CORRELAÇÃO ENTRE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS E O MOTIVO DA INTERNAÇÃO DE IDOSOS EM UTI

CORRELATION BETWEEN NON-COMMUNICABLE CHRONIC DISEASES AND THE REASON FOR HOSPITALIZATION OF ELDERLY PEOPLE IN THE ICU

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8216304


1Elaynne Jeyssa Alves Lima
2André Vitor Gomes da Silva
3Wanderlene de Oliveira do Nascimento
4Michelle Nunes Lima
5Maria Gizelda Gomes Lages
6Ana Hilda Silva Soares
7Leonardo Pereira de Barros
8Duanne Edvirge Gondin Pereira
9Letícia Ferreira Conti
10Pablo Vitor Morais Melo
11Miguel Silva Viana
12Beatriz Cristine Silva Sousa


RESUMO

INTRODUÇÃO: O envelhecimento é um processo natural da vida que ocorre progressivamente no organismo com alterações irreversíveis, o que se destaca a fragilidade do idoso decorrente ao passar do tempo e suas consequências como portadores de DCNT doenças crônicas não transmissíveis. As DCNT’s são as principais causas de mortes e internações em UTI’s no mundo. O envelhecimento da população é um fenômeno que acomete em diversos países e traz várias modificações e desafios tanto para a população quanto para a saúde. OBJETIVO:  Correlacionar as DCNT’s e o motivo de internação de idosos em UTI. METODOLOGIA: Trata-se de uma integrativa da literatura em que a construção da pesquisa está amparada na questão ” Qual a correlação entre Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) e o motivo da internação do idoso em Unidade de Terapia Intensiva (UTI)?”. A pesquisa foi conduzida em 2023, através de buscas nas bases de dados virtuais em saúde, que incluem BDENF, LILACS e SciELO.  RESULTADOS: Os principais motivos de internação de idosos em UTI incluem condições como hipertensão arterial, diabetes, doenças cardiovasculares, neurológicas, endócrinas, nutricionais e metabólicas. CONCLUSÃO: Conclui-se que as DCNT’s têm uma influência direta nas internações de idosos em UTI’s. A principal razão clínica para essas internações é a prevalência de DCNTs nessa população.

Palavras-chave: Doença crônica. UTI. Idoso.

ABSTRACT

INTRODUCTION: Aging is a natural process of life that occurs progressively in the body with irreversible changes, which highlights the fragility of the elderly due to the passage of time and its consequences as carriers of chronic noncommunicable diseases. NCDs are the leading causes of death and hospitalization in ICUs worldwide. The aging of the population is a phenomenon that affects several countries and brings several changes and challenges for both the population and health. OBJECTIVE: Correlate NCDs and the reason for hospitalization of the elderly in the ICU. METHODOLOGY: This is an integrative literature in which the construction of the research is supported by the question “What is the correlation between Chronic Noncommunicable Diseases (CNCD) and the reason for hospitalization of the elderly in the Intensive Care Unit (ICU)?”. The research was conducted in 2023, through searches in virtual health databases, which include BDENF, LILACS and SciELO.  RESULTS: The main reasons for hospitalization of older adults in ICU include conditions such as hypertension, diabetes, cardiovascular, neurological, endocrine, nutritional and metabolic diseases. CONCLUSION: It is concluded that NCDs have a direct influence on hospitalizations of older adults in ICUs. The main clinical reason for these hospitalizations is the prevalence of NCDs in this population.

Keywords: Chronic illness. ICU. Elderly.

INTRODUÇÃO

O envelhecimento é um caminho progressivo que ocorre naturalmente durante a vida afetando todos os organismos e que resulta em alterações dos padrões fisiológicos de um indivíduo, em uma relação mútua de fatores sociais, culturais, biológicos e psicológicos. A Política Nacional do Idoso (PNI) define idoso como sendo uma pessoa com 60 anos ou mais por meio da Lei nº8. 842, de 4 de janeiro de 1994 e regulamentada pelo Decreto nº 1948 de 03 de julho de 1996, juntamente com o Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Ambas as Leis garantem e regulamentam o direito do idoso nas políticas sociais brasileira (MENDES, 2018; MIRANDA, MENDES e SILVA, 2016; ALVAREZ, SANDRI, 2018).

