NURSING CARE FOR THE HYPERTENSIVE PATIENT
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7594913
Murilo da Silva Maia
Paula Vitória Costa Gontijo
Camila Costa Gontijo
Maria Raimunda Lima Silva
Alana Gomes de Araújo Almeida
Giana Gislanne da Silva de Sousa
Karina Daiany de Castro Gabino
Ana Claudia Gonçalves
Diôgo Amaral Barbosa
Raylton Aparecido Nascimento Silva
Bruno Costa Silva
Giovana Felipe Cavalcante
Thiago Oliveira Sabino Lima
Ruhena Kelber Abrão
RESUMO
A hipertensão arterial é considerada um problema de saúde pública sendo também um importante fator no risco para o desenvolvimento do acidente vascular cerebral e infarto do miocárdio. A importância do enfermeiro junto aos hipertensos está atrelada ao seu papel enquanto um educador educador em saúde atuando na motivação do paciente quanto à adesão ao tratamento, seu autocuidado, propondo estratégias que favoreçam seu envolvimento com a doença e seu tratamento, além de capacitar os outros profissionais da equipe de enfermagem nas atividades que são de sua competência. Dessa forma, considerando a importância da atuação da equipe de enfermagem junto aos hipertensos seguidos na atenção básica o objetivo deste estudo foi descrever a atuação do Enfermeiro diante dos cuidados a pessoa que possui hipertensão por meio de uma revisão de literatura de artigos científicos no banco de dados conceituados como Lilacs, Pubmed e Scielo. A presente pesquisa caracteriza-se como uma revisão de literatura a partir de artigos, livros e documentos já registrados, com uma análise qualitativa. O período para realização da coleta de dados se deu entre março a outubro de 2020. Diante deste estudo a conclusão obtida é que foi evidente a importância do cuidado de enfermagem ao paciente hipertenso, proporcionando maior qualidade à assistência e propiciando maior eficiência, autonomia e cientificidade a assistência ao paciente hipertenso.
Palavras-chave: Hipertensão; Enfermagem; Cuidados ao hipertenso.
ABSTRACT
Arterial hypertension is considered a public health problem and is also an important risk factor for the development of stroke and myocardial infarction. The importance of nurses with hypertensive patients is linked to their role as health educators, working to motivate patients to adhere to treatment and self-care, proposing strategies that favor their involvement with the disease and its treatment, in addition to training others. professionals of the nursing team in the activities that are within their competence. Thus, considering the importance of the nursing team’s work with hypertensive patients followed in primary care, the objective of this study was to describe the Nurse’s role in caring for people with hypertension through a literature review of scientific articles in the database. renowned data such as Lilacs, Pubmed and Scielo. This research is characterized as a literature review based on articles, books and documents already registered, with a qualitative analysis. The period for data collection took place between March and October 2020. In view of this study, the conclusion obtained is that the importance of nursing care for hypertensive patients was evident, providing higher quality care and providing greater efficiency, autonomy and scientificity assistance to hypertensive pacients.
Keywords: Hypertension; Nursing; Care for hypertensive patients.
1. INTRODUÇÃO
Considerada um problema de saúde pública, a hipertensão arterial, devido a sua magnitude em acometer a população possui grande dificuldade de controle. Ela é também reconhecida como um dos mais importantes fatores de risco para o desenvolvimento do acidente vascular cerebral e infarto do miocárdio (MACMAHON, PETO, & CUTLER., 1995). No Brasil, há em torno de 21 milhões de pessoas com hipertensão, atingindo cerca de 35% da população a partir de 40 anos. É um fenômeno ascendente, cada vez mais precoce e que constitui grave problema de Saúde Pública no Brasil e no mundo (BRASIL, 2016).
Sendo uma doença detectável, a hipertensão arterial, pode ser da mensurada de forma simples por meio da aferição da pressão arterial. No entanto, apesar dos efetivos progressos da indústria farmacêutica na produção de medicamentos que são considerados cada vez mais eficazes para o seu tratamento, também associado ao tratamento não farmacológico e dos benefícios comprovados na redução da mortalidade e morbidade relacionadas a eventos cardiovasculares, infelizmente ainda há um elevado número de sujeitos hipertensos não tratados ou tratados de forma inadequada (SARQUIS, et al., 1998).
A hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares, explicando 40% das mortes por acidente vascular cerebral e 25% por doença arterial coronariana (SBH, SBC; SBN, 2006). Frequentemente associada a um agregado de distúrbios metabólicos, tais como obesidade, aumento da resistência à insulina, diabete mellitus e dislipidemias, entre outros, A hipertensão arterial é considerada uma síndrome. A presença desses fatores de risco e lesões em órgãos-alvo, quando presentes, é importante e deve ser considerada na estratificação do risco individual, com vistas ao prognóstico e decisão terapêutica (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2007).
Segundo as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, são hipertensos os adultos cuja Pressão Arterial Sistólica (PAS) atinge valores iguais ou superiores a 140 mmHg, e/ou cuja Pressão Arterial Diastólica (PAD) seja igual ou maior que 90 mmHg, em duas ou mais ocasiões, na ausência de medicação anti-hipertensiva. Foram classificados como Pressão Arterial (PA) normalmente registros inferiores a 130/85 mmHg, e Pressão Arterial (PA) ótima valores inferiores a 120/80 mmHg (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2007).
Segundo Kohlmann (2002, p. 34) “A crise hipertensiva é resultado de elevação brusca da pressão arterial, na qual se observa níveis de pressão arterial muito elevado, acompanhados de sinais e sintomas, tais como cefaléia severa, sensação de mal-estar, ansiedade, agitação, tontura, dor no peito, tosse, falta de ar, alterações visuais e vasoespasmos ao exame de fundo de olho”
O enfermeiro, enquanto um integrante da equipe do Programa Saúde da Família (PSF) desenvolve um papel importante no acompanhamento do paciente com hipertensão. Este profissional, além de atuar como um educador em saúde no trabalho com grupos de pessoas hipertensas, seus familiares e com a comunidade, é responsável por desenvolver a consulta de enfermagem, atividade privativa do enfermeiro (BRASIL, 2001). Durante a consulta ao paciente com hipertensão, o profissional deverá realizar a aferição da Pressão Arterial, bem como verificação da altura, peso, circunferência da cintura e quadril, e cálculo do índice de massa corporal; investigar sobre fatores de risco e hábitos de vida; orientar sobre a doença, uso regular de medicamentos prescritos e sobre hábitos de vida pessoais e familiares (SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO, 2006).
Destarte a consulta de enfermagem é uma atividade primordial na assistência, pois estabelece urna interação terapêutica do usuário e o profissional da saúde. Tal fato possibilita o reconhecimento das condições de vida que determinarão os perfis de saúde e doença (FRACOLLII & BERTAZOLLI., 2001).
A importância do papel da enfermagem junto a população hipertensa está associada ao seu papel enquanto um educador em saúde atuando na motivação do paciente quanto à adesão ao tratamento. Além disso, oferecer estratégias de autocuidado que favoreçam seu envolvimento com a doença e seu tratamento, além de capacitar os outros profissionais da equipe de enfermagem nas atividades que são de sua competência são atribuições deste profissional (SILVA, COLÓSIMO, & PIERIN, 2010).
Sabe-se que para o enfermeiro desenvolver um trabalho assistencial com qualidade, é necessária a aplicação de uma metodologia baseada na sistematização da assistência de enfermagem. A avaliação do cuidado se desenvolve durante todas as etapas do processo, desde o histórico, diagnóstico, planejamento e implementação, refletindo a qualidade do cuidado desenvolvido. É necessário o registro das ações desenvolvidas durante a consulta. A importância destes registros se dá na medida em que toda a equipe tem acesso às informações referentes ao estado do paciente (LUCENA, ECHER, & LAUTER., 1996).
Prevenir e tratar a hipertensão arterial envolve ensinamentos que necessitam de continuidade para introduzir mudanças permanentes nos hábitos de vida dos acometidos por essa enfermidade. O enfermeiro, como integrante da equipe multidisciplinar, tem papel de destaque no processo educativo de pessoas com hipertensão. Com estratégias educativas, o enfermeiro busca a adaptação do paciente hipertenso à doença, a prevenção de complicações, a adesão ao tratamento, enfim, torná-lo agente do autocuidado e multiplicador das suas ações junto à família e comunidade (SANTOS & SILVA., 2002).
