CORRELATION BETWEEN PHYSIOTHERAPY IN THE SCHOOL ENVIRONMENT AND THE POSTURE OF STUDENTS: A LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8403737
Marcos Adriano Silva Moura
Maria Leonilla Leonardo dos Santos
Fabrícia Andresa Vasconcelos Neves
Orientador: Prof. Ailton Mota do Nascimento Galvão
RESUMO
O presente tem como objetivo analisar a correlação entre a aplicação de procedimentos fisioterapêuticas no ambiente escolar e a postura dos estudantes. Para tal, utilizou-se a metodologia de revisão de literatura com caráter exploratório. A coleta de pesquisa foi por meio das bases de dados: BVS, LILACS e REDALYC. Ante ao exposto, conclui-se que a correlação entre a fisioterapia no ambiente escolar e a postura dos estudantes revela uma conexão significativa entre esses dois elementos. Através desta revisão de literatura, fica evidente que a intervenção da fisioterapia pode desempenhar um papel crucial na promoção de posturas saudáveis entre os estudantes, contribuindo para a prevenção de problemas posturais e suas consequências a longo prazo. As evidências destacam a importância da conscientização, educação e exercícios físicos direcionados, oferecidos pela fisioterapia, para melhorar a postura dos estudantes e, por consequência, influenciar positivamente sua saúde e bem-estar geral. Portanto, a incorporação da fisioterapia no ambiente escolar é uma abordagem promissora para cultivar hábitos posturais adequados desde a juventude, impactando positivamente a qualidade de vida futura dos estudantes.
Palavras-chave: Postura. Estudantes. Fisioterapia. Ergonomia.
ABSTRACT
The present objective is to analyze the correlation between the application of physiotherapeutic procedures in the school environment and the posture of students. To this end, the literature review methodology was used with an exploratory nature. The research was collected through the databases: VHL, LILACS and REDALYC. In view of the above, it is concluded that the correlation between physiotherapy in the school environment and students’ posture reveals a significant connection between these two elements. Through this literature review, it is evident that physiotherapy intervention can play a crucial role in promoting healthy postures among students, contributing to the prevention of postural problems and their long-term consequences. The evidence highlights the importance of awareness, education and targeted physical exercises, offered by physiotherapy, to improve students’ posture and, consequently, positively influence their health and general well-being. Therefore, incorporating physiotherapy into the school environment is a promising approach to cultivating adequate postural habits from a young age, positively impacting students’ future quality of life.
Keywords: Posture: Students. Physiotherapy. Ergonomics.
1 INTRODUÇÃO
A promoção da saúde no âmbito escolar emerge como uma inquietação constante no horizonte dos profissionais que atuam no campo da Fisioterapia na Saúde Escolar. Conforme destacado por Casas e Camargo (2016), a Fisioterapia desempenha um papel de extrema relevância nesse contexto, pois seus praticantes são devidamente capacitados para fomentar a promoção da saúde, prevenir enfermidades e restaurar a funcionalidade, em uma abordagem colaborativa com outros especialistas da área.
Uma característica que todos os estudantes têm em comum é a necessidade de passar longos períodos sentados, frequentemente em posições desconfortáveis para suas costas. A maioria desses alunos lida com um ambiente e móveis inadequados para suportar longas horas de assento (ZAPATER et al., 2004). É agora amplamente reconhecido que essa fase escolar pode resultar em danos significativos, uma vez que as instituições nem sempre consideram os princípios ergonômicos ao criar um ambiente de aprendizado adequado para os alunos (MOTTA et al., 2012).
Dessa forma, os problemas posturais adquiridos por estudantes podem ter impactos negativos ao longo de suas vidas e também afetar o próprio processo de aprendizagem. A postura corporal pode ser descrita como a habilidade de manter a disposição das estruturas do corpo por meio do equilíbrio entre músculos e ossos. Ela desempenha um papel crucial na proteção do corpo contra lesões, seja quando estamos em pé, deitados ou sentados. Além disso, envolve o alinhamento do corpo em relação ao ambiente, por meio de uma constante adaptação das partes do corpo, principalmente dos músculos esqueléticos, em resposta aos estímulos provenientes do ambiente (NUNES et al., 2017).
