós-Parada Cardíaca (C10.228.140.199.850/C14.280.778/C14.907.725.638/C23.550.767.877.625); Terapia Intensiva (E02.760.190/N02.421.585.190); Hipotermia Induzida (E02.258.750).

Quadro 1 – Estratégia de busca nas bases de dados BVS – (Biblioteca Virtual de saúde). Distrito Federal, Brasília, Brasil, 2023.

Base de DadosEstratégia de Busca/DescritoresEncontradosSelecionados
LILACS/BDENF(tw: (cuidados)) AND (tw:(parada cardiorrespiratória)) AND (tw:(enfermagem))9006
LILACS(tw: (pós-parada cardiorrespiratória)) AND (tw: (terapia intensiva))1502
LILACS/MEDLINE(tw: (hipotermia terapêutica)) AND (tw: (parada cardíaca))3805
Total14313

Fonte: Elaborado Pelos Autores, 2023.

Para a Seleção dos estudos/artigos para compor a amostra do estudo, serão adotados como critérios de inclusão: todos os artigos científicos disponíveis na íntegra on-line nas bases de dados supracitadas; artigos em português e inglês; e artigos que utilizarem alguns dos descritores que foram utilizados nesta pesquisa. Já como critérios de exclusão foram adotados: relatos de casos; documentos oficiais e não oficiais; capítulos de livros; teses; dissertações; notícias editoriais; sites e textos não científicos.

Em seguida os resultados obtidos pela busca nos bancos de dados e obedecendo a rigorosa e criteriosamente aos critérios aqui estabelecidos tanto de inclusão como de exclusão, será realizada uma exaustiva leitura dos artigos, no intuito de verificar a sua adequação às questões norteadoras, com o intuito de fazer uma avaliação da literatura encontrada (Figura1).

Figura 1: Fluxograma de Seleção dos Artigos.

Fonte: Elaborado pelos Autores, 2023.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi identificado um total de 143 artigos que abordam o tema em questão. Dentre esses, uma seleção diligente e analítica foi conduzida mediante exame minucioso, resultando na exclusão de 130 artigos, restando somente 13 que atenderam aos critérios de inclusão predefinidos. Destes, uma análise aprofundada permitiu a identificação de 01 artigo na BDENF, 06 artigos na LILACS, 01 artigo na MEDLINE e 05 artigos na LILACS/BDENF.

Através desse minucioso processo de seleção de artigos, destaca-se a relevância da assistência de enfermagem nos cuidados prestados aos pacientes após um episódio de parada cardiorrespiratória (PCR). Como tal, a discussão se pauta nos seguintes elementos extraídos dos 13 artigos selecionados, os quais servirão de base para o desenvolvimento da problemática e a apresentação dos resultados: nome da publicação, autor e ano, avaliação de qualidade (qualis), título, escopo/metodologia e desdobramentos, todos dispostos no quadro em destaque.

Quadro 2 – Estratégia de análise dos artigos filtrados pelo fluxo de seleção. Distrito Federal, Brasília, Brasil, 2023.

