CUIDADOS COM A MÃE E O RECÉM-NASCIDO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8132359


Creuza Maria de Souza Campello1
Eduarda Albuquerque Vilar2
Cristiano Pereira Sena3
Sarah Veiga da Silva4
Jaqueline da Silva Leitão5
Laurena Monteiro Moraes6
Eliene Farias Carneiro7
Aline Thaís Sales dos Santos8
Linda Caroline Coelho Silva9
Emilly Gonçalves de Oliveira10
Andreia Teles Fonseca11


RESUMO

Introdução: O nascimento é um momento singular na vida de muitas mulheres e seus familiares, gerando expectativas quanto à saúde do recém-nascido (RN) e a adaptação de todos ao novo contexto. Objetivo: Analisar como a produção científica aborda as práticas de cuidados de mãe e recém-nascido. Metodologia: Trata-se de uma Revisão Integrativa de Literatura (RIL), a qual é um método que tem como finalidade sintetizar resultados alcançados em pesquisas sobre um tema ou questão, de maneira sistemática, ordenada e abrangente. Resultado e Discussão: O cuidado com a mãe e o recém-nascido vai muito além do assistencial, ou seja, das condutas práticas esperadas nesse tipo de serviço, pois envolve fatores que vão muito além de procedimento, visto que não se trata apenas de do processo de parir e estabilizar tanto a puérpera quando o RN, logo após o parto. Condutas como ausculta humanizada, orientação por meio de educação em saúde ofertada à puérpera e seus familiares sobre como agir nessa nova fase da vida, tendo uma noção do que esperar a cada etapa de adaptação tanto do RN como da puérpera, facilita no cotidiano da não só da assistência, mas também de todos que passam por essa experiência, tão linda que é o nascimento. Considerações Finais: A capacitação e atualização da equipe multiprofissional no cuidado prestado a mãe e recém-nascido é um fator importante para as boas práticas de cuidados imediatos e mediatos a esse perfil de usuários.

Palavras-chave: Cuidado, Recém-Nascido, Puérpera.

ABSTRACT

Introduction: Birth is a unique moment in the lives of many women and their families, generating expectations regarding the health of the newborn (NB) and everyone’s adaptation to the new context. Objective: To analyze how scientific production addresses mother and newborn care practices. Methodology: This is an Integrative Literature Review (RIL), which is a method that aims to synthesize results achieved in research on a topic or issue, in a systematic, orderly and comprehensive manner. Result and Discussion: The care for the mother and the newborn goes far beyond assistance, that is, the practical behaviors expected in this type of service, as it involves factors that go far beyond the procedure, since it is not just about the process of giving birth and stabilizing both the puerperal woman and the NB, right after delivery. Conducts such as humanized auscultation, guidance through health education offered to puerperal women and their families on how to act in this new phase of life, having a notion of what to expect at each stage of adaptation, both for the newborn and the puerperal woman, facilitates the cost of not only from the assistance, but also from everyone who goes through this experience, so beautiful that birth is. Final Considerations: The training and updating of the multidisciplinary team in the care provided to mothers and newborns is an important factor for good practices in immediate and intermediate care for this profile of users.

Keywords: Care, Newborn, Postpartum.

1. INTRODUÇÃO

O nascimento é um momento singular na vida de muitas mulheres e seus familiares, gerando expectativas quanto à saúde do recém-nascido (RN) e a adaptação de todos ao novo contexto. O RN possui total dependência; necessitando, assim de cuidados específicos desde a sala de parto para manutenção de sua vida e puérpera por sua vez, merece todo o suporte e treinamento possível para lidar com as mudanças que irão surgir com a chegada do bebe (TOSTES; SEIDL, 2016).

Ao nascer o RN passa por intensas modificações adaptativas para se adequar ao meio extrauterino, o tornando mais vulnerável a riscos biológicos, ambientais, socioeconômicos e culturais (BITTENCOURT et al., 2016).

Em relação aos cuidados imediatos após o parto, é preconizado que o RN seja mantido sobre o abdômen ou tórax materno, em contato pele a pele contínuo, evitando assim a perda de calor e estimulando a amamentação e o cordão umbilical deve ser clampeado quando este parar de pulsar (BRASIL, 2014). 

