CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM SITUAÇÕES TRAUMÁTICAS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202410311541


Najara Gurgel1
Cleber Rodrigues Freitas Júnior2
Acineudo Rosa Pereira de Lima3


RESUMO

No Brasil os cuidados de enfermagem em situações traumáticas, teve como base os modelos norte-americano adotado pelos os Corpos de bombeiros e pelo o Serviço de Atendimento móvel de urgências – SAMU, por conta de questões relacionadas aos aspectos legais, em nosso país, um dos maiores desafios encontrados nas unidades de atendimento em urgência e emergência, sendo umas das causas que contribuíram para a sustentação de várias estruturas METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão narrativa de caráter epidemiológico descritivo com abordagem qualitativa. É uma revisão narrativa da literatura, método que consiste em uma análise sintática das publicações, possibilitando uma síntese de estudos publicados e eliminando lacunas que precisam ser preenchidas pelo o conhecimento, por meio das novas pesquisas bibliográficas. RESULTADOS E DISCUSSÕES: O profissional de enfermagem, munido de sólidos conhecimentos científicos, desempenha um papel crucial na melhoria da qualidade dos serviços de saúde, especialmente no atendimento a pacientes em situações críticas. Essa expertise contribui significativamente para um melhor prognóstico dos pacientes, demonstrando que a prática baseada em evidências é fundamental para resultados positivos. CONCLUSÃO: Com o desenvolvimento deste trabalho, foi possível avaliar as evidencias encontradas a partir de literaturas sobre os cuidados de enfermagem em situações traumáticas e suas complicações. Além disso, vimos durante esse estudo a importância a sensibilização da equipe de enfermagem sobre a importância da anotação em prontuário, que quando bem elaborada, apresenta elementos valiosos para o diagnóstico das necessidades do paciente e para o planejamento e avaliação da assistência prestada no âmbito dos cuidados de enfermagem.

Palavras-chave: Trauma; Cuidados de Enfermagem; Epidemiologia

ABSTRACT

In Brazil, nursing care in traumatic situations was based on the North American models adopted by the Fire Departments and the Mobile Emergency Care Service (SAMU). Due to issues related to legal aspects, in our country, one of the greatest challenges encountered in emergency care units, and one of the reasons that contributed to the support of several structures. METHODOLOGY: This is a descriptive epidemiological narrative review with a qualitative approach. It is a narrative review of the literature, a method that consists of a syntactic analysis of publications, enabling a synthesis of published studies and eliminating gaps that need to be filled by knowledge, through new bibliographic research. RESULTS AND DISCUSSIONS: Nursing professionals, equipped with solid scientific knowledge, play a crucial role in improving the quality of health services, especially in the care of patients in critical situations. This expertise contributes significantly to a better prognosis for patients, demonstrating that evidence-based practice is essential for positive results. CONCLUSION: With the development of this work, it was possible to evaluate the evidence found from literature on nursing care in traumatic situations and their complications. In addition, during this study, we saw the awareness of the nursing team about the importance of medical record notes, which, when well prepared, present valuable elements for the diagnosis of the patient’s needs and for the planning and evaluation of the assistance provided within the scope of nursing care.

Keywords:  Trauma; Nursing Care; Epidemiology

INTRODUÇÃO

O atendimento a vítimas politraumatizadas começou a se desenvolver nos Estados Unidos da América (EUA), no fim da década de 70, pois alguns cursos voltados para esse tipo de agravo, começam a ser introduzidos para os profissionais de saúde, onde a partir daquela época o trauma era visto como problema cirúrgico, sendo assim e com a expansão no mundo, deu-se a necessidade de se estudar sobre a inserção da enfermagem no contexto dos cuidados em trauma. (DOLOR et al. 2008).

No Brasil os cuidados de enfermagem em situações traumáticas, teve como base os modelos norte-americano adotado pelos os Corpos de bombeiros e pelo o Serviço de Atendimento móvel de urgências – SAMU, por conta de questões relacionadas aos aspectos legais, em nosso país, um dos maiores desafios encontrados nas unidades de atendimento em urgência e emergência, sendo umas das causas que contribuíram para a sustentação de várias estruturas. (JUNYENT et al. 2014).

