REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th102411182230
PAULO SÉRGIO DA SILVA RODRIGUES
ANTONIA FRANCISCA DIAS SÁ
MARIA GORETT DA SILVA
EDNALDO SARAN
ESTEVÃO DA SILVA SOUSA
JOANA CARNEIRO DE NAZARE
MAURÍCIO PELLIZZARI TONIOLLI
ITALLY DA CONCEIÇÃO DE SOUSA
JOSE RAYONE DE OLIVEIRA DA SILVA
GUILHERME ROBERTO RIFFEL
Resumno:
A crítica a Geografia e sua visão como educação é abordada devido a maneira sobre como a mesma é vista tanto em sua construção enquanto ciência como na atualidade. Ao passar dos tempos encontra-se maiores dificuldades de abordar ou falar da mesma sem obter críticas, chacotas ou mesmo definições erradas sobre o que se acredita ser sua ideologia. Assim, este trabalho visa compreender as visões e críticas para a mesma. Para chegar a este entendimento, foram buscados obras e autores que abordem sobre a construção da educação e os motivos que junto a mesma, trouxeram críticas de diversas intensidades para com a sua utilização dentro da educação.
Palavra-chave: Crítica a Geografia; Geografia como Educação; Visão Crítica.
- – INTRODUÇÃO
A educação do jovem e do adolescente é visto desde muito cedo como um fator base para o desenvolvimento, crescimento e construção do ser humano. Sua ênfase sempre foi bem posta pelos seus defensores, instrutores e autores. As comunidades de uma sociedade não só querem como apoiam o incentivo da educação para formação e capacitação do indivíduo como ser e pessoa.
Com o passar do tempo, junto a educação cresceram também as críticas sobre a mesma e sobre as suas áreas, a geografia como um princípio em sua base de crescimento, evolução e
educação por não ser compreendida e entendido a sua importância teve e tem um número muito grande de críticas até mesmo por indivíduos de sua própria área como Yves Lacoste.
Uma disciplina maçante, mas antes de tudo simplória, pois, como qualquer um sabe, “em geografia nada há para entender, mas é preciso ter memória…” De qualquer forma, após alguns anos, os alunos não querem mais ouvir falar dessas aulas que enumeram, para cada região ou para cada país, o relevo – clima – vegetação – população – agricultura – cidades – industrias. (LACOSTE, 2004, p. 21).
Contudo, criticas como estas não são geradas somente por indivíduos cujo o conhecimento sobre a mesma seja defasado ou de baixo nível mas também por alguns da própria área onde o seu interesse sobre a mesma é pouco amplo ou quase zero gerando assim críticas ainda mais pesadas devido ao seu conhecimento.
“Nos colégios se tem de tal forma “as medidas cheias” da geografia que, sucessivamente, dois Ministros da Educação (e entre eles um geografo!) chegaram a propor a liquidação desta velha disciplina “livresca, hoje ultrapassada” (como se tratasse de uma espécie de latim).” (LACOSTE, 2004, p. 21-2).
Até que ponto o pensamento humanista deixa brechas abertas para resultados opostos ao crescimento e aperfeiçoamento pessoal, justamente por tentar focalizar a pessoa, perdendo de vista a sua própria dimensão como ser social? A integração da pessoa com o seu ambiente social não parece estar acontecendo satisfatoriamente para todos os individuas, na sociedade atual. (CUNHA GUENTHER, 1997, p. 245-6).
Analisando este contexto, pode-se argumentar: o que leva o criticar firmemente a geografia? Porque não tentar entende-la para se beneficiar de sua abrangência quanto a conhecimento de mundo, espaço ou mesmo humano?
Buscando respostas significativas, objetiva-se investigar na história, o que levou a se firmar estas críticas e as dificuldades de maneja-las para que a educação da mesma possa ser bem vista e não criticada.
- – REFERENCIAL TEÓRICO
- – Mudanças Temporal
Conforme Cavalcanti (2016, p.11), “A espacialidade em que os alunos vivem na sociedade atual, como cidadão, é bastante complexa. Seu espaço, diante do processo de mundialização da sociedade, extrapola o lugar de convívio imediato, sendo traçado por uma figura espacial fluida, sem limites definidos”
Com o tempo, junto a estas referências, ciências como a geografia vem não só sofrendo reflexões, mas junto as suas mudanças adere-se o insidiar de críticas com a mudança de concepção da sociedade, dos indivíduos, dos percursores e de todos que junto a geografia, passam a ter um pensamento não tão positivo quanto a sua influência, necessidade, aplicação ou base de estudo para o aumento de conhecimento.
Segundo Lacoste (2004, p. 22), “Mas que diabos, dirão todos aqueles que não são geógrafos, não há problemas mais urgentes a serem discutidos além dos mal-estares da geografia ou, em termos mais expeditos, “a geografia, não temos nada a ver com ela…” pois isso não serve para nada.”