RevistaAutor/AnoQualisTítuloObjetivo/MetodologiaResultado
Enfermag em em FocoLisiane van Ommere n Corrêa / 2018B1Hipotermia Terapêutica: Efeitos Adversos, Complicações e Cuidados de Enfermagem.O objetivo da pesquisa é conhecer os efeitos adversos e complicações vivenciadas pela equipe de saúde e conhecer os cuidados de enfermagem realizados durante a aplicação da hipotermia terapêutica. Adotando uma metodologia baseada em uma abordagem qualitativa, realizada em 2014, mediante entrevistas semiestruturadas com trabalhadores da saúde de Unidades de Terapia Intensiva de dois hospitais do extremo sul do Brasil, em que é aplicada a hipotermia terapêutica pós-parada cardiorrespiratória. Utilizou- se a análise textual discursiva.Hipotermia Terapêutica (HT) abaixo de 32ºC causou queimaduras de gelo direto na pele dos pacientes.
Cuidados positivos na HT: Usar gelo sobre lençol para prevenir queimaduras cutâneas; Focar gelo no tronco, evitar gangrena de extremidades; Controlar temperatura via “Termômetro Esofágico” para órgãos; Monitorar FC para identificar algias; Instalar dispositivos (SVD, SNG, termômetro esofágico, PAM, BIS, Oxímetro) para funções vitais; Dieta liberada após 24 horas.
Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundame ntalDiego Bruno Santos Pinheiro / 2018B2Parada cardiorrespirat ória: vigilância, prevenção e cuidados após PCRForam reunidas produções científicas acerca de ações de vigilânci a, prevenção e cuidados de enfermagem na pós-PCR. Utilizado o método de pesquisa bibliográfica nas bases de dados selecionadas LILACS e MEDLINE.1)Após a RCP, o prognóstico pode ser aprimorado com HT de 32ºC a 34ºC e redução da fração inspirada de oxigênio para atingir saturação arterial de oxigênio de 94%, melhorando a perfusão cerebral.
Revista de Enfermag em UFPENayara da Lilva Lisboa / 2016B1Avaliação do conhecimento dos enfermeiros sobre os cuidados Pós- Parada Cardiorrespira tória.
Avaliou-se o conhecimento de enfermeiros nas emergências de hospitais públicos sobre os cuidados pós-parada cardiorrespiratória. O estudo usou metodologia descritiva e quantitativa, envolvendo enfermeiros de cinco pronto- socorros no Distrito Federal. Os dados foram coletados por questionário, analisados estatisticamente.
1)Enfermeiros do SAMU tiveram melhor desempenho devido a mais cursos de atualização em PCR, destacando o impacto positivo do treinamento no conhecimento. Incentivar preparo profissional reduz risco de morbimortalidade após PCR.
REE – Revista Eletrônica de Enfermag emDaiana Terra Nacer / 2015A3Sobrevivência a parada cardiorrespirat ória intra- hospitalar: revisão integrativa da literaturaIdentificar as evidências disponíveis na literatura sobre a sobrevivência à PCR intra- hospitalar. Elaborando uma metodologia pautada nas diretrizes de uma revisão integrativa.1)Resultados apontam lacuna de conhecimento e pesquisa nacional sobre o tema, destacando necessidade de mais estudos, especialmente sobre PCR intra-hospitalar. Aperfeiçoar sobrevida requer pesquisas abrangentes, detalhando fatores de sucesso para otimizar cuidados e resultados em tempo reduzido.
Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundame ntalMaria Caroline Waldrig ues / 2014B2Complicações da hipotermia terapêutica: diagnósticos e intervenções de enfermagemIdentificar os diagnósticos d e enfermagem, segundo a NANDA, mediante as comp licações potenciais dos pacientes submetidos à Hipotermia Terapêutica Pós- Parada Cardiorrespiratória e propor as intervenções de enfermagem , conforme a Classificação de Intervenções de Enferma gem (NIC).Identificados 8 diagnósticos de enfermagem e intervenções relacionadas a complicações da HT, integrando reflexão crítica e tomada de decisão na assistência.
Resultados realçaram carência de estudos, criando lacunas e conflitos literários nesse campo.
Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundame ntalThatiane Pinheiro Costa / 2014B2Correlação entre o algoritmo de cuidados pós- parada cardiorrespirat ória e a classificação das intervenções de enfermagem (NIC)Correlacionar o algoritmo de cuidados pós-PCR da American Heart Association (AHA) ao sistema de classificação sugerido pela Nursing Interventions Classification (NIC) e suas consequentes atividades de Enfermagem.Intervenções nas primeiras 24 horas tiveram melhores resultados que intervenções tardias.
