CORRELAÇÃO ENTRE AMPLIAÇÃO FORAMINAL E SINTOMATOLOGIA DOLOROSA NO PÓS-TRATAMENTO ENDODÔNTICO – REVISÃO DE LITERATURA

CORRELATION BETWEEN FORAMINAL ENLARGEMENT AND PAINFUL SYMPTOMATOLOGY AFTER ENDODONTIC TREATMENT – LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8054940


Isaac de Sousa Araújo1
Jéssica Pereira da Costa e Silva2
Itallo Ivaneto de Lima Vieira3
Bruno Daniel Leite Silva4
André Alencar de Souza5
Lorena Lacerda Alcântara6
Lucas Mardilson Mendes Callou7
Edglê Pereira da Costa Silva8
Guilherme Martins da Silva9
Thyerri Freires Bezerra Leite10
Gilnei Cícero dos Santos Filho11
Mariane Fernandes Gomes Nery12


RESUMO

A ampliação foraminal é conceituada como o aumento intencional e mecânico do forame apical, sendo bastante questionada a sua relação com o aparecimento e ou intensificação da dor pós-operatória. Nesse contexto, este trabalho teve como propósito, através de uma revisão da literatura, apontar a correlação entre a execução de procedimentos de ampliação foraminal e sintomatologia dolorosa pós-tratamento endodôntico. Para tanto, foi realizado um levantamento bibliográfico nas bases de dados PubMed, SciELO e Google Acadêmico, utilizando as palavras-chave “tratamento endodôntico”, “ampliação foraminal” e “dor”, em português e inglês, selecionando, assim, 11 artigos para compor a pesquisa. Não houve diferenças estatisticamente significantes entre os grupos analisados em relação à dor em sete estudos, independente da substância auxiliar utilizada e dos períodos avaliados. Houve predomínio de dor pós-operatória em três estudos em que a ampliação foraminal foi realizada, com diferença estatística nos períodos de 24 e 48 horas. Além disso, um artigo em que a instrumentação manual foi realizada também apresentou dor nos primeiros 4 dias e no dia 6, em relação ao grupo controle. Outro estudo correlacionou a presença de dor pré-operatória a dor pós-tratamento em casos tratados com ampliação foraminal. De acordo com a literatura revisada, não existem dados significativos para apontar a existência de correlação positiva entre a execução dos procedimentos de ampliação foraminal e sintomatologia dolorosa no pós-tratamento endodôntico, porém é válido ressaltar que a presença de dor pré-operatória foi citada como um fator que influencia na dor pós-tratamento.

Palavras chave: Endodontia. Preparo do canal radicular. Odontalgia. 

ABSTRACT

The foraminal enlargement is conceptualized as the intentional and mechanical enlargement of the apical foramen, and its relationship with the onset and or intensification of postoperative pain is highly questioned. In this context, this study aimed, through a literature review, to point out the correlation between the execution of foramen enlargement procedures and painful symptomatology after endodontic treatment. For this, a bibliographic survey was performed in the PubMed, SciELO and Google Scholar databases, using the keywords “endodontic treatment”, “foraminal enlargement” and “pain”, in Portuguese and English, thus selecting 11 articles for compose the research. There were no statistically significant differences between the groups analyzed regarding pain in seven studies, regardless of the auxiliary substance used and the periods evaluated. There was a predominance of postoperative pain in three studies in which the foramen enlargement was performed, with statistical difference at 24 and 48 hours. In addition, an article in which manual instrumentation was performed also presented pain in the first 4 days and on day 6, in relation to the control group. One study correlated the presence of preoperative pain with posttreatment pain in cases treated with foramen enlargement. According to the reviewed literature, there are no significant statistical data to point out, the existence of a positive correlation between the execution of foramen enlargement procedures and painful symptomatology in endodontic post-treatment, but it is worth noting that the presence of preoperative pain was cited as a factor influencing post treatment pain.

Keywords: Endodontics. Tooth Preparation. Toothache.

