CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO PACIENTE NEUROCRÍTICO

NURSING CARE FOR THE NEUROCRITICAL PATIENT

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10440406


Taynara Pereira Martins1
Thalyessa Silva Rocha Costa1
Paula Carolina Bejo Wolkers2
Iolanda Alves Braga3
Beatriz Costa da Silva Chagas3
Lia Vieira Bino4
Carolina de Bessa Duarte Lourenço5
Ludmila de Paula Zago 6
Dayse Edwiges Carvalho6
Newton Ferreira de Paula Júnior6


Resumo

Introdução: Pacientes que apresentam insuficiência de um ou mais sistemas, com acomentimento do estado neurológico, são denominados pacientes neurocríticos. Estes apresentam como caracterírstica principal a necessiade de vigilância constante do seu quadro de saúde por parte de uma equipe multiprofissional. objetivo: Conhecer os cuidados prestados pela equipe de enfermagem ao paciente neurocrítico. Metodologia: Revisão bibliográfica onde se buscou conhecer os cuidados de enfermagem ao paciente neurocrítico. Seguiu as seguintes etapas: elaboração da pergunta norteadora;  busca ou amostragem na literatura; coletas de dados; análises crítica dos estudos incluídos; discussões dos resultados. As buscas bibliográficas foram realizadas nas bases de dados do Scielo, PubMed e Lilacs, entre os anos de 2013 a 2023, nos idiomas português, disponíveis gratutitamente na íntegra. Resultados e discussão:  Dos 53 artigos encontrados, foram selecionados 7, que compos o corpus do estudo. São medidas de neuroproteção: pressão arterial média (PAM) entre 90 e 110 mmHg; saturação periférica de oxigênio (SpO2) ≥ 95%, pressão parcial de oxigênio (PaO2) maior que 80 mmHg; pressão parcial de dióxido de carbono (PaCO2) entre 35 e 45 mmHg; temperatura axilar (TAX) máxima de 37ºC; hemoglobina maior que 9 mg/dl (até 48h); cabeceira elevada em 30º; crânio em posição neutra; sedação profunda (RASS -5); Intubação Orotraqueal (IOT) e ventilação mecânica (VM). Considerações Finais: A atuação da equipe de enfermagem desempenha um papel significativo e importância diante do paciente crítico, visando a recuperação do estado clínico e a devolução do mesmo para a sociedade com o mínimo de cicatriz possível, quiça sem cicatriz alguma. Portanto, é essencial que os profissionais de enfermagem façam suas partes e ampliem seus conhecimentos técnicos – científicos pois como responsáveis por assistir e cuidar e o enfermeiro além disso de gerenciar a equipe de enfermagem, devem estar em constante treinamento e aperfeiçoamento acerca da assistência e do cuidado de pacientes neurocrítico, afim de oferecer uma melhor assistência, segura e qualificada aos pacientes e um gerenciamento de enfermagem de qualidade.

Descritores: cuidados críticos; enfermagem; neuroproteção.

ABSTRACT

Introduction: Patients who present insufficiency of one or more systems, with neurological status impairment, are called neurocritical patients. These have as their main characteristic the need for constant monitoring of their health status by a multidisciplinary team. Objective: To understand the care provided by the nursing team to neurocritical patients. Methodology: Bibliographic review seeking to understand nursing care for neurocritical patients. The following steps were followed: elaboration of the guiding question; literature search or sampling; data collections; critical analysis of included studies; discussions of the results. Bibliographic searches were carried out in the Scielo, PubMed and Lilacs databases, between the years 2013 and 2023, in Portuguese languages, available free of charge in full. Results and discussion: Of the 53 articles found, 7 were selected, which made up the study corpus. Neuroprotection measures are: mean arterial pressure (MAP) between 90 and 110 mmHg; peripheral oxygen saturation (SpO2) ≥ 95%, partial pressure of oxygen (PaO2) greater than 80 mmHg; partial pressure of carbon dioxide (PaCO2) between 35 and 45 mmHg; maximum axillary temperature (TAX) of 37ºC; hemoglobin greater than 9 mg/dl (up to 48 hours); headboard elevated by 30º; skull in neutral position; deep sedation (RASS -5); Orotracheal Intubation (IOT) and mechanical ventilation (MV). Final Considerations: The work of the nursing team plays a significant and important role in dealing with critically ill patients, aiming to recover their clinical condition and return them to society with as little scarring as possible, perhaps without any scarring at all. Therefore, it is essential that nursing professionals do their part and expand their technical – scientific knowledge because as responsible for assisting and caring and the nurse, in addition to managing the nursing team, must be in constant training and improvement regarding assistance and care of neurocritical patients, in order to offer better, safe and qualified assistance to patients and quality nursing management.