Nesse contexto, Jesus et al., (2023) salientam que a instituição escolar assume um papel de destaque como um locus essencial para a assimilação de conceitos e comportamentos associados à saúde. Esses elementos exercem uma influência significativa, podendo moldar e orientar o desenvolvimento e as trajetórias futuras dos jovens. Assim, a escola se configura como um ambiente propício para a veiculação de práticas educativas voltadas à saúde, visando a construção de conhecimentos capazes de efetuar transformações em padrões inadequados, facultando aos educandos a oportunidade de se tornarem agentes ativos na modificação de sua própria condição de saúde.
Compreende-se a educação em saúde na escola como um veículo para a alteração de comportamentos e práticas prejudiciais, que colabora para o desenvolvimento de mentalidades e alterações benéficas no modo como as pessoas se relacionam com seus corpos e bem-estar (Jesus et sl.,). Diante da influência potencial da fisioterapia no ambiente escolar sobre a postura dos estudantes, questiona-se: Qual é a correlação entre a implementação de práticas fisioterapêuticas nas escolas e a melhoria da postura dos estudantes?
Parte-se da premissa de que a incorporação de intervenções fisioterapêuticas nas instituições de ensino pode resultar em uma melhoria significativa na postura dos estudantes, contribuindo para a promoção de sua saúde física e bem-estar geral.
O objetivo geral deste estudo é analisar a correlação entre a aplicação de procedimentos fisioterapêuticos no ambiente escolar e a postura dos estudantes. E os objetivos Específicos: investigar as práticas fisioterapêuticas atualmente utilizadas nas escolas para promover a melhoria da postura dos alunos; avaliar os efeitos das intervenções fisioterapêuticas na postura dos estudantes, considerando variáveis como idade, sexo e nível de atividade física; identificar os benefícios adicionais da fisioterapia no ambiente escolar, além da melhoria da postura, como a prevenção de dores musculoesqueléticas e o estímulo a hábitos saudáveis.
2 METODOLOGIA
O presente estudo consiste em uma revisão de literatura qualitativa exploratória, focada na influência da ergonomia no ambiente escolar e seus efeitos sobre os estudantes. Para conduzir essa revisão, foram realizadas buscas em bases de dados eletrônicas, explorando a relação entre os conceitos de “postura”, “estudantes”, “fisioterapia” e “ergonomia”, utilizando o operador booleano AND. A seleção dos estudos para análise seguiu critérios específicos de inclusão. Foram considerados estudos publicados entre 2019 e 2023, disponíveis gratuitamente em formato eletrônico, nos idiomas português e inglês. Além disso, os estudos foram obtidos das bases de dados da Redalyc, BVS e LILACS.
No processo de seleção, também foram aplicados critérios de exclusão. Foram descartados artigos que não estavam relacionados ao tema em questão, bem como aqueles em formato de revisão. Além disso, foram excluídos artigos que não estavam nos idiomas desejados ou não ofereciam contribuições relevantes para a resolução do problema de pesquisa.
A primeira fase compreendeu a exploração das bases de dados online, empregando os termos de saúde especificados. Posteriormente, os resumos dos artigos identificados foram avaliados a fim de eliminar aqueles que não estavam alinhados com o escopo do estudo. Esse processo resultou na inclusão dos artigos pertinentes. Em seguida, uma análise mais minuciosa dos resumos foi conduzida, levando a inclusões adicionais, e após uma análise aprofundada, os artigos finais foram selecionados para incorporação à revisão. Para extrair os dados dos artigos incorporados à revisão, foi empregado um instrumento validado por Ursi (2005). Esse instrumento abrangeu a identificação do artigo original, as características metodológicas do estudo, a avaliação do rigor metodológico e os resultados obtidos.
Quanto à análise dos resultados, utilizou-se um quadro sinóptico também validado por Ursi (2005) e adaptado para este estudo. Esse quadro abarcou o título da pesquisa, o tipo de publicação, os detalhes metodológicos e os principais resultados encontrados.
