CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA HEMODIÁLISE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7308293


Vinicius Ferreira da Silva1
Ana Carolina Donda Oliveira2


RESUMO

A doença renal crônica (DRC) é caracterizada por lesão com perda progressiva e irreversível da função dos rins, considerado um problema de saúde pública e cuidados médicos. Perda progressiva dos rins apresentam deficiência na funcionalidade no organismo do paciente, necessitando incorporar um tratamento que contribua nesse equilíbrio. Desse modo, a hemodiálise é o tratamento de escolha que consiste em processo de filtragem e purificação do sangue excretando substâncias como a creatinina e a ureia. últimos é crescente a incidência de pacientes com DRC que necessitam da hemodiálise. Nesse sentido, o enfermeiro desenvolve um papel fundamental com esse público, de modo a fornecer uma assistência adequada e de qualidade que contribui para a redução das altas taxas de morbidade e mortalidade associada à patologia. O objetivo deste estudo é identificar os cuidados da equipe de enfermagem prestados ao paciente no processo de hemodiálise. O presente trabalho fundamenta-se em um estudo descritivo de revisão bibliográfica, de abordagem qualitativa. A coleta de dados foi realizada por meio de busca online das produções científicas como Bireme, Medline, Scielo, Lilacs, que compreende no período de 2012 a 2022. Os artigos, neste estudo, apontam para a importância das informações fornecidas e o cuidado durante todo o processo de tratamento, que promove uma melhor qualidade de vida, reduzindo os riscos e complicações que podem ser desencadeadas pelo tratamento. O acompanhamento da enfermagem para com esses pacientes possibilita uma melhor compreensão das manifestações clínicas, dos cuidados específicos e contribui para continuidade do tratamento, uma vez que é assistido de forma individual e humanizada.

Palavras-chave: Hemodiálise. Enfermagem. Doença Renal.

ABSTRACT

Chronic kidney disease (CKD) characterized by injury with progressive and irreversible loss of kidney function, considered a public and medical health problem. progressive loss the kidneys have a deficiency in functionality in the individual’s body, needing to incorporate a treatment that contributes to this balance. Thus, hemodialysis is the treatment of choice, which consists of a process of filtering and purifying the blood, excreting substances such as creatinine and urea. In the latter, the incidence of patients with CKD requiring hemodialysis is increasing. In this sense, the nurse plays a fundamental role with this public, in order to provide adequate and quality care, contributing to the reduction of the high rates of morbidity and mortality associated with the pathology. The objective of this study is to identify the care provided by the nursing team to the patient in the hemodialysis process. The present work is based on a descriptive study of literature review, with a qualitative approach. Data collection was carried out through an online search of scientific productions such as Bireme, Medline, Scielo, Lilacs, covering the period from 2012 to 2022. The articles in this study point to the importance of the information provided and the care during the entire process of treatment promoting a better quality of life reducing the risks and complications that can be triggered by the treatment. The monitoring of nursing with these patients allows a better understanding of the clinical manifestations of the specific care and contributes to the continuity of the treatment, since it is assisted in an individual and humanized way.

Keyword: Hemodialysis. Nursing. Kidney disease

1 INTRODUÇÃO 

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) estão entre as principais causas de mortalidade e morbidade no mundo. Entre elas, destaca-se a doença renal crônica (DRC) caracterizada por lesão com perda progressiva e irreversível da função dos rins, considerado um problema de saúde pública e médico (CRUZ; OLIVEIRA; MATSUI, 2012). 

Logo, com essa perda progressiva os rins apresentam deficiência na funcionalidade no organismo do indivíduo, que necessita incorporar um tratamento que contribua nesse equilíbrio. Desse modo, a hemodiálise é de escolha trata-se de um processo de filtragem e purificação do sangue que excreta substâncias como a creatinina e a ureia (POVEDA et al., 2014). Nascimento (2012) complementa que a hemodiálise, tem por finalidade eliminar as substâncias nitrogenadas consideradas toxinas e o excesso de água.

