COMPREHENSIVE CARE FOR PERSONS WITH SYSTEMIC ARTERIAL HYPERTENSION IN PRIMARY CARE: AN INTEGRATIVE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102411141202
Millena Neves Barbosa Dias1
Amanda Oliveira Maia Guerra2
Caio José Costa Madureira2
Christian Oliveira Medeiros1
Gustavo Campos Lage2
Igor Batista Figueiredo2
Jousiane Alves Martins1
Lara Melo Lafetá1
Luana Pinheiro Barros1
Lucas Rodrigues Xavier2
Roberta Souza de Moura3
Rômulo Batista da Silva Amorim2
Stéphane Aparecida Neves Souza2
Thalita Rochstrock Murça2
Yasmin Janine Camilotti4
RESUMO
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) representa um desafio significativo para a saúde pública no Brasil, com taxas alarmantes de não controle. Esta revisão integrativa teve como objetivo identificar e avaliar práticas e estratégias de manejo da HAS na Atenção Primária à Saúde (APS), com ênfase na importância de intervenções eficazes. Foram analisados estudos publicados entre 2019 e 2024, utilizando as bases de dados SciELO e BVS, e aplicando critérios de inclusão e exclusão rigorosos. Após a seleção, três artigos foram incluídos na análise. Os resultados evidenciam que a adesão ao tratamento e o manejo eficaz da HAS dependem de fatores como a educação em saúde, suporte psicológico e a implementação de protocolos estruturados para acompanhamento. A revisão ressalta a necessidade de estratégias integradas que melhorem o controle da pressão arterial e promovam uma abordagem holística na APS, visando à melhoria da qualidade de vida dos pacientes hipertensos.
Palavras–Chave: Hipertensão Arterial Sistêmica, Atenção Primária à Saúde, Manejo da Hipertensão.
ABSTRACT
Systemic arterial hypertension (SAH) poses a significant challenge to public health in Brazil, with alarmingly high rates of uncontrolled cases. This integrative review aims to identify and evaluate practices and strategies for managing SAH in Primary Health Care (PHC), emphasizing the importance of effective interventions. Studies published between 2019 and 2024 were analyzed using the SciELO and BVS databases, applying rigorous inclusion and exclusion criteria. After selection, three articles were included in the analysis. The results highlight that treatment adherence and effective management of SAH depend on factors such as health education, psychological support, and the implementation of structured follow-up protocols. The review underscores the need for integrated strategies that improve blood pressure control and promote a holistic approach in PHC, aiming to enhance the quality of life for hypertensive patients.
Keywords: Systemic Arterial Hypertension, Primary Health Care, Management of Hypertension.
INTRODUÇÃO
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição crônica prevalente que afeta uma parte significativa da população, sendo um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares e complicações relacionadas. A literatura indica que a prevalência de hipertensão no Brasil é alarmante e aumenta significativamente em grupos etários mais avançados (Julião, Souza e Guimarães, 2021). O controle eficaz da HAS é vital para a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos e para a redução dos custos de saúde associados às suas complicações (Nilson et al., 2020)..
No Brasil, a prevalência de hipertensão arterial é alarmante, com estimativas indicando que cerca de 38% da população adulta é afetada pela doença, um número que se eleva significativamente em grupos etários mais avançados (Silva et al., 2023). O manejo da HAS deve ser multifacetado, incluindo intervenções farmacológicas e não farmacológicas. Na atenção primária à saúde (APS), a abordagem do tratamento se torna ainda mais importante, uma vez que essa é a porta de entrada preferencial para o sistema de saúde. A APS possibilita uma abordagem contínua e integrada do cuidado, permitindo um acompanhamento regular dos pacientes, monitoramento da pressão arterial e a implementação de estratégias de promoção de saúde (Moraes et al., 2024).
Os desafios enfrentados no tratamento da HAS são variados. A adesão ao tratamento é frequentemente comprometida por fatores como complexidade do regime terapêutico, polifarmácia e a falta de compreensão da doença por parte dos pacientes (Batista et al., 2022). A educação em saúde desempenha um papel fundamental nesse contexto, já que uma melhor compreensão da hipertensão e a importância do seu controle podem incentivar a adesão ao tratamento e a adoção de comportamentos saudáveis. Além disso, a implementação de programas de educação e promoção de saúde na APS tem se mostrado eficaz na melhoria da adesão ao tratamento e na redução da pressão arterial (Oliveira et al., 2022).
Diante desse cenário, este estudo tem como objetivo realizar uma revisão integrativa da literatura que identifique e avalie as práticas e estratégias de manejo da hipertensão arterial sistêmica, com foco no papel da atenção primária à saúde, visando contribuir para uma melhor compreensão do tema e para a melhoria das intervenções em saúde.