3 DESENVOLVIMENTO
Após a conclusão da pesquisa nas bases de dados, o processo de inclusão dos artigos identificados foi executado seguindo os critérios predefinidos. A representação visual do sequenciamento até a formação da amostra para o presente estudo é ilustrada no fluxograma a seguir:
A seguir, encontra-se o quadro sinóptico validado por Ursi (2005) e modificado para se adequar a esta revisão de literatura. O quadro inclui informações sobre o nome da pesquisa, tipo de publicação, detalhamento metodológico e principais resultados:
Quadro 1: Sintese dos materiais selecionados
TÍTULO | AUTOR/ANO | METODOLOGIA | PRINCIPAIS RESULTADOS |
Postural changes and chronic lumbar pain in university students: original study | MARINHO et al., (2022) | Estudo Transversal | Elevada frequência de maus hábitos posturais. Foi identificada uma relação positiva entre a incidência de dores lombares e a duração do tempo em que se permanece sentado(a) na mesma postura. |
Musculoskele tal pain index and quality of life assessment in university students in western Pará | HORA et al., (2022) | Quali-quantiativo | Quando maior o tempo na postura sentada, maior a incidência de dor |
Avaliação da prevalência de escoliose e dor nas costas em alunos do 9º ano de uma escola de polícia militar do estado de Goiás | FERREIRA et al., (2021 | Estudo transversa | A taxa de ocorrência da escoliose foi de 24,3%, sendo mais elevada em indivíduos obesos e estudantes que permaneciam sentados por períodos prolongados. |
A importância da educação postural em alunos de uma escola do município de Presidente Kennedy – ES | PASSABÃO (2020) | Experimental longitudinal | Evitar submeter a coluna a posições inadequadas durante extensos períodos pode contribuir para a prevenção de mudanças na postura e a manifestação de desconfortos dolorosos relacionados. |
Padrões dimensionais da NBR 14006: análise comparativa entre as normas e o mobiliário escolar e seus usuários. | TIEPERMA NN (2019) | Análise das medidas do mobiliário escolar e comparação com as normas da NBR 14006 | Algumas características do mobiliário que foram consideradas, como a altura e profundidade do assento, a altura da mesa e a inclinação do encosto-assento, não estão em conformidade com as medidas antropométricas dos estudantes |
School physiotherap y programme: Improving literacy regarding postures adopted at home and in school in adolescents living in the south of Portugal | MINGHELLI (2020) | Estudo correlacional transversal | Os valores obtidos na prova teórica antes e após a intervenção variaram de 1-13 (7,70±2,47) e 5-13 (10,83±2,27), respectivamente (p≤0,001) e, na prova prática, antes e depois variou de 0-10 (4,14±2,21) e 6-15 (11,8±2,28), respectivamente (p≤0,001). |
Inserção do acadêmico de fisioterapia no ambiente escolar | TAVARES et al., (2019) | Relato de Experiência | As ações desenvolvidas no ambiente escolar tem uma boa receptividade, a cada encontro ocorre uma troca de saberes muito valioso entre os acadêmicos e os alunos das escolas, esses trazem vários questionamentos, fato que fica claro a necessidade da inserção de profissionais da saúde no ambiente escolar trabalhando em conjunto com os professores da rede. |
Chronic disease in childhood and adolescence: continuity of care in the Health Care Network | SILVA et al., (2020) | Pesquisa qualitativa realizada entre fevereiro e outubro de 2013 com 12 familiares, seis gestores e 14 profissionais de saúde de diferentes serviços da rede de saúde de um município paraibano, utilizando técnicas de grupo focal, entrevistas semiestruturadas e consulta com cartões. A triangulação dos dados e a análise temática apoiaram a interpretação dos dados. | Foram construídas duas categorias: “Gestão da atenção à saúde” e “(Des)continuidade do cuidado”. Constataram-se lacunas como a ausência de cadastro para favorecer o acompanhamento e nortear o planejamento de ações; atendimento pontual e desarticulado entre os serviços com fragilidade no fluxo de informações, que obstaculizam o seguimento ao longo do tempo |
Atuação da equipe multiprofissio nal nas ações realizadas pelo Programa Saúde nas Escolas (PSE): uma estratégia da educação em saúde | SILVA et al., (2019) | Relato de Experiência | Constatou-se que a saúde na escola de fundamental importância , através desse relato se tornam perceptíveis as mudanças e aceitação por parte da comunidade escolar para essas ações educativas em saúde. Há avanços notórios em relação a promoção e proteção da saúde principalmente em jovens e adolescentes que frequentam à escola e vivem vulneráveis a muitas patologias. |