Trabalhar na área da saúde constitui um grande desafio para os profissionais, por ser este um campo com intensa demanda de usuários e muitas limitações, porém se torna necessário maior conhecimento da hipertensão, bem como formas de controle e prevenção. Contudo, o presente estudo tem como intuito ampliar conhecimento acerca da hipertensão, com a finalidade de contribuir para a melhoria no serviço de enfermagem. Logo, nosso objetivo é descrever a atuação do Enfermeiro diante dos cuidados a pessoa que possui hipertensão.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 HIPERTENSÃO ARTERIAL
De acordo com o Manual de Orientação Clínica Hipertensão Arterial Sistêmica (2011), a hipertensão arterial (HA) é uma condição clínica de natureza multifatorial que se associa frequentemente a alterações funcionais e/ ou estruturais dos chamados órgãos alvo (coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e a alterações metabólicas, com consequente aumento de riscos de eventos cardiovasculares fatais e não fatais. A HA caracteriza-se por ser multifatorial e apresentar níveis pressóricos ≥ 140 e/ou 90 mmHg. Apresenta-se associada a alterações funcionais e distúrbios metabólicos, que podem ser agravados por fatores de risco tais como: dislipidemia, obesidade, intolerância à glicose e diabetes mellitus (DM) (SBH, 2016).
A etiologia para o desenvolvimento da hipertensão arterial sistêmica pode estar condicionada a diversos fatores que são classificados como não modificáveis e modificáveis. Entre os riscos não modificáveis destacam-se a idade, hereditariedade, sexo e raça. Já nos modificáveis, constituem os hábitos sociais, uso de anticoncepcionais, tabagismo, bebidas alcoólicas, sedentarismo, obesidade, hábitos alimentares e estresse (DAMMERO et al., 2019).
A medida da PA é o elemento-chave dentre outros para o estabelecimento do diagnóstico da hipertensão arterial. Dessa forma, quanto mais precocemente for detectada e tratada de forma adequada e contínua, mais se evitará as complicações e o elevado custo social de seu tratamento, garantido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). É preciso considerar a severidade da hipertensão arterial como um grande fator de risco para o acidente vascular cerebral (AVC), o infarto agudo do miocárdio (IAM), a insuficiência cardíaca (IC), as retinopatias, nefropatias e DM (SBH, 2016).
A mudança de hábito requer um esforço mútuo por parte de todos os envolvidos no processo de promoção e manutenção da saúde, incluindo, além dos hipertensos, seus familiares, pessoas próximas e toda a equipe de profissionais de saúde. É sabido que o tratamento não medicamentoso é essencial para o controle da PA, visando mudanças nos hábitos de vida. Portanto, o comprometimento do indivíduo com sua saúde é fundamental e a capacitação do portador de hipertensão arterial para o autocuidado torna-se uma parte essencial do tratamento (DIAS et al., 2015).
2.2 CLASSIFICAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL
A hipertensão arterial é uma doença que pode acometer idosos, adultos e crianças. Entre os fatores de risco relacionados à sua ocorrência destaca-se: idade, gênero, etnia, obesidade, ingestão de sal e álcool, fatores socioeconômicos e genéticos. Entretanto a baixa adesão torna o tratamento muitas vezes inadequado, necessitando atenção dos profissionais de saúde (DIBBERN et al., 2014). É importante ressaltar que na classificação da PA em adultos as pressões sistólicas e diastólicas de um indivíduo são classificadas em diferentes categorias, a mais alta é utilizada para classificar sua pressão arterial. A pressão arterial ideal para a minimização do risco de problemas cardiovasculares situa-se abaixo de 120/80 mmHg. Para a maioria da população, a pressão arterial deve estar abaixo de 140 e/ou 90mmHg, exceto para os diabéticos (< 130/85 mmHg) e renais crônicos (indo até < 120/75 mmHg) (SBC, 2010).
A Medição Residencial da Pressão Arterial (MRPA) é uma modalidade de medição realizada com protocolo específico, “consistindo na obtenção de três medições pela manhã, antes do desjejum e da tomada da medicação, e três à noite, antes do jantar, durante cinco dias. Outra opção é realizar duas medições em cada uma dessas duas sessões, durante sete dias” (PARATI et al., 2010, p. 45).