O envelhecimento é um processo natural da vida, que perpassa por várias modificações morfológicas, fisiológicas, imunológicas e psicológicas com o passar do tempo. Assim, envelhecer não significa necessariamente adoecer, mas se este processo estiver ligado a alguma patologia, pode aumentar o risco de saúde do indivíduo. Nessa perspectiva, a elevação da vulnerabilidade no idoso tem como característica uma síndrome clínica cujos sinais e sintomas tenham predisposição para diversas complicações futuras em sua saúde, o que traz um grande desafio para saúde pública (LANA, SCHNEIDER, 2014; MIRANDA, MENDES e SILVA, 2016).

O Brasil teve seu perfil demográfico transformado com o tempo, pois evoluiu de uma sociedade ruralista e tradicional, onde predominava famílias numerosas e com alto risco de morte na infância, para uma sociedade urbana, com menor quantidade de filhos e com uma expectativa de vida maior, ou seja, houve um declínio na taxa de crescimento e diminuição da taxa de natalidade, de modo que levou ao envelhecimento da população (MIRANDA, MENDES e SILVA, 2016; NASCIMENTO et al., 2019).

Nesse contexto, esse envelhecimento populacional trouxe consigo problema no sistema de saúde, aumentando a prevalência de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), o que acarretou em consequências como a transição epidemiológica, conceituada como complexas mudanças nos padrões saúde/doença e nas interações entre os mesmos e com influência de outros fatores demográficos, econômicos e sociais (PEREIRA, ALVES-SOUZA e VALE, 2015).

No Brasil, as DCNTs representam um problema de saúde de grande gravidade, uma vez que podem chegar a 75% das causas de mortes ao atingir indivíduos de toda a faixa socioeconômica, principalmente aqueles pertencentes a grupos vulneráveis, como os idosos, os que possuem baixa escolaridade e renda, devido ao estilo de vida, hábitos alimentares, alcoolismo e tabagismo. Essas doenças podem acarretar em mais complicações como baixa qualidade de vida, aumento do risco de morte prematura e de invalidez, o que afeta diretamente o psicossocial do indivíduo. Dentre as mais prevalecentes estão as Doenças cardiovasculares, Neoplasias, Doenças crônicas pulmonares e Diabetes mellitus (MALTA, 2019; BERNAL, 2019).

Assim, o debate acerca da repercussão do envelhecimento e suas consequências na saúde passaram a ser mais valorizados no Brasil, de modo que as DCNT’s são as principais causas de internações hospitalares em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), onde tem a finalidade de regenerar pacientes que necessitam de especialização e técnicas avançadas já que os idosos portadores dessas doenças tendem a ter mais predisposição para infecções graves, devido à fragilidade de seu organismo (FONSECA 2010; BONFADA, 2017).

METODOLOGIA

No que tange a metodologia, verifica-se que esta é uma pesquisa bibliográfica elaborada a partir de uma revisão narrativa integrativa, nessa perspectiva, o estudo se configura como uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório. Nesse contexto, a pesquisa foi realizada através da coleta de dados de materiais já publicados como artigos científicos encontrados em bases de dados, bem como livros e dissertações sobre o assunto a ser abordado, menciona-se que as concepções acerca da coleta de dados será melhor explicitada no decorrer deste tópico.

Com base na problemática suscitada na pesquisa, a saber: “Qual a correlação entre doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e o motivo da internação do idoso em unidade de terapia intensiva (UTI)?” reverbera-se que o trabalho em questão trata- se de um estudo exploratório e descritivo com abordagem qualitativa do tipo revisão de literatura integrativa.

Nesse contexto, a revisão integrativa é um método de pesquisa ampla, que permite a inclusão de pesquisas experimentais e combinar dados da literatura teórica e  empírica. Incorpora um conjunto de propósitos como definir conceitos, rever evidências

empíricas ou teóricas, e analisar questões de um determinado assunto (LIMA et al.; 2014).