Ainda de acordo com Cunha Guenther (1997, p. 248), “A escola tem realizado um trabalho que pode ser considerado, em muitas situações, razoável, no que concerne à instrumentação dos alunos.”
Se analisar o descaso da educação desde o início e as mudanças temporal que se vem encontrando com o passar do tempo, consequentemente localiza-se também algumas raízes que passaram a levar a geografia para este lado critico deixando de ser bem vista e tornando-se bem criticada.
De acordo com Lacoste (2004, p. 101), “Já não é sem interesse constatar que se faz silêncio sobre a geografia, embora o estatuto que lhe atribuem os geógrafos coloque em causa, implicitamente, a organização geral dos conhecimento.”
Contudo, entender as mudanças que a geografia sofreu com o passar dos tempos não responde o porquê de, mesmo com a evolução tecnológica, ainda assim a sua essência é mal interpretada ou vista somente superficialmente de forma a refletir, gerar e impulsionar cada vez mais e mais críticas a seu respeito.
- – Construção de Suas Criticas
Conforme Lacoste (2004, p. 22), “Pois, a geografia serve, em princípio, para fazer a guerra.”
Sua função ideológica reaparece, mais tarde, quando o objetivo da disciplina é caracterizado como transmissão de dados e informações gerais sobre os territórios do mundo em geral e dos países em particular. Precisamente a partir dessa conotação é que é detonada a revisão das bases teóricas e metodológicas da ciência geográfica, com repercussões no ensino. (CAVALCANTI, 2016, p. 18).
Após compreender que a geografia enquanto ciência sofre mudanças significativas com o tempo adianta que junto a essas mudanças, adentrou-se os motivos que passaram a desfigurar suas bases, suas ideias tornando-a menos significativa passando assim a construir pensamentos e conceitos para a mesma.
Há que se considerar também o efeito do movimento pendular, fenômeno verificado no âmbito das ciências humanas, o qual consiste basicamente no seguinte: quando uma orientação do pensamento recebe alto nível de aceitação em espaço de tempo relativamente curto, seja por resultados situacionais que consegue alcançar, por definições simples que tocam de forma convincente em pontos complexos, ou pela esperança que logra conseguir fazer nascer em largos segmentos e grupos dentro da sociedade, uma vez passado o momento de adesão, quando a magia a ela emprestada, como invariavelmente acontece nas situações de magia, começa a se revelar incapaz para responder a todas as expectativas levantadas, a reorientação do pensamento sofre impulso na direção diametralmente oposta. (CUNHA GUENTHER, 1997, p. 17-8).
Ainda segundo Cunha Guenther (1997, p. 24), “Em primeiro lugar coloca-se o autoconceito e a percepção de si, pois o ser humano caracteriza-se por ter consciência de si, do que é, de quem é, como é, tanto em situações substantivas como em adjetivas.”
Com a junção das mudanças que a geografia sofreu com o tempo, a visão que o ser humano tem de mundo, o conceito montado sobre a área e toda a movimentação que esses fatores causam na construção de pensamento, logo se destaca a perca da essência, deixando assim com que a importância e a estrutura da mesma seja perdida, desconhecida ou pouco vista passando então a ser criticada.
A geografia deve ser para o espaço o que a história é para o tempo; uma e outra leva em consideração uma certa gama de dimensões espaçotemporais, nem as muito grandes (as da astronomia, por exemplo), nem as muito pequenas, mas aquelas que estão mais ligadas às ações dos homens e sobre tudo às práticas do poder. (LACOSTE, 2004, p. 255).
Define-se que as construções das críticas são dadas pelas construção de conhecimento, interesse e formação de opinião logica particular e social a qual o seu meio está inserido ou analisado que, por sua vez, acaba por acarretar em influenciar Inter e intrapessoal do indivíduo.
- – Geografia e Escola
Mediante as discussões, afirma Cavalcanti (2016, p. 91) que: “A Geografia Humanística tem, todavia, uma substanciosa contribuição para a dimensão afetiva do processo de conhecimento, podendo ser levada em conta na construção do conceito de lugar pelos alunos.”
O conceito da geografia abordado e/ou entendido nas escolas é justamente o de lugar onde determina localização, formação, economia ou fatores que são abrangidos e contidos justamente pelo lugar ao qual se retrata o estudo.
Segundo Lacoste (2004, p. 102) diz que: “Claro, existe a “geografia regional”, esse terceiro pedaço resultante da divisão oficializada da geografia.”
Ainda Segundo Lacoste (2004, p. 102) “Essa geografia regional, que é encarregada de manter “a unidade” da geografia, reúne, a propósito desta ou daquela parte do espaço terrestre, elementos diversos que são extraídos do discurso do geólogo, do climatólogo, do técnico em hidráulica, do botânico, etc.”