Antes dos cuidados imediatos, no primeiro e quinto minuto de vida, o RN será examinado pelos profissionais de saúde da sala de parto, utilizando o boletim de APGAR que tem como critérios de avaliação: frequência cardíaca (FC), cor, irritabilidade reflexa, esforço respiratório e tônus muscular. Quanto maior a pontuação, maior a vitalidade (MUNIZ et al., 2016).

É de grande importância realizar o aleitamento precoce para promoção do contato mãe-bebê imediato após o parto, evitando intervenções desnecessárias que interferem nessa interação nas primeiras horas de vida. Esse contato deve ser estimulado nas primeiras horas de vida, exceto em casos de mães HIV ou HTLV positivos (ALVES, 2017).

Dentre os cuidados ofertados a mãe denominada puérpera logo após no nascimento temos como cuidados imediatos observar perda sanguínea; controlar venóclise e administração de medicamento; manter aquecida a puérpera. Visto que as principais complicações que podem surgir na fase do puerpério são hemorragias, infecção puerperal, tromboflebites, mastite, infecções do trato urinário (TOSTES; SEIDL, 2016).

Além desses cuidados com a puérpera é de suma importância oferecer orientação sobre como agir nessa nova fase da vida, visto que a chegada de uma criança modifica a rotina de todos. Dentre essas orientações é importante salientar cuidados que devem ser tomados nos primeiros dias de vida do recém-nascido, tendo em mente que é nos primeiros dias de vida que há maior risco de vida para o RN, o qual ainda está de adaptando com a vida extrauterina (ALVES, 2017).

Portanto, o objetivo deste artigo é analisar por meio das produções científicas a importância das práticas de cuidados ofertados a mãe e recém-nascido.

2. METODOLOGIA 

A Revisão Integrativa de Literatura (RIL) é um método que tem como finalidade sintetizar resultados alcançados em pesquisas sobre um tema ou questão, de maneira sistemática, ordenada e abrangente. É o tipo de pesquisa que fornece informações mais amplas sobre um assunto/problema (ERCOLE, MELO, ALCOFORADO, 2014).

Nessa perspectiva, os artigos de revisão, assim como outras categorias, são pesquisas que utilizam resultados de pesquisas de outros autores, por meio de fontes de informações bibliográficas ou eletrônicas com o objetivo de fundamentar teórica e cientificamente um determinado objetivo (VOSGERAU; ROMANOWSKI, 2014).

Para este trabalho foi utilizado artigos científicos encontrados nas bibliotecas virtuais, tais como, Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Ministério da Saúde Brasil (MS), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), utilizando as seguintes palavras-chave: cuidado, recém-nascido, puérpera com o auxílio do operador booleano AND.

Neste trabalho foi utilizado como critério de inclusão periódicos e artigos originais nacionais e internacionais, nos idiomas em inglês e português, publicados no período de 2013 a 2022. Foram excluídos estudos do tipo caso-controle, relatos de experiência, estudos de caso, artigos publicados fora de período estipulado e que não contenham relação com o objetivo do estudo.

Os dados foram analisados por meio de leitura com vistas aos principais resultados e conclusões que contenham o objetivo proposto, confrontando as várias literaturas para comporem a revisão do estudo em questão.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 

O cuidado com a mãe e o recém-nascido vai muito além do assistencial, ou seja, das condutas práticas esperadas nesse tipo de serviço, pois envolve fatores que vão muito além de procedimento, visto que não se trata apenas de do processo de parir e estabilizar tanto a puérpera quando o RN, logo após o parto.

Condutas como ausculta humanizada, orientação por meio de educação em saúde ofertada à puérpera e seus familiares sobre como agir nessa nova fase da vida, tendo uma noção do que esperar a cada etapa de adaptação tanto do RN como da puérpera, facilita no cotidiano da não só da assistência, mas também de todos que passam por essa experiência, tão linda que é o nascimento.