No que se refere à abordagem qualitativa adotada neste trabalho, compreende- se que, segundo Minayo (2014) que este tipo de abordagem se desenvolve com base nas experiências vividas, haja vista que para a apreensão da temática o pesquisador deve considerar valores, ideias, atitudes, motivos e aspirações para realizar a análise e compreensão dos objetos investigados.

A respeito da coleta de dados que subsidiarão a resolução do problema de pesquisa, postula-se que a presente pesquisa será realizada por meio da busca em bases de bancos de dados: Base de Dados em Enfermagem (BDENF), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic LibraryOnline(SciELO) utilizando de forma isolada ou conjugado utilizando os descritores validados: Enfermagem geriátrica; Doença crônica; UTI usando boleanos “and”.

Os critérios para inclusão das publicações foram: artigos primários com textos completos disponíveis on-line em português, publicados no período de 2015 a 2023, que contenha no assunto compatível com os descritores. Tendo como critério de exclusão: textos incompletos, repetidos, editoriais, reflexão, teses, dissertações e fuga do objetivo.

Após a coleta de dados nas bases indicadas, destaca-se que as etapas da revisão integrativa da literatura estão em uma estrutura de trabalho definida por um protocolo previamente elaborado que foi adotado visando manter o rigor científico, as quais são: 1) seleção da pergunta de pesquisa; 2) definição dos critérios de inclusão de estudos e seleção da amostra; 3) representação dos estudos selecionados em formato de tabelas, que representassem todas as características em comum; 4) análise crítica dos achados, que identificasse diferenças e conflitos; 5) interpretação dos resultados; 6) relatório claro sobre a evidência encontrada (DUTRA; OLIVEIRA, 2015).

Ante o exposto e em decorrência do grande aumento de internação dos idosos acometidos por DNCTs, elucida-se para este trabalho a seguinte problemática: Qual a correlação entre Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) e o motivo da internação do idoso em Unidade de Terapia Intensiva (UTI)?

Para tanto, os objetivos deste estudo se constituem em; correlacionar as DCNTs e o motivo da internação do idoso em UTI; Caracterizar o idoso internado em UTI; identificar a presença de DCNTs em idosos internados em UTI para que se possa verificar os principais motivos dessa internação.

Destaca-se que o interesse pela presente temática se deu a partir de observações feitas sobre a realidade atual, pela afinidade com o tema e com o convívio pessoal, de modo que surgiu a necessidade de desenvolver este trabalho com o intuito de obter-se experiência nessa área de estudo e compreender de que forma as DCNT’S podem influenciar diretamente nas internações de idosos em UTIs, uma vez que trata-se de um tema atual, através do qual se denota que a relevância social deste estudo se consubstancia em ser uma problemática vivenciada por muitas famílias.

Além disso, há que se falar, ainda, na relevância científica e acadêmica do debate  em questão, uma vez que amplia os olhares de estudantes e profissionais para a temática  que se faz contemporânea e necessária, assim, colabora-se com a produção de conhecimento para estudiosos da área.

Figura 1 – Publicações disponíveis no período de 2015 a 2023, de acordo com os descritores e as bases de dados. Seleção dos artigos nas bases de dados saúde BDENF, LILACS e SciELO.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2023.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Destaca-se que as obras selecionadas foram lidas na íntegra, buscando obter dados relevantes. Inicialmente, foram selecionados 50 artigos com base nos descritores estabelecidos. No entanto, após uma análise detalhada, 44 desses artigos foram excluídos, uma vez que não atendiam aos critérios específicos do estudo.

Dos 50 artigos iniciais, apenas 6 foram incluídos no estudo, pois atenderam aos critérios de relevância e adequação aos objetivos da pesquisa. A leitura completa desses 6 artigos permitiu um debate mais abrangente sobre o tema e a problemática proposta, fornecendo informações sólidas e fundamentadas para a realização do estudo.

A partir deste estudo, foi possível relacionar e identificar as DCNT’s e o motivo de internação de idosos em UTI, bem como responder qual é  a correlação entre eles. Com isso espera-se que os resultados desta pesquisa proporcionem cooperação para o aperfeiçoamento de profissionais da saúde de que as  DCNTS podem influenciar diretamente nas internações de idosos em UTIs, ressaltando seus impactos positivos e negativos.

