CRESCER JUNTAS: A AMIZADE FEMININA E A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE NA UNIVERSIDADE

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202505311656


Alice Figueiredo Ribeiro de Moraes1
Luiza Spadotto Alves2


RESUMO

Este estudo destacou a importância do papel da amizade feminina na construção de identidade de jovens mulheres em uma universidade em Poços de Caldas, Minas Gerais. Visou analisar os impactos dos estereótipos de gênero e do apoio emocional nas amizades, explorando a sororidade como fator de fortalecimento desses laços e na construção de suas identidades. Pesquisa foi quanti-qualitativa, de caráter exploratório, mediante aplicação de 81 questionários online, estruturados, e a organização de um grupo focal semi-estruturado, com 10 participantes. As respondentes foram jovens de 18 a 29 anos de idade, matriculadas em cursos da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, campus Poços de Caldas, que responderam e participaram de modo voluntário. A interpretação do material coletado foi feita a partir de uma análise de dados, que confirmou a importância do papel da amizade feminina na construção de identidade das jovens mulheres universitárias, assim como a influência dos estereótipos de gênero e da sororidade na construção dos laços, além do apoio emocional como fator intrínseco à qualidade da permanência na universidade. Concluiu-se a necessidade da ampliação do tema nos estudos de amizade e gênero, como também na amostra de participantes, destacando aspectos como interseccionalidade, por exemplo, que não foi possível verificar a partir desta amostra.

Palavras-chave: amizade feminina; identidade; jovens mulheres; universidade.

ABSTRACT

This study highlighted the importance of the role of female friendship in shaping the identity of young women at a university in Poços de Caldas, Minas Gerais. It aimed to analyze the impacts of gender stereotypes and emotional support in friendships, exploring sisterhood as a factor in strengthening these bonds and in the construction of their identities. This was a quantitative and qualitative exploratory research, conducted through the application of 81 online, structured, questionnaires and the organization of a semi-structured focus group, with 10 participants. The respondents were young women aged 18 to 29, enrolled in courses at the Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Poços de Caldas campus, who responded and participated voluntarily. The interpretation of the collected material was based on data analysis, which confirmed the importance of female friendship in shaping the identity of young university women, as well as the influence of gender stereotypes and sisterhood in forming bonds, in addition to emotional support as an intrinsic factor to the quality of university retention. It was concluded that there is a need to expand the topic in friendship and gender studies, as well as in the sample of participants, emphasizing intersectionality.

Keywords: female friendship; identity; young women; university.

1. INTRODUÇÃO

A identidade do ser humano é dada por todos os personagens que constituem sua história, ou seja, para que possam se formar enquanto indivíduos únicos, é preciso que criem laços, e o ambiente no qual estes estão inseridos é o que os constrói (Ciampa, 1984). Assim, o que se mostra e o que se deixa de mostrar ao outro é o que os torna seres de si mesmos, visto que o indivíduo só passa a existir quando o outro existe. Em todas as relações humanas, observam-se atos de ocultação e revelação, mas isto se torna mais observável ainda em relações próximas, como nas amizades, o que leva ao questionamento de quais são as influências dessas relações na construção de identidade de jovens mulheres.

Além disso, de acordo com Papalia e Feldman (2009), a maturidade sociológica do sujeito se dá quando ele realiza ações como um casamento legal, a escolha de uma carreira, o início de uma família ou quando estabelece relacionamentos afetivos duradouros, geralmente na fase adulta. Já a maturidade psicológica se dá junto ao desenvolvimento da própria identidade pessoal, vista através de um sistema de valores e também do estabelecimento de relacionamentos, este último se referindo também a relacionamentos que se dão pelos laços de amizade.

O dicionário da língua portuguesa Michaelis (1998) explicita que a amizade pode ser entendida como um sentimento de afeição, estima e ternura que une uma pessoa a outra sem implicar a presença de laços familiares ou de atração sexual. Medelson e Aboud (1999), em seus estudos com 227 jovens, identificaram seis funções principais da amizade, sendo elas: ajuda, aliança confiável, autovalidação, companheirismo estimulante, intimidade e segurança emocional. Seguindo esse raciocínio, Souza e Hutz (2007) após conduzir um estudo com 541 universitários em Porto Alegre, sendo deles 335 mulheres e 206 homens, concluiu que as mulheres foram apontadas mais vezes como melhor amizade do que os homens, sendo superiores nas categorias de ajuda, intimidade, companheirismo, segurança emocional e autovalidação.

Ademais, percebe-se que mulheres encaram seus laços de amizade de modo diferente dos laços masculinos, valorizando mais os aspectos positivos e preenchendo mais essas funções da amizade, visto que elas citam que nas amizades entre o mesmo sexo, sentem mais abertura e também mais expressão relacional, o que explicita a diferença das relações interpessoais entre indivíduos de gêneros diferentes (Souza e Hutz, 2007).