Descriptors: Critical care; nursing; Neuroprotection1 Acadêmica do curso de Enfermagem – Universidade Estadual de Goiás (UEG), Unidade Universitária Itumbiara2 Enfermeira- Docente do curso de Medicina- Universidade Federal de Catalão (UFCAT)3 Enfermeira- Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) e Universidade Presidente Antônio Carlos de Uberlândia (UNIPAC-Uberlândia)4 Técnica de Enfermagem- Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU)5 Enfermeira- Docente do curso de Enfermagem – Faculdade do Trabalho (FATRA)6 Enfermeiro (a)- Docente do curso de Enfermagem – Universidade Estadual de Goiás (UEG), Unidade Universitária Itumbiara e Universidade Presidente Antônio Carlos de Uberlândia (UNIPAC-Uberlândia)  

INTRODUÇÃO

Pacientes que apresentam insuficiência de um ou mais sistemas, com acomentimento do estado neurológico, são denominados pacientes neurocríticos. Estes apresentam como caracterírstica principal a necessiade de vigilância constante do seu quadro de saúde por parte de uma equipe multiprofissional. Os principais agravos que podem levar o paciente a se tornar um paciente neurocrítico possuem origens sistêmicas ou intracrananas, as sistemicas estão relacionadas a hipertermia, hipotensão, hipoxemia e anemia, ao passo que as intracranianas estão relacionadas a convulsões, edema, hipertensão intracraniana e excitotoxicidade.

O sistema nervoso é responsável pela identificação, análise e condução de informações, a execução dessas tarefas é agrupada em sensoriais, integrativas e motoras. Esse sistema pode ser acometido por uma variedade de patologias, que em termos gerais, estão entre as causas mais relevantes de disfunções e morte. Segundo Oliveira e Barreto (2023), entre 2008 e 2019 no Brasil, as internações por traumatismo cranioencefálico (TCE) tiveram uma incidência de 65,54 por 100 mil habitantes.

As condições neurológicas podem surgir tanto de forma congênita quanto adquirida, isso impacta o Sistema Nervoso Central (SNC) e Sistema Nervoso Periférico (SNP) por meio de irregularidades no cérebro, medula espinhal, nervos periféricos e junções neuromusculares. Essas alterações podem manifestar-se de maneira súbita, gradual  ou intermitente, e seus sintomas estão diretamente relacionados ao processo fisiopatológico subjacente (OLIVEIRA; BARRETO, 2023).

Nesse contexto, os pacientes com comprometimento neurológico devem ser cuidado e assistido em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em especial em uma UTI neurológica. Esse tipo de paciente é classificado como neurocríticos e nisto a essência do cuidado prestado pela equipe de enfermagem, em especial pelo enfermeiro intensivista, que é o profissional que gerencia o cuidado e a assistência de enfermagem,  reside na monitorização constante beira leito. Observou -se que pacientes neurocríticos podem ter alteração da Pressão  Intracraniana (PIC), que é a pressão exercida dentro do crânio, determinada por seu conteúdo, ou seja, Líquido Cefalorraquidiano (LCR), sangue e parênquima cerebral, sendo, no adulto, seu valor fisiológico inferior a 15 mmHg. Informa-se que, quando ocorre um aumento do volume de um destes conteúdos intracranianos, desencadeia a Hipertensão Intracraniana (HIC), a qual deve ser tratada se persistir acima de 20mmHg (CACIANO, et al. 2020).