Fisioterapia na educaçãomem saúde: aspectos biopssicosociais na atenção à criança | ZOTZ (2020) | Pesquisa de campo. Gincana escolar | A avaliação da aprendizagem foi realizada por meio de gincana. Os alunos obtiveram uma pontuação total nas estações de 32,34, sendo os melhores resultados na estação de acidentes domésticos e a pior pontuação na estação da higiene e alimentação. Por meio da pontuação obtida na gincana, verificou-se que as crianças conseguiram entender o contexto abordado, embora, fosse necessário mais tempo para a ação a fim de proporcionar mais vivências nos contextos abordados. Para os acadêmicos de fisioterapia, as ações proporcionaram visão da importância da profissão para além da reabilitação. |
Does Upper Cervical Manual Therapy Provide Additional Benefit in Disability and Mobility over a Physiotherap y Primary Care Program for Chronic Cervicalgia? A Randomized Controlled Trial | GONZÁLE Z-RUEDA, et al., (2020) | Setenta e oito pacientes com dor cervical crônica e rotação cervical superior restrita foram randomizados em três grupos: grupo de mobilização translatória cervical superior, grupo de técnica suboccipital inibitória ou grupo controle. | Não houve diferenças estatisticamente significativas entre os grupos no índice de incapacidade do pescoço. Todos os grupos apresentaram altos percentuais de testes de flexorotação negativos. |
Smartphone addiction in children: patterns of use and musculoskele tal discomfort during the COVID-19 pandemic in Iran | MOKHTA RINIA et al., (2022) | Os dados foram coletados de pais e alunos por meio da versão curta da escala de vício em smartphones’ on line (SAS-SV). | A taxa de prevalência de dependência de smartphones foi relativamente alta na amostra geral. Os participantes gastaram 6,85 horas por dia em seus smartphones, o que aumentou 53,86% em relação ao período pré-pandêmico. |
Prevalence of text neck posture, smartphone addiction, and its association with neck disorders among university students in the Kingdom of Saudi Arabia during the COVID 19 pandemic | SIRAJUD EEN et al., 2022 | Participaram 313 estudantes universitários com 18 anos ou mais, que possuíam smartphone e o usaram durante os 12 meses anteriores participaram deste estudo. Um questionário autoadministrado foi usado para coletar dados e regressão logística binária foi usada para determinar a associação entre a prevalência de distúrbios do pescoço e postura do pescoço de texto, dependência/uso excessivo de smartphones e nível de atividade física. | Os distúrbios do pescoço foram mais prevalentes entre os participantes que relataram postura do pescoço de texto e categorizados como viciados em smartphones/uso excessivo. Medidas para promover a conscientização sobre o uso saudável de smartphones, incluindo educação postural, e para diminuir seu tempo de tela, são necessárias para reduzir os distúrbios do pescoço. |
Cervicalgia Inespecífica em Estudantes de Fisioterapia de uma Instituição Privada | TOURINH O; SANTANA JUNIOR (2020) | Utilizou-se formulário construído por três blocos, a saber informações sociodemográficas dos estudantes, escala funcional de incapacidade do pescoço de Copenhagen e a Escala Visual Analógica (EVA) para a categorização da dor | O estudo constatou que a média de idade da amostra estudada foi de ± 3anos, com predominância do sexo feminino, onde 63,3% dos estudantes apresentaram a cervicalgia e a dor esteve presente em 50% dos avaliados. |
Nos últimos anos, tem havido um crescente reconhecimento da importância da saúde e bem-estar dos estudantes dentro do ambiente escolar. Um dos aspectos cruciais desse cenário é a postura dos estudantes, que desempenha um papel fundamental na prevenção de problemas de saúde a longo prazo, como dores nas costas, lesões musculares e problemas ortopédicos. Nesse contexto, a fisioterapia emerge como uma disciplina essencial para promover a conscientização sobre a postura adequada e fornecer intervenções terapêuticas para os alunos.
De acordo com a pesquisa de Tavares et al., (2019), a fisioterapia é considerada uma disciplina da área de saúde que tem como principal enfoque o movimento humano. Ela se dedica ao estudo, prevenção e tratamento de distúrbios relacionados ao movimento em órgãos e sistemas do corpo humano, seja devido a fatores genéticos, traumas ou doenças adquiridas, empregando abordagens terapêuticas específicas. Embora a utilização de recursos físicos e elétricos para fins terapêuticos tenha raízes antigas, a importância da fisioterapia tornou-se ainda mais evidente devido ao grande número de sequelas físicas resultantes das duas guerras mundiais, consolidando seu reconhecimento como uma disciplina de reabilitação. No que diz respeito à prática fisioterapêutica voltada para crianças, geralmente ela está relacionada a subespecialidades da fisioterapia, como neurológica, traumato ortopédica, reumatológica ou pneumologia.