Com o passar dos anos, ocorreram mudanças legislativas que favoreceram a enfermagem no que tange aos aspectos legais e éticas que preconizam a normatização dos cuidados de enfermagem no Brasil, onde houve maior participação das entidades de classe. (CRISTINA J.A. 2006).

Com a preconização e legalização da inserção da enfermagem nos cuidados de situações traumáticas, o enfermeiro pode prestar um serviço de maior qualidade; uma vez que, por se tratar de atendimento de emergência, a clientela a ser atendida requer cuidados que exigem do profissional uma gama de conhecimentos teóricos, além da prática bem apurada e pautada em conhecimentos científicos, pois o sucesso das intervenções está relacionado à tomada de decisões precisas. (QUARESMA et al. 2019).

Nota-se que anteriormente existia uma certa deficiência na capacitação e atuação do profissional de enfermagem, quando comparado à atuação e capacitação desses profissionais em outros países, como Estados Unidos e França que possuem sistemas robustos, desenvolvidos e consolidados, porém nos países desenvolvidos e subdesenvolvidos a função da enfermagem é de suma importância. (GENTIL et al. 2008).

No que diz a respeito aos cuidados de enfermagem em situações traumáticas na área de atendimento em situações traumáticas, este presente estudo pretende promover e analisar as melhores práticas de enfermagem para o atendimento pré-hospitalar e hospitalar de vítimas de trauma, com o objetivo de reduzir a morbimortalidade, ampliando os conhecimentos científicos e destacando o potencial e a relevância do profissional de enfermagem.  (BRASIL. 2002).

Atualmente, o Brasil é o quinto colocado em número de ocorrências de acidentes de trânsito, estando atrás apenas da Índia, China, EUA e Rússia. Dessa forma, esses eventos podem ser considerados uma epidemia, visto que, anualmente, apresentam crescimento alarmante de ocorrências. Diariamente, morrem aproximadamente 16 mil pessoas por lesões traumáticas. Ainda assim, para cada vítima que e conscientização populacional. (WHO. 2004).

E ainda, também de maneira pontual no tratamento destas vítimas, com investimentos nas instituições de saúde, capacitação e preparação das equipes profissionais, proporcionando ambiente e equipamentos necessários para a assistência à saúde adequada. Nesse ínterim, o enfermeiro tem papel fundamental na assistência à vítima de trauma. Para que haja uma sistematização dos conhecimentos da enfermagem, desenvolveu-se os Processos de Enfermagem, que se trata de uma abordagem sistemática e organizada para prestar cuidados de enfermagem aos pacientes. Lesões por trauma são consideradas um problema de saúde pública de grande magnitude e transcendência.

Neste sentido, o presente artigo traz como objeto de estudo a atuação da enfermagem em situações traumáticas, guiando-se pelo seguinte problema de pesquisa: quais são as melhores práticas de enfermagem para o atendimento a vítimas em situações traumáticas de urgência e emergência? O objetivo deste estudo é descrever a atuação do enfermeiro nos cuidados de enfermagem em situações traumáticas.

LEVANTAMENTO LITERÁRIO

As lesões medulares como por exemplo, são compostas por desordens de nível neurológicos que compromete as funções motoras, autonômicas e sensitivas, implicando na perda parcial ou total dos movimentos e na sensibilidade dos membros tanto superiores como inferiores, e nas alterações dos níveis de funcionamento do sistema urinário, reprodutivo e circulatório. (JUNIOR et al. 2003).

A lesão de origem medular, é resultado em depleção de compostos altamente energético por mecanismos metabólicos dependente de energia, em neurônios e células gliais, já que o transporte alterado de glicose disponibiliza substratos energéticos inadequado, por isso e por episódios de isquemia resultantes dos eventos secundários do trauma medular provocam a inibição da síntese e transporte de proteínas e propriedades primordiais na síntese de ácido desoxirribonucleico, ocorrendo assim apoptose/necrose. (DIEL et al. 2003).

Em suma a fisiopatologia do trauma raquimedular é caracterizada como resultado de um processo contínuo de destruição tecidual, reparação e cicatrização da lesão ao redor do sítio da injúria. No momento do impacto acarreta dano mecânico da medula espinhal, com ruptura de estruturas necessárias como vasos sanguíneos e corpos neuronais. (MASINI et al. 2001).