INTRODUÇÃO

A terapia endodôntica requer a remoção de tecido pulpar inflamado ou necrosado com a finalidade da manutenção da função dos elementos dentários no sistema estomatognático. Tais procedimentos de limpeza e desinfecção são alcançados em virtude do emprego adequado de instrumentos e soluções auxiliares em toda a extensão do sistema de canais radiculares, tornando a etapa de preparo químico mecânico um desafio na prática clínica (SOUZA, 2000).

Atualmente, têm-se discutido que a porção apical do canal radicular não é adequadamente limpa pelos protocolos tradicionais de instrumentação, e que as soluções irrigantes melhoram a eliminação das bactérias, porém, não as removem completamente (PEREIRA et al., 2021). Diante disso sugere-se que uma maior ampliação apical é importante e eficaz na remoção de endotoxinas dentro do canal radicular promovendo assim uma cura mais rápida da região periapical (GURGEL FILHO et al., 2010). 

O alargamento intencional do forame apical durante a instrumentação do canal radicular comprovadamente reduz a carga microbiana no forame apical (BOURREAU, et al., 2015). O alargamento ligado a fatores iatrogênicos, no entanto, pode levar a sintomas pós-operatórios exacerbados, como por exemplo, lesão dos tecidos periapicais e extrusão dos tecidos infectados dos canais para o espaço periapical. Estes detritos são geralmente oriundos de uma irrigação deficiente e outros fatores (BASSAM et al., 2021). Alguns estudos relatam o aparecimento de dor trans e/ou pós-operatória ligada a ampliação foraminal, outros afirmam tais procedimentos, por si só, não geram sintomatologia dolorosa, destacando a eficácia da ampliação foraminal intencional como fator de sucesso no selamento do conduto (CRUZ JUNIOR et al., 2016; YAYLALI, TEKE, TUNCA, 2017).

Siqueira et al. (2002) ao estudarem os possíveis fatores desencadeantes da dor no pós-operatório endodôntico, encontraram correlação positiva de dor com casos que apresentavam infecções de virulência elevada. Ainda, segundo os autores, não foi verificada correlação de dor com a passagem de instrumento pelo forame.

A conduta clínica do cirurgião-dentista durante um procedimento endodôntico deve seguir protocolos minuciosos, desde a biossegurança inicial, até o final do desenvolvimento da técnica na fase da obturação dos canais radiculares dos elementos tratados (SILVA et al., 2015). Nesse sentido, o objetivo geral deste trabalho consiste em apontar, através de uma revisão da literatura pertinente, a correlação entre a execução de procedimentos de limpeza e/ou ampliação foraminal e sintomatologia dolorosa pós-tratamento endodôntico, conceituando a técnica de ampliação foraminal.

METODOLOGIA

O percurso metodológico desta pesquisa consistiu em uma revisão bibliográfica de estudos que tratam, especificamente, de ensaios clínicos e tiveram como objetivo de estudo a associação entre a realização de procedimentos de ampliação foraminal, durante a etapa de preparo químico-mecânico do canal radicular, e o aparecimento de sintomatologia dolorosa pós tratamento.

O desenho metodológico desta revisão integrativa seguiu o proposto por Souza, Silva e Carvalho (2010) e compreendeu a realização das seguintes etapas: elaboração da pergunta norteadora, busca ou amostragem na literatura, coleta de dados, análise crítica dos estudos incluídos, discussão dos resultados e síntese do conhecimento. Tais etapas foram detalhadas a seguir, a fim de explicitar o rigor metodológico desta pesquisa.

Tendo em vista os objetivos desta pesquisa, citados anteriormente, a pergunta de partida foi a seguinte: quais as conclusões da literatura pertinente a respeito da correlação entre ampliação foraminal e dor pós-tratamento endodôntico? As buscas foram realizadas nas bases de dados Pubmed, Scielo e Google Acadêmico, por dois revisores independentes, mediante o cruzamento dos descritores em português: tratamento endodôntico, ampliação foraminal e dor; e em inglês: endodontic treatment, foraminal enlargement e pain.