Comparação entre algoritmos AHA e NIC confirmou veracidade da NIC, ampliando julgamento clínico.
Intervenções incluíram hipotermia induzida, avaliação gasométrica, monitoramento de terapia intravenosa, ingesta/eliminação alimentar e balanço hídrico, visando equilíbrio fisiológico.
Revista Brasileira de Terapia IntensivaTatiana Helena Rech / 2010B1Hipotermia terapêutica em pacientes pós- parada cardiorrespirat ória: mecanismos de ação e desenvolvime nto de protocolo assistencialNosso objetivo é revisar aspectos referentes aos mecanismos de ação da hipotermia e seus efeitos em pacientes críticos reanimados pós- parada cardiorrespiratória e contribuir para construção de um protocolo assistencial simples e eficaz, que possa ser implantado em qualquer unidade de terapia intensiva.
Estudo em 9 hospitais europeus com 273 sobreviventes pós-PCR revelou HT leve (32-34ºC) por 24 horas, usando gelo e mantas térmicas, favorecendo neuroproteção.
Comparação entre normotérmicos e HT: sobrevivência sem sequelas foi 49% com HT versus 26% sem.
Estudo delineou perfil da HT com 4 fases: seleção dos pacientes, indução (32-34ºC), manutenção (32- 34ºC por 24h) e reaquecimento (0,2- 0,4ºC/hora até 35-37ºC). Recomendação de HT pós-PCR com coma, exceto as particularidades.
Revista Brasileira de Terapia IntensivaCecilia Gómez Ravetti / 2009B1Estudo de pacientes reanimados pós-parada cardiorrespirat ória intra e extra- hospitalar submetidos à hipotermia terapêuticaConhecer as características dos pacientes submetidos a um protocolo operacional padrão institucional de atendimento a pacientes reanimados após episódio de parada cardiorrespiratória incluindo a aplicação de hipotermia terapêutica.
Todos os casos tiveram hipotermia terapêutica. Idade média 63 anos, maioria homens.
Protocolo baseado em POP-M- UTI-032 de 2007: Colchão térmico com sensor esofágico; Sedação (midazolam e fentanil) e curarização; Meta de 32-34ºC, usando solução fria, gelo e colchão térmico; IV) Monitorização invasiva e exames; Cateter venoso central, vasopressores; Manutenção por 12-24h; Reaquecimento gradual; Bloqueadores neuromusculares, antitérmicos.
3)Protocolo e abordagem multidisciplinar mostraram benefícios em pacientes pós-PCR.
Revista Brasileira de Terapia IntensivaCristina Granja/2 016B1Desfecho neurológico após parada cardíaca: problemas frios e sombriosAnálise do estudo de Kim e Leão , sendo que a pesquisa de Kim é diferente do estudo de Leão, já que a primeira é composta apenas de pacientes que tiveram parada cardiorrespiratória em ambiente pré-hospitalar, e a segunda engloba pacientes com parada cardiorrespiratória extra e intra-hospitalar
Segundo Nielsen et al., estudo indica que normotermia (36°C) e hipotermia (33°C) resultam em semelhante mortalidade, sequelas neurológicas e qualidade de vida.
No mesmo estudo, não há superioridade da hipotermia sobre a normotermia; porém, apontam duas barreiras para indução de hipotermia após parada cardíaca.
Primeiro, uso de solução salina gelada para indução de hipotermia possui alto risco de edema pulmonar, prejudicial em pacientes com insuficiência cardíaca e renal.
Segundo, hipotermia traz complicações como distúrbios eletrolíticos e aumento do risco de infecção.
Revista Brasileira de Terapia IntensivaChristia n Storm/2 014B1O uso de hipotermia e desfechos após ressuscitação cardiopulmon arA última atualização das diretrizes internacionais para ressuscitação, ralizada em 2010, enfatizou os benefícios da hipotermia para quase todos os pacientes após parada cardíaca que continuem comatosos depois de retornar da circulação espontânea (ROSC, sigla do inglês return of spontaneous circulation). Muitos dados foram publicados, demonstrando benefício significativo para o desfecho neurológico na prática clínica também em grandes estudos.
Com hipotermia terapêutica leve, reduzimos o coma prolongado pós- parada cardíaca para 50%, com pacientes saindo com resultados positivos.
Resultados do estudo HT são neutros; não há motivo para cessar HT e evitar hipertermia após parada cardíaca.