Com a interrupção de suprimento sanguíneo decorrente do trauma, ocorre uma hipóxia tecidual e hipoglicemia local, as quais reduzem o aporte de adenosina-trifosfato (ATP), e geram disfunção dos processos de energia, responsáveis pela geração de energia na célula. (DIEL et al. 2003).

Com a falta de suprimento sanguíneo decorrente das rupturas traumáticas de vênulas ou arteríolas no trauma agudo de medula resulta em hipóxia tecidual e hipoglicemia local, as quais reduzem o aporte de adenosina-5’-trifosfato (ATP), e geram disfunção dos processos dependentes de energia, como bomba de sódio e potássio, responsáveis pela preservação da homeostasia celular. Concomitantemente, nesse processo, ocorrem alterações nas concentrações de eletrólitos como sódio, cálcio e potássio, no meio intracitoplasmático, interferindo na excitabilidade e transmissão simpática, podendo induzir ativação excessiva do sistema glutamatérgico, cuja consequência pode causar degeneração ou até mesmo morte neuronal. (KOCH et al. 2007).

O trauma de origem mecânica à barreira hematoespinhal provoca aumento de sua permeabilidade e extravasamento de proteínas de dentro das camadas plasmáticas para o interior da medula, fazendo com que as células inflamatórias tenham afinidade com o local da lesão. Além disso, a injúria às células endoteliais e aos astrócitos que constituem a barreira hematoespinhal, estimula a liberação de citocinas inflamatórias para o local da lesão. (BONATTO et al 2013).

As células de defesas do organismo e células da micróglia ao chegarem ao local da lesão se distribuem ao redor das áreas de necrose provocadas pela hemorragia e ecotoxicidade. Estas células inflamatórias fagocitam dérbis celulares, e liberam proteases e radicais livres derivados de oxigênio que danificam mais o tecido, e levam a expansão da área inicial de necrose. Geralmente as células inflamatórias interagem com os axônios que foram seccionados provocando retração, fazendo uma ligeira diminuição na regeneração 13 axonal. (CAMPOS et al. 2008).

Várias formas de efeito responsáveis pela expansão da lesão após trauma medular foram associadas ao aumento dos níveis. Acredita-se que esta citocina aumenta a sensibilidade dos neurônios a reação das células. A expressão de receptores para glicocorticoide endógenos, ativa alguns genes de origem inflamatórias e estimula a proliferação de microrganismos formando uma barreira física e química, portanto, a utilização de agentes que diminuem a infiltração do tecido por células inflamatórias. (SOLINO et al. 1990).

A cascata de eventos secundários continua a ocorrer nas semanas que seguem a lesão medular, levando assim a formação de cistos e cavidade na lesão que exacerbam a disfunção neurológica levando a perca das funções motoras e sensoriais. (NOGUEIRA et al 2006).

O centro então se torna necrótico, as células de defesa no caso os macrófagos são recrutados para remover vestígios celulares e restos de bainha de mielina e fibroblastos da meninge que migram para a ferida. As alterações patológicas que acompanham esses acontecimentos são caracterizadas por:

  • Hemorragias
  • Extravasamento de plasma
  • Edema intracelular
  • Necrose
  • Cavitações
  • Gliose
  • Perca da estrutura histológica

Importância do levantamento literário para os cuidados de enfermagem em situações traumáticas.

Este levantamento literário baseado em situações traumáticas ocasionados por lesões medulares foi fundamental para abordar sobre os cuidados de enfermagem em situações traumáticas, visto que abordar sobre emergências traumáticas é uma ferramenta essencial para orientar práticas clínicas, fomentar novas pesquisas e promover uma abordagem integrada no cuidado ao paciente.

Além disso, é fundamental para a formulação de políticas públicas e a construção de protocolos práticos e baseados em evidências. Em uma área tão complexa e dinâmica, como o estudo das lesões medulares, manter-se atualizado por meio da revisão da literatura é imprescindível para melhorar.

O trauma medular (TM) é uma condição grave que resulta de lesões na medula espinhal, frequentemente causadas por acidentes automobilísticos, quedas e atividades esportivas. A importância de realizar uma revisão bibliográfica sobre o trauma medular é fundamental para a compreensão e o manejo dessa condição complexa.

