CORRELAÇÃO DO EXERCÍCIO FÍSICO EM PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 2: UMA REVISÃO

CORRELATION OF PHYSICAL EXERCISE IN PATIENTS WITH TYPE 2 DIABETES MELLITUS: A REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8049187


André Schffmacher de Souza1
Edson Francisco de Oliveira Silveira Junior2
Arlindo Gonzaga Branco Junior3


RESUMO: O Diabetes Mellitus (DM) tipo 2 é uma patologia de natureza crônica endócrino-metabólica, não transmissível, sendo mais frequente na população com mais de 40 anos de idade, sendo responsável por altas taxas de morbimortalidade. Objetivo: Apontar a correlação da prática de exercício físico em pacientes com DM tipo 2, segundo apontado pela literatura em artigos publicados entre 2018 e 2023. Materiais e Métodos: A metodologia empregada foi a revisão sistemática em literaturas publicadas no idioma nacional, em estudos randomizados e controlados, publicados nos últimos 06 anos indexados no acervo literário da PubMed, Lilacs e Scielo. Resultados: Foram incluídos 10 artigos publicados entre os anos de 2019 e 2023, por meio deste estudo pretende-se intensificar o conhecimento a respeito dos efeitos que o exercício físico promove na qualidade de vida e saúde desses idosos, e assim, poder propor ações de promoção e prevenção voltadas à atenção à saúde dessa população. Conclusão: Constatou-se que a correlação da prática regular de exercícios físicos pode ser uma estratégia importante e eficaz no controle do diabetes mellitus tipo 2 em pacientes, desde que realizada de forma segura e adequada às necessidades e condições individuais de cada paciente.

Palavras-chave: Diabetes Mellitus Tipo 2. Exercício Físico. Qualidade de vida. 

ABSTRACT: Type 2 Diabetes Mellitus (DM) is a chronic endocrine-metabolic, non-transmissible pathology, being more frequent in the population over 40 years of age, being responsible for high rates of morbidity and mortality. Objectives: To point out the correlation of the practice of physical exercise in patients with type 2 DM, as indicated by the literature in articles published between 2018 and 2023. Materials and Methods: The methodology used was a systematic review of literature published in the national language, in randomized studies and controlled, published in the last 06 years indexed in the literary collection of PubMed, Lilacs and Scielo. Results: 10 articles published between 2019 and 2023 were included, through this study it is intended to intensify knowledge about the effects that physical exercise promotes on the quality of life and health of these elderly people, and thus be able to propose actions of promotion and prevention aimed at the health care of this population. Conclusion: It was found that the correlation of the regular practice of physical exercises can be an important and effective strategy in the control of type 2 diabetes mellitus in patients, provided that it is performed in a safe and adequate way to the needs and individual conditions of each patient.

Keywords: Type 2 Diabetes Mellitus. Physical Exercise. Quality of life.

INTRODUÇÃO

O Diabetes Mellitus (DM) é uma patologia de natureza crônica endócrino-metabólica, não transmissível, ou seja, produtoras de hormônios que eleva os índices de glicose na corrente sanguínea, podendo vir associada a outras alterações como a dislipidemia, a hipertensão arterial e a disfunção endotelial, a exemplo (CASARIN et al., 2022). 

A prevalência do DM vem aumentando de forma significativa nas duas últimas décadas, sendo classificado como uma epidemia mundial em crescimento pelo fato de ser uma doença que apresenta dificuldade de cura e pela crescente incidência de casos notificados a cada ano representando um sério problema de saúde pública, não apenas brasileiro, mas a nível mundial, sendo que aproximadamente 9% dos óbitos registrados no mundo anualmente são ocasionados pelo diabetes (ALMANZA et al., 2019).

Em média 90% a 95% dos pacientes diagnosticados com o diabetes pertencem ao tipo 2, dos quais 20% são representados por indivíduos com idade entre 65 e 76 anos. O DM tipo 2 causa diversos impactos na vida do indivíduo, elevando os riscos de morbimortalidade inclusive por complicações cardiovasculares (MARÇAL et al., 2018). 

O DM tipo 2 é classificado como uma patologia que possui um caráter metabólico e multifatorial, destacando-se como o principal tipo de diabetes diagnosticado pelo âmbito da saúde pública brasileira (DIAS et al., 2021). É mais frequente na população com mais de 40 anos de idade, especialmente nos pacientes portadores de outras patologias como os hipertensos, os dislipidemicos e os obesos (SOMBRIO et al., 2018). 

Nesse contexto, percebe-se a relevância de realizar este estudo e buscar melhor compreender esta patologia relacionada às pessoas com 60 anos ou mais, já que a adesão de um programa de exercícios físicos associado a um planejamento alimentar saudável fornecem diversos benefícios na vida do indivíduo, sendo uma alternativa que pode vir a contribuir para o controle e prevenção do DM2, evitando que os idosos venham a se tornar vítimas dessa enfermidade que tanto afeta sua qualidade de vida e saúde física, psicológica e social.