Com base nisso, os resultados foram apresentados e organizados, conforme o quadro 1.

Quadro 1 – Estudos selecionados para a revisão segundo a correlação entre DCNTS e o motivo da internação de idosos em UTI.

TÍTULOAUTOR (ES) / ANO DE PUBLICAÇÃOBANCO DE DADOS / REVISTARESULTADOS
Análise de sobrevida de idosos internados em Unidades de Terapia IntensivaBONFADA et al. (2017)SCIELO/ Rev. Bras. Geriatr. GerontoA sobrevida dos idosos internados em UTI é afetada por fatores prognósticos de origem demográfica, clínica e maior prevalência de doenças crônicas causadoras de fragilidade e morte
Estudo do fenótipo de fragilidade em idosos residentes na comunidadeBERLEZI et al. (2017)SCIELO/ Departamento de Ciências da Saúde, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio do SulConsiderando a fragilidade como uma condição inerente a senescência associada a presença de comorbidades; e que na presença de doenças crônicas, o indivíduo acelera a fragilização
Probabilidade de morte prematura por doenças crônicas não transmissíveis, Brasil e regiões, projeções para 2025MALTA et al. (2019)SCIELO/ Rev bras epidemiolHouve declínio médio de 2,5% ao ano no conjunto das quatro principais DCNT no Brasil entre 2000 e 2013. Dada a tendênciade queda, prevê-se queo Brasil atinja a meta global de redução de 25% até 2025
Perfil dos idosos com doenças crônicas não transmissíveis internados em unidade de terapia intensivaSIMÃO et al. (2019).LILACS/ Enferm. FocoA idade-média dos idosos foi 73,9 anos (dp=9,4), 51,3% eram homens, casados (53,5%), analfabetos (40,8%), de cor amarela (45,2%) e aposentados (57,3%). A maioria dos idosos procedia do centro cirúrgico (55,6%), tinha poucas reinternações (15,7%), média de dias de internações 5,4 (dp=7,2); o desfecho foi a transferência para outro setor do hospital (62,6%). Das DCNTs, a doença cerebrovascular predominou (68,7%), sendo que 52,2% dos indivíduos possuía pelo menos uma DCNT.
O ambiente do cuidado e da segurança do paciente idoso hospitalizado: contribuições para enfermagemSANTOS (2017)BDENFApesar dos profissionais de enfermagem participantes do estudo terem expressado domínio teórico sobre segurança do paciente, isso ainda não se reflete em práticas sistematizadas e focadas nas especificidades do paciente idoso, sem  avaliação sistematizada  dos riscos e das suas demandas no ambiente hospitalar
Simultaneidade de doenças crônicas não transmissíveis em 2013 nas capitais brasileiras: prevalência e perfil sociodemográficoCHRISTOFOLET TI et al. (2020)BDENF/ Epidemiologia e Serviços de SaúdeO presente estudo evidenciou que as DCNT foram mais prevalentes nos idosos, nos indivíduos de baixa escolaridade e sem companheiro. Os componentes de risco associados às DCNT foram tabagismo, sobre peso/obesidade e condição de saúde auto relatada como ruim/regular

Fonte: Elaborado pelo autor, 2023.

Neste estudo, os objetivos propostos consistem em correlacionar as DCNTs e o motivo da internação de idosos em UTI, caracterizar o perfil do idoso internado nesse ambiente, bem como identificar a presença de DCNTs entre os idosos internados em UTI, com o intuito de compreender os principais motivos que levaram a essa hospitalização.

Assim, conforme os 6 artigos acima explanados, pode-se caracterizar as Doenças Crônicas Não Transmissíveis, como um conjunto de enfermidades de diferentes etiologias, com extensos períodos de potência e duração vitalícia e/ou prolongada (PESSI, et al., 2019).

Segundo o estudo realizado por Simão et al. (2019), com o objetivo de apontar as características dos idosos internados em UTI, os resultados indicam que a idade média dos idosos foi de 73,9 anos (desvio padrão = 9,4). Do total de idosos, 51,3% eram homens e a maioria deles eram casados (53,5%), analfabeto (40,8%), pertencente à cor amarela (45,2%) e aposentados (57,3%). Quanto à origem da internação, a maioria dos idosos procedia do centro cirúrgico, totalizando 55,6% dos casos.