A Medição Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA) é o método que permite o “registro indireto e intermitente da PA durante 24 horas ou mais, enquanto o paciente realiza suas atividades habituais durante os períodos de vigília e sono. Uma de suas características mais especificas é a possibilidade de identificar as alterações circadianas da PA”, sobretudo em relação às medições durante o sono, que têm implicações prognósticas consideráveis (MALACHIAS et al., 2017, p.21).
São atualmente consideradas anormais as médias de PA de 24 horas ≥ 130/80 mmHg, vigília ≥ 135/85 mmHg e sono ≥ 120/70 mmHg (O’BRIEN et al., 2013).
Figura 1. Valores de referência para a definição de HÁ pelas medidas de consultório, MAPA e MRPA
Fonte: PARATI, STERGIOU, ASMAR et al., (2010, p 779)
Os limites de PA considerados normais são arbitrários. Entretanto, valores que classificam o comportamento da PA em adultos por meio de medidas casuais ou de consultório (MALACHIAS et al., 2017). Considera-se normotensão quando as medidas de consultório são ≤ 120/80 mmHg e as medidas fora dele (MAPA ou MRPA) confirmam os valores considerados normais. Define-se HA controlada quando, sob tratamento anti-hipertensivo, o paciente permanece com a PA controlada tanto no consultório como fora dele (MANCIA et al., 2013).
A pré-hipertensão caracteriza-se pela presença de pressão arterial entre 121 e 139 e/ou PAD entre 81 e 89 mmHg. Os pré-hipertensos têm maior probabilidade de se tornarem hipertensos e maiores riscos de desenvolvimento de complicações quando comparados a indivíduos com PA normal, ≤ 120/80 mmHg, necessitando de acompanhamento periódico (ALESSI et al., 2014).
Figura 2. Classificação da PA de acordo com a medição casual ou no consultório a partir de 18 anos de idade
Fonte: ARQ. BRAS. CARDIOL., (2016, p 107)
2.3 CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO PACIENTE HIPERTENSO
A equipe de enfermagem (enfermeiro, técnico e auxiliar de enfermagem) desempenham um papel de destaque em favorecer o aumento dos índices de adesão às práticas de/em saúde estabelecidas para os hipertensos. O enfermeiro, em especial, deve atuar de forma direta na promoção da saúde contribuindo com o diagnóstico precoce da doença, utilizando atividades básicas de rotina em saúde, como, por exemplo, verificação da pressão arterial e orientação da equipe sob sua responsabilidade. Uma vez instalada a doença, a atuação recai em orientar sobre os benefícios do tratamento medicamentoso e não medicamentoso, manejo da doença e suas complicações quando não controlada, bem como adesão a estilos de vida saudáveis (SILVA, COLÓSIMO, & PIERIN, 2010).
Considera-se que o enfermeiro faz parte da equipe multiprofissional responsável pelo programa de controle da hipertensão arterial na atenção primaria à saúde e tem como atribuição especifica a consulta de enfermagem, por meio da qual pode estabelecer um vínculo de confiança com o sujeito que tem de hipertensão. Tal fato pode possibilitar o repasse de informações fundamentais para que esse indivíduo seja o ator principal na promoção e manutenção de sua saúde, por meio do controle efetivo de sua pressão arterial e dos fatores de risco. Destaca-se a importância da implementação do processo de enfermagem ao maior número de usuários, para que se possa atingir o maior número de portadores de hipertensão acompanhados de forma holística (SILVA, RIBEIRO, SILVA, & LOPES., 2008).
Compete aos enfermeiros realizar a consulta de enfermagem, solicitar exames e realizar transcrição da prescrição de medicações, de acordo com protocolos ou normas técnicas estabelecidas, desenvolver estratégias de educação em saúde e fazer encaminhamentos quando necessário e eliminar os fatores de riscos modificáveis, da HA e DM, tais como: tabagismo, uso de álcool, alimentação inadequada, entre outros (BRASIL, 2013). O enfermeiro na unidade de emergência e urgência nas crises hipertensivas é responsável pela coordenação da sua equipe, sendo fundamental a atualização dos profissionais ligados à área, como também está atento as intercorrências de seus pacientes, para assim intervir de imediato (BRASIL, 2010).