Na maioria dos casos, não existem programas de formação específicos para essa área, levando os fisioterapeutas a adaptar modelos teóricos explicativos de outras especialidades. Isso pode levar os profissionais a se questionarem sobre suas ações e a qualidade de sua intervenção ao lidar com crianças que apresentam características únicas, para as quais o planejamento e as abordagens de saúde muitas vezes não são completamente adequados. A atuação do fisioterapeuta vai muito além da reabilitação, pois ele desempenha um papel significativo em todo o processo de prestação de cuidados de saúde. Muitos fisioterapeutas trabalham na atenção básica, realizando atividades em grupo, ações preventivas e educação em saúde voltadas para crianças, adolescentes, mulheres, homens e idosos. Isso demonstra que a fisioterapia pode desempenhar um papel importante na promoção da saúde, incluindo campanhas nas escolas para abordar problemas de postura que afetam muitas crianças e adolescentes (SILVA et al., 2020).
Passabão (2022) destaca que a má postura entre os estudantes tornou-se uma preocupação relevante devido ao aumento do tempo gasto em atividades que envolvem posturas inadequadas, como uso excessivo de dispositivos eletrônicos, horas prolongadas de estudo e má ergonomia em salas de aula. Esses fatores contribuem para o desenvolvimento de problemas musculoesqueléticos precoces, impactando negativamente o desempenho acadêmico e a qualidade de vida dos estudantes.
No artigo de Silva et al. (2018), é destacado que os fisioterapeutas desempenham um papel crucial na promoção da saúde corporal dos estudantes, com um foco específico no desenvolvimento físico-motor e na correção da postura. Eles também podem oferecer orientação valiosa aos educadores, cujo envolvimento é fundamental para o êxito dessas iniciativas. O objetivo principal é reduzir a alta incidência de problemas posturais na vida adulta, e isso requer um esforço amplo e abrangente, principalmente na prevenção e na educação, visando a mudança de hábitos prejudiciais. Para que qualquer programa de prevenção seja bem-sucedido, é crucial realizar um trabalho educacional que destaque a importância da postura corporal para crianças e adolescentes. Isso deve levar em consideração a biomecânica da coluna vertebral e as influências que o ambiente exerce sobre os comportamentos e hábitos das pessoas.
Conforme mencionado por Zotz (2020), a atuação do fisioterapeuta na promoção da saúde infantil geralmente se concentra na educação em saúde e na promoção de práticas corporais saudáveis. Isso inclui experiências práticas, como trabalhar com grupos de alunos da rede municipal de educação infantil, abordando de maneira lúdica temas relacionados à atuação da Fisioterapia nos aspectos biopsicossociais da atenção à saúde da criança. A estratégia de educação em saúde nas escolas tem como objetivo contribuir para o desenvolvimento de uma consciência crítica nas crianças, com o resultado desejado sendo a aquisição de práticas que promovam, mantenham e restaurem a saúde delas e da comunidade em que estão inseridas.
Em um estudo de natureza transversal com uma abordagem mista, conduzido por Marinho et al., (2022), foram examinados 171 estudantes das áreas de Fisioterapia e Psicologia da Universidade Estadual do Piauí (UFPI). O objetivo desse estudo era investigar a incidência e a ligação entre lombalgia, hábitos posturais e comportamentais nesses alunos. Os resultados indicaram uma taxa significativamente alta de dor lombar nesse grupo, com uma prevalência de 80,7%. Além disso, constatou-se também uma expressiva frequência de hábitos posturais e comportamentais inadequados entre esses indivíduos.
Em um contexto similar, uma pesquisa de caráter experimental e longitudinal, realizada por Passabão (2022), concentrou-se na faixa etária de 8 a 10 anos e envolveu alunos de uma escola de ensino fundamental localizada na cidade de Garibaldi, no estado do Rio Grande do Sul. O propósito desse estudo era avaliar os impactos de um programa de educação postural. Os resultados revelaram que houve uma mudança positiva na adoção de posturas adequadas tanto em sala de aula quanto em atividades cotidianas como assistir televisão, dormir, apanhar objetos do chão, ler e escrever. As conclusões das autoras ressaltam que a adoção de posturas corretas, particularmente enquanto estão sentados, por parte dos estudantes, pode desempenhar um papel na prevenção de desordens posturais e nos sintomas dolorosos relacionados.