Como anteriormente citado, Ciampa (1984) afirma que a identidade do ser humano se dá pelos personagens constituintes de sua história, sendo necessária a criação de laços para a formação pessoal, enquanto indivíduo. Sendo assim, é certo afirmar que a amizade, seja ela entre pessoas do mesmo sexo ou não, é fundamental na construção de identidade. Desta forma, essa pesquisa buscou entender de que maneira a amizade entre pessoas do sexo feminino influencia na construção de identidade de jovens mulheres universitárias em Poços de Caldas – Minas Gerais.

Foi realizado um grupo focal com 10 participantes, todas mulheres universitárias, matriculadas na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Campus Poços de Caldas no momento da realização do mesmo.

2. METODOLOGIA

O estudo tem abordagem quanti-qualitativa e natureza exploratória. Foram utilizados dois instrumentos: um questionário online estruturado com 81 participantes e um grupo focal com 10 jovens universitárias. As participantes tinham entre 18 e 29 anos e estavam matriculadas na PUC Minas – Campus Poços de Caldas.

O questionário foi aplicado via Google Forms e divulgado em redes sociais. O grupo focal foi conduzido presencialmente, com mediação e observação das pesquisadoras, e as discussões foram gravadas e transcritas para análise. O tratamento dos dados seguiu os procedimentos da análise de conteúdo, conforme Franco (2008), com fundamentação em autores da Psicologia Social.

3. ANÁLISE DE DADOS

Após expormos a metodologia de pesquisa utilizada, seguimos agora para analisar os dados obtidos na pesquisa, coerentes com teorias publicadas em artigos, revistas e periódicos científicos, divididos nos itens: O apoio emocional e a qualidade da permanência universitária; os impactos dos estereótipos de gênero na criação de laços de amizade; o papel da sororidade na construção de identidade e a sororidade e os laços de amizade.

3.1 O apoio emocional e a qualidade da permanência universitária

Na maior parte das pesquisas acerca da amizade, um aspecto pode ser encontrado em comum: o apoio – seja ele emocional ou social. Segundo Argyle (2001), a amizade promove felicidade e satisfação, por meio do apoio emocional e suas características, como companheirismo e recompensas instrumentais. E, para Sluzki (1997), o apoio emocional pode ser definido como uma atitude emocional positiva, fornecendo um clima de compreensão, empatia, estímulo e simpatia, o que explica o porquê desta categoria ser considerada tão importante quando se trata de amizade. Duarte e Souza (2010) realizaram um estudo com estudantes da Universidade do Rio Grande do Sul após validarem os Questionários McGill de Amizade para uso no Brasil, buscando respostas sobre o que importa em uma amizade. Nesta pesquisa, as categorias mais referidas foram a de aliança confiável e intimidade que, como explicado por elas, se referem à fidelidade, lealdade, poder contar com um amigo, além de se sentir confortável em se abrir e compartilhar opiniões e sentimentos. Sendo assim, nota-se a importância do apoio emocional para que uma amizade seja considerada frutífera e de qualidade, o que pode ser um aspecto positivo na qualidade da permanência de jovens na universidade.

No caso da amizade feminina, a qual a presente pesquisa procura compreender melhor, as mulheres costumam classificar suas amizades como maiores provedoras de funções como ajuda e segurança emocional (Souza e Hutz, 2007). Nota-se uma clara importância do apoio emocional, sendo este citado em maioridade nas pesquisas já citadas, aspecto esse necessário quando se fala do ingresso na universidade. Isso se exemplifica ao analisarmos as 81 respostas do questionário, feitas por mulheres jovens de 18 à 29 anos de idade, que estão ingressadas na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – Campus Poços de Caldas, assim como as respostas obtidas através de um grupo focal realizado com participantes do mesmo gênero e faixa etária.

De acordo com a pesquisa realizada por Fiorotti (2010), há uma prevalência no surgimento de transtornos mentais comuns, como depressão e ansiedade, no início do curso de graduação por alunos universitários, já que além de haver uma carga maior de atividade acadêmicas, do que quando comparado ao ensino médio regular, há a mudança do ambiente familiar, onde agora, há mais responsabilidades ao morar sozinho e não ter a família como a principal rede de apoio. Pode-se também observar isto no questionário aplicado nesta pesquisa, do qual 70,5% das alunas da universidade disseram não residir com a família de modo em que o núcleo de amigos se torna a rede de apoio emocional enquanto o período na universidade.