Segundo Brasil (2013, p. 24), “as atividades relacionadas ao autocuidado devem-se constituir pelas orientações para o seguimento do tratamento prescrito”. Quando o tratamento é medicamentoso, deverá ser fornecidas as informações sobre o nome do remédio, dose, horários, interações medicamentosas, efeitos adversos, bem como os procedimentos corretos para a autoadministração, assim como os efeitos indesejáveis da mesma. Deverão ser verificadas também as habilidades individuais para a autoadministração (BRASIL, 2013).
3. METODOLOGIA
A presente pesquisa caracteriza-se como uma revisão de literatura a partir de artigos, livros e documentos já registrados, com uma análise qualitativa. Serão abordados dados primários por meio de buscas por artigos científicos inclusos em bases de dados como Scielo, Pubmed, Medline e Lilacs. O período para realização da coleta de dados foi entre os meses de março a outubro de 2020.
Artigos científicos inclusos nas bases de dados citadas acima, sobre cuidados de enfermagem ao paciente hipertenso. Como critério de inclusão artigos escritos em português, artigos publicados entre 2010 a outubro de 2020, aqueles que se enquadram no enfoque do trabalho e os mais relevantes em termos de delineamento das informações desejadas. Já como critérios de exclusão artigos, publicados antes do ano de 2010 ou posterior a outubro de 2020, artigos em inglês e espanhol que não apresentam relevância sobre o tema abordado e/ou que não se enquadram nos critérios de inclusão.
Os dados necessários para a realização da revisão da literatura serão obtidos por meio da leitura dos resumos artigos na íntegra, usando bases de dados Scielo, Pubmed, Lilacs, os artigos serão identificados por meio dos Descritores em Ciências da Saúde (DECS), utilizando os termos “Hipertensão”, “Enfermagem”, “Cuidados ao hipertenso”. Os dados levantados serão analisados de acordo com a qualidade do artigo e serão priorizando os artigos mais atuais. Os artigos selecionados serão agrupados com o objetivo de sistematizar os achados.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
De início foi realizada a busca nas bases de dados PubMed, Scielo e Lilacs utilizando os descritores previamente definidos. Foram feitas combinações dos descritores e então foram montados os seguintes operadores booleanos nas bases de dados citadas, “hipertensão and enfermagem”, “cuidados ao hipertenso and enfermagem”, sendo seus respectivos em inglês “hypertension and nursing “,” care for hypertensive and nursing”. A busca realizada gerou um quantitativo de 1505 artigos. Porém, ao aplicar os filtros para critérios de inclusão, restaram 721 artigos identificados. Após a completa análise completa dos resumos, foram excluídos artigos por não se tratar da temática escolhida ou não por não haver relevância para o trabalho.
Então, após a conclusão, foram selecionados 08 artigos para constituição do presente estudo cuja temática é o cuidado de enfermagem ao paciente hipertenso, fez-se uma discussão dos elencados no quadro abaixo.
Quadro 1: Artigos selecionados:
Bases de dados | Título | Autor | Ano | Considerações |
Lilacs | Construção e validação de um instrumento para consulta de enfermagem aos hipertensos atendidos em unidades de saúde da familia | Santana | 2010 | O objetivo deste estudo foi construir um instrumento para a consulta de enfermagem aos hipertensos atendidos em Unidades de Saúde da Família. |
Lilacs | Cuidado de enfermagem fundamentado em parse | Silva et al. | 2013 | Este estudo se volta para a investigação da prática cuidativa de um grupo de enfermeiros que prestam cuidados às pessoas com HAS. |
Lilacs | Produção do cuidado a pessoas com hipertensão arterial: acolhimento, vínculo e corresponsabilização | Lima, Moreira, Jorge. | 2013 | Este estudo compreendeu como têm sido mobilizados os dispositivos – acolhimento, vínculo e corresponsabilização no cuidado aos usuários com HA. |
Scielo | O efeito de intervenções educativas no conhecimento da equipe de enfermagem sobre hipertensão arterial | Silva, Colóimo, Pierin | 2010 | O estudo comparou o conhecimento da equipe de enfermagem sobre hipertensão arterial e seu tratamento antes e após intervenções educativas |
Scielo | Intervenções educativas na melhora da qualidade de vida de hipertensos: revisão integrativa | Silva et al. | 2020 | Avaliou por meio da literatura, a efetividade de intervenções educativas na melhora da qualidade de vida de pessoas com HA |