Para certificar um cuidado seguro e de qualidade  é imprescindível que a equipe de enfermagem compreenda a dinâmica dos três elementos que compõe a abobora craniana, que são: tecido cerebral (1.400g);    ;  líquido cefalorraquidiano (75ml) e sangue (75ml), os quais mantêm um equilíbrio dinâmico conforme a doutrina Monro-Kellie (TENUTO, 2022). É imperativo que a equipe de enfermagem da UTI que lida com pacientes neurocríticos tenha um plano sistematizado de treinamentos e capacitações, que valorize não apenas a técnicas que serão desenvolvidas, mas também as questões da esfera humanística, que sejam competentes e habilidosos, para que o paciente experimente da melhor maneira possóvel seus dias de internação na UTI. Mesmo porque, são pacienes duplamente, triplamente vulneráveis, considerando que além de suas lesões neurológicas ainda experimentam a sedoanalgesia que os impossibilta de participar de seu processo de cuidar. Nesse contexto, a figura do familiar é importante e fundamental para a continuidade do cuidado centrado no paciente.

 Sendo assim, esta pesquisa tem como pergunta de pesquisa: “Quais são os cuidados de neuproteção realizados pela equipe de enfermagem?” Diante a isto, objetivou-se conhecer os cuidados prestados pela equipe de enfermagem ao paciente neurocrítico.

METODOLOGIA

Para a realização desta pesquisa se foi realizada uma revisão bibliográfica onde se buscou conhecer os cuidados de enfermagem ao paciente neurocrítico.

Para Gil (1999), a pesquisa, no método cientifico, segue uma ordem e seu  principal objetivo é dar respostas aos problemas encontrados. Ao discutir a pesquisa  bibliográfica, entende que: A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Esse tipo de pesquisa permite ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. (GIL, 2002).

Para o levantamento dos dados bibliográficos existentes foram utilizadas diversas pesquisas disponíveis em sites e também em livros em linguagem vernácula como também em outras linguagens, com objetivo de conhecer a posição do maior número de autores que abordam o tema da pesquisa.

Foram empregadas etapas propostas pela literatura para o seu desenvolvimento: 1 elaboração da pergunta norteadora; 2 busca ou amostragem na literatura; 3 coletas de dados; 4 análises crítica dos estudos incluídos; 5 discussões dos resultados.

As buscas bibliográficas foram realizadas nas bases de dados do  Scientific Eletronic Library Online (SciElo), Pub Med e Lilacs, e também, em artigos online publicados nos últimos 10 anos. Foram analisados os assuntos escolhidos, abordados na pesquisa. Após a busca, foi feita a definição do material teórico pesquisado.

Os critérios de inclusão aplicados foram: artigos publicados nos anos de 2013 a 2023, artigos publicados em língua portuguesa, artigos disponíveis gratutitamente na íntegra. Como critérios de exclusão: cartas, resenhas, dissertações, teses e artigos pagos. Os descritores utilizados foram: assistência; enfermagem; neuroproteção.

A primeira etapa da análise foi realizada a partir da leitura dos títulos, na sequência a leitura detalhada dos resumos e aqueles que se enquadraram na proposta da pesquisa foram analisados. A exclusão de artigos se deu aos que não abordassem a temática desta pesquisa, os que não eram de acesso gratuito e documentos oficiais e artigos que não estão disponíveis em língua portuguesa.

REFERENCIAL TEÓRICO

Os principais motivos que levam os pacientes a se tornarem neurocríticos são ocasionados por causas externas como: agressão, acidente de trânsito, perfuração por arma de fogo, afogamento, intoxicação exógena, enforcamento/ asfixia, choque elétrico e causas neurológicas como: acidente vascular encefálico ( AVE), aneurisma, hidrocefalia, abscesso cerebral, hematoma extradural, hematoma subdural, hipóxia pós-parada cardiorrespiratória, edema cerebral, meningite e outros.   