Revista Brasileira de Terapia Intensiva


Ana Abreu/2 011


B1


Papel neuroprotetor da hipotermia terapêutica pós-paragem cardiorrespirat ória


A hipotermia terapêutica demonstrou ter efeitos neuros e cardioprotetores, com melhoria da sobrevida e redução das sequelas neurológicas em doentes vítimas de paragem cardio- respiratória. O objectivo deste estudo foi avaliar a evolução dos doentes submetidos a hipotermia terapêutica após paragem cardio- -respiratória

O estudo demonstrou simplicidade, eficácia e recuperação neurológica em pacientes sobreviventes, adequado para UTI.
Recuperação neurológica completa: 41,6% em todos os pacientes, 71,4% em sobreviventes.
Pacientes mais jovens e com menos comorbidades tiveram boa recuperação neurológica após hipotermia terapêutica .
Revista Brasileira de Terapia IntensivaTatiana Helena Rech/20 10B1Hipotermia terapêutica em pacientes pós- parada cardiorrespirat ória: mecanismos de ação e desenvolvime nto de protocolo assistencialObjetivo é revisar aspectos referentes aos mecanismos de ação da hipotermia e seus efeitos em pacientes críticos reanimados pós- parada cardiorrespiratória e propor um protocolo assistencial simples, que possa ser implantado em qualquer unidade de terapia intensiva.
Hipotermia reduz permeabilidade vascular, minimizando edema cerebral.
Mecanismo neuroprotetor: hipotermia induz anticoagulação abaixo de 35°C, inibindo coagulação que contribui para lesão isquemia- reperfusão.
Hipotermia leve modula processos celulares, como redução de estresse oxidativo, liberação excitatória, necrose e apoptose. Estudo observacional em 4.444 pacientes pós-PCR mostra melhores desfechos neurológicos e menor tempo na UTI com hipotermia.



Revista Brasileira de Terapia Intensiva



Gilson Soares Feitosa- Filho/20 09



B1
Hipotermia terapêutica pós- reanimação cardiorrespirat ória: evidências e aspectos práticosA hipotermia terapêutica (HT) é uma redução controlada da temperatura central dos pacientes com objetivos terapêuticos pré- definidos. Este tratamento vem sendo usado há mais de 50 anos em cirurgias cardíacas(1) e, mais recentemente, em cirurgias neurológicas.Pacientes hospitalizados pós- parada cardíaca externa frequentemente sofrem de neuropatia, anoxia grave e alta mortalidade. Estudos experimentais recentes indicam que a hipotermia terapêutica pode aliviar essa neuropatia após anoxia sistêmica grave.
Estudo prospectivo por Storm C. et al. mostrou que a hipotermia reduz estadias em UTI e ventilação, e melhorou resultados neurológicos até 1 ano. No entanto, falta suporte para o uso de hipotermia em outros tipos de PCR ou PCR intra-hospitalar, limitando a certeza dos benefícios nesses casos.

Fonte: Elaborado pelos Autores, 2023.

Os cuidados de enfermagem após uma parada cardiorrespiratória (PCR) são cruciais para a recuperação do paciente. De acordo com um estudo na “American Journal of Critical Care” (2019), a abordagem de enfermagem nessa fase é essencial para otimizar resultados, prevenindo complicações, identificando disfunções orgânicas precocemente e criando um ambiente de apoio à reabilitação. Esses cuidados envolvem monitorização contínua, suporte à respiração e circulação, avaliação neurológica, controle da temperatura e equilíbrio de fluidos, instalação de dispositivos médicos (SVD, SNG, Termômetro Esofágico, BIS e Oximetria), além de investigação da causa subjacente. Uma abordagem multidisciplinar é crucial para adaptar o cuidado às necessidades individuais do paciente. (Lisiane Ommeren et al., 2018; AHA et al., 2020).