Tabela 3 – Com quem você mora

Fonte: Elaborado pelas autoras

O suporte emocional pode ser definido como a percepção do indivíduo sobre as pessoas com que ele se relaciona e forma seus elos (Brito e Koller, 1999). Sendo assim, ao entrar na vida adulta e na universidade, ter a presença de amigas que ofereçam apoio emocional, pode facilitar a mudança que vem com essa fase da vida que envolve, muitas vezes, sair de casa, morar em outra cidade, entrar num ambiente novo com pessoas novas, melhorando a qualidade de vida dessas mulheres. Alguns destes aspectos foram abordados na questão “Como você descreveria a importância das amizades femininas na sua vida?” do questionário online aplicado, com as seguintes respostas:

Tabela 7 – Como você descreveria a importância das amizades femininas na sua vida?

Fonte: elaborado pelas autoras

Por meio de uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, estudiosos confirmaram a relação positiva entre o ambiente acadêmico, o sucesso e as amizades fornecidas por ele. Independentemente da região em que se localizavam e do contexto educacional, o impacto da amizade tornou-se significativo para os estudantes. Muitos desses laços estavam relacionados a interesses em comum e apoio mútuo, como já citado no apoio emocional. Por isso, foi considerado que muitos dos alunos bem sucedidos nas universidades mantinham amizades com outros alunos bem sucedidos, de modo em que havia apoio mútuo nas questões acadêmicas, o que podemos relacionar com o fator de permanência universitária. Além disso, as relações poderiam trazer inclusão entre a turma e a conscientização de estereótipos, que poderiam ser derrubados em conjunto. Pode-se perceber a amizade como crucial na experiência acadêmica (Alotaibi et al. 2023). Isto pode ser exemplificado pelas participantes Eva e Giovana, quando dizem que manter amizades na universidade as ajudou na permanência no curso, evitando que desistissem e voltassem para casa:

Olha, eu acho que no momento tem sido tudo para mim. Porque eu não sou daqui da região, eu sou da Bahia. Então assim, tudo é muito diferente. As pessoas são muito diferentes, o tratamento, tudo é muito diferente. E eu não sou a pessoa mais fácil do mundo para se fazer amizades, então quando eu encontrei as meninas que eu me relaciono, considero muito, foi assim… A base que eu precisava para me encontrar aqui, para eu conseguir continuar seguindo o curso e seguindo a minha vida, porque se não fosse isso, eu provavelmente já teria voltado pra casa. (Eva, 18 anos).

O meu caso influenciou, tipo assim, na decisão de ficar no curso ou não. Então, eu entrei aqui na PUC pela primeira vez, eu fazia enfermagem, e assim, a minha vida inteira eu sempre tive mais facilidade de fazer amizade com homens, e era muito difícil pra mim fazer amizade com as mulheres. E eu entrei no curso e era só menina. E eu não consegui fazer nenhuma amizade. Então, tipo assim, eu não tinha certeza do curso e ainda tinha o agravante de que eu não tinha nenhuma amizade lá dentro. E eu acabei saindo por conta disso. E hoje, assim, depois de uma terapia, né, claro… E no outro curso que eu estou, eu tenho amizades. Tipo, é pouca, é duas pessoas que eu tenho, mas faz muita diferença para eu querer ficar lá. Mesmo que eu tenha alguma dúvida, se eu fico mal, eu sinto que elas me dão um certo tipo de apoio para eu poder continuar. (Giovana, 24 anos).

Estes dados evidenciaram como a amizade entre jovens mulheres universitárias é demasiadamente importante no desenvolvimento do bem estar emocional durante este período da vida. O apoio emocional é elemento central das amizades. E nos estudos e dados obtidos através do questionário e do grupo focal aplicado, foi destacado como as amizades tornam-se a principal rede de suporte, já que agora, a família não está mais no núcleo de vivência diária, devido a grande probabilidade de mudança de cidade para ingresso na vida acadêmica. Este apoio também é de grande valor para a permanência destas jovens na universidade, através deste alicerce emocional, elas ajudam enfrentando desafios acadêmicos em conjunto, e a solidão do afastamento do ambiente familiar. Desse modo, as amizades no ambiente universitário são cruciais para a construção da vida universitária satisfatória e saudável, principalmente nos âmbitos de saúde mental.

3.2 Os impactos dos estereótipos de gênero na criação de laços de amizade

A educação das mulheres torna-se tópico relevante em muitas culturas ao redor do mundo. No contexto do surgimento do direito das mulheres à educação, o foco era ensinar mulheres a servir, formando boas donas-de-casa e futuras mães e esposas, enquanto aos homens eram ensinadas atividades laborais que pudessem servir como um emprego, para que se tornassem provedores de suas famílias (Prá, Cegatti, 2016). Apesar do avanço nessa lógica patrimonial, ainda hoje são notáveis as diferenças entre gêneros, principalmente ao se falar de ganhos salariais, sexualidade e amizade.

