CORRELATION OF BODY FAT PERCENTAGE WITH AEROBIC PERFORMANCE AND QUALITY OF LIFE IN HIGH SCHOOL STUDENTS
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10249041133
Montenegro, Rafael Petrucci Negócio1
Moura, Stephanney Karolinne Mercer Souza Freitas2
Oliveira, Luciano De2
Santos, Rogério Marcio Luckwü2
Montenegro, Asdrúbal Nóbrega Neto3
Cesar, Adjane Pontes3
Montenegro, Ramon Cunha3
Resumo
O presente estudo teve como objetivo avaliar a relação entre o percentual de gordura com o desempenho aeróbico e a qualidade de vida de escolares do Ensino Médio do IFPB, através de uma pesquisa descritiva, analítica, correlacional e transversal. A amostra foi de 312 escolares (171 feminino e 141 masculino) do IFPB – Campus Guarabira. As variáveis utilizadas foram: Massa Corporal, Estatura, Dobras Cutâneas Sub-escapular, Tríceps, Capacidade aeróbica (PACER-Test), Par-Q e a Qualidade de Vida (KIDSCREEN-52). Foram analisados os valores de tendência central e, posteriormente utilizou-se os testes de Shapiro Wilk e Spearman. Assim, o G1 exibiu um percentual médio de gordura de 28,77% e peso gordo médio de 16,794 kg. Por outro lado, o G2 apresentou valores mais baixos de percentual de gordura 20,27% e peso gordo 14,165 kg. No desempenho aeróbico, o G1 percorreu em média 382m a uma velocidade média de 9,5 km/h, com VO2 máximo médio de 33,857 ml.kg⁻¹.min⁻¹. O G2 apresentou média de 846,6m, 10,7 km/h e 40,648 ml.kg⁻¹.min⁻¹. Já na Qualidade de Vida, as pontuações positivamente mais elevadas nas dimensões do G1 (Estado Emocional e Autopercepção) e do G2 (Estado Emocional, Autopercepção e Amigos e Apoio Social). O grupo masculino apresentou estatura e massa corporal superiores, enquanto o feminino demonstrou maior percentual de gordura. No desempenho aeróbico, o sexo masculino mostrou-se superior em distância percorrida, velocidade e VO2 máximo. Já nas dimensões da qualidade de vida o sexo feminino demonstrou maior variabilidade em várias dimensões, enquanto o sexo masculino, em média, apresentou pontuações positivas superiores, especialmente em Estado Emocional, Autopercepção e Amigos e Apoio Social.
Palavras chave: Qualidade de vida.Gordura corporal. Aeróbico. Adolescentes.
Abstract
The aim of this study was to evaluate the relationship between body fat percentage, aerobic performance, and quality of life among high school students at IFPB through a descriptive, analytical, correlational, and cross-sectional research. The sample consisted of 312 students (171 females and 141 males) from IFPB – Guarabira Campus. The variables measured were: Body Mass, Height, Subscapular Skinfold, Triceps Skinfold, Aerobic Capacity (PACER-Test), Par-Q, and Quality of Life (KIDSCREEN-52). Central tendency values were analyzed, and Shapiro Wilk and Spearman tests were subsequently used. Thus, G1 exhibited an average body fat percentage of 28.77% and an average fat weight of 16.794 kg. On the other hand, G2 showed lower values of body fat percentage (20.27%) and fat weight (14.165 kg). In aerobic performance, G1 covered an average of 382 meters at an average speed of 9.5 km/h, with an average VO2 max of 33.857 ml.kg⁻¹.min⁻¹. G2 presented an average of 846.6 meters, 10.7 km/h, and 40.648 ml.kg⁻¹.min⁻¹. Regarding Quality of Life, G1 had higher positive scores in the Emotional State and Self-Perception dimensions, while G2 had higher scores in Emotional State, Self-Perception, and Friends and Social Support dimensions. The male group had higher stature and body mass, while the female group demonstrated a higher body fat percentage. In aerobic performance, males outperformed females in distance covered, speed, and VO2 max. In the quality of life dimensions, females showed greater variability across various dimensions, while males, on average, presented higher positive scores, especially in Emotional State, Self-Perception, and Friends and Social Support.