Primeiramente, uma revisão bibliográfica permite a identificação e a análise dos principais estudos e avanços científicos relacionados ao trauma medular, isso inclui a compreensão dos processos fisiopatológicos envolvidos, como a resposta inflamatória, a degeneração axonal e a formação de cicatrizes.

Compreender esses processos é essencial para o desenvolvimento de novas terapias e intervenções que possam melhorar os resultados clínicos dos pacientes. Além disso, esse suporte literário ajuda a identificar as melhores práticas e abordagens terapêuticas para o manejo do trauma.

Isso inclui a avaliação de diferentes técnicas cirúrgicas, tratamentos farmacológicos e estratégias de reabilitação, ao consolidar essas informações, os profissionais de saúde podem oferecer um cuidado mais eficaz e personalizado aos pacientes. Outro aspecto importante é a identificação de lacunas na literatura existente, que podem orientar futuras pesquisas e desenvolvimentos. Ao identificar áreas onde a evidência científica é limitada ou inconclusiva, os pesquisadores podem direcionar seus esforços para preencher essas lacunas e melhorar o conhecimento sobre o trauma medular.

Por fim, uma revisão bibliográfica sobre trauma medular contribui para a educação e formação contínua dos profissionais de saúde. Ao manter-se atualizado com as últimas descobertas e tendências na área, os profissionais podem fornecer um cuidado baseado em evidências e melhorar a qualidade de vida dos pacientes afetados por essa condição.

Em resumo, a realização de uma revisão bibliográfica sobre trauma medular é essencial para aprimorar o entendimento, o manejo e a pesquisa dessa condição complexa no manejo dos cuidados de enfermagem. Ela proporciona uma base sólida para o desenvolvimento de novas terapias, a identificação de melhores práticas e a orientação de futuras pesquisas, contribuindo significativamente para a melhoria do cuidado aos pacientes.

METODOLOGIA

4.1 CARACTERIZAÇÕES DA PESQUISA

Trata-se de uma revisão narrativa de caráter epidemiológico descritivo com abordagem qualitativa. É uma revisão narrativa da literatura, método que consiste em uma análise sintática das publicações, possibilitando uma síntese de estudos publicados e eliminando lacunas que precisam ser preenchidas pelo o conhecimento, por meio das novas pesquisas bibliográficas.

Os dados foram coletados através de artigos científicos, buscando informações coerentes com a pesquisa em questão e informações contidas nos artigos e bibliografia disponíveis. Os dados coletados foram qualificados através de análise. A revisão narrativa estabelece critérios sobre a coleta e análise de dados, para a sua apresentação futura. Para isso foram adotadas seis etapas para a constituição devida da revisão narrativa desta literatura: 1° seleção da pergunta de pesquisa; 2° definição dos critérios de inclusão; 3° representação dos estudos selecionados; 4° análise crítica dos achados, identificando diferenças e conflitos; 5° interpretação dos resultados e 6° reportar, de forma clara a evidência encontrada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O profissional de enfermagem, munido de sólidos conhecimentos científicos, desempenha um papel crucial na melhoria da qualidade dos serviços de saúde, especialmente no atendimento a pacientes em situações críticas. Essa expertise contribui significativamente para um melhor prognóstico dos pacientes, demonstrando que a prática baseada em evidências é fundamental para resultados positivos. (TAVEIRA et al. 2021).

Ao considerar a humanização como um princípio essencial, percebe-se que o atendimento vai além dos aspectos clínicos, incorporando dimensões emocionais e sociais. Os autores destacam que a humanização proporciona proximidade, autocrítica e aprimoramento contínuo na relação entre profissional e paciente, o que é crucial para uma assistência integral. (CALLE et al. 2016).

Nos últimos anos, houve um crescente interesse em intensificar a humanização nos atendimentos hospitalares, especialmente em unidades de terapia intensiva, onde o contato humanizado pode impactar significativamente a experiência dos pacientes e de suas famílias, ampliando essa discussão ao introduzir os conceitos de acolhimento no ambiente hospitalar, que sob a ótica da humanização, transcendem melhorias físicas e estabelecem vínculos mais profundos entre profissionais e usuários, promovendo um ambiente interativo e associativo. (KYANDE. 2022; OLIVEIRA et al. 2021).