Muller e Zampieri (2014) revelaram que as principais divergências na realização do cuidado estão relacionadas com a decisão de qual ação é prioritária, qual a forma de realizar as técnicas, os materiais utilizados para fazê-las, o local e o momento mais adequado; isso demonstra uma contradição entre o que é definido como prioridade na literatura e o que é visto na prática.

Entretanto, mesmo com as recomendações e com o conhecimento dos profissionais de saúde sobre os cuidados imediatos, ainda existem divergências nessa ação de cuidar. As maternidades possuem seus próprios protocolos, priorizando na maioria das vezes a realização do exame físico, análise dos dados antropométricos e administração de medicamentos, retardando o contato pele a pele e a amamentação (FARIAS; SOUZA; MORAIS, 2020). 

3.1 OS CUIDADOS IMEDIATOS AO RN E SUA INFLUÊNCIA NA PROMOÇÃO DO VÍNCULO MÃE-BEBÊ 

Os cuidados prestados ao RN imediatamente após o parto são essenciais para a adaptação do bebê diminuindo a morbi-mortalidade neonatal. O delicado momento de transição do meio intra para o extra-uterino é marcado por inúmeras mudanças para a criança (DE LIMA et al., 2017). 

O meio intra-uterino proporciona um ambiente de aconchego, de temperatura e luminosidade constantes, os ruídos são ouvidos suavemente, não necessitando de esforço para realizar as funções vitais. Com o nascimento o bebê vai se adaptando gradualmente ao meio extra-uterino superando as dificuldades inerentes ao seu desenvolvimento (MENDES, 2018).

Foi desenvolvida uma filosofia de assistência ao parto, denominada humanização do parto e nascimento, cuja preocupação essencial é acolher bem o recém-nascido (RN), suavizando o impacto da diferença entre o mundo intra e extra-uterino. É preconizado o emprego de uma luz difusa na sala de parto, silêncio, ambiente menos frio e tranquilo, uma música suave e o contato corporal imediato entre a mãe e o RN. Este deve ser colocado sobre o ventre da mãe logo após o nascimento, sendo acariciado por ela e somente após alguns minutos corta-se o cordão umbilical (DE LIMA, 2017). 

O contato físico muito precoce entre mãe e filho tem importância prioritária na visão humanizada de cuidados ao bebê ainda na sala de parto. A fim de se evitar separações desnecessárias entre o binômio, o que poderia prejudicar o aleitamento materno e a aproximação ao bebê, é importante reduzir ao estritamente necessário os procedimentos realizados no pós-parto imediato, quando se tratar de um bebê de baixo risco (CARVALHO; PELLENZ, 2019).

Em 2015, na Assembleia Geral das Nações Unidas, foram estabelecidos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para 2030 como continuidade ao trabalho iniciado 15 anos antes por meio dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), essas metas globais visam garantir vidas saudáveis e promover bem-estar para todos, das quais, algumas se referem à saúde Neonatal, direta ou indiretamente (GOÉS et al, 2020).

Como exemplo, a meta dois, referente ao terceiro ODS, propõe o término de mortes evitáveis de recém-nascidos (RN) e a redução da mortalidade neonatal (de 0 a 27 dias de vida) para, pelo menos, 12 em cada 1.000 nascidos vivos em todos os países. Porém, o progresso na redução dessas mortes tem sido lento, pois aproximadamente três milhões de neonatos ainda morrem a cada ano em todo o mundo (GOÉS et al, 2020). 

Sobre esse aspecto, Pieszak, et al. (2019) chamam atenção acerca das práticas intervencionistas realizadas com os RN no processo de nascimento, que também tem sido padronizada e, muitas delas, realizadas sem respaldo científico, como a aspiração sistemática naso e orofaringe, a passagem de sonda nasogástrica e retal para descartar atresias, dentre outras, que não são recomendadas de forma sistemática nos RN saudáveis.

As atuais recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria indicam a não necessidade de desobstrução das vias aéreas superiores, já que uma vez que o RN pode apresentar resposta vagal, com diminuição da frequência cardíaca nas aspirações, sendo que a aspiração deve ser realizada com avaliação rigorosa do RN (RIBEIRO, 2014).