Keywords: Quality of life. Body fat. Aerobic. Adolescents
1 INTRODUÇÃO
A prática de atividades físicas (AF) entre crianças e adolescentes está sendo diminuída cada vez mais. Com isso, o nível de sedentarismo e riscos à saúde da população está aumentando excessivamente. Em Te-muco, Chile, foi realizado um estudo com 578 escolares (308 homens e 270 mulheres) onde observou-se uma alta predominância de excesso de peso e obesidade nesses jovens, caracterizada pelo baixo nível de desempenho físico (NAVARRETE et al., 2016). Já em um estudo com 265 alunos da quinta série com 11 anos de idade (133 meninos e 132 meninas) matriculados em oito escolas primárias, foi analisado que o desempenho dos alunos em testes de aptidão física está associado aos minutos de AF gastos nas aulas de Educação Física, no recreio escolar e nas participações de esportes e danças(CHEN et al., 2018). Assim, parece ser favorável incentivar a prática de AF, quando a intenção é melhorar a o nível de aptidão física dos jovens para que tenham uma a infância e adolescência mais favoráveis.
A gordura corporal, caracteriza-se como um importante instrumento para a análise e associações dos níveis de Aptidão Física, por possuir fortes relações com a saúde do adolescente e suas mudanças fisiológicas. Dessa maneira, estudos afirmam que na adolescência, o maior o nível de força de membros inferiores está relacionado àqueles indivíduos que possuem uma menor adiposidade.Além, do nível de Aptidão Física, o estilo de vida dos pais influência de maneira exponencial na gordura corporal dos filhos, pois os adolescentes que possuem o percentual de gordura baixo, apresentam-se significativamente melhor que os pais com o referido componente corporal elevado(Petroski; Pelegrini, 2009; Silva et al., 2014).
Os benefícios da prática da AF são amplamente difundidos pela sociedade a exemplo da melhoria da capacidade aeróbica que sofre grandes alterações quando correlacionada às medidas antropométricas, como por exemplo o peso corporal. Estudos relatam que os jovens que possuem um Índice de Massa Corporal (IMC) mais elevado, tendem a ter maiores dificuldades na realização de testes de capacidade aeróbica como o PACER e VO2 Máx. A aptidão cardiorrespiratória também está associada com a função cognitiva e juntas são fortes preditoras para o bem-estar psicológico de jovens estudantes. Assim, os estudantes que possuem um maior nível de bem-estar psicológico apresentam uma maior aptidão cardiorrespiratória, melhor desempenho de concentração e precisão na atenção(Chen et al., 2022; Müller et al., 2022).
A participação regular em atividades esportivas tem sido correlacionada positivamente com a qualidade de vida de crianças e adolescentes. Estudos contemporâneos têm enfatizado os benefícios psicofísicos advindos da prática esportiva regular durante a fase de desenvolvimento juvenil. Essas investigações revelam que tanto meninos quanto meninas que se engajam em práticas esportivas durante o contraturno escolar, não apenas demonstram um melhor estado de saúde física, mas também, exibem uma percepção mais elevada de bem-estar emocional e social.Em contraste, adolescentes que não participam de atividades esportivas tendem a relatar uma menor qualidade de vida em diferentes domínios(Pacífico et al., 2018; Sbrissaa; Rennera; Berlesea, 2023) .
A intervenção dos Profissionais de Educação Física tem como foco a prevenção, o desenvolvimento e promoção da saúde humana por meio da aplicação de estímulos que interferem diretamente no estilo de vida dos seus praticantes e uma das maiores problemáticas encontradas por estes profissionais, encontra-se na organização de exercícios prescritos de forma sistemática fundamentadas com o auxílio de informações oriundas das variáveis da avaliação do desempenho físico com a qualidade de vida e medidas antropométricas. Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo avaliar a relação entre o percentual de gordura com o desempenho aeróbico e a qualidade de vida de escolares do Ensino Médio do IFPB.
2 METODOLOGIA
Este estudo foi desenvolvido por meio de uma pesquisa descritiva, analítica, correlacional e transversal(Thomas; Nelson; Silverman, 2012).A população-alvo foi composta por escolares, regularmente matriculados nos 1º, 2º e 3º anos, dos Cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba – IFPB – Campus Guarabira. A amostra foi estratificada pelo sexo, por meio de procedimento não probabilístico, do tipo intencional, selecionando a faixa etária entre 12 a 17 anos de idade, perfazendo um total de 312 escolares, sendo 171 do sexo feminino e 141 do sexo masculino.