O papel de submissão, que tradicionalmente é vinculado às mulheres, cria uma sensação de segurança e dependência nos homens, o que acaba por gerar relações de desconfiança e suspeição entre as mulheres – logo, a rivalidade funciona como um aparato de dominação masculina, sendo utilizada para manter esse status na sociedade (Rodrigues, 2024). É comum a ideia de que o sucesso e a valorização de uma mulher implicam no insucesso e desvalorização da outra, principalmente em quesitos como aparência física. Esse reforçamento social leva à crença de que as mulheres sempre estão prontas para os conflitos, e que as amizades entre as mesmas não são tão verdadeiras quanto às amizades com os homens. Isto pode ser visto na resposta da pergunta “Você já enfrentou desafios ou conflitos em amizades femininas?” do questionário online aplicado às jovens participantes desta pesquisa, da qual a maioria, 95,1% diz já ter passado por conflitos com as amigas mulheres.

Além disso, muitas das mulheres participantes disseram achar difícil encontrar amigas mulheres com quem contar, o que reforça o impacto dos estereótipos de gêneros, de modo que a rivalidade feminina é uma questão em pauta.

Tabela 8 – Dificuldade de encontrar amigas mulheres com quem contar

Fonte: Elaborado pelas autoras.

Entretanto, quando as mulheres e os homens classificam a qualidade de suas amizades, as mulheres se sobressaem, classificando-as como mais confiáveis, melhores ouvintes, fornecedoras de maior apoio emocional e são mais atribuídas aos sentimentos positivos em relação às amizades (Souza, Hutz, 2007). Ainda citando o estudo de Souza e Hutz (2007), as mulheres foram citadas com médias superiores em cinco, das seis funções de amizade, sendo elas: ajuda, intimidade, companheirismo, segurança emocional e autovalidação. Esses fatores podem ser claramente visualizados nas falas de algumas participantes do grupo focal, as quais explicam se sentir mais confortáveis e acolhidas, além de se sentirem mais compreendidas e possuírem uma maior intimidade do que suas amizades com homens.

Acho que muito de acolhimento também, de acolhimento dos seus sentimentos, acolhimento psicológico também. E de você poder ser quem você é perto dela, você sentir que seus sentimentos são válidos, você sentir que, poxa, eu não sou menos aqui, aqui eu sou quem eu sou e pronto, aqui eu não preciso sentir menos, aqui eu não preciso fingir algo que eu não sinto, posso falar sem preocupar, muitas vezes, com a consequência. Assim, você vai poder ser você. (Eva, 18 anos).

Ah, eu acho que com a amizade feminina, no meu caso, eu me sinto mais confortável. Eu sinto que eu não tenho que filtrar o que eu vou falar, o que eu vou contar. Eu sinto que, além de ter um entendimento maior por parte delas, eu também me sinto mais livre. Eu tenho muitas amizades com meninos, mas é que eu falo coisas que às vezes eu não falaria pra eles, pras meninas eu falaria. Então, eu acho que é bom ter amizade masculina também, me faz muito bem ter, mas eu sinto que é outro tipo de amizade. É uma amizade, pra mim, mais pra falar coisa descontraída, mas, não que eu tenha essa abertura pra falar coisa muito íntima. Acho que isso eu falaria só pra minhas amizades femininas mesmo. Por mais que com elas eu também distraia, eu também bebo uma cerveja, mas eu me sinto mais aberta com as amizades femininas. (Samantha, 22 anos).

É, eu acho que a única amizade, amizade mesmo, com homem que eu tive, foi com o meu irmão. E tem coisas assim, que, nossa, eu vejo que a gente cresceu na mesma casa, estudou na mesma escola, mesmo assim, só por ele ser homem, parece que, sei lá, é tão diferente, tem coisa que eu vou falar pra ele que ele não vai entender de jeito nenhum. Posso falar 10, 20 vezes, ele não vai entender, porque ele não viveu. Não adianta. E é engraçado isso, porque eles estão na mesma escola, mesmos pais, mesma família e mesmo assim tem tanta coisa diferente. E se com o meu irmão tem coisa que eu não consigo falar, imagina numa amizade, uma pessoa que não tem um vínculo tão grande. (Stephanie, 18 anos).