Esses protocolos hospitalares dominam a assistência ao parto, na qual se prorroga o contato pele a pele e o ato de amamentar, contrariando um dos aspectos que envolvem a humanização, impondo às mães as rotinas da instituição, e deixando-as sem autonomia para tomar suas próprias decisões quanto ao seu RN (FARIAS; SOUZA; MORAIS, 2020).

Os dados da pesquisa de Santos et al. (2014), demonstraram que mãe e filho são separados bruscamente no pós-parto imediato em prol da realização de cuidados rotineiros com o RN, não considerando este momento como necessário e de intimidade entre o binômio.

Moreira et al. (2014) apontam diferenças no contato pele a pele e a amamentação utilizando diferentes variáveis. O contato pele a pele da mãe com o RN logo após o nascimento foi mais frequente na Região Sul (32,5%), assim como a oferta do seio materno na sala de parto (22,4%), chamando atenção que esta ainda é baixa em todas as regiões do Brasil (16,1%), sendo a menor proporção na Região Nordeste (11,5%).

É interessante destacar que outra pesquisa realizada em um estado do Nordeste, retratou que a amamentação foi mais predominante em serviços públicos; no mesmo artigo, houve semelhança no fato das mulheres terem menos contato pele a pele em cidades do interior (FREITAS et al., 2019).

Nesse sentido, para que haja boas práticas os profissionais de saúde devem ser capacitados e conscientizados para evitarem a separação precoce e o atendimento mecânico, com o intuito de fornecerem um cuidado humanizado e não apenas seguirem rotinas da instituição.

É importante que o RN seja bem acolhido no nascimento com vistas a suavizar o impacto da transição iniciada. Todos os profissionais da equipe, em especial os da enfermagem, podem reduzir esse estresse a partir de determinados cuidados na sala de parto e fora dela, os quais irão auxiliar o RN na transição e no vínculo com a mãe (DA SILVA, 2021).

3.2 CUIDADOS COM A MÃE QUE FAVORECEM O VÍNCULO ENTRE ELA E O RN

A humanização do atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde é uma das metas do Ministério da Saúde. O Programa de Humanização do Pré-Natal e do Nascimento (PHPN) estabeleceu os princípios da atenção a ser prestada nos diferentes níveis de atenção à saúde pública e garantiu à mulher o direito de dar à luz recebendo uma assistência humanizada e de boa qualidade. Na década de 90, no Rio de Janeiro, a secretaria municipal iniciou a implantação da Política de Humanização do Parto e Nascimento (SANTOS; ARAÚJO, 2016).

A primeira hora de vida de um bebê é um período denominado de inatividade alerta do RN que dura em média quarenta minutos. Esses momentos iniciais são uma fase sensível, precursora de apego e a primeira oportunidade de a mãe ser sensibilizada pelo seu bebê, nesse contexto destaca-se a importância que a realização de procedimentos assume na sala de parto (TRINDADE et al, 2017).

O profissional de saúde envolvido no nascimento é uma figura facilitadora ou não deste processo, possibilitando a aproximação precoce entre a mãe e seu filho para que o vínculo se estabeleça. Nesta concepção, as ações dos profissionais de saúde no pós-parto imediato em relação aos cuidados prestados ao recém-nascido podem interferir negativamente na aproximação precoce entre a mãe e o bebê (SANTOS; ARAÚJO, 2016).

Acreditamos que o parto é um momento especial para a gestante e que os profissionais de saúde devem atuar como facilitadores desse processo oferecendo suporte emocional e segurança para a mulher e sua família, contribuindo para a formação do vínculo mãe-bebê (DA SILVA et al., 2021).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A capacitação e atualização da equipe multiprofissional no cuidado prestado a mãe e recém-nascido é um fator importante para as boas práticas de cuidados imediatos e mediatos a esse perfil de usuários.

Ofertar um atendimento humanizado, almejando não só o bem-estar imediato, mas continuo de acordo com cada especificidade de caso, possibilita à mãe e recém-nascido uma experiência agradável nesse momento único e mágico que é o nascimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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