REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202505311536
Tatiana do Carmo Froes Moraes1
Francisco Antonio Canhoto2
Sheila Fantin Buratti3
Introdução: Incidentes de trânsito provocados por animais soltos nas vias públicas são relativamente frequentes no país, especialmente quando consideramos as estatísticas referentes às rodovias, 3,49% dos acidentes normalmente são causados por animais soltos na via, provocando grande consequências aos envolvidos em acidentes. A síndrome compartimental ocorre quando há aumento da pressão dentro de um compartimento facial fechado, resultando em isquemia do tecido, causando dor intensa e sendo o tratamento padrão a fasciotomia. A fasciotomia é um procedimento cirúrgico utilizado para tratar a síndrome compartimental, tendo como objetivo, reduzir a pressão excessiva nos músculos, permitindo a restauração do fluxo sanguíneo. Esse aumento de pressão, se não tratado, pode causar isquemia e necrose nos membros, podendo levar o paciente a amputação do membro afetado. Amputação é um método utilizado para definir a retirada total ou parcial de um membro, mas também pode ser um método de tratamento para diversas doenças, como a síndrome compartimental. Objetivo: Relatar a experiência da participação no manejo clínico do tratamento de um paciente hospitalizado, vítima de um acidente automobilístico com um animal, com evolução para síndrome compartimental, submetido a fasciotomia extensa e amputação de membro inferior direito – MID. Método: Trata-se de um estudo descritivo, na modalidade relato de experiência acerca do tratamento de uma amputação em MID, realizada em centro cirúrgico, o paciente deu entrada no hospital no dia 17 de setembro de 2022 e evoluiu negativamente, necessitando se manter hospitalizado para a realização de uma fasciotomia, o tratamento se estendeu até dia 28 de dezembro de 2022, sendo realizadas diversas intervenções, como: amputação, desbridamento, curativos, hemotransfusão, instalação de dreno de sucção, entre outros. Resultados: O paciente deu entrada no dia 17 de setembro de 2022, ao exame físico, constatou-se que havia edema em MID, hematoma em panturrilha, diagnosticado pelo cirurgião com Síndrome Compartimental, dois dias depois o paciente evoluiu com edema subcutâneo em pé homolateral, diminuição dos movimentos no membro afetado e sensibilidade sendo submetido a fasciotomia e encaminhado a Unidade de Terapia Intensiva – UTI, no dia 21 foi realizado avaliação pelo cirurgião e identificado membro isquêmico, sem perfusão, sendo então realizada amputação do membro no terço médio da coxa, no dia 24 o paciente foi submetido a desbridamento de necrose superficial em região perineal e drenagem de hidrocele em região perineal. Foram realizados exames laboratoriais, ressonância magnética e ultrassonografia, os quais foram de suma importância para a tomada de decisão de amputação do membro afetado. A ferida continha tecido de granulação, tecido necrótico, tecido de epitelização e esfacelo, foram prescritos curativos especializados com tecnologias avançadas com troca a cada 72 horas. O primeiro curativo foi realizado com pielsana no dia 04 de setembro, já no dia 21 de outubro foi iniciado curativo à vácuo com adjuvante polyhexametileno biguanida – PHMD. O paciente teve uma reabordagem em coto no centro cirúrgico – CC no dia 28 de dezembro de 2022 e manteve o curativo com dreno de sucção até a melhora. Conclusão: O estudo revelou que o cuidado da equipe multidisciplinar, tem maior eficácia na melhora da condição clínica do paciente e o uso de curativo sendo realizado a cada 72 horas com pielsana, posterior curativo à vácuo e uso de PHMD tem efeito benéfico no tratamento deste tipo de lesão. Esta abordagem acelera a cicatrização, cria um ambiente eficaz para a recuperação e reduz o risco de infecções, promovendo assim a recuperação do paciente. Torna-se evidente que, ainda há a necessidade de mais estudos nesta área, a fim de corroborar com os achados encontrados neste tratamento. Implicações para o campo do Tratamento de Feridas: Destaca-se a importância do cuidado de uma equipe multidisciplinar na melhora da condição clínica do paciente. A abordagem colaborativa entre diferentes especialistas é essencial para otimizar os resultados do tratamento. Além disso, o uso de curativos avançados, como o pielsana e o curativo à vácuo, e ainda o uso do PHMD, mostrou-se benéfico no tratamento de lesões complexas. Esses curativos aceleram a cicatrização e efetivam a recuperação do paciente. A frequência na troca de curativos, realizada a cada 72 horas, é um fator crítico na eficácia do tratamento, promovendo uma recuperação mais rápida e segura. A personalização do tratamento, considerando as intervenções específicas necessárias para cada paciente, como fasciotomia, amputação e desbridamento, é fundamental, sendo que cada indivíduo deve ter seu tratamento individualizado e específico. Por fim, a incorporação de tecnologias avançadas, como o curativo à vácuo e os adjuvantes antimicrobianos, demonstra o valor da inovação no tratamento de feridas. Essas tecnologias podem melhorar significativamente os resultados clínicos e a qualidade de vida dos pacientes. Sendo assim, uma abordagem integrada, inovadora e baseada em evidências é crucial para o avanço do campo do tratamento de feridas, promovendo melhores desfechos clínicos e a recuperação dos pacientes.
Descritores: Acidente automobilístico; Síndrome Compartimental; Fasciotomia; Amputação de MID; Curativos.
Referências:
1- BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Fasciotomia de membros superiores. Disponível em: https://www.gov.br/pt-br/servicos-estaduais/fasciotomia-de-membros-superiores. Acesso em: 26 jul. 2024.
2- BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Pessoa amputada: acompanhamento e reabilitação estão disponíveis no SUS. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/agosto/pessoa-amputada-acompanhamento-e-reabilitacao-estao-disponiveis-no-sus#:~:text=Amputa%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A9%20o%20termo%20utilizado,de%20tratamento%20para%20diversas%20doen%C3%A7a. Acesso em: 26 jul. 2024.
3-MSD MANUALS. Síndrome compartimental. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/les%C3%B5es-intoxica%C3%A7%C3%A3o/fraturas/s%C3%ADndrome-compartimental#Diagn%C3%B3stico_v13387937_pt. Acesso em: 26 jul. 2024.
4- PORTAL DO TRÂNSITO. Acidente de trânsito causado por animal solto na via pública: de quem é a responsabilidade? Disponível em: https://www.portaldotransito.com.br/noticias/fiscalizacao-e-legislacao/acidente-de-transito-causado-por-animal-solto-na-via-publica-de-quem-e-a-responsabilidade/. Acesso em: 26 jul. 2024.
1Enfermeira. E-mail: tatiana.moraes1@unemat.br
2Médico.
3Médica.