A pesquisa foi realizada respeitando os preceitos éticos através da resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa – CEP, do IFPB sob o CAAE: 02262918.1.0000.5185 e o Parecer Consubstanciado Nº: 3.048.765.
Foram excluídos do processo da pesquisa os escolares que não apresentaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE, devidamente assinado pelos responsáveis; não concordaram com o Termo de Compromisso, assumido com o pesquisador; estavam em tratamento medicamentoso que influenciava na execução dos testes; utilizavam bronco dilatador; ingeriram bebida alcóolica; tiveram problemas físicos que impediram a participação nas avaliações; recusaram participar do estudo como voluntário, sem retorno ou vantagem financeira e não compareceram ao local no dia da coleta dos dados.
As medidas antropométricas utilizadas na presente pesquisa foram: Medida da Massa Corporal, Estatura, Dobras Cutâneas Subescapular e Tríceps, com a utilização do Estadiômetro Standard Sanny®, trena antropométrica Sanny® e Adipômetro Classic Sanny®. Para tanto, foram realizados os procedimentos de marcação das Landmarks com posterior tomada das medidasantropométricas(Stewart, 2011).
O Percentual de Gordura foi identificado conforme às fórmulas para o sexo feminino (%G = 1,35 (TR+SE) – 0,012 (TR+SE)² – 2,4) e masculino (%G = 1,35 (TR+SE) – 0,012 (TR+SE)² – 4,4) e, a classificação de risco para a saúde foi analisada diante das seguintes características: Muito Baixo (Feminino 10 / Masculino < 6); Baixo (Feminino ≥ 10 e ≤ 15 / Masculino ≥ 6 e ≤ 10); Ótimo (Feminino ≥ 15,1 e ≤ 25 / Masculino ≥ 10,1 e ≤ 20); Moderadamente alto (Feminino ≥ 25,1 e ≤ 30 / Masculino ≥ 20,1 e ≤ 25); Alto (Feminino ≥ 30,1 e ≤ 35/ Masculino ≥ 25,1 e ≤ 30); Muito Alto (Feminino ≥ 35,1/ Masculino ≥ 30,1)(LOHMAN, 1987).
Foram aplicados dois questionários com os estudantes, dentre eles o Physical Activity Readness Questionnaire – Par-Q e o KIDSCREEN-52. O Par-Q possui uma validade (r = 0.72) e é amplamente utilizado como formulário de triagem pré-participação de atividades físicas. É auto administrado e teve o objetivo de verificar o potencial risco cardíaco dos escolares para realizar atividades de esforço físico na pesquisa. Já o KIDSCREEN-52, que consiste em 52 questões que são categorizadas em dez dimensões da qualidade de vida e saúde (Saúde e Atividade Física; Sentimentos, Estado Emocional, Autopercepção, Autonomia e Tempo Livre, Família/Ambiente Familiar, Aspecto Financeiro, Amigos e Apoio Social, Ambiente Escolar, Provocação/ Bullying) (Arraiz; Wigle; Mao, 1992; Goodman; Thomas; Burr, 2011; Guedes; Guedes, 2011; Ravens-Sieberer et al., 2005).
Posteriormente, foi realizado o teste físico Progressive Aerobic Cardiovascular Endurance Run (PACER-Test), o qual fundamenta-se em uma prova progressiva máxima de corrida de vai-e-vem de 20m com validade (r = 0,90). O PACER-Test teve o objetivo de verificar a capacidade de VO2Máx dos escolares e correlacionar com as demais variáveis(Liu; Plowman; Looney, 1992).
Utilizou-se o programa Statistical Package for the Social Science – SPSS®, Versão 14.0. Por meio da estatística descritiva, foram apresentados os valores de tendência central (média, desvio-padrão, mínimo e máximo). Conforme o teste de Shapiro Wilk verificou-se que os dados foram não paramétricos, desta forma, para proceder com a correlação, utilizou-se o teste de Spearman, com níveis de significância correspondentes a um p<0,05 ou 0,01 (2 extremidades).