Scielo | Monitorização residencial da pressão arterial: atualidades e papel do enfermeiro | Agena, Silva, Pierin | 2011 | Este artigo teve como finalidade analisar o papel da MRPA no contexto do diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial, além da importância do enfermeiro na MRPA |
Scielo | Cuidado de enfermagem ao cliente com hipertensão: uma revisão bibliográfica | Moura et al. | 2011 | O objetivo deste trabalho foi identificar, na produção do conhecimento, práticas de cuidados de enfermagem ao portador de hipertensão arterial na última década. |
Scielo | A interação no ensino clínico de enfermagem: reflexos no cuidado à pessoa com hipertensão arterial | Araújo et al. | 2015 | O estudo teve como objetivo identificar quais os conhecimentos e atitudes no autocuidado em saúde entre usuários que receberam ensino clínico de enfermagem para o autocuidado na hipertensão arterial, através de intervenções de cuidado interativo junto a pacientes e familiares no contexto terapêutico |
Santana (2010), em seu estudo constatou que o atendimento do enfermeiro necessita ser centrado e focado no processo de enfermagem, colocando-se em prática todas as etapas, como o histórico do paciente, diagnósticos, entre outros. É imprescindível que o enfermeiro institua um roteiro único de consulta voltado para o paciente hipertenso, com o levantamento de todos os dados para que possa prestar um atendimento condigno com a gravidade da doença hipertensiva.
Na pesquisa de Silva, Colósimo, Pierin (2010), foi ressaltado que os membros da equipe de enfermagem necessitam, de fato, de uma instrumentalização que os torne aptos para deter os conhecimentos que permeiam a problemática. Os autores concluem que é ponto fundamental e inicial do processo.
Os profissionais de saúde, sobretudo o enfermeiro, devem adotar a avaliação da qualidade de vida de forma contínua nos serviços de saúde, atentar-se às dimensões que são mais afetadas nos pacientes com HA e intervir de forma precoce, uma vez que este aspecto pode exercer influência negativa na adesão e no tratamento (SILVA et al., 2020).
Silva, Colósimo, Pierin (2010), considera a atuação da enfermagem é primordial em todas as etapas do diagnóstico e tratamento, principalmente no tocante à adesão do paciente ao tratamento, que ainda é um grande desafio para todos os profissionais que assistem o hipertenso. Corroborando com o estudo Moura et al., (2011), evidência a utilização do processo de enfermagem dá um caráter profissional à consulta, organizando a abordagem do paciente e definindo a competência do enfermeiro.
Segundo Lima, Moreira & Jorge (2013), o acolhimento e vínculo entre usuários trabalhadores de saúde, em especial os enfermeiros que os atendem e os acompanham em seus projetos terapêuticos, sobressaindo o respeito aos usuários com HA. Para Silva, Silva, Guedes et al., (2013), um fator considerado positivo, é o fato de promover ampliação do corpo de conhecimentos do profissional enfermeiro, além de lhe permitir estar verdadeiramente presente com o paciente.
Em seu estudo Moura et al., (2011), evidênciaram o papel do cuidador, em sua relação com o paciente, ressaltando suas prioridades em interações e conexões positivas, o que exige do enfermeiro paciência, harmonia, calma, afetividade e afirmação, aceitação mútua, respeito mútuo e comunicação eficaz. A consulta de enfermagem junto aos hipertensos é uma estratégia que propicia grandes benefícios. A educação sobre doença e a orientação sobre hábitos de vida saudáveis, com foco em mudanças de atitude frente ao estilo de vida de forma clara, tem como objetivo um maior esclarecimento sobre a patologia, promoção do autocuidado e consequentemente melhor controle pressórico e adesão a terapêutica proposta (AGENA, SILVA, PIERIN, 2011). Silva et al., (2020), relata em estudo que as intervenções educativas foram efetivas na melhora da qualidade de vida de hipertensos.
Em estudo realizado por Agena, Silva, Perin (2011), o enfermeiro se faz presente em todas as etapas deste processo que se inicia a partir da escolha do aparelho e perdura durante a orientação do manejo deste, do preenchimento do diário de atividades, da realização do exame propriamente dito e finaliza na emissão do relatório.