Concluindo, no exame dos impactos dos estereótipos de gênero na criação de laços de amizade, a análise revela que a educação tradicionalmente voltada para o papel de submissão das mulheres perpetua uma dinâmica de rivalidade feminina, o que afeta a formação e a qualidade das amizades entre mulheres. Segundo Prá e Cegatti (2016), a educação das mulheres historicamente visava prepará-las para papéis de apoio dentro do lar, enquanto os homens eram preparados para atividades laborais que os qualificava como provedores. Esse modelo educativo contribuiu para a perpetuação de desigualdades que ainda persistem, como evidenciado pela diferença nos ganhos salariais e nas relações interpessoais. Rodrigues (2024) argumenta que a sensação de segurança e dependência criada por esse papel de submissão promove desconfiança e rivalidade entre as mulheres, reforçando o status dominante masculino e perpetuando a competição entre elas. Os dados coletados no questionário revelam que a maioria das participantes já enfrentou conflitos em amizades femininas e muitas expressaram dificuldade em encontrar amigas em quem confiar, o que corrobora a teoria de que a rivalidade feminina é um reflexo dos estereótipos de gênero internalizados. No entanto, Souza e Hutz (2007) destacam que, apesar dessas rivalidades, as mulheres tendem a classificar suas amizades como mais confiáveis e emocionalmente satisfatórias em comparação com as amizades com homens. Isso é corroborado pelos depoimentos das participantes do grupo focal, que expressam um sentimento de maior acolhimento e compreensão nas amizades femininas em comparação com as amizades masculinas. Isso evidencia como os estereótipos de gênero e a rivalidade feminina podem influenciar as relações interpessoais, até mesmo dentro do contexto familiar, onde diferenças de gênero ainda geram barreiras na comunicação e no entendimento mútuo.

3.3 O papel da sororidade na construção de identidade

Ao definirmos o significado de sororidade, esta é reconhecida como uma relação positiva entre o gênero feminino e se opõe à rivalidade feminina reforçada pela sociedade patriarcal existente (Fernandes, 2021). Ciampa (1984) afirma que uma pessoa se torna humana quando está em relação com outras. Se alguém se torna mãe, é porque de si nasceu um filho, se é esposa, é porque constituiu-se como tal a partir de um casamento. Ou, no contexto dessa pesquisa, se uma se considera amiga, é porque constituiu-se a partir de uma amizade. Então, quando numa amizade feminina, o papel de amiga, que constrói a mutável identidade de um ser, que é humano, porque é um ser social, pode-se dizer que a sororidade, como já definida por Fernandes (2021), exerce um papel de demasiada importância na construção de identidade. Quando analisamos a frase de Ciampa, notamos que, além de influências sociais e culturais trazidas pelo outro, o papel de amiga, por si só, já se constitui como uma identidade.

Assim, o ser humano, que constituem suas identidades a partir do outro, é um ser social. Desse mesmo modo, Cortella (1998) define que “ser humano é ser junto”, ou seja, eu sou o que sou em relação ao que o outro é, ou o que ele tem a liberdade de ser. Ele diz que se o outro é privado de liberdade, num contexto social de equidade, respeito e estereótipos sociais, eu também sou. A liberdade de um acaba quando a do outro acaba, o que contradiz o provérbio popular que minha liberdade acaba quando começa a do outro. Explica que, quando uma mulher é privada de liberdade, ou sofre as consequências dos estereótipos de gênero, todo o resto da sociedade sofre com ela, já que o ser humano é um ser social.

Entende-se este papel da amizade na influência na construção de identidade, e o papel do social enquanto participante da mesma, quando as participantes do questionário aplicado nesta pesquisa, respondem à pergunta “Como você descreveria a importância das amizades femininas na sua vida?”, dizendo:

“De extrema importância para me entender enquanto pessoa no mundo.”, “Acho que elas são importantes no modo como vejo o mundo e no modo como me comporto diante desse.” e “Lugar de identificação e acolhimento.”

Estes pensamentos e falas também se referem ao conceito de sororidade, baseada numa relação positiva entre as mulheres, que se apoiam e lutam por sua liberdade conjunta, caracterizada pelo apoio mútuo e pela solidariedade, definida pelo ser humano enquanto ser social, como explorado por Cortella (1998), que se baseia na busca por justiça e respeito, especialmente em relação às questões de gênero, e também no combate à rivalidade entre mulheres. Sendo as questões de gênero abrangentes a toda a sociedade, refletem não só na liberdade das mulheres diretamente afetadas por essas, mas também, por exemplo, nos próprios homens, que privam as mulheres desta liberdade, de acordo com bell hooks (2018), como por exemplo, nas questões de masculinidade, causadoras de crenças populares, que podem trazer consequências até mesmo físicas e de saúde para os mesmos, seja por exemplo, como a fala “se cuidar é coisa de mulher” que leva os homens a irem menos frequentemente a médicos, não se preocuparem com as questões da própria saúde, o que diminui a idade de expectativa de vida dessa faixa da população, consequência direta do patriarcado criado por eles mesmos.

Além disso, o suporte emocional é fundamental para a continuidade do desenvolvimento da identidade. Como exemplo, podemos voltar ao tópico 4.1 desta pesquisa, o qual explora como a amizade feminina é um dos fatores importantes para a permanência das jovens mulheres na universidade, de modo em que, como no papel de identidade, o que a classifica em seu papel social, segundo Ciampa (1984), as mulheres se identificam como amigas, e, por consequência, como universitárias, estudantes, e logo, novas profissionais que integrarão seu papel no mercado de trabalho. Esse processo cria um sentimento de pertencimento e aceitação que contraria as expectativas rígidas e muitas vezes opressoras do patriarcado. Ao serem acolhidas por suas amigas, as mulheres podem questionar normas e expectativas sociais, abrindo caminho para a construção de uma identidade mais autêntica (hooks, 2018).