Foram incluídos nesta pesquisa documentos com metodologia tipo in vivo com seres humanos, teses, monografias, dissertações e artigos revisados por pares e publicados na íntegra em inglês e português. Foram excluídos documentos do tipo editoriais, resenhas, notícias ou cartas veiculadas em periódicos científicos, capítulos de livros, artigos com metodologia de revisão de literatura e ou cujos recortes metodológicos foram considerados distantes do objetivo do presente estudo. O levantamento ocorreu sem restrição de data de publicação e incluiu uma busca manual pelas referências descritas nos estudos previamente selecionados junto às bases de dados.

FIGURA 1. Fluxograma de artigos elegíveis para composição da amostra.

Fonte: Autores, 2023.

A figura 1 apresenta o fluxograma explicativo da estratégia de busca utilizada nesta pesquisa. Trezentos e treze citações foram identificadas nas bases de dados pesquisadas: 176 estudos do google acadêmico, 119 do PubMed e 18 da SciELO. Setenta e dois registros foram excluídos porque se apresentaram duplicados. Excluídos os estudos duplicados, 99 artigos foram descartados após a leitura do título e resumo por distanciamento com o objetivo proposto neste estudo. Dos vinte dois artigos completos elegíveis para a composição da amostra, 11 foram descartados de acordo com os critérios de exclusão, restando apenas 11 artigos que foram lidas na íntegra e incluídas na análise. Depois de busca eletrônica, as referências dos estudos selecionados foram pesquisadas, porém nenhum artigo adicional foi acrescentado.

REVISÃO DE LITERATURA

A extração e categorização dos dados dos artigos selecionados estão descritos na Tabela 1 e Tabela 2.

A análise do desenho de estudo da seleção bibliográfica demonstrou que todos os estudos foram randomizados. O método “randomizado” refere-se ao fato de que os grupos experimentais têm seus integrantes escolhidos de forma aleatória, para comparação do efeito e do valor de uma intervenção contra um controle (ESTRELA, 2018).

Dois estudos avaliaram o efeito do aumento do forame em dentes uniradiculares e três artigos em dentes com múltiplas raízes, e seis realizaram esse procedimento em dentes, independentemente do número de canais radiculares ou não trouxeram informações sobre o grupo dentário utilizado. O número médio de dentes por estudo foi de 96,6 elementos, com um mínimo de 20 e um máximo de 301 dentes.

A maioria dos estudos utilizou o hipoclorito de sódio como produto químico auxiliar, variando apenas em sua concentração de 2,5% (3 estudos), 5,25% (3 estudos), 1% (1 estudo), 3% (1 estudo) e 6% (1 estudo). Em quatro estudos foi utilizada a clorexidina em gel na concentração de 2%.

Quanto ao tipo de instrumentação, oito estudos realizaram preparo químico-mecânico empregando instrumentação mecanizada, metade com cinemática rotatória e a outra metade com movimento reciprocante. Em três pesquisas foram utilizadas limas manuais.

Em relação ao diâmetro cirúrgico, determinado pelo diâmetro da ponta do instrumento utilizada no comprimento de trabalho, houve uma variação entre 0,025mm e 0,040mm. Os limites de trabalho utilizados na maioria dos estudos foram de 0 mm e +1mm, para os grupos sem e com ampliação foraminal, respectivamente.

Para minimização do viés metodológico, na maioria dos estudos os autores optaram pela inclusão de pacientes de ambos os sexos, assintomáticos e realização dos tratamentos em sessão única. Nos casos em que houve alterações quanto ao número de sessões de tratamento ou dor prévia, tais características foram incluídas como variáveis de estudo. 

A dor pós-operatória foi avaliada por todos os estudos. Sete estudos avaliaram os sintomas pós-operatórios por meio de uma Escala Visual Analógica (VAS) (ausência de dor leve, moderada e intensa) e quatro por categorização verbal simples (ausência de dor, dor leve, moderada e intensa).