No estudo conduzido por Hora et al. (2022), uma abordagem mista foi empregada através da coleta de dados por meio de diários, com o propósito de quantificar e caracterizar a duração da permanência na postura sentada entre alunos universitários. A amostra consistiu de 47 participantes, revelando que esses estudantes passaram extensos períodos adotando a posição sentada. Uma observação relevante foi a presença de queixas relacionadas à inadequação do mobiliário. Os participantes do estudo relataram a prevalência de dores na região da cabeça, coluna cervical, ombros e lombar, com uma associação mais pronunciada entre a dor e o aumento do tempo na postura sentada.
Neste contexto, Hora et al., (2022) destacam que a fisioterapia desempenha um papel vital na promoção da saúde postural dos estudantes por meio de várias abordagens. Primeiramente, a conscientização sobre a importância da postura adequada pode ser promovida por meio de palestras educativas, workshops e campanhas de sensibilização. Os fisioterapeutas podem trabalhar em colaboração com educadores e pais para implementar estratégias que encorajem os alunos a adotar uma postura correta durante as atividades diárias, incluindo estudos, jogos e uso de dispositivos eletrônicos.
Além disso, a fisioterapia oferece intervenções específicas para corrigir e melhorar a postura dos estudantes. Isso pode incluir exercícios de fortalecimento e alongamento muscular direcionados para áreas afetadas, técnicas de reeducação postural e terapias manuais. Os fisioterapeutas podem personalizar essas intervenções de acordo com as necessidades individuais de cada aluno, considerando fatores como idade, histórico médico e estilo de vida (HORA et al., 2022). Segundo Minghelli et al. (2020), em seu estudo, eles conduziram uma pesquisa correlacional transversal com crianças de duas instituições de ensino, uma delas pública e a outra privada. Durante o estudo, eles aplicaram o teste de caminhada de seis minutos (TC6′) e mediram o pico de fluxo expiratório (PFE) para investigar como essas medidas podem ser influenciadas por variáveis como sexo, idade e índice de massa corporal (IMC).
A pesquisa de Minghelli et al. (2020) revelou que questões de saúde e riscos estão intimamente relacionados ao ambiente e ao estilo de vida. Com base nesse entendimento, eles propuseram que esses problemas de saúde podem ser mitigados ou mesmo prevenidos através do aumento da literacia em saúde. No âmbito desse estudo, o objetivo principal foi avaliar a eficácia de um programa de fisioterapia escolar no combate a posturas inadequadas adotadas por adolescentes, tanto na escola quanto em casa. Os resultados indicaram melhorias significativas tanto no conhecimento prático quanto no teórico dos adolescentes que participaram do programa de fisioterapia escolar. Isso demonstrou que os programas de fisioterapia podem desempenhar um papel útil na prevenção e na redução de distúrbios musculoesqueléticos em adolescentes.
Tierpeman (2019), por sua vez, realizou uma investigação em uma escola de ensino fundamental localizada na cidade de São Carlos, São Paulo, com o objetivo de avaliar as dimensões do mobiliário escolar utilizado por alunos do 1º ao 6º ano. O estudo contou com a participação de 196 alunos. A pesquisa concluiu que diversas dimensões do mobiliário analisado, tais como a altura e profundidade do assento, altura da mesa e inclinação do encosto do assento, não eram adequadas às medidas antropométricas dos estudantes. Os autores argumentam que o uso inadequado da postura sentada por longos períodos, associado a um mobiliário inadequado, resulta em alterações circulatórias que podem dificultar o fluxo venoso e aumentar a pressão intradiscal em mais de 70%.
Ferreira et al. (2021) conduziram uma pesquisa envolvendo 954 estudantes matriculados do 1º ao 4º ano do ensino fundamental na rede municipal da cidade de Santos. O propósito deste estudo era examinar a incidência de escoliose e identificar os elementos de risco dentro dessa população. As conclusões das pesquisadoras revelam que uma prevalência significativamente elevada de escoliose foi detectada nesse grupo de alunos, alcançando uma taxa de 24,3%. Essa prevalência foi especialmente acentuada entre aqueles que mantinham uma postura sentada por longos períodos, principalmente durante a atividade de assistir televisão. A variedade de idade permite concluir que, independentemente da faixa etária, a postura prolongada ao sentar-se, quando combinada com móveis inadequados e outros hábitos posturais errôneos durante as atividades cotidianas, acarreta complicações na vida dos estudantes. Esse risco é particularmente acentuado durante a infância e adolescência, período em que o esqueleto está em processo de crescimento, tornando as estruturas musculoesqueléticas mais susceptíveis a deformações (TIEPERMAN, 2019). A maioria dos estudos revisados nesta análise estabelece uma conexão entre o uso de mobiliário inadequado na escola e mudanças na postura (TIEPERMAN, 2019; HORA et al., 2022).