Conforme demonstrado por investigação científica, tal como delineado no escopo deste estudo, observa-se um acentuado foco de interesse no âmbito do controle térmico subsequente ao RCE (retorno da circulação espontânea). A regulação da temperatura é extensivamente registrada na literatura como uma modalidade terapêutica denotada como “Hipotermia Terapêutica”. A afirmativa de Christian Storm, em 2014, concernente à implementação da hipotermia terapêutica leve, é favorável e reflete a significativa relevância dessa abordagem no tratamento após parada cardíaca. A redução da duração do coma em 50% e a obtenção de resultados positivos nos pacientes são resultados altamente encorajadores. A hipotermia terapêutica tem sido amplamente investigada e demonstrou ser eficaz na proteção cerebral após parada cardíaca, reduzindo o risco de lesões cerebrais e aprimorando as perspectivas de recuperação. Esta estratégia é uma prática clínica recomendada, e sua implementação bem-sucedida é de fundamental importância para a melhoria dos desfechos dos pacientes após uma parada cardíaca.

Consoante aos objetivos delineados por Tatiana Helena em 2010, para a consecução bem-sucedida de hipotermia terapêutica (HT), identificou-se a necessidade de estabelecer um protocolo que padronizasse e embasasse a assistência em achados científicos. Nesse sentido, ela delineou um perfil de aplicação da HT em quatro fases distintas: seleção dos pacientes, indução (com temperatura alvo entre 32-34ºC), manutenção (por 24 horas na faixa de 32- 34ºC) e reaquecimento (com taxa de 0,2-0,4ºC/hora até atingir 35-37ºC). A validade do seu protocolo é corroborada pela concordância com pesquisas de outros autores. Por exemplo, Tatiane Costa em 2014 enfatizou que a aplicação da HT deveria ser iniciada nas primeiras 24 horas após o evento. Além disso, os estudos de Diego Bruno em 2018 e Cecília Ravetti em 2009 estabeleceram o limiar de temperatura entre 32º-34ºC como o mais adequado para alcançar resultados positivos. Quanto ao reaquecimento, a pesquisa de Cecília Ravetti também abordou esse parâmetro, apontando para a importância da gradatividade na elevação da temperatura, embora não tenha detalhado o procedimento de forma tão explícita quanto o protocolo de Tatiana Helena.

Diversos estudos detalham a metodologia de indução da hipotermia terapêutica (HT), permitindo a comparação de sua aplicabilidade e a identificação de potenciais complicações quando realizada de maneira inadequada. Conforme o estudo conduzido por Lisiane Ommeren em 2018, uma abordagem para induzir a HT envolve a aplicação de gelo sobre lençóis, com foco preferencialmente no tronco do paciente. Essa abordagem é recomendada, pois a aplicação direta de gelo na pele e em regiões periféricas pode resultar em efeitos adversos, como queimaduras e gangrenas em extremidades. Por outro lado, Cecília Ravetti propõe o uso de infusão de solução salina fisiológica a 0,9% a baixa temperatura, juntamente com o uso de colchões térmicos. Cristina Granja, em 2016, enfatiza a necessidade de uma avaliação holística do paciente e das contraindicações relacionadas ao uso excessivo da solução, destacando o alto risco de desenvolvimento de edema agudo de pulmão em pacientes com insuficiência cardíaca e renal. Essas diferentes abordagens e considerações ilustram a complexidade da indução da HT e a importância de sua realização com cautela e sob supervisão clínica adequada.

Dados estatísticos, como evidenciados em diversos artigos, robustecem de maneira substancial os benefícios proporcionados pela hipotermia terapêutica (HT), resultando em uma significativa redução da mortalidade e das sequelas em órgãos-alvo. Um levantamento realizado por Abreu em 2011 exemplifica esse impacto, onde aproximadamente 71,4% dos pacientes alcançaram uma recuperação neurológica completa. O estudo também destaca um fator que contribui para a melhoria do prognóstico, identificando que a HT se sobressai em pacientes jovens com poucas comorbidades, em comparação a outros grupos populacionais. Em 2010, Tatiana Rech realizou uma análise abrangente envolvendo 4.444 pacientes submetidos à hipotermia terapêutica (HT), concluindo sobre a validade dos benefícios proporcionados por essa abordagem. Seu estudo evidenciou a capacidade da HT em inibir a coagulação e a permeabilidade vascular, minimizando lesões isquêmicas e o edema cerebral. Além disso, a mesma autora conduziu outra pesquisa no mesmo ano, na qual comparou as taxas de sobrevivência entre pacientes submetidos à HT e aqueles que não passaram por esse procedimento. Nesse contexto, observou-se que os pacientes submetidos à HT apresentaram uma taxa de sobrevivência de aproximadamente 49%, em contraste com os demais, que registraram uma taxa de sobrevivência de 26%.