3 RESULTADOS
A Tabela 1 apresenta uma análise detalhada das características físicas (Idade, Estatura, Massa Corporal e Dobras Cutâneas do Tríceps e Subescapular), como também, o Percentual de Gordura e Peso Gordo de escolares do sexo feminino (G1 = 171) e masculino (G2 = 141) no Instituto Federal da Paraíba (IFPB). Em relação à idade, observou-se que ambos os grupos possuíam uma média de 15±1,5 anos para o G1 e 15±1,4 anos para o G2. A faixa etária variou de 12 a 17 anos em ambos os grupos. Quanto à estatura, os escolares G1 apresentaram uma média de 160,6 ±9,3 cm, enquanto os do G2 com uma média de 172,6±10,6 cm.
Em termos de massa corporal, o grupo G1 apresentou uma média de 57,3±10,2kg, enquanto o G2 possuiu uma média mais alta, atingindo 66,7±14,9 kg.
Quanto às dobras cutâneas, os valores médios das dobras cutâneas tricipital (DC-TR) e subescapular (DC-SB) foram mais elevados no G1 em comparação com o grupo G2. No que diz respeito a gordura corporal, o G1 exibiu um percentual médio de gordura de 28,8±5%, com peso gordo médio de 16,8±5,2 kg. Por outro lado, o G2 apresentou valores mais baixos de percentual de gordura 20,3±6,8%, peso gordo 14,2 ±7,6 kg.
Na Tabela 2, foram apresentados os valores descritivos do Desempenho Aeróbico (PACER) Distância Percorrida, Velocidade e VO2 Máximo.
No G1, a média da distância percorrida foi de 382±227m, variando de 20 a 1360m. A velocidade média foi de 9,5±0,7km/h, e o VO2máximo médio foi de 33,9±4,1 ml.kg⁻¹.min⁻¹.
Por outro lado, o G2 apresentou resultados superiores. A média da distância percorrida foi de 846,6 ±478 m, variando de 180 a 2320m. A velocidade média foi de 10,7±1,2 km/h, e o VO2 máximo médio foi de 40,7±6,7 ml.kg⁻¹.min⁻¹.
Esses resultados indicam que, em média, os alunos do sexo masculino superaram o grupo do sexo feminino em todos os aspectos avaliados. A distância percorrida, a velocidade e o VO2 máximo foram consistentemente maiores no G2, evidenciando diferenças significativas no desempenho aeróbico entre os dois grupos.
A Tabela 3, foram apresentados os valores descritivos das dimensões da Qualidade de Vida (KIDSCREEN-52) Saúde e Atividade Física, Sentimentos, Estado Emocional, Autopercepção, Autonomia e Tempo Livre, Família/Ambiente Familiar, Aspecto Financeiro, Amigos e Apoio Social, Ambiente Escolar e Provocação/Bullying.
No G1, as médias revelaram variabilidades marcantes. Na dimensão “Saúde e Atividade Física”, a média foi de 37±22, indicando uma considerável dispersão nos dados, que variaram de 5 a 100. A média de “Sentimentos” foi de 50±28, e no “Estado Emocional”, a média atingiu 63±27. Na dimensão “Autopercepção”, a média foi de 63±17, variando de 10 a 100. A categoria “Autonomia e Tempo Livre” registrou uma média de 40±27. Em outras dimensões, como “Família/Ambiente Familiar”, “Aspecto Financeiro”, “Amigos e Apoio Social”, “Ambiente Escolar”, e notadamente em “Provocação/Bullying“, onde a média atingiu 90±14, a variabilidade foi expressiva.
No G2, as médias nas diversas dimensões, a saber: “Saúde e Atividade Física” (45), “Sentimentos” (55), “Estado Emocional” (64), “Autopercepção” (62), “Autonomia e Tempo Livre” (49), “Família/Ambiente Familiar” (57), “Aspecto Financeiro” (45), “Amigos e Apoio Social” (62), “Ambiente Escolar” (59) e “Provocação/Bullying” (81), indicam uma tendência do grupo masculino de apresentar percepções relativamente mais elevadas em várias dimensões comparado ao grupo feminino. O desvio padrão em cada dimensão denota uma certa dispersão nos dados, sugerindo variações nas percepções individuais dentro do Grupo Masculino.
A Tabela 4, foram apresentados os valores da correlação (Spearman) do Percentual de Gordura com a Idade, Estatura, Massa Corporal, Dobras Cutâneas, Composição Corporal, Desempenho Aeróbico e Dimensões da Qualidade de Vida (KIDSCREEN-52) dos Escolares do Sexo Feminino e Masculino do IFPB.