Assim, chama-se atenção para a necessidade de pensar os aspectos ergonômicos do ambiente escolar em relação as medidas antropométricas dos alunos. O mobiliário escolar, desde que não leve em consideração as medidas antropométricas, pode ser bastante prejudicial à saúde e a aprendizagem dos estudantes. Sua qualidade e adequação influi diretamente num ambiente escolar satisfatório, promove um bom desempenho do aluno, a segurança e o conforto, além de ser útil na prevenção de alterações posturais, dores e possível instalação de patologias (HORA et al., 2022).
A incorporação da fisioterapia no ambiente escolar não apenas contribui para a promoção da saúde postural, mas também oferece benefícios abrangentes para o desenvolvimento global dos estudantes. Melhorar a postura pode resultar em maior concentração, redução do estresse físico e mental, aumento da disposição para a aprendizagem e prevenção de lesões a longo prazo. Além disso, a fisioterapia ajuda os alunos a desenvolverem hábitos saudáveis desde cedo, capacitando-os a manter um estilo de vida ativo e consciente ao longo de suas vidas.
Para maximizar os resultados, a colaboração entre profissionais de saúde, educadores e pais é fundamental. A implementação de programas de educação postural contínua, a criação de espaços ergonômicos nas escolas e a promoção de pausas ativas durante o dia letivo são apenas algumas das estratégias que podem ser adotadas para promover a saúde postural dos estudantes (FERREIRA et al., 2021).
Ferreira et al., (2021) afirma ainda que, o mobiliário escolar afeta diretamente no comportamento dos alunos, pois ficar por horas sentado em um mobiliário inadequado desenvolve a má postura e isso faz com que a atenção fique dispersa.
Por conta do mobiliário inadequado há o aumento da flexão da coluna cervical e anteriorização da cabeça com a altura e com o tampo da mesa, como em muitos casos o mobiliário não é adequado ao tamanho do aluno, este é obrigado a sentar na frente para escrever, por exemplo, não utilizando o encosto, o que acaba provocando maiores alterações posturais
Tieperman et al., (2019) ressaltam ainda que a dificuldade em produzir mobiliários ergonômicos advém do fato de não se ter dados antroprométricos da população brasileira, forçando a utilização de padrões estrangeiros. Na sua pesquisa, concluiram que algumas dimensões do mobiliário avaliado como altura e profundidade do assento, altura da mesa e inclinação do encosto-assento são inadequadas as medidas antropométricas dos estudantes, propondo que deveria haver a possibilidade de adaptação desse mobiliário, principalmente porque os usuários estão em fase de desenvolvimento.
Ferreira et al., (2021) com o objetivo de avaliar a prevalência da escoliose em alunos do ensino fundamental, contou com um amostra de 954 alunos, na qual a prevalência foi de 24,3%, com maior evidência em obesos e naqueles que adotavam a postura sentada por longo período de tempo. Em ambos os estudos há uma alta prevalência da escoliose com forte associação com uma má postura sentada. A escoliose é uma alteração postural grave, que pode ser causada por uma má postura, é caracterizado por desvio lateral e distorção de partes individuais da coluna, devido as suas implicações pode gerar problemas emocionais, já que altera a estética do individuo, e também causa dor e até problemas pulmonares.
Um estudo presente nessa revisão relaciona, entre outros fatores, a má postura sentada ao surgimento da lombalgia, dor localizada na borda das últimas costelas. Marinho et al., (2022) identificaram uma alta prevalência de dor em acadêmicos de Fisioterapia e Psicologia em decorrência de hábitos posturais inadequados, como por exemplo passar longos períodos sentados, tanto na sala de aula, como utilizando o computador. A postura inadequada, a longo prazo, pode interferir estruturalmente no corpo humano, ocasionando dores, desconforto pessoal, incapacidade e diminuição da qualidade de vida. Soma-se a isso o fato de que essas dores geram despesas econômicas que a maioria da população brasileira não pode arcar.