Segundo Gama et al. (2020), a hemodiálise é considerada uma das terapias renais substitutivas (TRS). No ano de 2019, aproximadamente 90% dos pacientes foram registrados nesse tratamento, visto que a espera por um transplante renal pode levar anos. No entanto, é um tratamento que traz uma série de desafios e mudanças na vida como: o desconforto físico; efeitos colaterais das medicações; alterações na alimentação e na ingesta hídrica comprometendo a qualidade de vida. Para Cruz, Oliveira e Matsui (2012), a doença renal e a hemodiálise comprometem o indivíduo tanto em aspecto físico, psíquico, como familiar, pessoal e social.

Nos últimos, é crescente a incidência de pacientes com DRC que necessitam da hemodiálise. Nesse sentido, o enfermeiro desenvolve um papel fundamental com esse público, de modo a fornecer uma assistência adequada e de qualidade, contribuindo para a redução das altas taxas de morbidade e mortalidade associada à patologia (FREITAS et al., 2018).

A enfermagem deve estimular o indivíduo na adesão ao tratamento, fortalecê -lo no enfrentamento às mudanças decorrentes da patologia e do tratamento, bem como nas possíveis complicações (GAMA et al., 2020). Sendo assim, a equipe de enfermagem deve ser capacitada e treinada para atender esses pacientes, obter conhecimentos técnicos – científicos contribuindo na educação do indivíduo e da família. Deve também, atuar como educador, viabilizando o desenvolvimento do autocuidado nas atividades diárias (PIRES et al.,2017). Diante disso, busca responder quais os principais cuidados de enfermagem prestados ao paciente durante a hemodiálise.

Ademais, esse tem como objetivo identificar os cuidados da equipe de enfermagem prestado ao paciente no processo de hemodiálise. E os ideais específicos buscam compreender sobre a doença renal crônica e a hemodiálise; identificar as possíveis complicações da hemodiálise e destacar a enfermagem na assistência ao paciente em tratamento da hemodiálise. 

Mediante isso, esse estudo busca contribuir na formação dos profissionais da saúde, visto que a doença renal aguda ou crônica afeta inúmeros indivíduos. Ainda mais que requer uma assistência individualizada e humanizada, servindo de subsídios a outros trabalhos como ferramenta de ensino para a adesão de um tratamento com qualidade de vida. 

2 METODOLOGIA

O presente trabalho fundamenta-se em um estudo descritivo de revisão bibliográfica, de abordagem qualitativa. A coleta de dados foi realizada por meio de busca online das produções científicas como Bireme, Medline, Scielo, Lilacs, dentre outros, compreendendo o período de 2012 a 2022. Para o levantamento bibliográfico levou em questão publicações em: português; inglês e espanhol, artigos científicos, periódicos e dissertações.

Após o levantamento bibliográfico, foi realizada uma leitura exploratória do material encontrado para obter uma visão global de interesse ou não na pesquisa. Em seguida, foi realizada uma leitura seletiva que permitiu determinar os materiais utilizados para compor o estudo, utilizaram-se descritores: doença renal crônica e aguda; hemodiálise; complicações; sinais e sintomas e cuidados de enfermagem. E foram excluídos os materiais que não atenderam o objetivo do trabalho e o tempo limitado.

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 A IMPORTÂNCIA DO SISTEMA URINÁRIO 

O sistema urinário é composto por dois rins, dois ureteres, uma bexiga urinária e uma uretra. Esse conjunto de órgãos são responsáveis pelos processos de filtração glomerular, reabsorção, secreção e excreção tubulares. Também produz hormônios de peptídeos, de renina, de calcitriol e eritropoetina (JUNIOR, 2020).