Um resultado semelhante foi observado na pesquisa realizada por Nogueira et al. (2012), onde também foi predominante o sexo masculino, representando 56,50% dos pacientes estudados. A idade média dos idosos variou de 60 a 76 anos (desvio padrão = 18,75), com uma mediana de 62 anos.

Outro estudo revelou que o perfil característico dos idosos em UTI aponta para a prevalência de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DNCTs) em indivíduos de baixa escolaridade e sem companheiro (BRISCHILIAN et al., 2014)./;

Em relação à prevalência de DNCTs em idosos, os resultados dos estudos indicam que à medida que a idade avança, ocorrem mudanças fisiológicas ao longo da vida que afetam a dinâmica estrutural do organismo, podendo resultar em incapacidade funcional e dependência em graus variados. Essas características apresentadas tornam as pessoas idosas mais suscetíveis ao desenvolvimento de doenças crônicas (MALTA et al., 2019).

Em relação ao objetivo de identificar a presença de DCNTs em idosos internados em UTI, os estudos apontaram que 42,9% dos idosos apresentaram a simultaneidade de DCNTs, sendo a combinação mais frequente a de hipertensão com obesidade (CHRISTOFOLETTI et al., 2020).

Outros estudos também observaram que os principais componentes de risco associados às DCNTs foram o tabagismo, sobrepeso/obesidade, diabetes mellitus e a condição de saúde autorrelatada como ruim/regular (BRISCHILIAN et al., 2014).

Resultados semelhantes foram obtidos no estudo de Negers et al. (2017), que foi um estudo multicêntrico prospectivo observacional realizado na Europa. A pesquisa revelou uma prevalência de 79% de pacientes hipertensos, 33% com diabetes e 43% com insuficiência cardíaca congestiva (ICC).

Equivalente,  a pesquisa de Corgozinho, Ferreira e Lucas (2019), as seguintes comorbidades apresentaram prevalência: hipertensão arterial sistêmica (HAS) com 57,3%, diabetes mellitus (DM) com 20,5%, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) com 18,5% e insuficiência cardíaca congestiva (ICC) com 4,8%.

Esses resultados demonstram a relevância dos estudos que investigam as características dos idosos internados em UTI, fornecendo informações importantes sobre a faixa etária, gênero, escolaridade, origem da internação e a presença de doenças crônicas, o que pode contribuir para aprimorar os cuidados e a gestão de recursos destinados a essa população específica.

Correlação entre DCNTS e o motivo da internação de idosos em UTI

A princípio, é relevante destacar que a UTI é um espaço funcional destinado a pacientes graves, porém com chances de recuperação, de modo que este ambiente não se caracteriza como um espaço voltado para cuidados paliativos de pacientes em estado terminal e com quadros considerados irreversíveis (POLLETO et al., 2012).

No que se refere a internação de idosos em UTI, estudos apontam que as internações de idosos nas Unidades de Terapia Intensiva são reflexo de uma realidade que denota um modelo de atenção à saúde que não investe em serviços preventivos, de modo que restringe a capacidade de inovação ao aspecto tecnológico e negligencia aspectos importantes para a preservação da saúde (BONFADA et al., 2017).

Nesse contexto, observa-se uma correlação significativa entre as DCNTs e a internação de idosos na UTI, especialmente diante do cenário de envelhecimento populacional. Essa conjuntura revela uma maior prevalência de doenças crônicas que contribuem para a fragilidade e mortalidade nessa população de pacientes idosos (BONFADA et al., 2017).

Assim, os estudos mais relevantes elucidam, acerca do perfil dos idosos com internação em UTI correlacionado a DNCTS, que estes pacientes apresentaram maior tempo de internação, eram longevos, provenientes do SUS, com diagnóstico de doenças como: pneumonia, sepse, fratura, rebaixamento de nível de consciência,acometidos por agravos clínico como febre, bradicardia, hipotensão, parada cardiorrespiratória (BONFADA et al. 2017).