Diante desse contexto, o objetivo deste estudo é apontar a correlação da prática de exercício físico em pacientes com DM tipo 2, segundo apontado pela literatura em artigos publicados entre 2018 e 2023.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo do tipo revisão bibliográfica sendo que o objeto de estudo é realizar uma busca em artigos científicos que busquem descrever a correlação da prática de exercício físico em pacientes com DM tipo 2.

Para isso realizou-se uma pesquisa nas Biblioteca Virtual de Saúde onde a foram incluídos artigos de artigos científicos disponíveis na íntegra, em livre acesso, recorte temporal de 2018 a 2023, em idioma português, bem como, aqueles que após leitura do título e resumo, abrange aspectos relacionados à temática do estudo. 

Foram excluídos do estudo trabalhos realizados fora do período da amostragem do período do recorte temporal, artigos que possuem texto incompleto, revisões duplicadas e que não se encaixem no processo de seleção realizados em território brasileiro. 

A identificação sendo ela a primeira etapa deste processo, analisou o tema a ser abordado e selecionou as hipóteses em questão da revisão integrativa. A triagem, sendo segunda etapa, foi estabelecer os critérios para inclusão e exclusão de estudos/ amostragem ou busca na literatura. A terceira etapa: elegibilidade é a definição das informações no qual foram extraídos dos estudos selecionados e revisados, e por fim para os critérios de inclusão foram a avaliação e discussão dos estudos incluídos na revisão integrativa.

Para análise de coerência e interpretação dos dados foram realizadas uma síntese a fim de contribuir e assim analisar os dados com base na ciência baseada em evidências.

RESULTADOS

Na realização da busca ativa através das bases de dados, foram identificados 128 artigos na etapa da identificação, após a leitura do título e dos resumos, foram removidos 21 artigos que não atendem os critérios de inclusão, assim na etapa da seleção foram selecionados 107 artigos, destes 50 foram excluídos pelo recorte temporal, restando 57 artigos na etapa da elegibilidade que são artigos com texto completo avaliados pela elegibilidade, sendo excluídos 46 artigos mediante não atender os critérios como: idioma em português e que abordaram a temática, por fim na etapa da inclusão foram incluídos na análise 11 (onze) artigos para serem analisados a fim de subsidiar o estudo (figura).

Figura 1 – Fluxograma das etapas para a seleção dos artigos desta revisão integrativa, 2023.

Fonte: Dos pesquisadores, 2023.

Assim, foi realizada uma análise temática dos artigos obtidos nesses bancos de dados e houve uma criteriosa e detalhada análise das bibliografias, visando obter de forma sistemática e objetiva a descrição das informações e dos dados obtidos para possibilitar a recepção dessas informações.  Dessa forma, o número final de artigos elegíveis foram 11 (onze). 

A interpretação e síntese dos resultados encontrados estão demonstrados no (Quadro 1) contendo: autores, título, objetivo, metodologia, ano e resultados, segue abaixo os artigos selecionados para a revisão do estudo proposto.

Quadro 1. Artigos científicos selecionados nas bases de dados segundo as características dos autores, títulos, objetivo, metodologia, ano e resultados. Porto Velho, 2023. 

Fonte: Dos pesquisadores, 2023.

DISCUSSÃO

Segundo Almanza et al. (2019), enfatizam que há diversas estratégias disponíveis para controlar o DM tipo 2 e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, e a prática regular de exercícios físicos é uma delas. Os exercícios físicos podem trazer diversos benefícios para pacientes com DM tipo 2, incluindo o controle dos níveis de glicose no sangue, melhora do perfil lipídico, redução da pressão arterial, redução do risco de complicações e controle do peso.

Sombrio et al. (2018), afirma que diversos programas de exercícios físicos podem ser adotados no controle e prevenção do DM tipo 2. Estes programas variam de acordo com a frequência, intensidade, duração e tipo de exercício.

Abdalla et al. (2023) evidenciam que é importante os programas de exercícios físicos sejam individualizados e adaptados às necessidades e limitações de cada paciente, e que sejam acompanhados por profissionais de saúde e educadores físicos qualificados.

Assim, os exercícios físicos aeróbicos, como caminhada, corrida, ciclismo e natação, são eficazes no controle e prevenção do DM tipo 2. A atividade física aeróbica melhora a sensibilidade à insulina e aumenta a utilização de glicose pelo corpo, reduzindo a glicemia em pacientes diabéticos tipo 2. Além disso, a atividade física aeróbica pode reduzir o risco de desenvolvimento do DM tipo 2 em indivíduos com fatores de risco (MUZY et al., 2021).

Por outro lado, programas de treinamento de resistência, que incluem levantamento de peso, exercícios com pesos livres e aparelhos de musculação, também são eficazes no controle e prevenção do DM tipo 2. Assim, o treinamento de resistência melhora a composição corporal, aumenta a massa muscular e reduz a gordura corporal, melhorando assim o metabolismo da glicose e reduzindo a resistência à insulina em pacientes diabéticos tipo 2 (SANTOS; SOUSA; BARROS, 2018).