Em contrapartida, o levantamento conduzido por Cristina Granja em 2016 apresenta uma perspectiva conflitante em relação a vários outros estudos que favorecem a utilização da hipotermia terapêutica (HT). Este estudo aponta a falta de superioridade da HT em relação à normotermia (36ºC), resultando em taxas semelhantes de mortalidade e sequelas neurológicas. Além disso, ressalta a ocorrência de efeitos adversos, como distúrbios eletrolíticos e um aumento do risco de infecções associadas à HT. É importante observar que, ao longo desta revisão documental randomizada, não foram encontrados estudos que desfavorecem completamente a HT, mas sim artigos que abordam possíveis complicações e efeitos adversos quando a HT é aplicada de maneira inadequada.

Diante do exposto supracitado, é importante mencionar que a aplicação eficaz da hipotermia terapêutica (HT) tem sido questionada em várias pesquisas, que abordaram diversas perspectivas desse problema. Os estudos conduzidos por Maria Waldrigues em 2014 e Daina Terra em 2015 identificaram lacunas no conhecimento e na pesquisa nacional relacionada a essa temática, além de destacarem conflitos literários em torno da terapia. Essas descobertas são corroboradas por Nayara Lisboa, que sugere a oferta de cursos de atualização em ressuscitação cardiopulmonar (RCP) podendo aprimorar a preparação dos profissionais de saúde e estimular o aumento do conhecimento, reduzindo, assim, o risco de morbimortalidade em pacientes após parada cardiorrespiratória (PCR). Com base nessas constatações, é possível inferir que existe uma carência de evidências científicas robustas nesse campo, o que dificulta a criação de protocolos sólidos e padronizados para a assistência em HT.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta revisão ressalta a relevância dos cuidados de enfermagem destinados aos pacientes após a reanimação cardiopulmonar (RCP) e seu impacto na redução de sequelas e possíveis complicações decorrentes desse cenário crítico. Dentre os cuidados amplamente abordados nas pesquisas, incluem-se a aplicação da hipotermia terapêutica, a monitorização contínua dos sinais vitais, o suporte à ventilação e circulação, a avaliação neurológica, o controle da temperatura e do balanço hídrico, bem como a colocação de dispositivos médicos (como SVD, SNG, Termômetro Esofágico, BIS e Oximetria), além da investigação da causa subjacente da parada cardiorrespiratória.

É importante ressaltar que este estudo enfrentou limitações devido à escassez de artigos disponíveis na literatura. A quantidade insuficiente de publicações abordando a temática dentro do período estabelecido pelos autores limitou a amplitude da discussão nesta revisão. Além disso, os artigos que abordavam outros aspectos dos cuidados prestados aos pacientes após RCP eram restritos ao período de quinze anos definido pelos autores.

Apesar dessas limitações, este estudo é valioso, pois compila as pesquisas mais recentes sobre os cuidados pós-parada cardiorrespiratória, preenchendo uma lacuna importante na literatura. Ressalta-se a necessidade contínua de realizar pesquisas nesse campo, uma vez que os cuidados pós-RCP representam uma área de assistência em saúde que requer aprimoramento constante. Apesar das restrições mencionadas, esta revisão conseguiu cumprir seu objetivo de descrever as principais pesquisas recentes sobre os cuidados pós- parada cardiorrespiratória e analisá-las de acordo com as novas diretrizes da American Heart Association em Cardiologia, contribuindo significativamente para o campo de urgência e emergência.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Orientador (a): Prof. Esp; Mestre Lorena Campos Santos BRASÍLIA/DF 2023.