REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8423771
Luciana Tavares Alves1, Eunara Eugênia Lopes Lima2, Aldenize Pimentel de Souza3,Kaline Vanessa da silva4, Bruno Oliveira da Silva5 ,Aline Cristina dos Santos6, Jucilene Guimaraes Nogueira7, Marttem Costa de Santana8, Luciano Rebelo Rocha9, Silvania Andrea da Silva10, Vangra Souza de Lima11, Ana Paula da Penha Alves12, Fabiana de Oliveira Santiago13, Dilma Maria dos Santos14, Tatiane Lins da Silva15, Frede Henrique Barros de Souza16, Anna Cláudia Luna Lima Corrêa17
RESUMO
A Lesão por Pressão é uma condição na qual os tecidos moles ou proeminências ósseas podem desenvolver lesões devido à aplicação prolongada de pressão, fricção ou cisalhamento sobre a superfície da pele. A gravidade da Lesão por Pressão varia de acordo com a resistência dos tecidos afetados. Ela é classificada em quatro categorias: I – hiperemia e não branqueável; II – ruptura parcial da pele; III – perda total da espessura da pele; e IV – perda de tecido que pode expor músculos, tendões ou ossos. O presente trabalho consiste em uma revisão de literatura do tipo integrativa, no qual tem como objetivo discorrer acerca dos cuidados de enfermagem na lesão por pressão em pacientes acamados, no intuito de ampliar os conhecimentos dos estudantes, profissionais da área e cuidadores acerca do tema. Trata-se de uma revisão integrativa, na qual foi realizada uma pesquisa bibliográfica, nas bases de dados da Biblioteca Virtual da Saúde. Para garantir um cuidado eficaz, a prescrição de enfermagem deve incluir estratégias para a implementação de um plano detalhado destinado a pacientes acamados que apresentam ou têm risco de desenvolver Lesão por Pressão. É vital promover a colaboração entre a equipe multidisciplinar e a equipe de enfermagem para prevenir e reduzir as Lesões por Pressão em pacientes acamados. Um dos cuidados essenciais recomendados é a proteção das proeminências ósseas e a realização da mudança de decúbito a cada 2 horas.
PALAVRAS-CHAVE: Cuidados de enfermagem; Lesão por pressão; Pacientes acamados; Prevenção.
INTRODUÇÃO
A Lesão por Pressão (LPP) é uma condição na qual os tecidos moles ou proeminências ósseas podem desenvolver lesões devido à aplicação prolongada de pressão, fricção ou cisalhamento sobre a superfície da pele. A gravidade da LPP varia de acordo com a resistência dos tecidos afetados. Ela é classificada em quatro categorias: I – hiperemia e não branqueável; II – ruptura parcial da pele; III – perda total da espessura da pele; e IV – perda de tecido que pode expor músculos, tendões ou ossos (BENEVIDES et al., 2017).
Apesar dos avanços tecnológicos na área da saúde, a LPP ainda é um problema significativo em termos de morbidade e mortalidade. É uma ferida crônica que pode persistir por longos períodos e apresentar recorrência frequente, afetando negativamente a qualidade de vida do paciente e de sua família. A LPP aumenta o tempo de internação no hospital, resultando em maiores custos econômicos devido à necessidade de tratamentos cirúrgicos, fisioterápicos e medicamentos, além de afetar a autoestima e a imagem corporal do paciente, bem como causar problemas sociais (ASCARI et al., 2014).
Os fatores de risco para o desenvolvimento da LPP não se limitam, apenas, a fatores externos, mas também, incluem fatores internos, como idade, peso, estado geral de saúde e nutrição, incontinência urinária e/ou fecal, bem como problemas de circulação e mobilidade reduzida. A umidade e a posição do paciente na cama podem contribuir para o desenvolvimento dessas lesões. A detecção precoce e o tratamento adequado em ambiente hospitalar são cruciais para a qualidade do atendimento (POTT et al., 2013).