Os rins têm aproximadamente, 10 a 12 cm de comprimento, 7,5 de largura e 2,5 cm de espessura, pesam cerca de 120 a 180 gramas. Este é recoberto por uma fina membrana chamada cápsula renal que serve como barreira de proteção, que evita trauma e infecção. Ao redor, possui a gordura perirrenal e, acima, as glândulas suprarrenais. A unidade funcional é o néfron e cada rim possui aproximadamente um milhão de unidades funcionais, sendo essas microscópicas (TORTORA; DERRICKSON, 2016). 

Os rins estão formados por unidades conhecidas como néfrons compostos por dois componentes: o vascular em que ocorre a filtração do sangue, e o tubular no qual é coletado o sangue filtrado. Além disso, os néfrons têm como função: filtrar o sangue localizado no glomérulo; a outra é a reabsorção nos túbulos, quando existe um excesso de determinada substância essa é eliminada na urina e, por último, tem a função de excreção que acontece nos túbulos e no ducto coletor que tem como finalidade equilibrar os compostos de sangue e urina (CRUZ; OLIVEIRA; MATSUI, 2012).

3.2 DOENÇA RENAL CRÔNICA (DRC)

A doença renal crônica (DRC) é considerada um problema de saúde pública decorrente da elevada taxa de morbimortalidade, prevalência e incidência, com crescimento no custo social e econômico e, consequentemente, com complicações crônicas (NOLETO et al., 2015).

É caracterizada por uma perda progressiva e lenta com diminuição da filtração glomerular responsável pela excreção de solutos tóxicos do organismo (NOLETO et al., 2015). Isso acontece por um período igual ou superior a três meses e a redução da taxa pode ser de até 50% em relação ao valor normal (FRAZÃO et al., 2014).

Para Cruz, Oliveira e Matsui (2012) a DRC provoca perda progressiva e irreversível dos rins. Assim as unidades de néfrons existentes devem se adaptar e começarem a hipertrofiar com aumento da função para compensar os néfrons comprometidos. Ao longo do tempo, esses néfrons são danificados devido à sobrecarga hemodinâmica e o comprometimento renal torna-se maior.

Nesse sentido, quando essa perda se agrava, manifestações clínicas e laboratoriais podem ser identificadas como: a anemia; anorexia; déficit no crescimento; pondero – estatura; distúrbios hidroeletrolíticos; metabólicos e hormonais. Também a presença de proteinúria, hematúria, microalbuminúria e redução do ritmo de filtração glomerular (FRAZÃO et al., 2014).

Segundo Cruz, Oliveira e Matsui (2012), complementa-se que a avaliação da taxa de filtração é fundamental, visto que permite identificar o estágio de desenvolvimento da patologia e o ritmo da perda renal. Além disso, o marcador de mensuração da excreção de creatinina na urina 24 horas e a proteinúria são utilizadas para detectar a perda da função.

A DRC tem como etiologia três condições: a Diabetes Mellitus (DM); a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS); e a Glomerulonefrite. Desse modo, as modalidades de tratamento para IRC incluem hemodiálise, diálise peritoneal ambulatorial contínua, diálise ambulatorial automatizada e transplante renal que permitem a manutenção da vida desses pacientes (NOLETO et al., 2015).

Segundo Cruz, Oliveira e Matsui (2012), os principais fatores DRC são: a hipertensão arterial sistêmica (HAS), o diabetes mellitus (DM), e história familiar de doença renal. Também podem incluir: a idade avançada, o tabagismo, as infecções urinárias, patologias inflamatórias e autoimunes.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia, o último censo brasileiro lançado em 2020 mostra dados relevantes. O total de pacientes neste ano de 2020 foi de 144.779, sendo que 3,6% maior que no ano de 2019, explicado pelo aumento da longevidade das populações. Também a taxa de prevalência em diálise aumentou de 665 para 684 por milhão da população. Além disso, no ano de 2020, inseriu cerca de 44.264 novos pacientes em tratamento e houve uma redução na taxa de prevalência da região Norte e, consequentemente, aumento nas demais regiões brasileiras, principalmente no Sul, com uma mortalidade no ano de 35.413 (NERBASS et al., 2020).