A partir de uma análise das perspectivas de pacientes, cuidadores e profissionais de saúde, reforçam que uma abordagem empática e respeitosa é vital para construir relacionamentos significativos e mutuamente benéficos. Esse enfoque na empatia contribui para uma experiência mais humanizada, onde o respeito e o cuidado com o indivíduo são primordiais. (BUSCH et al. 2019).

Entretanto, os serviços de Urgência e Emergência no Brasil enfrentam o desafio de uma demanda superior aos recursos humanos e materiais disponíveis. Mesmo diante dessas dificuldades, os profissionais de enfermagem demonstram grande competência ao fornecer uma assistência humanizada e resolutiva. (SOUZA. 2017).

ROSA et al. (2018) destacam que o enfermeiro qualificado é capaz de proporcionar segurança ao paciente, agilizando o atendimento e otimizando o fluxo dos serviços. Dessa forma, o papel do enfermeiro nos serviços de urgência e emergência se torna imprescindível, conforme observado por LIMA et al. (2020), uma vez que sua atuação eficaz contribui para a redução da sobrecarga nesses ambientes críticos.  

NOGUEIRA et al 2006; GONÇALVES et al 2001 colabora em seu pensamento que diz que o cuidado em enfermagem em emergências no manejo da lesão se apresenta num panorama amplo e complexo, que envolve inúmeros tipos de cuidado, e um número maior ainda de fatores moleculares. Vale lembrar que os eventos de lesão primária e secundária, podem ocorrer e se tratando de alguns aspectos específicos em fatores isolados.

No estudo de CAMPOS et al 2008; JUNIOR et al 2003 identificou a presença de algumas complicações no manejo do cuidado de enfermagem no âmbito do trauma, trazendo transtornos como bexiga neurogênica, úlcera por pressão, infecção urinária, intestino neurogênico e pneumonia.

CAFER et al 2005 descreve como principais complicações de pacientes em situações traumáticas como a incontinência urinária e fecal, espasticidade e úlcera por pressão. Neste trabalho o fato de espasticidade não ter sido muito citada, possivelmente deve-se ao fato de ser uma complicação mais frequente na fase crônica. Relacionado ao tempo de internação e a relevância com as complicações apresentadas, não foi encontrado na literatura sobre as devidas complicações e a lesão em indivíduos com lesão completa, particularmente nos pacientes tetraplégicos.

Com relação as complicações relacionadas no trauma foram encontradas na literatura casos de pacientes acamados com úlcera de pressão, foram os mais acometidos, as complicações neste grupo representam 53% do total de pacientes estudados.

MOURA et al 2011, assegura em seus estudos e afirma que a falta de cuidados de enfermagem na amplitude da lesão é uma das mais graves complicações que causam incapacidade no ser humano, pois provoca falência de uma série de funções vitais como:

  • Locomoção
  • Sensibilidade
  • Sexualidade
  • Sistema urinário
  • Sistema intestinal

Considerando ainda que as principais causas de situações traumáticas e que a maioria da população atingida é constituída por jovens com idade inferior a 40 anos, faz uma observação com uma grave incapacidade que acomete de forma agressiva e com limitações físicas e psicológicas, assegurando mais uma vez a importância dos cuidados de enfermagem em situações traumáticas (CARCINONI et al 2005).

A relação entre o período de espera de cirurgia e a incidência de complicações observou-se no estudo de SARAIVA et al 1995, 70% dos pacientes tiveram registro de complicações. Após ao trauma raquimedular, disfunções na micção logo surgem e dificuldades urodinâmicas, caracterizam as complicações durante a internação.

Complicações relacionadas ao trauma raquimedular que são descritas conforme DIEL et al 2003, incluem complicações infecciosas e restrição ao leito, adquiridas em ambiente hospitalar devido ao trauma associado a doenças prévias.

No que tange Diagnósticos de Enfermagem, observamos que a principal abordagem foi o exame físico, um procedimento básico e essencial na prestação do cuidado de enfermagem em situações traumáticas A correta realização desse procedimento clínico faz parte ativa no processo de enfermagem, visto que é uma ferramenta de extrema importância para elaboração de diagnósticos e planejamento terapêutico. (CYRILLO et al. 2009).