Outros achados apontam, quanto aos fatores epidemiológicos, que dentre  as   DCNTs, as doenças cardiovasculares, o câncer, as doenças respiratórias crônicas e diabetes mellitus aparecem com grande destaque; os fatores de riscos destas doenças estão diretamente ligados ao modo de vida que a população leva nacontemporaneidade, relacionados à má alimentação, tabagismo, consumo de álcool, dentre outras coisas (BRASIL, 2011).

Os achados do estudo revelaram uma correlação significativa entre as DCNTs e o motivo da internação em UTI dos idosos, demonstrando que muitos dos pacientes internados apresentavam condições crônicas preexistentes que contribuíram para a necessidade de tratamento intensivo

Confirmando esta informaçao, no estudo de Corgozinho, Ferreira e Lucas (2019) constatou-se que as principais causas de internações entre os idosos pesquisados foram predominantemente relacionadas ao sistema cardiovascular, representando 107 casos (26,8%). Deste grupo, destacaram-se as seguintes condições: insuficiência cardíaca congestiva (ICC) com 10,3%, infarto agudo do miocárdio com 2,3%, angina instável com 3,8% e bloqueio atrioventricular total com 2,5%. A segunda maior causa de internação foi o grupo neurológico, com um total de 105 casos (26,3%). Neste grupo, as condições mais comuns foram: acidente vascular encefálico com 14,1%, hematoma subdural crônico e agudo com 4,6% e traumatismo cranioencefálico com 1,5%.

Similar, de acordo com Nogueira et al. (2012), a categoria mais frequente identificada foi relacionada às doenças do aparelho circulatório, correspondendo a 56,17% dos casos. Em seguida, foram observadas as doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas, abrangendo 27,83% das ocorrências, e as neoplasias, que representaram 18,83% dos antecedentes registrados.

CONCLUSÃO

À medida que envelhecemos, nosso corpo passa por um processo natural de desgaste e degeneração. Essas mudanças fisiológicas podem afetar o funcionamento dos órgãos e sistemas do corpo, tornando-o mais vulnerável às DCNTs.

Pode-se concluir que as DCNTs exercem uma influência direta na internação de pacientes idosos em UTI. Observa-se que o motivo clínico predominante nessas internações é a prevalência das DCNTs que afetam principalmente os idosos.

Quanto às características dos idosos internados em UTI, observa-se que a idade média varia de 60 a 76 anos. A maioria dos pacientes é do sexo masculino e está na condição de casado. Em relação ao nível de escolaridade, grande parte dos idosos é analfabeto. Além disso, a maioria pertence à etnia amarela e é composta por indivíduos aposentados.

No que diz respeito dos principais motivos de internação de idosos em UTI, podemos destacar diversas condições, como hipertensão arterial, diabetes, doenças cardiovasculares, neurológicas, endócrinas, nutricionais e metabólicas, entre outras.

A elevada incidência dessas condições em idosos evidencia a importância de estratégias de prevenção e gerenciamento adequado para reduzir a demanda de internações em UTI e promover a saúde e o bem-estar dessa população vulnerável.

Além disso, é de extrema importância promover campanhas e implementar políticas públicas voltadas para a promoção e prevenção da saúde no contexto do envelhecimento saudável. As DCNTs têm um impacto significativo na qualidade de vida dos idosos, resultando em prejuízos emocionais, sociais e financeiros tanto para essa população quanto para seus familiares.

Por meio de campanhas educativas e ações preventivas, é possível conscientizar a população sobre a importância de adotar hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada, atividade física regular, controle do estresse e abandono de hábitos prejudiciais, como tabagismo e consumo excessivo de álcool. Ao incentivar o autocuidado e o acesso a exames preventivos, é possível detectar precocemente possíveis condições de risco, permitindo intervenções adequadas para evitar o agravamento das DCNTs.

Ao abordar essas questões de forma abrangente e multidisciplinar, é possível enfrentar os desafios impostos pelas DCNTs em idosos e proporcionar um envelhecimento mais saudável, ativo e pleno, com impactos positivos tanto para os idosos como para a sociedade como um todo.