Essa ruptura entre “geografia física” e “geografia humana”, que se manifesta ainda com maior fracionamento no discurso enciclopédico da “geografia regional”, essa negação na prática do ensino e da pesquisa do projeto que pretendem perseguir os geógrafos, não só traduz as dificuldades reais de sua empreitada, mas também, e sobretudo, sua desconfiança, ou até sua recusa, em relação à toda reflexão epistemológica. (LACOSTE, 2004, p. 103).
Conforme Cunha Guenther (1997, p. 244), “Toda vez que se fala em educação, subentendese a implicação de alguém que se modifica sob a influência de fatores externos, ou de outras pessoas.”
Quando passamos a buscar educação ou a transmitir educação, logo pensamos em nossos pais e professores, contudo, o seu contexto pode e precisa ir mais adiante, tanto no contexto pessoal do indivíduo com ele mesmo quanto no contexto social do mesmo com a sociedade como base de adequação.
Cavalcanti (2016, p. 148) diz que: “Entre as ações docentes centradas na construção de conceitos pelos alunos, encontra-se a de se considerar a vivência como parâmetro do processo de conhecimento.”
Segundo Cunha Guenther (1997, p. 245), “Outra questão que se propõe à Educação Humanista, em sua operacionalização, é o aspecto do desenvolvimento pessoal, intimo, individual em relação à situação social de grupos e classes mais ou menos próximos à pessoa.” Pode-se definir então que, a educação assim como as críticas, são obtidas através dos movimentos pessoais e sociais, onde suas ligações são definidas sobre “como eu vejo” e ainda mais sobre “como as outras pessoas vê” ocasionando assim um pensamento líquido, mutável e acima de tudo inseguro sobre a geografia e sua educação.
- – METODOLOGIA
A leitura como procura bibliográfica que, por sua vez, considerada construção de pensamento, embasamento e explicação de opiniões obtidas em detrimento de análises e pesquisas, são consideradas percursores de estudo em tempos diferentes para movimentos semelhantes de compreensão e entendimento.
Mais do que entender a educação e a geografia junto a mesma, mas de entender os motivos do qual a mesma é tão criticada quando seus objetivos são instruir a formação de opiniões aderindo o conhecimento de mundo, espaço, cultura e muitos outros pontos que tendem a explicar a construção e reconstrução social e individual do ser humano.
Destaca-se assim que, a pesquisa aos referencias teóricos contribui para o levantamento e entendimento das transformações e construções históricas para a formação da geografia enquanto educação.
Este estudo, visa analisar as dificuldades que a geografia tem para uma melhor inserção de sua essência e de mostrar o quanto sua importância, foi e vem sendo deixado de lado e passando a ser criticado em suas ideias e estudos.
A princípio, foram selecionadas obras que relatassem acontecimentos e pesquisas sobre o assunto críticas a geografia e sobre sua inserção a educação e em seguida uma leitura para maior compreensão de seus conceitos. Através da leitura, foram levantado pontos estratégicos de pensamentos, perguntas pertinentes ao assunto e possíveis respostas com o intuito de melhor explicar, explanar e aproveitar o assunto abordado.
As leituras foram efetuadas em três respectivas obras da área da geografia e da educação humana buscando entender a visão de três autores diferentes no período do mês de agosto de 2019.
- – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho buscou explicar onde, junto a construção da ciência, a geografia passou a ser criticada e o que a levou a este momento de sua formação, podendo assim perceber o porquê da mesma ser tão criticada com bordões ou mesmo pensamentos quando sua ideia é a de educar, transmitir e transformar conhecimentos e pensamentos.
Observou-se que em ambas as obras, sua construção não tão positiva vem ocorrendo gradativamente com o tempo e que suas mudanças foram percursores para que se houvesse descrença sobre sua educação ou conhecimento como disciplina.
A história deixa bem objetivado o quanto sua influência é importante e o quanto suas bases são essenciais para formação do indivíduo, construção do conhecimento e pensamento.
Os problemas que a geografia sofre com a educação sobre suas ideias são conjunto de diversos fatores temporais em sua origem até o dado momento que a mesma sofre e que possivelmente sofrerá ainda com o passar dos tempos sem que haja investimento na mesma quanto a credibilidade, opiniões positivas e ideias cognitivas para o levantamento de suas estruturas.
Considerado uma ciência não muito importante, a geografia para construir a educação, precisa ser creditada, estudada e abusada de suas bases com o intuito de expandir, mostrar e demonstrar o quanto o seu conhecimento é importante e fundamental para formação pessoal de cada ser humano seja social ou individual.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
CUNHA GUENTHER, Zenita. Educando o ser humano: uma abordagem da psicologia humanista. Campinas – SP: Mercado de Letras, Lavras, MG: Universidade Federal de Lavras, 1997.
LACOSTE, Yves. A geografia – Isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. 8ª Ed.
Campinas, SP: Papirus, 2004.
SOUZA CAVALCANTI, Lana. Geografia, escola e construção de conhecimento. 18ª Ed.
Campinas, SP: Papirus, 2016.
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