Dentre as características demográficas e clínicas, a faixa etária predominante foi entre 45 e 64 anos (42,5%). Quanto ao sexo, o masculino 58% e o feminino (42%), e as etiologias presentes em quase um terço de todos os casos encontram-se: a diabetes mellitus (DM), e a hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e 25%dos pacientes que fazem hemodiálise usam cateter venoso central. A hemodiálise continua sendo o tratamento mais aplicado aos pacientes 92,6% e a diálise peritoneal 7,4%, sendo a rede pública de saúde responsável por financiar o tratamento em 81,6 % e 18,4% a rede privada por meio de convênios dos indivíduos (NERBASS et al., 2020).

3.3 HEMODIÁLISE

Segundo Souza et al. (2022), a hemodiálise é a técnica mais realizada quando o indivíduo apresenta uma disfunção orgânica que impossibilita a filtração adequada do sistema renal. Esse método requer que o indivíduo tenha uma condição cardíaca estável (NOLETO et al., 2015).

A hemodiálise trata-se de uma terapia de substituição da função renal utilizada em paciente com doença renal aguda ou crônica, dependendo do grau de comprometimento que tem por finalidade melhorar a condição clínica e a sobrevida do paciente. Nesse viés o funcionamento está ligado a uma série de componentes que permitem garantir a eficiência do tratamento e a segurança (CRUZ; OLIVEIRA; MATSUI, 2012).

O sangue do paciente obtido por meio de um acesso vascular é impulsionado por uma bomba para um sistema de circulação extracorpórea, em que se encontra um filtro (dialisador). No filtro, ocorrem as trocas entre o sangue do paciente repleto de toxinas (solutos) e a solução de diálise (dialisato), por meio de uma membrana semipermeável artificial (dialisador). Os mecanismos de transporte nesse processo são a difusão e a ultrafiltração (CRUZ; OLIVEIRA; MATSUI, 2012, p.61).

O dialisador é como uma membrana semipermeável sintética que serve como um filtro substituindo os glomérulos e túbulos renais. Assim, a hemodiálise acontece por meio desse dialisador e o sangue que permite a passagem de solutos, por meio de mecanismos como: a difusão que acontece do meio de maior concentração para o de menor concentração, dependendo do peso molecular e das características da membrana. E por meio da ultrafiltração, que consiste na eliminação dos líquidos por meio de um gradiente de pressão hidrostática e também por ocorrer a convenção que é a perda de solutos durante a ultrafiltração. Desse modo, o sistema de tampão é mantido através do composto bicarbonato do dialisado e a heparina é administrada para evitar a coagulação de sangue no circuito de diálise (NASCIMENTO, 2012).

O processo da hemodiálise no indivíduo pode ser realizado através do acesso vascular introduzindo um cateter duplo lúmen localizado na veia jugular interna direita de modo temporário, contudo, a subclávia tem maior incidência de complicações como hemotórax, pneumotórax e perfusão da artéria (SILVA et al., 2018). A fístula arteriovenosa é caracterizada pela junção da artéria braquial com a veia cefálica ou pela junção da artéria femoral com a veia safena utilizada de modo permanente e a maturação corresponde cerca de dois a quatro meses (PERES et al., 2017).

Segundo Machado e Pinhati (2014), a sessão de hemodiálise dura, em média, três a quatro horas por dia. O recomendado é três sessões por semana, entretanto, esses pontos dependem do estado clínico e das condições do indivíduo durante e após a realização do procedimento. Vale ressaltar que a intercorrência pode comprometer a situação, ainda mais quando se encontra no início do tratamento.

O tratamento da hemodiálise requer alguns cuidados do paciente, principalmente, no que refere à alimentação e líquidos. Devem ser evitados o consumo de alimentos condimentados, doces que levam à sede e a restrição de ingesta de líquidos por dia são fundamentais para não comprometer as sessões de hemodiálise (ANDRADE et al., 2021).