Não houve diferenças estatisticamente significantes entre os grupos analisados ​​em relação à dor em sete estudos, independente da substância auxiliar utilizada e dos períodos avaliados. Houve predomínio de dor pós-operatória em três estudos em que o aumento do forame foi realizado, com diferença estatística no períodos de 24 e 48 horas. Além disso, um artigo em que a instrumentação manual foi realizada também apresentou dor nos primeiros 4 dias e no dia 6, em relação ao grupo controle. Um estudo correlacionou a presença de dor pré-operatória a dor pós-tratamento em casos tratados com ampliação foraminal.

A ampliação foraminal refere-se ao aumento intencional e mecânico do forame apical para reduzir a carga bacteriana pela excisão do cemento e dentina infectados (SOUZA FILHO, BENATTI, ALMEIDA, 1987). Logo, o objetivo deste trabalho foi apontar a correlação entre a execução de procedimentos de limpeza e/ou ampliação foraminal e sintomatologia dolorosa pós-tratamento endodôntico.

A dor odontogênica oriunda da polpa dental e periápice é o tipo mais comum de incômodo doloroso orofacial, gerando alto índice de ansiedade e desencadeando eventos fisiológicos e psicológicos reacionais que influenciam diretamente na permanência ou desistência do paciente ao tratamento (SOUZA, 2000).

Bourreau et al. (2015) no estudo de avaliação da dor pós-operatória após tratamento endodôntico com alargamento foraminal e obturação usando dois protocolos químicos auxiliares, de hipoclorito de sódio a 5.25% e gel de clorexidina 2%, concluíram que as substâncias químicas auxiliares citadas não estão associadas com a dor pós-operatória, pois os casos onde houve relato de dor estava associado a dor previa que os pacientes submetidos a ampliação foraminal já relataram previamente. Não encontraram dados estatísticos relevantes para concluir a associação da dor pós-operatória com substâncias químicas auxiliares.

Resultados semelhantes obtiveram Silva et al. (2015), que, ao compararem a dor pós-operatória em dentes após instrumentação envolvendo a técnica de ampliação foraminal, e sem, usando protocolos de irrigação diferentes, NaOCl 2% e CHX 2% em dentes não vitais unirradiculados, concluíram que, a incidência de dor pós-operatória foi a mesma em ambas as escolhas de soluções irrigadoras. Afirmaram, também, que a escolha de irrigante não tem nenhuma relação com a dor pós-operatória.

Relacionando a idade e sexo, Silva et al. (2013), observaram que, a diferença de idade não foi parâmetro significante na dor pós-operatória relacionada a terapia com ampliação foraminal de dentes anteriores com necrose e periodontite apical.

Clavijo (2017) realizou um estudo de mensuração das medidas de Força Máxima de Mordida (FMM) em dentes com periodontite apical antes, após a anestesia e após a finalização do tratamento endodôntico. Em relação a ampliação foraminal, concluiu em seu estudo que a técnica com ampliação foraminal apresentou força máxima de mordida equivalente a técnica de tratamento conservadora, realizada 1mm aquém do ápice.

Os estudos selecionados utilizaram diferentes protocolos de instrumentação, com cinemática e soluções auxiliares diversas durante o tratamento endodôntico. No entanto, dentro do contexto da literatura existente, não foi possível prever completamente os efeitos de diferentes protocolos sobre qualquer alteração nos escores de dor desde o pré-operatório até os períodos pós-operatórios ou para estabelecer a probabilidade de uma associação entre a incidência e a gravidade da dor.