Segundo hooks (2018), esse espaço de reconhecimento traz confiança às mulheres de que podem também enfrentar os estereótipos surgidos do patriarcado, através do sentimento de buscar os próprios desejos e não seguir, caso não seja de seu desejo, o papel tradicional a ela atribuído devido ao seu gênero. Ela pode se permitir ser ambiciosa em sua carreira, expressar suas opiniões com assertividade, ou até desafiar os padrões de beleza impostos, tudo isso porque suas amizades proporcionam um suporte que valida essas mudanças e lhe dá força para ser autêntica em sua trajetória.

Em conclusão, as amizades femininas desempenham um papel essencial na construção da identidade de cada mulher, refletindo os conceitos de Ciampa (1984) e Cortella (1998). Ciampa destaca que a identidade do ser humano se constrói sempre em relação ao outro, o que se aplica diretamente às amizades femininas. O papel de amiga não é apenas uma relação social, mas um elemento constitutivo da própria identidade, moldando como as mulheres se percebem no mundo e como enfrentam os desafios impostos pelo patriarcado. A liberdade e a dignidade de um indivíduo estão profundamente ligadas à do outro. Quando uma mulher sofre com estereótipos de gênero ou é privada de liberdade, isso afeta toda a sociedade, como pontua Cortella, já que todos estão interligados na construção do que é ser humano.

As amizades femininas, nesse sentido, tornam-se não só um espaço de apoio e acolhimento, mas também de resistência e transformação. Elas permitem que as mulheres, ao se apoiarem mutuamente, questionem as normas sociais impostas e reconstruam suas identidades de maneira mais livre e autêntica. Ao desafiar papéis tradicionais e restritivos, essas mulheres, amparadas por suas amigas, conseguem criar uma identidade que não lhes é imposta ao nascimento, mas construída a partir de suas próprias experiências e escolhas. Dessa forma, as amizades femininas fortalecem a sororidade, promovendo um ambiente onde a luta por liberdade, igualdade e respeito se torna uma luta coletiva, refletindo na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva para todos.

3.4 O papel da sororidade nos laços de amizade

O termo “sororidade” ganhou força nas mídias sociais nos últimos anos, sendo amplamente utilizado e debatido, principalmente nas discussões e nos estudos feministas. Apesar do seu teor político, também pode ser entendido como um termo emocional, que evoca amizade, afeição, solidariedade e empatia. Segundo o Dicionário Online de Português, a sororidade é definida como:

Relação de irmandade, união, afeto ou amizade entre mulheres, assemelhando-se àquela estabelecida entre irmãs. União de mulheres que compartilham os mesmos ideais e propósitos, normalmente de teor feminista. (Dicionário Online de Português, 2024).

Desta forma, podemos entender a sororidade como um fator importante quando se trata da amizade entre mulheres, pois representa uma relação de união, afeto e empatia, permitindo que uma mulher se coloque no lugar de outra. Além disso, a sororidade tem um papel político, capaz de mobilizar ações e gerar discussões, criando um espaço seguro onde as mulheres podem enfrentar preconceitos e estereótipos de gênero. Esse espaço também serve como um ambiente de aprendizado e trocas, fatores essenciais para fortalecer os laços de amizade.

Segundo Fernandes (2021), a sororidade pode ser interpretada como uma relação de amizade que se opõe à rivalidade entre mulheres, rivalidade esta naturalizada pelo sistema patriarcal presente em nossa sociedade. A sororidade pode, inclusive, ser vista como uma resposta direta ao termo fraternidade, que representa a ideia de respeito e afeto entre irmãos, neste caso, homens. Por meio da escuta, da cumplicidade e da empatia, o termo oferece um caminho para eliminar a ideia de inimizade e inveja que, muitas vezes, acompanham as amizades entre mulheres. bell hooks, em seu livro O Feminismo É Para Todo Mundo (2018), destaca que a sororidade é produtora de espaços de afeto e de contra conduta, desafiando as regras estabelecidas e transformando-as pela força da consideração, da solidariedade e do cuidado. Assim, percebe-se que a sororidade está entrelaçada nas experiências de amizade feminina, sendo crucial para a criação de um ambiente seguro de compartilhamento de experiências, acolhimento e afeto entre mulheres.