Além disso, esse estudo também se torna um importante suporte para a comunidade acadêmica e científica, uma vez que aborda um tema contemporâneo e relevante. As descobertas oferecidas podem enriquecer o conhecimento existente sobre a correlação entre DCNTs e o motivo da internação de idosos em UTI.

No entanto, é essencial ressaltar que esse trabalho representa um passo inicial, e a discussão sobre o assunto necessita de novas pesquisas e investigações. Novos estudos são fundamentais para aprofundar a compreensão do tema, proporcionando ainda mais subsídios para melhorias nos cuidados com os idosos e no enfrentamento das DCNTs.

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1Enfermeira. Centro Universitário UniFacid Wyden.
Teresina – PI. ORCID ID: https://orcid.org/0000-0002-3516-0018.
E-mail:enf.elaynne@gmail.com

2Graduado em Enfermagem pela Universidade Estadual do Maranhão.
Paços do Lumiar – MA. ORCID ID: https://orcid.org/0009-0008-2810-2574
E-mail: enferandrevitor@hotmail.com

3Graduada em Enfermagem pelo Centro Universitário Uninovafapi.
Pós-Graduada em Oncologia Multiprofissional; Pós-Graduada em Cuidados Paliativos; Pós-Graduanda em UTI Neonatal e pediátrica.
Teresina – PI. ORCID ID: https://orcid.org/0000-0002-3201-0989
E-mail: wanderlene@bol.com.br

4Graduada em Enfermagem pela Universidade Federal do Piauí.
Pós-Graduada em Saúde da Família.
Teresina – PI. ORCID ID: https://orcid.org/0000-0002-6641-6151
E-mail: mixellenunes@hotmail.com

5Graduada em Enfermagem pelo Centro Universitário UniFacid Wyden.
Pós-Graduada em Saúde Materna, Infantil e Neonato.
Teresina – PI. ORCID ID: https://orcid.org/0000-0002-7847-3081
E-mail: gizelda.lages@gmail.com

6Graduada em Enfermagem pelo Centro Universitário Uninovafapi.
Pós-Graduada em Terapia Intensiva; Pós-Graduada em Gestão da Clínica nas Regiões de Saúde; Pós-Graduada em Enfermagem Oncológica.
Teresina – PI. ORCID ID: https://orcid.org/ 0009-0004-8918-1780
E-mail: anahildaenf@gmail.com

7Graduado em Enfermagem pela Universidade do Estado de Minas Gerais.
Pós-Graduado em Saúde da Família. Mestrando em Cuidado Primário em Saúde.
Montes Claros – MG. ORCID ID: https://orcid.org/0009-0004-9796-4865
E-mail: enfermeiroleonardo@yahoo.com.br

8Graduada em Odontologia pela Universidade Federal de Uberlândia.
Pós-graduada em UTI Geral e Gestão da Assistência ao Paciente em Estado Crítico; Pós-graduada em Atendimento Odontológico em Pacientes com Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNT) na Atenção Primária à Saúde; Pós-graduada em Saúde Bucal na Atenção Primária.
Uberlândia – MG. ORCID ID: https://orcid.org/0009-0009-8175-9863
E-mail: duanneegp@gmail.com

9Licenciatura em Educação Física pela Faculdade de Sinop.
Mestra em Educação.
Caceres – MT. ORCID ID: https://orcid.org/0000-0002-9830-746X
E-mail: leticia.conti@unemat.br

10Graduando em Educação Física pela Universidade Federal de Mato Grosso.
Cuiabá – MT. ORCID ID: https://orcid.org/0009-0002-8921-7451
E-mail: pablomoraisvitor@gmail.com

11Enfermeiro. Pós-graduado em UTI. Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Delta do Parnaiba.
Parnaíba – PI. ORCID ID: https://orcid.org/0009-0001-8142-4221
E-mail: miguelvyana@hotmail.com

12Graduanda em Enfermagem pelo Centro Universitário UniFacid Wyden.
Teresina – PI. ORCID ID: https://orcid.org/0000-0002-1871-0663
E-mail: biaisacris@gmail.com