Gurgel-Filho et al. (2010) ao avaliarem a dor pós-operatória em dentes vitais após o alargamento do forame apical, obtiveram como resultados que, não houve casos de dor no grupo experimental e que houve dor em três casos do grupo de controle (o equivalente a 15%, considerando dados percentuais). Dentre os três casos, foram notados um com dor suave nas primeiras 24h, um caso de dor moderada nas primeiras 24h e um caso de dor moderada nas primeiras 24 e 48h. Concluindo assim que não houveram resultados estatísticos satisfatórios que comprovasse no estudo, diferenças em relação à dor entre os dois grupos. Confirmando resultados semelhantes de Souza (2000) que também mostrou que no pós-operatório, as sequelas e cicatrização em dentes submetidos a ampliação foraminal não diferem significativamente dos resultados obtidos de dentes submetidos à técnica tradicional de instrumentação.

TABELA 1. Distribuição das características metodológicas dos estudos incluídos na amostra.

Legenda: LAF= Lima Anatômica Final; NaOCl = Hipoclorito de sódio; DA=Instrumento compatível com o diâmetro anatômico do dente; HC = Hidróxido de cálcio.

TABELA 2. Procedimentos e resultados coletados para cada estudo.

Legenda: VAS = Visual Analog Scale; NaOCl = Hipoclorito de sódio; CHX = Clorexidina.

Fonte: Autores, 2023.

Cruz Jr., et al. (2015) obtiveram como resultado do ensaio clínico prospectivo e randomizado realizado por eles, com o objetivo de avaliar o efeito de ampliação foraminal em dentes diagnosticados com necrose, utilizando cinemática reciprocante, que 82,22% dos pacientes indicaram nenhuma dor ou dor leve. Considerou também irrelevante dados estatísticos de dor pós-operatória relacionada ao alargamento do forame.

Diferenças na incidência de dor referente ao emprego das duas cinemáticas, podem ser explicadas pela seleção dos grupos dentários. Yaylali et al. (2017) concluíram em seu estudo que a ampliação foraminal feita com cinemática rotatória em molares indica mais dor nos primeiros dois dias após o tratamento endodôntico. Em contrapartida, Cruz Jr. et al. (2016) revelaram que a utilização do sistema reciprocante, com ampliação foraminal, em dentes anteriores e pré-molares resultou em baixa incidência de dor comparado ao grupo de controle, onde não foi realizada a ampliação foraminal, e que por sua vez, apresentou dor suave. Porém não foram observadas diferenças após 72 horas. Essa diferença pode ser explicada porque os autores avaliaram apenas dentes com canal único ou birradicular, enquanto Yaylali e colaboradores trataram dentes molares, que tem anatomia radicular comparativamente mais complexa e requerem mais tempo de tratamento.

Um destaque também é merecido quando se avalia a incidência e dor após sessão única ou múltiplas, já que Sonoda (2011) em sua dissertação de mestrado, ao avaliar a ocorrência e intensidade de dor pós-operatória, no período de 24 horas, de 232 tratamentos endodônticos com patência e ampliação do forame apical, realizados em sessão única, concluiu que, a técnica de instrumentação preconizada com patência e ampliação foraminal em sessão única, não mostrou correlação com a presença de sintomatologia dolorosa pós-operatória.

Em contrapartida, Saini et al. (2016), concluíram que a dor pós-operatória foi significativamente maior no grupo de alargamento foraminal sobre os primeiros quatro dias e no sexto dia, em comparação com o grupo sem alargamento foraminal. Este fato pode ter ocorrido porque os autores colocaram medicação intracanal, realizando o tratamento endodôntico em duas sessões, e uma possível extrusão de medicamento pode ter aumentado a dor pela produção de lesões químicas nos tecidos perirradiculares. Porém, os autores ponderam que, devido a subjetividade desta hipótese justificativa, é muito cedo para sugerir qualquer um dos métodos como preferível. 

Teixeira, Almeida (2018) ao avaliar a ocorrência de dor pós-operatória após o tratamento endodôntico com ampliação foraminal em sessão única ou múltiplas sessões, realizada por alunos de especialização na Faculdade de Odontologia de Piracicaba FOP- UNICAMP, 24 horas após a conclusão do tratamento, observaram que a maioria dos pacientes que passaram por tratamento endodôntico com ampliação foraminal não apresentou sintomatologia pós-operatória.  Também concluíram que a presença de dor pré-operatória é um fator que influencia a dor pós-tratamento mesmo em casos tratados com instrumentação além do ápice.