O paciente com DRC em tratamento com hemodiálise é importante prestar uma assistência adequada e de qualidade. Nesse sentido, deve-se reconhecer as características do paciente renal, incluindo o contexto familiar; participar da orientação; prestar cuidados que visem a reduzir as complicações na terapia substitutiva e melhorar a qualidade de vida; verificar o funcionamento dos equipamentos; atentar para as manifestações durante a hemodiálise (CRUZ; OLIVEIRA; MATSUI, 2012).

3.4 AS PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES DA HEMODIÁLISE

As complicações relacionadas a DCR incluem: desnutrição, anemia, osteodistrofia e acidose (CRUZ; OLIVEIRA; MATSUI, 2012). Em um estudo realizado por Silva et al. (2018), as principais complicações identificadas foram hipotensão; hipotermia; hipoglicemia; falta de fluxo no acesso vascular; coagulação no sistema; arritmias cardíacas e sangramentos.

Por outro lado as complicações decorrentes durante as sessões de hemodiálise abrangem a hipotensão arterial que  é considerada a mais frequente cerca de 50% das sessões e está relacionada à remoção excessiva de volume(ultrafiltração), uso de anti-hipertensivos, refeições excessivas. As náuseas e vômitos compreendem cerca de 10% dos casos relacionados grande parte da hipotensão arterial, mas também, podem estar associadas às complicações da síndrome do desequilíbrio, reações do produto utilizado. As câimbras musculares também podem estar relacionadas à hipotensão arterial, a baixa concentrações de sódio na solução da diálise ou a uma redução da perfusão da musculatura (CRUZ; OLIVEIRA; MATSUI, 2012).

Apesar dos métodos de diálise obterem cada vez mais um resultado satisfatório, alguns autores destacam variadas complicações decorrentes dessa modalidade terapêutica, podendo ser eventuais, mais graves e fatais, como: hipotensão arterial (segundo pesquisas uma das principais), câimbras, náuseas e vômitos, cefaleia, dor no peito, dor lombar, prurido, febre e calafrios, diarreia, problemas metabólicos, convulsões, espasmos musculares, insônia, inquietação, demência, infecções, pneumotórax ou hemotórax, isquemia ou edema na mão e anemia (PEREIRA et al, 2015; SANCHO; TAVARES; LAGO, 2013). 

As arritmias podem ser decorrentes de alterações na concentração de potássio, cálcio e magnésio. Os episódios febris podem estar relacionados à manipulação inadequada ou contaminação do sistema. A síndrome de desequilíbrio pode ser vista em pacientes que requerem diálise de alta eficiência e alto fluxo. Outras complicações menos frequentes como prurido, hemólise e embolia gasosa. Em contrapartida, as infecções constituem a segunda causa de mortalidade e hospitalização são elas: infecções relacionadas ao acesso vascular tendo como principal agente o Staphylococcus Aureus; as infecções pulmonares destacam a pneumonia pneumocócica e as infecções virais hepatite B, C e D (CRUZ; OLIVEIRA; MATSUI, 2012).

3.5 A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA HEMODIÁLISE 

A enfermagem tem um papel fundamental nesta questão, auxilia o paciente a conviver com a doença crônica, o tratamento e as adaptações nos novos cuidados e reestruturação no estilo de vida. Desse modo, deve esclarecer as dúvidas e implementar medidas que assegurem uma melhor qualidade de vida (CRUZ; OLIVEIRA; MATSUI, 2012).

Os cuidados, durante a realização da hemodiálise, são fundamentais para os profissionais de enfermagem, visto que as normas de biosseguranças devem ser executadas conforme preconizado como forma de prevenção. Consequentemente, é um ambiente no qual os profissionais estão constantemente expostos à contaminação por equipamentos perfurocortantes que levam ao risco ocupacional, exposição a aerossóis e fluidos corporais e sangue e punção da fístula (SOUZA et al., 2022).