Ao serem questionadas, por meio do formulário online aplicado, se sabiam o que era sororidade, 88,88% das jovens respondentes afirmaram que sim, 9,87% que não e 0,81% que sabia mais ou menos o que significava o termo. Algumas das definições fornecidas por elas foram: “Quando uma mulher tem empatia pela outra”; “É a prática de confiança, o apoio e o acolhimento entre mulheres”; “Relação de união entre mulheres”; “Tentar se colocar no lugar da outra, preservar uma boa relação entre amigas” e “É ter empatia, respeitar e ajudar outras mulheres ao seu redor”. Nota-se que muitas palavras utilizadas nessas definições também aparecem ao se discutir a amizade feminina em outras perguntas do formulário, como quando as respondentes foram solicitadas a descrever a importância da amizade feminina em suas vidas:

“As amizades femininas são importantes pela identificação, pela inspiração que outras mulheres me passam, pelo carinho e pela atenção que só mulheres conseguem fornecer.”

“É muito importante pelo apoio mútuo e porque as mulheres entendem problemas e desafios que outras mulheres passam no dia a dia muito melhor do que homens.”

“É por meio das minhas amizades com mulheres que pude aprender e ter maior curiosidade sobre o meu corpo, a sociedade em que vivemos e o papel da mulher na busca por direitos, além de poder contar com elas para qualquer atividade, desde desabafos profundos sobre problemas pessoais a atividades de lazer que requerem boa companhia.”

O papel da sororidade também pode ser analisado na fala de Juliana, participante do grupo focal:

Eu acho que é mais isso que eu falei nas perguntas anteriores, de você pensar se colocar no lugar da outra ali, independentemente do tipo de dor que ela estiver passando, independente de algum momento, que é o que eu falei, que eu acho que falta, ainda, essa empatia, essa sororidade, no caso, em mulheres, não só em amizades, mas assim, disso de se colocar mesmo no lugar da outra pessoa. “Mas olha o que ela está passando”, e tentar entender de algum jeito. Ou às vezes, assim, só de você ouvir… Não é dar a voz, não é esse termo que eu quero dizer, mas assim, você ouvir uma pessoa mesmo, uma pessoa falar. Se tem alguma dor de alguma mulher que ali você…. Então, acho que é assim, você se coloca no lugar de ouvir, eu acho, de qualquer coisa. (Juliana, 23 anos.)

Em suma, a sororidade emerge como um elemento vital na construção de relações significativas entre mulheres, não apenas pelo aspecto emocional de empatia e apoio, mas também por seu impacto político e social. Os dados do formulário, que mostram que 88,88% das jovens entendem o conceito de sororidade, revelam uma consciência crescente sobre a importância dessas conexões. As definições compartilhadas destacam valores como confiança, acolhimento e a capacidade de se colocar no lugar da outra, refletindo um entendimento profundo do papel da amizade feminina. Além disso, o testemunho de Juliana ilustra como essa empatia é essencial para superar rivalidades e promover um ambiente de acolhimento, criando um espaço seguro para o compartilhamento de experiências e a luta conjunta contra os preconceitos. Portanto, a sororidade se revela não apenas uma prática de amizade, mas uma força transformadora que fortalece os laços entre mulheres e contribui para um futuro mais solidário e igualitário.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que o tema “O papel da amizade feminina na construção de identidade de vida adulta de jovens mulheres universitárias em Poços de Caldas, Minas Gerais”, por sua relevância tanto no âmbito acadêmico quanto social, evidencia como as relações de amizade entre mulheres podem contribuir para o desenvolvimento pessoal e para o fortalecimento de uma rede de apoio durante a vida adulta jovem. A pesquisa buscou compreender, em um contexto de vida universitária, como essas conexões impactam a autopercepção, a segurança emocional e o enfrentamento de desafios e estereótipos impostos pela sociedade.

Primeiramente, sobre a amizade feminina, observou-se ser fundamental no suporte emocional e na qualidade de vida das jovens universitárias participantes. Ao analisar os dados, revelou-se que as amizades são descritas como uma “rede de apoio”, proporcionando um ambiente seguro onde as jovens podem se expressar livremente, compartilhando experiências e desabafando sobre questões tanto pessoais quanto acadêmicas, principalmente durante o momento de vida universitário. Muitas das participantes mudam-se para longe de suas famílias e encontram nas amigas um suporte para enfrentar os desafios da vida adulta, como responsabilidades acadêmicas e adaptação a um novo ambiente social. Assim, a rede de apoio oferecida por amigas ajuda a manter o bem-estar emocional e contribui para a permanência na universidade.

Além do suporte emocional, outro aspecto abordado foi a influência dos estereótipos de gênero na construção desses laços de amizade. Desde a infância, meninas e mulheres são socializadas para desempenharem papéis específicos que muitas vezes reforçam comportamentos de submissão e rivalidade, devido ao contexto patriarcal que estão inseridas. Isto pode gerar desafios na construção de amizades femininas, já que as mulheres enfrentam barreiras internas e externas que alimentam a competitividade e o julgamento, muitas vezes impulsionados por questões de aparência e aceitação social, por exemplo. No entanto, a pesquisa mostrou que, apesar dessas barreiras, as jovens universitárias conseguem construir relações genuínas que se baseiam na confiança e no apoio mútuo, o que contradiz aos estereótipos impostos pela sociedade.