E quando se pensa nesses tipos de lesões adquiridas, onde, infelizmente, não existe uma prevenção em intervenção, as mesmas são caracterizadas como lesões primarias. Já as lesões secundárias são determinadas por um processo iniciado no momento do trauma, mas, evidenciada clinicamente, algum tempo após a ocorrência de eventos como hipoglicemia, hipóxia, hipotensão, hipertermia, edema cerebral e outros.  É nesse contexto, que as intervenções de enfermagem como, acompanhamento da pressão intracraniana (PIC) e sinais vitais se tornam fundamentais para um bom prognóstico do paciente neurocrítico.

A PIC refere-se à pressão hidrostática do líquido cefalorraquidiano (LCR) que engloba o tecido neural e os vasos sanguíneos cerebrais na cavidade craniana, a PIC é caracterizada por uma emergencia neurológica, que ocorre quando os mecanismos adaptativos de complacência intracraniana são dominados, fazendo que se tornem incapaz de se adaptarem, causando assim, um efeito de massa no cérebro.   Comumente, a PIC é medida por meio da colocação de  um dreno ventricular externo (DVE) em um dos ventrículos  laterais cerebral ou cateteres intraparinquematosos . Esse parâmetro é considerado um indicador vital, crucial na área da neurociência e resulta do equilíbrio entre o volume de líquido cefalorraquidiano, volume de sangue e volume do parênquima cerebral. Seus valores normais variam de 5 a 15 mmHg ou até 20 cmH2O (LIMA; RIBEIRO; GONÇALVES, 2019).

Entre as variações na PIC, destaca-se a hipertensão intracraniana (HIC), caracterizada pelo aumento da PIC acima de 20 mmHg. Essa condição é classificada de acordo com sua origem e mecanismos patogênicos: HIC parenquimatosa com origem cerebral intrínseca; HIC vascular, associada a distúrbios na circulação sanguínea cerebral; HIC decorrente de distúrbios na dinâmica do líquido cérebro-espinhal; e HIC idiopática (LIMA; RIBEIRO; GONÇALVES, 2019).

Dentre as causas da HIC, a lesão cerebral traumática, responsável por cerca de 1,4 milhão de lesões, destaca-se como a principal. Doenças cerebrais agudas e catastróficas aumentam a PIC, destacando-se: traumatismo craneoencefálico (TCE), acidentes vasculares encefálicos (AVE), tumores cerebrais, cirurgias intracranianas, infecções, encefalopatia hepática, hidrocefalia, hipóxia e cetoacidose diabética. Uma vez aumentada, a PIC pode reduzir o fluxo de sangue no tecido cerebral, o que resulta em isquemia e morte celular. Logo que inicia a isquemia cerebral, os centros vasomotores são estimulados e a pressão sistêmica aumenta, como um mecanismo compensatório, para manter o fluxo sanguíneo cerebral. Geralmente, é acompanhado por pulsação arterial lenta e forte e irregularidade na respiração, ou seja respiração do tipo Cheyne-Stokes. A concentração do dióxido de carbono no sangue e no tecido cerebral também é relevante na regulação do fluxo sanguíneo local (CACIANO et al., 2020).

Portanto, pacientes que manifestam estas falhas em um ou mais sistemas corporais, com comprometimento do funcionamento neurológico, são designados como pacientes neurocríticos. A característica distintiva desses pacientes é a exigência de monitoramento constante de sua condição de saúde por parte de uma equipe multiprofissional. É essencial que a equipe de saúde possua um conhecimento amplo acerca do paciente, o que inclui a identificação de  eventuais condições médicas concomitantes no momento da prestação da assistência e do cuidados, de modo a  proporcionar informações sólidas e consistentes que facilitam um planejamento cuidadoso, elaborado e que  pode impactar positivamente em sua recuperação (MORAIS; ROJAS; VEIGA, 2014).