No G1, a idade e a estatura não apresentaram correlações significativas com o percentual de gordura. Entretanto, observou-se que a massa corporal, as dobras cutâneas (DC-TR e DC-SB), o peso gordo, a distância percorrida, a velocidade e o VO2 Máximo demonstraram correlações significativas. Essas associações foram predominantemente negativas, indicando que, em geral, um aumento em variáveis como distância percorrida, velocidade e VO2 máximo está associado a uma diminuição no percentual de gordura. Quanto às dimensões da qualidade de vida, apenas “Sentimentos” e “Autonomia e Tempo Livre” apresentaram correlações negativas significativas, sugerindo que um melhor desempenho nessas dimensões está associado a um menor percentual de gordura.
No G2, a idade e a estatura mostraram correlações significativas e negativas com o percentual de gordura. Similarmente ao grupo feminino, as medidas da massa corporal, dobras cutâneas (DC-TR e DC-SB), peso gordo, distância percorrida, velocidade e VO2 Máximo, apresentaram correlações significativas e, em sua maioria, negativas. Isso sugere que um aumento em medidas relacionadas ao desempenho aeróbico está associado a uma diminuição no percentual de gordura. Nas dimensões da qualidade de vida, “Estatura”, “Sentimentos”, “Autopercepção”, “Amigos e Apoio Social” e “Ambiente Escolar” mostraram correlações negativas significativas, indicando que um melhor desempenho nessas dimensões está associado a um menor percentual de gordura.
Esses resultados reúnem informações importantes sobre a natureza e direção das associações entre o percentual de gordura e as variáveis analisadas em ambos os grupos. As correlações negativas sugerem que melhorias na gordura corporal, desempenho aeróbico e algumas dimensões da qualidade de vida estão associadas a uma redução no percentual de gordura.
4 DISCUSSÃO
Os resultados apresentados proporcionam uma visão abrangente das características físicas, da gordura corporal, desempenho aeróbico e qualidade de vida de escolares do Instituto Federal da Paraíba (IFPB), destacando diferenças entre os sexos e suas implicações.
O contraste significativo nas características físicas entre os sexos, como estatura, massa corporal e dobras cutâneas, reflete às diferenças biológicas intrínsecas. A prevalência de um percentual de gordura mais alto nas estudantes do sexo feminino está alinhada com achados anteriores. Como também, é possível afirmar que os resultados do Percentual de Gordura, tanto no G1 (28,77 ±5) como no G2 (20,27±6,8) classificam os grupos com risco moderadamente alto para a saúde dos escolares(Gordia; De Quadros; De Campos, 2011; Lohman, 1987; Moser et al., 2013).
O desempenho aeróbico superior observado nos estudantes do sexo masculino, evidenciado pela maior distância percorrida, velocidade média e VO2 máximo, alinha-se com a literatura. Apesar das diferenças entre os grupos, pode-se afirmar que tanto G1 (33,9 ±4,1) quanto G2 (40,7±6,7) apresentam riscos significativamente elevados à saúde cardiovascular e bem-estar físico dos adolescentes(Chen et al., 2022; Fitnessgram, 2018; Zhu et al., 2022).
Ao analisar a qualidade de vida das escolares do G1, a Dimensão Sentimentos (Média do Score = 50) indicou que elas sentiam felicidade, contentamento, visualizavam a vida de forma positiva, e possuíam satisfação com a vida. Nas Dimensões do Estado Emocional e Autopercepção (Média dos Scores = 63/63) sinalizaram que o G1 se sentia bem e de bom humor, como também, se sentiam autoconfiantes, satisfeitas consigo mesmo, apresentavam uma imagem corporal positiva, felicidade consigo mesmo, boa autoestima e confortáveis com sua aparência. Na Dimensão Família/Ambiente Familiar (Média do Score = 53) indicou que as adolescentes do G1 percebiam o suporte familiar satisfatório, sentiam-se seguras, amadas, compreendidas e bem cuidadas e, compreendiam a percepção dos pais como disponíveis e justos. Na Dimensão Amigos (Média do Score = 50) descreveu que as adolescentes se sentiam aceitas, pertencentes a um grupo de pares, apresentavam a percepção de que podiam contar com os amigos. Já na Dimensão Apoio Social (Média do Score = 50) indicou que as adolescentes se sentiam bem na escola, percebiam o seu rendimento como satisfatório e gostavam da vida escolar. Porém, na Dimensão Saúde e Atividade Física (Média do Score = 37) indicou que as participantes do G1 se sentiam fisicamente exaustas, indispostas, em más condições físicas e com baixa energia. Na dimensão Autonomia e Tempo Livre (Média do Score = 40) sinalizou que as adolescentes se encontravam restringidas, oprimidas e dependentes. No Aspecto Financeiro (Média do Score = 34) indicou que as adolescentes possuíam sentimento de que os recursos financeiros restringiam seu estilo de vida e sentiam-se financeiramente desfavorecidas. Já na Dimensão de Provocação e Bullying (Média do Score = 90) indicou que as adolescentes não se sentiam respeitadas e aceitas pelos seus pares(Guedes; Guedes, 2011; Ravens-Sieberer et al., 2005; Rocha et al., 2016).