Foi encontrado evidências em estudos, que o exame físico é negligenciado ou realizado de forma indevida e falha, comprometendo assim a qualidade de saúde prestado aos pacientes no âmbito de situações traumáticas, portanto assim são de inteira reponsabilidade do profissional o constante aprimoramento e aplicabilidade adequada destes conhecimentos técnicos e científicos adequados. (SANTOS et al. 2011).

No decorrer da construção desta discussão vemos a necessidade da construção de implantação de um modelo assistencial baseado nessa prática, não apenas para realização do exame físico, apesar de ser o ponto de interferência mais visível nessa ação, mas também para o desenvolvimento pleno do Processo de Enfermagem. Justifica-se essa preocupação pela evidência de que o modelo é geralmente aplicado em poucas etapas e não de forma integral, bem como seu registro acaba, igualmente, tornando-se assim falho. (ANDRADE et al. 2005).

Um dos fatores encontrados no discorrer desta discussão foi a busca pelo perfil epidemiológico dos indivíduos que sofreram múltiplos traumas, objetivando o entendimento de como se deu esse processo e de como iniciar um trabalho na prevenção destes ocorridos. Diversos estudos epidemiológicos publicados caracterizam as causas externas e suas vítimas em amplos aspectos, enfatizando assim a necessidade cada vez mais presentes dos cuidados da enfermagem em situações de trauma em qualquer amplitude clínica. (BARBOSA et al. 2009).

Nessa perspectiva, as intervenções de emergência realizadas no âmbito dos cuidados de enfermagem devem ser feitas do ponto de vista da necessidade de realização dos procedimentos na busca de prevenção ou correção de irregularidade fisiológica decorrente do trauma. (GALLETI. 2013).

Ainda com relação aos resultados observados nesta revisão bibliográfica, mesmo considerando que a literatura discutida recomende um transporte mais rápido do que a execução de procedimentos no ambiente pré-hospitalar, isso não implica em suas contraindicações. Se o paciente precisa da intervenção em enfermagem e esta é realizada rapidamente, é uma demonstração de benefício obtido com o atendimento realizado pela enfermagem. (MALVESTIO et al. 2008).

Por fim, foi observado sobre o diagnóstico de enfermagem na Integridade tissular prejudicada, visto que o público abordado, vítima de múltiplos traumas, apresentava diversas lesões resultantes da perfuração de tecidos por impacto de origem mecânica. Esse evento resulta na perda da função, principalmente dos tecidos conectivos, musculares e ósseos, o que constitui um risco de sobrevida, considerando a chance de apresentarem hemorragias, infecções e traumas secundários, reafirmando mais ainda a importância dos cuidados de enfermagem em situações traumáticas. (ULBRICH. 2010).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o desenvolvimento deste trabalho, foi possível avaliar as evidências encontradas a partir de literaturas sobre os cuidados de enfermagem em situações traumáticas e suas complicações.

Além disso, vimos durante esse estudo a sensibilização a equipe de enfermagem sobre a importância da anotação em prontuário, que quando bem elaborada, apresenta elementos valiosos para o diagnóstico das necessidades do paciente e para o planejamento e avaliação da assistência prestada no âmbito dos cuidados de enfermagem.  

Os futuros profissionais devem estar cada vez mais estimulados a contribuir com tal assunto e ter um conhecimento prático e teórico na dinâmica em atender mediante as circunstâncias de um possível problema de saúde publica e social.

A implementação de diretrizes mais informativas sobre o trauma indubitavelmente uma solução para a ação preventiva, se tornando um forte aliado na detecção precoce de um determinado problema. Contudo, um plano de cuidado a ser utilizado nos pacientes em situações traumáticas, seria uma forma de integrar as ações de enfermagem frente a esses pacientes, acredita-se que dessa forma a enfermagem padronizaria suas ações.

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1Acadêmica do curso de Enfermagem pela UNAMA E-mail: najaragurgel95@hotmail.com
2Acadêmico do curso de Enfermagem pela UNAMA E-mail: juniorcleber553@gmail.com
3Docente e Coordenador do curso de Enfermagem pela UNAMA E-mail: 011280201@prof.unama.br