Portanto, para uma prevenção eficaz, é fundamental compreender as causas subjacentes da LPP. A prevenção envolve a avaliação do risco, o cuidado com a pele, o tratamento precoce e a redução da pressão mecânica, sendo considerada um indicador importante da qualidade do atendimento prestado pela equipe de saúde como um todo (ASCARI et al., 2014).
O presente trabalho consiste em uma revisão de literatura do tipo integrativa, no qual tem como objetivo discorrer acerca dos cuidados de enfermagem na lesão por pressão em pacientes acamados, no intuito de ampliar os conhecimentos dos estudantes, profissionais da área e cuidadores acerca do tema.
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão de literatura do tipo integrativa, na qual foi realizada uma pesquisa bibliográfica, nas bases de dados da Biblioteca Virtual da Saúde (BVS): Sistema Latino Americano e do Caribe de informação em Ciências da Saúde (LILACS) e na Biblioteca Eletrônica Científica Online (SciELO – Scientific Electronic Library Online), acerca do tema em estudo. Nesse sentido, para o levantamento das publicações, foram utilizados os descritores cadastrados nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): Cuidados de enfermagem; Lesão por pressão; Pacientes acamados; Prevenção. Os cruzamentos foram efetuados por meio do moderador booleano “AND”, utilizando o formulário para busca avançada. Além disso, foi realizada uma leitura seletiva dos estudos encontrados, no intuito de identificar o tema de interesse.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Lesão por Pressão
A LPP, também conhecida como úlcera de pressão ou escara, é uma condição médica grave que ocorre quando a pele e os tecidos subjacentes são danificados devido à pressão contínua e prolongada sobre uma determinada área do corpo. Essa pressão impede a adequada circulação sanguínea na região afetada, resultando em uma diminuição do suprimento de oxigênio e nutrientes para as células da pele e dos tecidos, levando à morte celular e à formação de uma lesão.
A LPP, geralmente, ocorre em áreas em que os ossos estão próximos à superfície da pele, como calcanhares, quadris, cotovelos e costas. Pacientes acamados, idosos e aqueles com mobilidade reduzida são, particularmente, suscetíveis a desenvolver essas lesões. Estas podem variar em gravidade, desde áreas avermelhadas de pele danificada, estágio inicial, até feridas abertas profundas que podem expor músculos e ossos, estágio avançado.
A prevenção da LPP é fundamental e envolve estratégias como a mudança regular de posição, uso de colchões e almofadas de pressão alternada, cuidados adequados com a pele, controle da umidade, além da educação do paciente e da equipe de saúde sobre os fatores de risco e medidas preventivas. O tratamento da LPP é adaptado à gravidade da lesão e pode incluir limpeza da ferida, uso de curativos especializados e, em casos mais graves, procedimentos cirúrgicos para remoção de tecido necrótico e reparação da área afetada (ROGENSKI; KURCGANT, 2012).
A gestão eficaz da LPP requer uma abordagem multidisciplinar, envolvendo profissionais de saúde, como enfermeiros, médicos, fisioterapeutas, nutricionistas e especialistas em cuidados com feridas, para garantir um cuidado abrangente e minimizar complicações. A LPP representa um desafio significativo no cuidado de pacientes, e a conscientização sobre a prevenção e tratamento adequados é fundamental para melhorar a qualidade de vida daqueles em risco (MORAES-LOPES et al., 2017).
Cuidados de enfermagem na lesão por pressão em pacientes acamados
Para garantir um cuidado eficaz, a prescrição de enfermagem deve incluir estratégias para a implementação de um plano detalhado destinado a pacientes acamados que apresentam ou têm risco de desenvolver LPP. As medidas preventivas para evitar o surgimento dessas lesões fazem parte do processo de segurança do paciente, seguindo os protocolos estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde para prevenir falhas e sua ocorrência (LEITE, 2017).
Em alguns países, já existe responsabilização e a revogação de licenças de instituições de saúde em casos de ocorrência de LPP. Portanto, os enfermeiros, juntamente com a equipe multidisciplinar, têm um papel crucial na prevenção, tratamento e cuidados relacionados às mesmas. É fundamental que toda a equipe esteja atualizada sobre os avanços atuais e suas implicações para garantir uma assistência eficaz e de alta qualidade (LEITE, 2017).