A maneira como os alunos se sentam pode ter diversos impactos em sua qualidade de vida, afetando não apenas sua postura, mas também causando desconforto e mudanças no corpo. Isso é evidenciado por diversas questões, como as alterações nas estruturas músculo-esqueléticas da coluna lombar. A postura sentada, por exemplo, aumenta a pressão interna no núcleo do disco intervertebral em cerca de 35%, contribuindo para problemas. Além disso, essa postura inadequada pode resultar na redução da circulação sanguínea nos membros inferiores, levando a inchaço nos pés e tornozelos, desconforto no pescoço e nos membros superiores. A manutenção prolongada dessa postura sentada, especialmente quando feita de forma incorreta, pode elevar a pressão intradiscal em mais de 70%. Isso não apenas intensifica o desconforto e a dor, mas também pode desencadear processos degenerativos, incluindo a formação de hérnias de disco (PASSABÃO, 2020).
A maioria dos estudos ressalta a importância de implementar programas de educação postural nas instituições de ensino. Passabão (2022) destaca que sessões de educação postural com alunos de 8 a 10 anos não só promovem conhecimento, mas também resultam em mudanças nos hábitos posturais. Além de orientar sobre a postura adequada, é igualmente vital adaptar o mobiliário às características dos alunos. Tieperman (2019) salienta a relevância de uma abordagem preventiva por parte das escolas, especialmente para crianças e adolescentes em fase de crescimento, visando orientar hábitos posturais adequados. Hora et al., (2022) complementam essa perspectiva sugerindo a presença de fisioterapeutas nas escolas, capazes de intervir e prevenir alterações posturais, bem como promover educação nessa área.
Portanto, nota-se que a fisioterapia desempenha um papel crucial na promoção da saúde postural e no bem-estar geral dos estudantes no ambiente escolar. Ao conscientizar os alunos sobre a importância da postura adequada e fornecer intervenções terapêuticas específicas, os fisioterapeutas contribuem para a formação de hábitos saudáveis que terão impactos positivos ao longo da vida dos estudantes. Através dessa abordagem holística, a fisioterapia ajuda a criar um ambiente escolar mais saudável, produtivo e propício ao aprendizado.
Destaca-se ainda que, estudos nessa área são importantes para que esses alunos sejam observados e orientados o mais cedo possível, para prevenir futuras complicações. O Fisioterapeuta irá orientar para que haja essa prevenção, e ajudar no tratamento de quem já possui.
4 CONCLUSÃO
Com base nas informações apresentadas no decorrer desta pesquisa, nota-se que a correlação entre a fisioterapia no ambiente escolar e a postura dos estudantes é um tema de extrema relevância e complexidade, pois aborda não apenas a saúde física dos alunos, mas também seu desempenho acadêmico e bem-estar geral. A postura inadequada durante as atividades escolares pode resultar em uma série de problemas musculoesqueléticos, afetando não apenas a qualidade de vida dos estudantes, mas também a eficácia do processo educacional.
Ao longo dos anos, tem havido uma crescente conscientização sobre a importância da ergonomia e da postura correta no ambiente escolar. A fisioterapia desempenha um papel fundamental nesse contexto, uma vez que os fisioterapeutas têm o conhecimento necessário para avaliar e tratar problemas posturais, prevenindo complicações futuras. A abordagem preventiva da fisioterapia pode ser extremamente eficaz na identificação precoce de problemas posturais e na implementação de intervenções adequadas, como exercícios de fortalecimento, alongamento e orientações ergonômicas.
Estudos têm demonstrado que uma postura adequada está diretamente ligada ao desempenho cognitivo e emocional dos alunos. Uma postura correta pode melhorar o fluxo sanguíneo para o cérebro, aumentar a concentração e reduzir a fadiga, contribuindo assim para um ambiente de aprendizado mais eficaz e produtivo. Além disso, a promoção da consciência corporal e da postura adequada desde a infância pode ter efeitos positivos a longo prazo na prevenção de distúrbios musculoesqueléticos e no desenvolvimento saudável dos indivíduos.
Em conclusão, a fisioterapia desempenha um papel fundamental na identificação, prevenção e tratamento de problemas posturais, contribuindo assim para a formação de indivíduos saudáveis e conscientes de sua própria saúde. A colaboração entre profissionais de saúde, educadores e famílias é essencial para criar um ambiente educacional que priorize a postura adequada e, por consequência, o desenvolvimento integral dos estudantes. Portanto, investir na integração da fisioterapia no ambiente escolar é um passo crucial em direção a um futuro mais saudável e bem-sucedido para as gerações vindouras.
REFERÊNCIAS
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