A gravidade da condição desses pacientes é outro ponto crucial, uma vez que frequentemente apresentam modificações no estado de consciência, instabilidade hemodinâmica e utilização de sedativos, analgésicos potentes, drogas vasoativas (DVA) ou outros medicamentos para manter a estabilidade, além do suporte ventilatório invasivo, justificado pela intubação traqueal- via aérea definitiva (MELO, et al. 2015).

A neuroproteção pode ser definida como uma intervenção, não necessariamente farmacológica, para interferir diretamente nos mecanismos intracelulares da cascata isquêmica, visando o resgate da área de penumbra – definida como área de hipoperfusão, ainda viável, circunjacente ao infarto (área de necrose).

O termo neuroproteção, se refere a mecanismos e estratégias usados para proteger os neurônios contra danos decorrentes de enfermidades que afetam o Sistema Nervoso Central, como doenças neurodegenerativas, derrames ou isquemia cerebral. Segundo protocolo do Instituto Hospital de Base do Distrito Federal (IHBDF), as medidas de neuroproteção devem ser empregadas o mais precocemente possível, tanto medidas clínicas, quanto  medicamentosas, que são: manter pressão arterial média (PAM) entre 90 e 110 mmHg; pressão de perfusão cerebral (PPC): de 60 a 70 mmHg ( em caso de paciente com dreno de PIC), saturação periférica de oxigênio (SpO2) ≥ 95%, pressão parcial de oxigênio (PaO2) maior que 80 mmHg; pressão parcial de dióxido de carbono (PaCO2) entre 35 e 45 mmHg; temperatura axilar (TAX) máxima de 37ºC; hemoglobina maior que 9 mg/dl (até 48h); cabeceira elevada em 30º; crânio em posição neutra; sedação profunda (RASS -5); Intubação Orotraqueal (IOT) e ventilação mecânica (VM) (RAMOS; REIS, MUNIZ, 2018). É necessário destacar que drogas neuroprotetoras por si só não apresentam bom prognóstico quando empregadas sozinhas, por isso existem medidas que devem ser empregadas pela equipe interdisciplinar no intuito de prevenir agravos e melhorar o prognóstico desse paciente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em vista de melhor apresentar os estudos a respeito dos cuidados de enfermagem ao paciente neurocrítico foram aplicados os critérios de inclusão e exclusão da pesquisa, sendo feito por etapas, onde foram encontrados inicialmente 53 artigos que abordassem a temática, porém após leitura minuciosa dos artigos, foram selecionados 7 como corpus do estudo.

De acordo com estudos de Dino (2023) aponta-se que os avanços tecnológicos permitiram a inclusão de novos métodos no âmbito da saúde, justamente para facilitar o trabalho dos profissionais e efetivar técnicas de maneira mais segura. Como exemplo a UTI, que é um ambiente de tratamentos intensivos que detém maior complexidade quando comparada com os serviços cotidianos previstos no ambiente hospitalar. Logo, é necessário a presença de  aparatos tecnologias e equipe altamente qualificada  que possam auxiliar a recuperação de saúde do paciente.

Em se tratando de pacientes neurocríticos, a neuroproteção se faz necessária e que seja bem aplicada, como visto na pesquisa de Barcelos, Manhães   e Azevedo (2016) que uma vigilância adequada e precisa associada à aplicação de planos de cuidados e à interação da equipe podem contribuir, de forma decisiva durante todo o processo de tratamento e reabilitação, para prevenir ou detectar precocemente as complicações, já que esses pacientes apresentam desafios especiais relacionados a transtornos sistêmicos e processos intracranianos, o que requer atenção redobrada.

Deve-se atentar para as disposições arguidas pela Doutrina Monro-Kellie. De maneira simplificada, esta teoria exemplifica a necessidades dos elementos intracranianos permanecerem em constante equilíbrio – entre 5 e 15 mmHg – a fim de que não ocorra a HIC, que é quando a pressão encontra-se acima de 20 mmHg, sustentada por mais de 5 minutos , aumentando a possibilidade de mortalidade (DIB, 2020).