Segundo Araújo et al (2015, p. 11) as orientações educativas que estão baseadas na teoria interacionista proporcionaram o início da formação de uma consciência crítica para a saúde no indivíduo hipertenso, “implicando na integração e implementação tais conhecimentos à sua rotina de vida e na transmissão seu aprendizado para outras pessoas, tornando-o protagonista de sua própria saúde”. De acordo com Silva, Colósimo, Pierin (2010), todos os enfermeiros envolvidos no cuidado a HA devem se tornar educadores. Ademais, no atendimento dos pacientes hipertensos, a melhora no conhecimento pode implicar em melhoria na assistência, propiciando condições aos hipertensos para maior adesão ao tratamento. Para tanto o envolvimento de todas as categorias da equipe de enfermagem se faz necessário.
Em seu estudo Araújo et al., (2015), relatam que por meio da utilização do interacionismo enquanto um eixo para o desenvolvimento de ensino clínico de forma cooparticipativa entre o enfermeiro e o usuário, a educação em saúde se mostrou como uma importante estratégia para o empoderamento e autonomia do sujeito hipertenso com relação ao seu tratamento, podendo ser integrada ao cuidado de enfermagem.
Um aspecto muito importante ressaltado por Santana (2010), evidência que para assistir o paciente no atendimento de suas necessidades por meio do pensamento crítico e julgamento clínico, o enfermeiro necessita de conhecimentos científicos e atualizações para tomar as decisões clínicas que atendam às reais necessidades afetadas do cliente assistido.
De acordo com Lima, Moreira & Jorge (2013), dentre as estratégias a serem desenvolvidas, recomenda-se a reflexão dos diversos atores responsáveis pelo cuidado aos usuários com HA, inclusos enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem tão imbricados nas práticas cotidianas de saúde, para que cresça uma rede de afetos, o desenvolvimento das potências e, principalmente de ações partilhadas que estimulem a autonomia destes usuários. Nesse sentido, ancorados nos achados científicos de Silva, Colósimo e Pierin (2010), quando os pacientes reconhecem o bom atendimento e preocupação que o profissional teve para com ele e a sua doença, a tendência é haver uma maior participação nas atividades educativas em saúde em que a unidade propuser e isso pode acarretar melhor controle de seus níveis tensionais
Contudo, Araújo et al., (2015), sugerem que a prática de ensino clínico seja amplamente difundida pelos profissionais nos serviços de saúde e se estenda a cada sujeito de maneira individual junto a seus familiares na busca de uma visão mais ampliada de saúde, para que, em suas práticas cotidianas, o cuidado integral possa se tornar uma realidade mais próxima de ser alcançada, focada na valorização da vida e não com foco na doença.
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante deste estudo, é evidente a extrema importância do cuidado de enfermagem ao paciente hipertenso, proporcionando maior qualidade à assistência e propiciando maior eficiência, autonomia e cientificidade a assistência ao paciente hipertenso. As ações educativas aos pacientes hipertensos têm se tornado cada vez mais importantes e eficazes no tratamento, uma vez que incentiva o paciente a não negligenciar ou abandonar o tratamento. O enfermeiro tem papel de suma importância na parte educativa, buscando incentivar o autocuidado e a participação do paciente na formulação do seu plano terapêutico, pois está em contato com este paciente desde a primeira consulta.
Contudo, o enfermeiro está intimamente ligado no cuidado ao paciente hipertenso, uma vez que ele o acompanha desde o início do tratamento. O enfermeiro deve possuir sensibilidade para lidar com cada paciente de forma única, devendo ainda buscar a melhor maneira de aplicar as ações educativas, tendo em vista que é a melhor maneira de garantir a continuidade do tratamento e assiduidade nas consultas. Além disso, muitos pacientes são idosos e necessitam de uma linguagem mais facilitada, um cuidado maior.
A partir desta revisão integrativa, foi possível concluir que os cuidados de enfermagem ao paciente hipertenso são fundamentais, o enfermeiro é responsável por orientar os pacientes e familiares, estimular o autocuidado acompanhando diretamente o tratamento e impedindo que eles o abandonem, porém, é necessário que o enfermeiro tenha mais preparo, incluindo mais estudos onde apontem a sua importância no cuidado ao paciente hipertenso.
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