As faixas etárias com maior incidência de LPP são as seguintes: acima de 80 anos (21,1%); 75 a 80 (18,2%); 70 a 75 (16,7%); 65 a 70 (15,3%); 60 a 65 (13,7%); 55 a 60 (9,1%); 50 a 55 (3,3%); igual ou menor que 50 (2,6%). Esses pacientes devem ser avaliados, pelo menos, uma vez ao dia, com atenção especial para áreas de proeminência óssea que apresentam maior risco de desenvolver essas lesões. Todas as informações detalhadas sobre essas feridas devem ser registradas no prontuário do paciente, juntamente com os cuidados necessários (ROGENSKI; KURCGANT, 2012).
Portanto, a equipe de enfermagem desempenha um papel crucial no acompanhamento e cuidado de pacientes acamados, com foco na prevenção e tratamento da LPP. Alguns cuidados essenciais incluem:
- Cuidados com a pele: limpeza frequente, de acordo com a necessidade de cada paciente;
- Controle dos fatores ambientais, como umidade e exposição ao frio, para evitar o ressecamento da pele;
- Evitar massagem, pois pode causar forças de cisalhamento prejudiciais;
- Prevenir a exposição da pele à umidade devido a resíduos fecais, urinários, drenagem de feridas ou suor, usando fraldas descartáveis ou forros absorventes;
- Utilizar cremes, películas protetoras ou óleos como barreiras para a pele;
- Reduzir a pressão sobre áreas vulneráveis do corpo com o uso de almofadas ou acolchoados;
- Manter os calcâneos livres de pressão com travesseiros na parte de trás das pernas;
- Realizar mudanças de posição para aliviar a pressão sobre áreas suscetíveis;
- A frequência das mudanças de posição deve ser adaptada às necessidades do paciente e ao tipo de superfície de apoio utilizada.
Além disso, é importante que a equipe de enfermagem esteja familiarizada com os quatro estágios da LPP, que variam de leve a grave, sendo eles:
- Grau 1: pele intacta com hiperemia em áreas de proeminência óssea;
- Grau 2: perda parcial da espessura da derme, com ferida superficial e vermelhidão, podendo ter bolhas;
- Grau 3: perda total da espessura da pele, afetando o tecido adiposo subcutâneo, sem exposição de ossos, tendões ou músculos, com possível presença de esfacelo;
- Grau 4: perda total do tecido, com exposição de músculos, ossos e tendões, frequentemente, com esfacelo.
Outra técnica útil é a fotografia, que fornece um registro visual das lesões, embora não revele sua profundidade. A captura de imagens deve ser realizada periodicamente, sob as mesmas condições de ângulo, iluminação e distância focal, para permitir comparações futuras. No entanto, é importante observar que nem todos os profissionais de saúde possuem treinamento e equipamento adequado para realizar essa técnica (SAATKAMP, 2012).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É vital promover a colaboração entre a equipe multidisciplinar e a equipe de enfermagem para prevenir e reduzir as Lesões por Pressão em pacientes acamados. Um dos cuidados essenciais recomendados é a proteção das proeminências ósseas e a realização da mudança de decúbito a cada 2 horas. Além disso, outros cuidados incluem higiene da pele, uso de produtos de barreira, controle da umidade e monitoramento regular para identificar sinais precoces de Lesões por Pressão e tomar medidas preventivas imediatas. A colaboração interdisciplinar e a adesão rigorosa às práticas de enfermagem desempenham um papel fundamental na promoção da saúde e no bem-estar dos pacientes acamados, reduzindo o risco de Lesões por Pressão.
REFERÊNCIAS
ASCARI, R. A. et al. Úlcera por pressão: um desafio para a enfermagem. Brazilian Journal Of Surgery And Clinical Research – Bjscr. 2014.