O tratamento da hemodiálise não só envolve o paciente, mas também seus familiares. Por isso, o enfermeiro é responsável por orientá-los de modo que a família se integre nesse contexto de: cuidados, apoio, conhecimento acerca do tratamento, dos possíveis sintomas e da conduta perante eles. Além disso, o enfermeiro deve desenvolver ações educativas com foco no tratamento e na qualidade de vida do indivíduo, proporcionando a prevenção e identificando as complicações e tratando-as. Desse modo, o enfermeiro deve ter um olhar holístico, levando em consideração as necessidades humanas básicas com atendimento humanizado estabelecendo uma relação de confiança e segurança (ANDRADE et al., 2021).

Para reforçar essa ideia, Cruz, Oliveira e Matsui (2012) afirmam que, no tratamento deve envolver a família nos cuidados, respeitando suas particularidades e individualidades. A educação em saúde é uma estratégia eficaz nessa intervenção, contribuindo para uma atitude positiva frente ao tratamento, ajudando a lidar com situações estressantes da terapia.

Segundo Frazão et al. (2014) destacam que o enfermeiro deve orientar a família e o paciente sobre a patologia, o tratamento, as suas implicações e limitações na vida pessoal e social, bem como os problemas psicológicos que possam vir a desenvolver durante o tratamento. A Enfermagem deve oferecer cuidados durante o tratamento de hemodiálise com menor risco possível, principalmente com o manuseio dos equipamentos, deve ter uma visão holística e humanizada dos cuidados prestados (CRUZ; OLIVEIRA; MATSUI, 2012).

Os cuidados de enfermagem incluem: prevenção de infecção durante o manuseio do equipamento; verificação de sinais vitais e do funcionamento da máquina de hemodiálise, monitorização contínua; verificação do funcionamento da máquina de hemodiálise; realizar pesagem; realização de curativo e orientação quanto à fistulo arteriovenosa, identificar sinais de sangramento, dor e desconforto (PIRES et al., 2017).

A Enfermagem deve atentar para alguns cuidados no uso de cateteres na hemodiálise como: manter técnica asséptica ao manipular o cateter; trocar e realizar curativo conforme ou sempre que necessário; o cateter é exclusivo para realização do tratamento e deve ser mantido fixo; observar o protocolo de manutenção de permeabilidade do cateter, e no início da sessão ,deve aferir o peso; realizar uma avaliação do estado geral (CRUZ; OLIVEIRA; MATSUI, 2012).

Segundo Nascimento (2012), a equipe de enfermagem deve estar preparada para possíveis intercorrências e complicações supracitadas durante a sessão de hemodiálise, devendo ter tomada de decisão imediata e eficaz, evitando o agravamento e até a morte do indivíduo. A atuação começa desde o monitoramento dos sinais e sintomas até a detecção de anormalidades, assegurando um procedimento seguro e eficiente.

Ademais, o cuidado com a manutenção da fístula arteriovenosa é crucial para o seguimento do tratamento. O enfermeiro deve prestar orientações nos cuidados com a fístula quanto ao peso e curativo (LIMA; MACEDO; MONTE, 2021). Quanto algumas complicações apresentadas nesse contexto, cabe à Enfermagem: monitorar o aparecimento de sinais de oclusão no cateter e de possíveis sangramentos; monitorar sinais de dispneia, fadiga e taquipneia em casos de arritmia; monitorar frequência cardíaca, ritmo, perfusão, cor das extremidades, pressão arterial, débito urinário; determinar o reconhecimento de sinais e sintomas de hipoglicemia (tremores, sudorese, vertigem, desmaio, confusão); monitorar e registar temperatura e observar respiração (SILVA et al., 2018).

A Enfermagem tem um papel essencial no cuidado de pacientes acometidos da DRC. Dentre estes: avaliar estado hídrico e realizar a identificação de possíveis desequilíbrios; oferecer suporte nutricional dentro do limite do tratamento; motivar com sentimentos positivos e estimular o autocuidado e a independência; proporcionar ao paciente e à família informações sobre a doença renal terminal, opções de tratamentos e os riscos de complicações, além de fornecer um suporte emocional (HINKLE; CHEEVER, 2017).