Neste mesmo sentido os autores Arruda et al. (2019) apontam outro método utilizado para avaliação do estado neurológico do paciente que é a Escala de Glasgow- P, atualizada em 2018, sendo apontado como um método seguro, rápido, certificado e amplamente útil    para prover a avaliação correta do paciente e providenciar as intervenções imeditas para o controle da PIC. Durante a avaliação, existem quatro tipos de variáveis que devem ser observadas pelo profissional, quais sejam: a abertura ocular, a resposta verbal, a resposta motora e a resposta pupilar, para que sejam averiguadas as situações de consciência.

Desta forma o enfermeiro é um dos principais responsáveis pela gestão  de saúde neste âmbito, o autor Tenuto (2022) vem abordando uma série de ações dos profissionais da enfermagem perante os pacientes neurocríticos alocados na UTI.

Sendo estes: realizar o exame neurológico: avaliação do nível de consciência, exame pupilar, avaliação da força motora e aplicação da Escala de Coma de Glasgow; avaliar sedação e analgesia: aplicação da escala de sedação e agitação (RASS) ou pela monitorização pelo índice biespectral (BIS) e aplicação da escala numérica da dor. Em paciente com HIC, é indicada a sedação profunda; manter cabeceira do leito a 30°e a cabeça em posiççao neutra: para favorecer o retorno venoso reduzindo a PIC; atentar para compressão da fixação do tubo endotraqueal ou da cânula de traqueostomia: a compressão sobre as veias jugulares diminui o retorno venoso e aumenta a PIC.

O autor também menciona que é importante monitorar a saturação de oxigênio (≥  95%) e a pressão parcial de CO2 (>35mmHg): evitando  a hipoxemia e hipercapnia; desenvolver o exame laboratorial de gasometria; avaliar glicemia: evitar hipo e hiperglicemia, manter entre 80 a 180 mg/dL; atentar para aspiração traqueal: pré-oxigenar o paciente antes e após cada aspiração, realizar  até 10 segundos, limitada a duas manobras e com o sistema fechado de aspiração; atentar para presença de tosse durante aspiração traqueal: desencadeia a manobra de Valsava e elevar a PIC momentaneamente; avaliar a pressão arterial: manter pressão arterial média de 90 a 100 mmHg; avaliar a presenca da Triade de Cushing ( bradcardia, hipertensção e alteração da frequencia respiratoria); avaliar a temperatura: manter temperatura abaixo de 37 °C; prescrever cuidados de enfermagem que minimizem o aumento da PIC: intervenções superiores a 15 minutos aumentar a PIC e devem ser realizadas de modo fracionado e em cursos intervalos de tempo (TENUTO, 2022).

O autor De Barcelos et al. (2016) corrobora com estes estudos, pontuando que é importante que a equipe de enfermagem faça a realização de exame neurológico com aplicação da Escala de Coma de Glasgow pois o exame neurológico detecta sinais   e sintomas de deterioração neurológica ou sinais clínicos de herniação cerebral, avaliar saturação de oxigênio e mante-la em torno de 92% pois hipóxia cerebral leva a lesões cerebrais secundárias, evitar a pressão parcial de CO2>80mmhg, pois ocorre vasodilatação cerebral, aumentando o volume sanguíneo cerebral   e aumento da PIC e a Pa de CO2 baixa (20mmHg) evitar também porque provoca vasoconstricção levando a uma isquemia.   Avaliar sedação, pois fatores ambientais (ruído, temperatura extrema, falta de sono, luz contínua, etc.), fatores emocionais (ansiedade, agitação, etc.), fatores fisiopatológicos (hipoxemia, perfusão cerebral prejudicada, infecção, encefalopatia, etc.) e o controle inadequado da dor podem aumentar o metabolismo cerebral, isso causa aumento na PIC. Diante desta abordagem, é perceptível a necessidade do enfermeiro prescrever os cuidados de enfermagem, que venham ao encontro da minimização do aumento da PIC.