Brito Neto e Rocha (2019) também alertaram para a correlação entre  flare-up e dor pré operatória. A prescrição de uma dose oral de dexametasona 4mg no pré-tratamento é efetiva no controle da dor pós-tratamento independentemente do diagnóstico pulpar (TEIXEIRA 2019).

Cardoso et al. (2017) consideram que ampliação foraminal apresenta inúmeras vantagens. Possibilita um melhor conhecimento da anatomia apical, facilita o uso dos localizadores apicais, contribui na desobstrução e limpeza da região apical por meio da remoção de raspas de dentina produzidas durante a instrumentação e melhora a ação das substâncias químicas no terço apical. 

Ainda de acordo com o autor supracitado, essas vantagens possibilitam um contato adequado dos irrigantes endodônticos com canais acessórios, delta, laterais, dentre outras variações anatômicas da região apical. No entanto, relatou que o inconveniente de se realizar o alargamento foraminal inclui a possibilidade de desvio indesejável da anatomia original do canal, enfraquecimento da raiz e, complicação pela formação de degraus e perfurações. Porém, afirma que através da microscopia eletrônica de varredura pode-se observar uma melhor qualidade de obturação, ou seja, uma adaptação desejável do material obturador e o forame apical. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com a literatura revisada, a maioria dos estudos não aponta a existência de correlação positiva entre a execução dos procedimentos de ampliação foraminal e sintomatologia dolorosa no pós-tratamento endodôntico. É válido ressaltar que a presença de dor pré-operatória foi citada como um fator que influencia na dor pós-tratamento, não estando diretamente relacionada especificamente a realização concomitante de procedimentos de ampliação foraminal. Ainda se faz necessário no âmbito científico de pesquisas, estudos direcionados e específicos para a avaliação desse fator.

REFERÊNCIAS

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1Mestre em Endodontia e Docente do Curso de Odontologia do Centro Universitário Doutor Leão Sampaio – UNILEÃO. E:mail isaacaraujo@leaosampaio.edu.br
2 Graduanda em Odontologia do Centro Universitário Doutor Leão Sampaio – UNILEÃO. E-mail: jhessycosta2.0@gmail.com
3 Graduando em Odontologia do Centro Universitário Doutor Leão Sampaio – UNILEÃO. E-mail: italloivaneto@icloud.com
4 Graduando em Odontologia do Centro Universitário Doutor Leão Sampaio – UNILEÃO. E-mail: x1bruno@hotmail.com
5 Graduando em Odontologia do Centro Universitário Doutor Leão Sampaio – UNILEÃO. E-mail: andrealencar021@gmail.com
6 Graduanda em Odontologia do Centro Universitário Doutor Leão Sampaio – UNILEÃO. E-mail: lorena.azazaz@gmail.com
7 Graduando em Odontologia do Centro Universitário Doutor Leão Sampaio – UNILEÃO. E-mail: alloulucas823@gmail.com
8 Graduando em Odontologia do Centro Universitário Doutor Leão Sampaio – UNILEÃO. E-mail: edglecosta@hotmail.com
9 Graduando em Odontologia do Centro Universitário Doutor Leão Sampaio – UNILEÃO. E-mail: guilherme4712silva@gmail.com
10
Graduando em Odontologia do Centro Universitário Doutor Leão Sampaio – UNILEÃO. E-mail: thyerrirfreires@gmail.com
11 Graduando em Odontologia do Centro Universitário Doutor Leão Sampaio – UNILEÃO. E-mail: gilnei.cicero@hotmail.com
12 Graduanda em Odontologia do Centro Universitário Doutor Leão Sampaio – UNILEÃO. E-mail: marianefgn@gmail.com