MÉTODOS
Este estudo foi elaborado como uma revisão integrativa, uma abordagem que permite a síntese e análise crítica da literatura existente sobre um tema específico. A revisão foi fundamentada na formulação da questão de pesquisa utilizando a estratégia PICO, onde “P” representa a população com hipertensão, “I” refere-se a intervenções de manejo e acompanhamento na APS, e “CO” se refere ao contexto da APS no Brasil.
A busca de artigos foi realizada nas bases de dados SciELO e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Os descritores utilizados incluíram “Hipertensão Arterial Sistêmica”, “Atenção Primária à Saúde” e “Manejo da Hipertensão”, todos combinados com o operador booleano AND. Os critérios de inclusão foram: estudos publicados entre 2019 e 2024, disponíveis em português, que abordassem práticas e estratégias de manejo da HAS na APS. Foram excluídos estudos que não tratavam diretamente do manejo da HAS, revisões narrativas, comentários e estudos de caso.
A seleção dos estudos foi realizada de forma sistemática, iniciando pela leitura dos títulos e resumos dos artigos potencialmente relevantes, seguida da análise dos textos completos. Para assegurar a qualidade metodológica, cada artigo foi avaliado com base em critérios de clareza dos objetivos, rigor metodológico e relevância dos achados para a prática da APS. A análise dos dados foi feita por meio da leitura crítica dos textos selecionados, focando na identificação das principais intervenções e estratégias aplicadas na APS para o manejo da hipertensão arterial.
RESULTADOS
Após a busca inicial nas bases de dados, foi encontrado um total de 34 artigos que correspondiam aos descritores e aos critérios estabelecidos na metodologia. Dentre os trabalhos encontrados, 32 estavam listados na BVS e 2 na base SciELO. Foi excluído, inicialmente, 1 estudo por referência cruzada, restando 33 artigos. Destes, após a leitura dos títulos, 25 trabalhos foram excluídos por estarem fora da temática estabelecida, restando oito artigos para a fase de leitura dos resumos.
Após a leitura dos resumos dos oito artigos selecionados, três foram excluídos por não contemplarem a temática da pesquisa. Restaram apenas cinco artigos para leitura integral, dos quais somente três atendiam aos critérios de inclusão estabelecidos. Posteriormente, foi realizada uma busca nas referências bibliográficas dos artigos selecionados para o estudo. No entanto, nenhum estudo adicional foi encontrado para inclusão. Assim, ao final da seleção, permaneceram três estudos adequados aos critérios de inclusão. A Tabela 1 apresenta o resumo do processo de seleção dos estudos.
Tabela 1 – Processo de seleção dos estudos.
Etapas da seleção | Nº de estudos identificados/excluídos |
Estudos identificados na BVS | 32 |
Estudos identificados na SciELO | 02 |
Estudos excluídos por referência cruzada | 01 |
Estudos restantes após exclusão | 33 |
Estudos excluídos após leitura dos títulos | 25 |
Estudos selecionados para leitura dos resumos | 08 |
Estudos excluídos após leitura dos resumos | 03 |
Estudos selecionados para leitura integral | 05 |
Estudos incluídos após leitura integral | 03 |
Estudos adicionais incluídos via referências | 00 |
Fonte: Elaborado pelos autores.
A Tabela 2 apresenta os principais objetivos dos estudos:
Tabela 2 – Autoria e objetivos dos estudos incluídos.
AUTORES | OBJETIVO |
Moraes et al., 2024 | Refletir sobre o papel da enfermagem na gestão da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) na Atenção Primária à Saúde (APS), e como os princípios da saúde planetária influenciam sua redução |
Barbosa et al., 2019 | Avaliar os fatores que influenciam na adesão de adultos/idosos ao tratamento de hipertensão arterial |
Dantas e Rocalli, 2019 | Construir e validar um protocolo para consulta e acompanhamento do hipertenso atendido na Atenção Primária à Saúde |
Fonte: Elaborado pelos autores.
Os objetivos dos artigos selecionados para esta revisão integrativa compartilham várias semelhanças, refletindo preocupações comuns em relação à HAS e à saúde mental da população.
Considerando os três estudos restantes elaborou-se uma tabela contendo autoria, tipo de estudo e uma síntese dos resultados:
Tabela 3 – Autoria, tipo de estudo e resultados.
AUTORES | TIPO DE ESTUDO | RESULTADOS |
Moraes et al., 2024 | Estudo transversal | Enfermeiros, ao promoverem hábitos saudáveis como dieta equilibrada e exercícios, previnem obesidade, doenças cardiovasculares e outras condições associadas à HAS, reduzindo complicações. |
Barbosa et al., 2019 | Estudo transversal | Participaram do estudo 257 hipertensos, a maioria mulheres. Destes, 91,05% foram aderentes ao tratamento. Não houve diferença significativa entre as Unidades de Saúde |
Dantas e Rocalli, 2019 | Estudo transversal | O estudo concluiu que um protocolo de acompanhamento para hipertensos na Atenção Primária à Saúde, validado por especialistas, melhora o manejo da hipertensão, identificando fatores individuais e sociais que contribuem para o controle da pressão arterial. |
Fonte: Elaborado pelos autores.