Em conformidade com Nogueira et al. (2019) os programas de exercícios físicos combinados, que incluem tanto atividades aeróbicas quanto de resistência, também têm sido recomendados para pacientes com DM tipo 2. De acordo com Muzy et al. (2021), os estudos demonstram que programas combinados podem ser mais eficazes do que exercícios aeróbicos ou de resistência isoladamente, no controle e prevenção do DM tipo 2.

De acordo com o estudo de Aragão et al. (2021), enfatizam que o exercício físico promove níveis de aptidão que contribuem para a melhora na qualidade de vida e saúde do indivíduo, atuando também, como um mecanismo de prevenção e controle em diversas doenças, já que evita seu progresso e melhora a funcionalidade, especialmente em pessoas com diabetes, e isso se intensifica quando se trata de pessoas com mais idade.

Em complemento, Oitienger et al. (2021) afirmam que a atividade física costuma ser prescrita pelos profissionais de saúde, como no caso dos pacientes portadores de DM tipo 2 com a finalidade de diminuir o índice glicêmico, já que um programa de exercícios apresenta diversos efeitos benéficos sobre este fator em cada sessão realizada.

Dias et al. (2021) evidencia que os benefícios promovidos pelos exercícios físicos apresentam efeitos de curta duração que costumam sumir entre 2 e 3 dias após realizada a atividade, por isso, aconselha-se que o programa de atividades seja contínuo, visando assim, garantir o equilíbrio metabólico do organismo. 

Nesse programa podem ser inseridos diversos tipos de exercícios físicos, de acordo com as necessidades, capacidades e limitações de cada paciente, como: exercícios de resistência, atividades aeróbicas, exercícios intervalados de alta intensidade, entre outros tipos que podem ser realizados de forma individual ou em conjunto (MENDES et al., 2022).

CONCLUSÃO

A prática regular de exercícios físicos pode trazer diversos benefícios para pacientes com DM tipo 2, incluindo o controle dos níveis de glicose no sangue, melhora do perfil lipídico, redução da pressão arterial, redução do risco de complicações e controle do peso. No entanto, é importante que o programa de exercícios físicos seja individualizado e ajustado às necessidades e limitações do paciente.

Em conclusão, o exercício físico regular desempenha um papel fundamental no manejo e controle do diabetes mellitus tipo 2. Ao incorporar uma rotina de exercícios adequada, os pacientes podem experimentar melhorias significativas em sua saúde geral, controle glicêmico e qualidade de vida. É essencial que profissionais de saúde, pacientes e a sociedade em geral reconheçam a importância do exercício físico como uma estratégia terapêutica complementar para o tratamento do diabetes mellitus tipo 2 e incentivem sua prática como parte integrante de um estilo de vida saudável.

REFERÊNCIAS

ABDALLA, P.P. Promoção da saúde com exercício físico para pessoas com diabetes: uma revisão narrativa. Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida, v,14, n.1, 2023. Disponível em: https://www.cpaqv.org/revista/CPAQV/ojs2.3.7/index.php?journal=CPAQV&page=article&op=view&path%5B%5D=887. Acesso em: 22 abr. 2023.

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CASARIN, D.E et al. Diabetes mellitus: causas, tratamento e prevenção. Brazilian Journal of Development, Curitiba, v. 8, n. 2, p. 10062-10075 feb. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/43837. Acesso em: 09 abr. 2023.

DIAS, A.L.F et al. Revisão de literatura: a importância do exercício físico no tratamento do diabetes mellitus tipo 2. Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 4, n. 1, p.147-155, jan. 2021. Disponível em: https: www.brazilianjournals.com.br. Acesso em: 10 abr. 2023.

MARÇAL, D.F.S et al.  Efeitos do exercício físico sobre diabetes mellitus tipo 1: uma revisão sistemática de ensaios clínicos e randomizados. J. Phys. Educ. 29, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/jpe/a/sqpydcgwnmn9tfqjvprzxhl/?lang=pt. Acesso em: 05 abr. 2023.

MENDES, L.F.S et al. O impacto do exercício físico como coadjuvante no tratamento do Diabetes Mellitus tipo 2: uma Revisão Integrativa. Research, Society and Development, v. 11, n. 5, 2022. Disponível em: www.hptts://rsjournal.com.br. Acesso me: 02 mai. 2023.

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OETINGER, G.A et al. Impacto da atividade física na variabilidade glicêmica em pessoas com diabetes mellitus tipo 2. Reabilitação (Madr)., v. 55, não. 4, pág. 282-290, out-dez, 2021. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/global-literature-on-novel-coronavirus-2019-ncov/resource/pt/covidwho-1454497. Acesso em: 06 abr. 2023.


1 Discente de Medicina da Faculdade Metropolitana
2 Discente de Medicina da Faculdade Metropolitana
3 Docente e Médico de Família e Comunidade. Universidade Federal de Rondônia. Faculdade Metropolitana.