Ao verificar a qualidade de vida dos escolares do G2, a Dimensão Saúde e Atividade Física (Média do Score = 45) indicou que os adolescentes se sentiam fisicamente ativos e com energia. Na dimensão Sentimentos (Média do Score = 55), sinalizou que sentiam felicidade, contentamento, viam a vida de forma positiva e possuíam satisfação com a vida. Na dimensão do Estado Emocional (Média do Score = 64), indicou que os meninos se sentiam bem e de bom humor. Na dimensão de Autopercepção (Média do Score = 62) descreveu que os adolescentes se sentiam autoconfiantes, satisfeitos consigo mesmo, possuíam uma imagem corporal positiva, felicidade consigo mesmo, boa autoestima e se sentiam confortáveis com suas aparências. A dimensão Autonomia e Tempo Livre (Média do Score = 49) sinalizou que os participantes do G2 se encontravam livres para tomar decisões, sentiam-se independentes e autônomos. Na dimensão Família/Ambiente Familiar (Média do Score = 57) indicou que os escolares percebiam o suporte familiar satisfatório, sentiam-se seguros, amados, compreendidos e bem cuidados, e possuíam uma percepção dos pais como disponíveis e justos. Na dimensão Aspecto Financeiro (Média do Score = 45) descreveu que os estudantes possuíam sentimento de satisfação com os recursos financeiros, sentiam-se afortunados e desfrutavam de recursos financeiros. A dimensão Amigos e Apoio Social (Média do Score = 62), sinalizou que o G2 se sentia aceito, pertencente a um grupo de pares e possuía uma percepção de que podiam contar com os amigos. Na dimensão Ambiente Escolar (Média do Score = 59) indicou que os meninos se sentiam bem na escola, percebiam o seu rendimento como satisfatório e gostavam da vida escolar. Contudo, na Dimensão Provocação e Bullying (Média do Score = 81) indicou que os escolares não se sentiam respeitados e aceitos pelos seus pares(Guedes; Guedes, 2011; Ravens-Sieberer et al., 2005; Rocha et al., 2016).
As análises das dimensões da qualidade de vida destacam variações notáveis entre os grupos de sexo, corroborando estudos anteriores(Alonzo et al., 2022; Borawski et al., 2018; Sbrissaa; Rennera; Berlesea, 2023).As pontuações positivamente mais elevadas nas dimensões do G1 (Estado Emocional e Autopercepção) e do G2 (Estado Emocional, Autopercepção e Amigos e Apoio Social), como também, as pontuações mais elevadas negativamente descritas pela dimensão Provocação/Bullying em ambos os grupos, sugerem possíveis disparidades nas experiências subjetivas e no bem-estar psicológico dos estudantes.
As correlações significativas entre o percentual de gordura e variáveis antropométricas, desempenho aeróbico e dimensões específicas da qualidade de vida apresentaram valiosas contribuições. As associações negativas indicam que melhorias na gordura corporal, desempenho aeróbico e aspectos específicos da qualidade de vida estão associadas a um menor percentual de gordura, destacando a importância da abordagem multifacetada na promoção da saúde.
Os referenciais sustentam a importância das medidas antropométricas na avaliação da saúde cardiovascular. A alta prevalência de percentual de gordura nas estudantes do sexo feminino, reforça a necessidade de estratégias preventivas direcionadas(Gordia; De Quadros; De Campos, 2011; Moser et al., 2013).