Assim, pode se considerar que a sororidade, apoio mútuo e a empatia entre mulheres criam um ambiente de acolhimento e encorajamento, fortalecendo a identidade feminina. As participantes relataram que, em suas amizades, encontram uma forma de identificar e compartilhar vivências comuns, o que as ajuda a desenvolver autoconfiança e a desafiar as expectativas sociais que lhes são impostas. O conceito, nesse sentido, é compreendido como um elemento transformador, que permite às jovens romperem com a rivalidade feminina e, em vez disso, fomentarem relações de apoio e solidariedade. Essa prática ajuda a construir um espaço de crescimento mútuo, onde cada mulher sente-se acolhida e inspirada para buscar suas próprias realizações.

Também foi observado o papel dessas amizades na permanência acadêmica das jovens mulheres. Muitas participantes relataram que as amizades ajudaram a enfrentar a ansiedade e o estresse gerados pela carga acadêmica e pela distância da família, especialmente para aquelas que moram sozinhas ou com colegas. O suporte das amigas influencia diretamente na qualidade da experiência universitária, pois oferece um refúgio seguro onde as jovens podem discutir problemas acadêmicos e pessoais sem medo de julgamento. Esse suporte emocional e prático revela-se fundamental para a continuidade nos estudos e para o fortalecimento da resiliência frente aos desafios acadêmicos, tornando o ambiente universitário mais acolhedor e motivador, o que pode encorajá-las a permanecer na universidade, quando em dúvida sobre o tópico.

Pode-se perceber que, por meio da amizade feminina, as participantes encontram uma base de apoio para se expressarem de maneira mais autêntica e para buscarem liberdade de expressão e independência. Essas amizades permitem que as jovens mulheres construam suas identidades de forma mais autônoma, sem a necessidade de se adequarem a papéis pré-estabelecidos. Assim, as amizades tornam-se um espaço de fortalecimento da autoestima e de empoderamento feminino, onde cada mulher é encorajada a valorizar suas próprias opiniões, interesses e objetivos.

Contudo, uma limitação importante deste estudo é a ausência de uma maior diversidade na amostra de participantes. O fato de a maioria das respondentes serem estudantes de uma universidade privada, predominantemente brancas e de um contexto social específico, limita a representatividade da pesquisa. Um grupo mais diversificado em termos de raça, classe social e diferentes tipos de instituições de ensino poderia oferecer uma visão mais ampla e complexa sobre o papel da amizade feminina. Essa ampliação da diversidade é importante para futuros estudos, pois as experiências e as dinâmicas de amizade podem variar significativamente de acordo com o contexto cultural, econômico e racial das jovens mulheres. A inclusão de uma amostra mais interseccional poderia enriquecer a compreensão dos diferentes modos como a amizade feminina influencia a construção de identidade.

Dessa forma, a pesquisa cumpriu seu objetivo ao demonstrar que as amizades femininas exercem uma função central na construção da identidade e na vida emocional de jovens mulheres universitárias. A amizade não é apenas um suporte psicológico, mas também um espaço de construção social onde as jovens desenvolvem valores, se identificam com os desafios umas das outras e encontram a força necessária para enfrentar as pressões externas. Esse espaço se torna ainda mais relevante no ambiente universitário, onde as transições de vida são intensas e onde o apoio emocional das amizades pode ser um fator determinante para o bem-estar e o sucesso acadêmico.

Conclui-se, portanto, que a amizade feminina, além de promover a construção de uma identidade pessoal e social mais sólida, também atua como um mecanismo de resistência às estruturas sociais que perpetuam as desigualdades de gênero. As amizades oferecem um lugar seguro onde as mulheres podem desafiar os papéis tradicionais, apoiar umas às outras e se fortalecer para ocupar novos espaços sociais e profissionais. Assim, essas relações não apenas transformam a vida individual de cada participante, mas também contribuem de certa forma para a criação de uma sociedade mais inclusiva e igualitária.

Este estudo destaca a importância de explorar ainda mais a amizade feminina, especialmente no contexto universitário, e enfatiza a necessidade de pesquisas futuras que abranjam uma amostra mais diversa. Ao fazer isso, é possível ampliar o entendimento das complexas interações entre amizade, identidade e sociedade, além de oferecer novas perspectivas sobre como esses laços influenciam a vida das jovens mulheres em diferentes realidades e contextos.

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1Psicóloga graduada pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – Campus Poços de Caldas. Pós Graduanda em Terapia Cognitiva Comportamental na Infância.
2Psicóloga graduada pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – Campus Poços de Caldas. Pós Graduanda em Terapia Cognitiva Comportamental; Psicopatologia e Psicodiagnóstico Infantil e Intervenção em Crises e Prevenção do Suicídio.