DISCUSSÃO
A HAS é um dos principais problemas de saúde pública no Brasil, refletindo uma crescente preocupação com as doenças cardiovasculares e suas complicações. A revisão integrativa deste estudo evidenciou o papel crucial da APS no manejo da HAS, ressaltando a necessidade de intervenções que sejam tanto farmacológicas quanto não farmacológicas. Como indicado na literatura, a APS serve como a porta de entrada preferencial para o sistema de saúde, proporcionando uma abordagem contínua e integrada que é vital para o controle da hipertensão (Vanzeler et al., 2024).
Os achados de Moraes et al. (2024) sobre a importância da formação dos profissionais de saúde e da gestão de hipertensão na APS são fundamentais. A capacitação adequada pode facilitar a implementação de práticas efetivas e personalizadas, melhorando o relacionamento entre profissionais e pacientes. Nesse sentido, a comunicação clara é um elemento essencial. A pesquisa de Oliveira, Souza e Marinho (2021) confirma que a compreensão da doença pelos pacientes está diretamente relacionada à sua adesão ao tratamento. A educação em saúde deve ser um componente central das intervenções, conforme ressaltado por Oliveira e Lago (2021), que demonstram que pacientes informados são mais propensos a seguir as recomendações médicas e a adotar comportamentos saudáveis.
Dantas e Rocalli (2019) apresentam um protocolo que pode ser útil para o acompanhamento dos hipertensos, refletindo a crescente demanda por padronização nas práticas de manejo da HAS. Essa abordagem é corroborada por Faria et al. (2024), que destacam que a adoção de diretrizes e protocolos melhora a qualidade do atendimento na APS, levando a resultados mais favoráveis para o controle da pressão arterial. Além disso, a monitorização contínua e a revisão regular das terapias são cruciais, como discutido por Terranova et al. (2024), que enfatizam que a avaliação frequente da pressão arterial pode contribuir para ajustes nas intervenções e melhor controle da HAS.
O papel dos programas de educação em saúde também é relevante neste contexto. A pesquisa de Cruz et al. (2021) demonstra que a implementação de programas educativos na APS não só melhora a adesão ao tratamento, mas também resulta em reduções significativas na pressão arterial dos pacientes hipertensos. A ênfase em intervenções que considerem o contexto social e cultural dos pacientes, como sugerido por Ferro et al. (2023), é vital para o sucesso das abordagens de manejo da hipertensão.
Além disso, a literatura destaca a importância de uma abordagem holística que inclua mudanças no estilo de vida. O estudo de Fidelis, Jacob e Bigatto (2023) revela que intervenções que incentivam a prática de atividade física e mudanças na dieta são complementares ao tratamento farmacológico, mostrando que essas modificações podem ter um impacto significativo na redução da pressão arterial, especialmente em pacientes que não respondem adequadamente à monoterapia.
Assim, a gestão da hipertensão requer um compromisso colaborativo entre profissionais de saúde e pacientes, com a adoção de estratégias educativas, a padronização de protocolos e a integração de cuidados em saúde. A capacidade de abordar as múltiplas dimensões da hipertensão, combinando intervenções direcionadas e uma educação contínua dos pacientes, é essencial para melhorar a qualidade de vida e reduzir os custos associados a essa condição
CONCLUSÃO
A hipertensão arterial sistêmica é uma condição prevalente que demanda atenção especial na atenção primária à saúde. A revisão integrativa realizada neste estudo demonstrou que o manejo eficaz da HAS deve ser multifacetado, envolvendo não apenas intervenções clínicas, mas também estratégias de educação em saúde que incentivem a adesão ao tratamento. Os estudos analisados apontam para a importância do papel dos profissionais de saúde, especialmente enfermeiros, na promoção de práticas que garantam um acompanhamento regular e sistemático dos pacientes hipertensos.
A adoção de protocolos de manejo, a promoção de uma melhor comunicação entre profissionais de saúde e pacientes, e a implementação de programas educativos são estratégias essenciais para melhorar a adesão ao tratamento e, consequentemente, a qualidade de vida dos indivíduos com hipertensão. Portanto, para que as intervenções em saúde sejam efetivas, é necessário que as políticas públicas priorizem a educação em saúde e o fortalecimento da APS, visando um controle mais eficaz da hipertensão arterial sistêmica e a redução das suas complicações associadas.
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1 Acadêmico do curso de Medicina do Centro Universitário do Norte de Minas – UNIFUNORTE
2 Acadêmico do curso de Medicina do Centro Universitário FIPMoc – AFYA
3 Acadêmico de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas de Itacoatiara – AFYA
4 Acadêmico do curso de Medicina do Centro Universitário de Pato Branco – UNIDEP AFYA