Em achados de Oliveira e Barreto (2023) os pacientes neurológicos apresentam grande risco para adquirir agravos cutâneos devido a imobilidade e alterações do nível de consciência, no intuito de prevenir as lesões cutâneas nessa população,   além    do    posicionamento, devem    ser    aplicados    cuidados simples   como manutenção    dos    lençóis    limpos,    secos    e esticados; aplicação da escala de Braden para avaliação dos riscos de   LPP   e observação contínua da pele; atentar para o posicionamento neurológico, que deve abranger um ângulo da cabeceira a 30º e a manutenção da cabeça em posição neutra, esse ponto permite a diminuição da Pressão Intracraniana (PIC) e auxilia no retorno venoso; realizar proteção gástrica e oftálmica conforme prescrição médica ou protocolo institucional.

Assim, a base do cuidado da equipe de enfermagem é a observação e avaliação constante a beira do leito, é valido ressaltar que a aplicação do conhecimento científico, com base na neuroanatomia, neurofisiologia e fisiopatologia, permite desenvolver um plano de cuidados e assistências de enfermagem com a finalidade de minimizar ou prevenir lesão secundária cerebral e herniação, e consequentemente prevenir e diminuir sequelas, melhorando o prognóstico do paciente (OLIVEIRA, et al. 2018).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A atuação da equipe de enfermagem desempenha um papel significativo e importância diante do paciente crítico, visando a recuperação do estado clínico e a devolução do mesmo para a sociedade com o mínimo de cicatriz possível, quiça sem cicatriz alguma. O paciente neurocritico tem uma particularidade especial, em relação a toda hemodinamica, que ao admiti-lo no setor, deve-se ter habilidade e estar capacitado para  agilizar o arsenal tecnologico e o direcionamento dos cuidados referentes a este perfil de paciente, o qual exige um olhar dinâmico, que venha ao encontro da prevenção de possíveis efeitos deletérios, como herniação de tronco, devido ao efeito de massa e evolução para morte encefálica. A agilidade de atendimento e visão holistica do profissional, certamente mudará seu prognóstico, pois a prevenção de lesões secundarias é fundamental para um bom prognóstico para o paciente neurocrítico. Portanto, cabe ao enfermeiro, cuidadar, direcionar e agilizar a assisntência ininterrupta a esse paciente, priorizando sempre a meta de PAM, prevenção de hipoxemia, elevação e neutralidade da cabeceira, monitorização rigorosa de temperatura e glicemia, manipulação minima e preparo de drogas previamente para evitar dispetar precoce e aumento do estimulo e metabolismo cerebral.

Por fim, é essencial que os profissionais de enfermagem façam suas partes e ampliem seus conhecimentos técnicos – científicos pois como responsáveis por assistir e cuidar e o enfermeiro além disso de gerenciar a equipe de enfermagem, devem estar em constante treinamento e aperfeiçoamento acerca da assistência e do cuidado de pacientes neurocrítico, afim de oferecer uma melhor assistência, segura e qualificada aos pacientes e um gerenciamento de enfermagem de qualidade. Por fim, é necessário a operaccionalização das medidas não farmacológicas de neuroproteção associada as medidas farmacológicas para a obtenção de um resultado exitoso no tratamento e recupeção do pacientes, uma vez que a resposta do mesmo ao tratamento, está nas condutas dos profissionais que o assiste. 

REFERÊNCIAS

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1 Acadêmica do curso de Enfermagem – Universidade Estadual de Goiás (UEG), Unidade Universitária Itumbiara
2 Enfermeira- Docente do curso de Medicina- Universidade Federal de Catalão (UFCAT)
3 Enfermeira- Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) e Universidade Presidente Antônio Carlos de Uberlândia (UNIPAC-Uberlândia)
4 Técnica de Enfermagem- Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU)
5 Enfermeira- Docente do curso de Enfermagem – Faculdade do Trabalho (FATRA)
6 Enfermeiro (a)- Docente do curso de Enfermagem – Universidade Estadual de Goiás (UEG), Unidade Universitária Itumbiara e Universidade Presidente Antônio Carlos de Uberlândia (UNIPAC-Uberlândia)