BENEVIDES, J. L. et al. Estratégias de enfermagem na prevenção de úlceras por pressão na terapia intensiva: revisão integrativa. Rev. Enfermagem Ufpe. 2017.
LEITE, G. R. Protocolo de cirurgias seguras numa região neotropical no Brasil Central. Pós-Graduação – Universidade Federal de Goiás – UFG. 2017.
MORAES-LOPES, C. M. et al. A Enfermagem na garantia do direito à saúde: o cuidado do planejamento a prática assistencial. MACAENF. 2017.
POTT, F. S. et al. Algoritmo de prevenção e tratamento de úlcera por pressão. Cogitare Enfermagem. 2013.
ROGENSKI, N. M. B.; KURCGANT, P. Incidência de úlceras por pressão após a implementação de um protocolo de prevenção. Revista Latino-Americana de Enfermagem. 2012.
SAATKAMP, F. Cuidados de enfermagem na prevenção às úlceras por pressão (UP’S) em pacientes hospitalizados. Monografia – Universidade do Vale do Taquari – UNIVATES. 2012.
1Enfermagem Universidade/Faculdade: Faculdade de Enfermagem Nova Esperança Facene Famene Orcid: https://orcid.org/0009-000-4814057x
2Médica Veterinária Instituição: Universidade Federal do Piauí – UFPI Orcid: https://orcid.org/0000-0002-0551-7522
3Enfermagem Universidade/Faculdade: Funeso Orcid: https://orcid.org/0009-0003-1546-5513
4Enfermagem Instituição: Centro Universitário Brasileiro – Unibra Orcid: https://orcid.org/0009-0003-6588-6893
5 Bacharelado em Enfermagem Universidade/Faculdade: Universidade Paulista (UNIP) Orcid: https://orcid.org/0009-0002-5751-8858
6Enfermagem Instituição: Faculdade Pitágoras de Poços de Caldas Orcid: https://orcid.org/ 0009-0009-3462-0535
7Enfermagem; Pós-graduada em Saúde pública e PSF para enfermeiros; e Auditoria em serviços de enfermagem Instituição: Universidade Federal de Minas gerais Orcid: https://orcid.org/0009-0002-2117-8062
8Enfermeiro, Filósofo e Pedagogo. Doutor em Tecnologia e Sociedade (UTFPR). Mestre em Educação (UFPI). Mestre em Terapia Intensiva (IBRATI/SOBRATI). Docente do Colégio Técnico de Floriano (CTF/UFPI). Vice-líder do Núcleo de Estudos, Pesquisas e Extensão em Saúde, Educação Profissional Tecnológica, Informática e Meio Ambiente (NEPESEPTIMA/CTF/UFPI). Vice-Coordenador do Laboratório Interdisciplinar de Ensino, Arte e Educação (LIBERTE/CAFS/UFPI). Instituição: Universidade Federal do Piauí – UFPI, Brasil ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0819-9697
9Bacharel em enfermagem Instituição: IES Materdei Orcid: https://orcid.org/0000-0003-2126-9394
10Graduanda de Enfermagem Instituição: Centro Universitário Brasileiro – Unibra Orcid: https://orcid.org/0009-0004-7151-660x.
11Enfermagem Instituição: Universidade de Pernambuco – UPE Orcid: https://orcid.org/0009-0001-7594-7675
12Enfermeira – Mestranda em Ergonomia Instituição: Universidade Federal de Pelotas – UFPEL ORCID: https://orcid.org/0009-0006-5000-671X
13Enfermagem Universidade: FUNESO Orcid: https://orcid.org/0009-0000-2084-9616
14Enfermagem Universidade/Faculdade: Facho Orcid: https://orcid.org/0009-0000-6966-6458
15Enfermagem Universidade: Universidade Federal de Pernambuco – UFPE Orcid: https://orcid.org/0000-0003-0030-1949
16Enfermagem Universidade/Faculdade: Universo Orcid: https://orcid.org/0009-0001-2260-3414
17Enfermagem Universidade/Faculdade: UFPE Orcid: 0009-0004-9234-507x