Nesse contexto, vale ressaltar que o paciente em tratamento com hemodiálise encontra-se sujeito a fatores estressores, como: infecção, instabilidade glicêmica, hemorragia, desequilíbrio hidroeletrolíticos e distúrbios pressóricos. Por isso, a importância da aplicação da Sistematização de Assistência de Enfermagem (SAE) de modo individualizado, reconhecendo as necessidades específicas alteradas nesses pacientes. Logo, no estudo de Campos, Gonçalves e Texeira (2022), os diagnósticos contemplam baixo autoestima, conhecimento deficiente, dentição prejudicada, dor aguda e padrão de sexualidade ineficaz. E as intervenções de enfermagem abordam, aferição dos sinais vitais, glicemia; realizar medicações conforme prescrição médica; orientações quanto ao cuidado com a fístula, sangramento, curativo; elevar cabeceira a 30-45º.

Segundo Silva et al. (2017), aplicando a sistematização de assistência de enfermagem em pacientes com insuficiência renal identifica, alguns diagnósticos de enfermagem tais como: autocontrole ineficaz da saúde; volume de líquido excessivo; estilo de vida sedentário; fadiga; ansiedade; integridade da pele prejudicada; risco de desequilíbrio eletrolítico; risco de confusão e risco de infecção.

No estudo realizado por Arreguy-Sena et al. (2018), os diagnósticos identificados em paciente com tratamento de hemodiálise mais comum foram: volume excessivo de líquidos; risco de infecção; intolerância à atividade; ansiedade; autonegligência; conforto prejudicado; enfrentamento ineficaz e interação social prejudicada. Entre os problemas destacam-se presença da fístula ou cateter venoso, pouco tempo com a família pelo maior tempo gasto nas terapias renais, risco de infecção e dificuldade nos cuidados de higiene. E por fim as intervenções aplicadas de forma individualizada com o objetivo de reduzir os fatores estressores e  orientações sobre a dieta e ingestão de líquidos, estimulação para com os familiares e amigos próximos e cuidados com a pele e o curativo.

Nesse ínterim, Sousa (2017) reforça a importância de implementar medidas que visem minimizar as vulnerabilidades a que os indivíduos estão expostos de acordo com a necessidade individualizada e os diagnósticos. Logo, tem-se: orientar a família e o paciente como evitar infecções; monitorar sinais vitais e peso; verificar condições de hidratação; avaliar condições de curativos; monitorar a eliminação urinária; encorajar ao paciente quanto aos cuidados de higiene pessoal; oferecer informações acerca do tratamento; avaliar a dor e realizar uma escuta ativa.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A doença renal crônica é considerada um problema de saúde em decorrência das complicações e altas taxas de mortalidade. Essa patologia compromete a qualidade de vida, trazendo impactos para a vida pessoal, social, psíquica e, ainda mais, pelo tratamento duradouro, que afeta não só o paciente, mas também a família.

Diante exposto, o paciente submetido ao tratamento de hemodiálise necessita de cuidado humanizado, sendo uma importante técnica utilizada pelo enfermeiro, através do cuidado, incluem paciência, respeito, atenção e estabelece um relacionamento interpessoal enfermeiro e paciente favorecendo para adesão e compreensão das mudanças estabelecidas pela doença, contribuindo para uma melhor qualidade de vida e para um autocuidado.

Portanto, o estudo busca contribuir para os profissionais da saúde e, em especial, os enfermeiros, quando as demandas de cuidados durante o tratamento da hemodiálise e a importância da adoção de medidas preventivas, visando contribuir para o bem-estar e segurança dos pacientes e, consequentemente, da qualidade assistencial. 

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1acadêmico do 10º período de enfermagem da Faculdade Unibrás de Goiás.
2Professora do Curso de enfermagem da Faculdade Unibrás de Goiás, e orientadora da pesquisa