As evidências fornecidas ressaltam a necessidade de intervenções específicas em Educação Física para estudantes com sobrepeso, com o potencial de reduzir as taxas de obesidade e minimizar os riscos metabólicos (Alonzo et al., 2022; Borawski et al., 2018; Lohman, 1987; Moon; Cunningham; Gazmararian, 2020).
A relação positiva entre aptidão cardiorrespiratória, desempenho acadêmico e bem-estar psicológico, fornece suporte aos achados do estudo. A promoção da aptidão física pode desempenhar um papel essencial na saúde global dos adolescentes(Chen et al., 2022; Fitnessgram, 2018; Zhu et al., 2022). As observações sobre a falta de atividades de lazer e a participação diferencial entre os sexos ressaltam a importância de estratégias inclusivas que considerem as preferências individuais (Marcino et al., 2022; Pacífico et al., 2018).
Os resultados sublinham a influência dos fatores socioeconômicos na percepção de qualidade de vida. A abordagem integral deve levar em consideração não apenas as variáveis físicas, mas também os contextos sociais e econômicos(Aguiar et al., 2014; Sbrissaa; Rennera; Berlesea, 2023).
5 CONCLUSÃO
Os resultados desta pesquisa proporcionam uma visão abrangente das características físicas da gordura corporal, desempenho aeróbico e dimensões da qualidade de vida em escolares do sexo feminino e masculino no Instituto Federal da Paraíba (IFPB). As diferenças entre os grupos revelam nuances distintas nas vivências desses adolescentes, favorecendo uma maior compreensão da saúde e do bem-estar nessa população.
No que diz respeito às características físicas, observou-se que, embora ambos os grupos compartilhem uma média de idade de 15 anos, o sexo masculino tende a apresentar estatura e massa corporal superiores em relação ao sexo feminino. Essas diferenças podem refletir aspectos do desenvolvimento físico durante a adolescência.
A análise do percentual de gordura e peso gordo indicou disparidades significativas entre os sexos, com o grupo feminino apresentando resultados médios mais elevados. Esses achados destacam a influência do sexo nas características antropométricas dos adolescentes.
No contexto do desempenho aeróbico, os resultados evidenciaram uma superioridade do sexo masculino em relação ao feminino. Os alunos do sexo masculino percorreram distâncias maiores, atingiram velocidades superiores e demonstraram VO2 Máximo médio significativamente maior. Essa disparidade sugere possíveis diferenças fisiológicas e de condicionamento físico entre os sexos.
As dimensões da qualidade de vida, avaliadas pelo KIDSCREEN-52, revelaram percepções distintas entre os grupos. O sexo feminino demonstrou maior variabilidade em várias dimensões, enquanto o sexo masculino, em média, apresentou pontuações positivas superiores, especialmente em Estado Emocional, Autopercepção e Amigos e Apoio Social. A dispersão nos dados indica a diversidade de experiências individuais, ressaltando a importância de considerar fatores subjetivos ao avaliar a qualidade de vida.
As correlações entre o percentual de gordura e diversas variáveis revelaram associações significativas, indicando que medidas antropométricas, desempenho aeróbico e dimensões específicas da qualidade de vida estão interligadas. Tanto no grupo feminino quanto no masculino, a melhoria na gordura corporal e no desempenho aeróbico associou-se a uma redução no percentual de gordura, evidenciando a importância da atividade física e da saúde global na adolescência.
Em síntese, os resultados deste estudo oferecem uma compreensão aprofundada das características físicas, desempenho aeróbico e qualidade de vida em adolescentes, destacando as disparidades entre os sexos. Essas informações são cruciais para orientar estratégias de promoção da saúde e bem-estar, considerando as particularidades de cada grupo, visando o desenvolvimento holístico e a melhoria da qualidade de vida na adolescência.
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1 Discente do Curso Superior de Educação Física do Centro Universitário UNIESP, Paraíba/Brasil, e-mail:rafaelpetruccinm@gmail.com
2 Docente do Curso Superior de Educação Física do Centro Universitário UNIESP, Paraíba/Brasil, e-mail: stephanneymoura@gmail.com
3 Docente Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba – IFPB, Paraíba/Brasil, e-mail: ramon.montenegro@ifpb.edu.br