CONTROLE DAS INFECÇÃO HOSPITALARES

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8253815


Júlia Soares Monteiro Oliveira 1
Marislei Schulz C. Nascimento 1
Roziclei Pereira de Souza dos Santos 1
Cintia Pereira Ferreira Menezes 2


RESUMO

Este artigo tem por objetivo apresentar como as infecções hospitalares – IH são complicações e estão conexas à assistência à saúde e consiste na principal causa de mortalidade e morbidade hospitalar, causando agravos e danos aos usuários. Abordar a história das instituições hospitalares e suas relações com as práticas de controle de infecção, além de identificar o papel, dos profissionais de saúde e suas contribuições no que se refere ao respectivo tema controle das IH. é possível também associar os hospitais e as infecções hospitalares e o controle da IH. As informações aqui relatadas nos permitem compreender que o controle das IH envolve um esforço conjunto dos profissionais de saúde, gestores e Estado.

Palavras-chave: Infecção hospitalar. Programa de Controle de Infecção Hospitalar. Enfermagem.

ABSTRACT

This article aims to present how nosocomial infections – HI are complications and are connected to health care and are the main cause of hospital mortality and morbidity, causing injuries and harm to users. Addressing the history of hospital institutions and their relationship with infection control practices, in addition to identifying the role of health professionals and their contributions with regard to the respective theme of HI control. It is also possible to associate hospitals and nosocomial infections and the control of HI. The information reported here allows us to understand that the control of HI involves a joint effort by health professionals, managers and the State.

Keywords: Cross Infection. Hospital Infection Control Program. Nursing.

1 INTRODUÇÃO

Esta Artigo visa ressaltar a importância acerca das práticas de controle de infecção hospitalar e também corresponsabilizar as pessoas envolvidas no contexto destas práticas, ou seja, gestores, profissionais de saúde, a sociedade, de forma a qualificar a atenção nas instituições que prestam assistência à saúde.

Ao longo do tempo, a assistência à saúde vem evoluindo com os avanços tecnológicos e científicos, e tem em vista a melhoria das ações de saúde para a sociedade. Se constata o desenvolvimento tecnológico-científico nas atuações de saúde, mesmo com a persistência de problemas antigos como é o caso das infecções hospitalares.

Segundo Swartz, 1994:

Apesar dos recentes avanços tecnológicos que melhoraram as condições de tratamento dos pacientes internados, vieram os equipamentos de assistência às condutas médicas os procedimentos invasivos, como intubação, ventilação mecânica e cirurgias, além da hospitalização prolongada que podem predispor ao risco de infecção hospitalar, colocando os microrganismos hospitalares em contato direto com uma porta de entrada, no organismo do paciente.

Antecede em muito a história de infecção hospitalar e suas diferentes técnicas hoje aplicadas, a infecção hospitalar passou a ter destaque após a década de 90, com a Portaria do Ministério da Saúde nº 2616, de 12 de maio de 1998, que demonstra ações a serem desenvolvidas continuamente, tendo em vista à redução da incidência e da gravidade das infecções pertinentes aos serviços de saúde.

As infecções representam complicações conexas à assistência à saúde e consiste no principal motivo de mortalidade e morbidade hospitalar, ampliando o tempo de internação dos pacientes e elevando os custos dos hospitais e reduzindo a rotatividade de seus leitos.

Segundo a Revista Saúde Pública, 2000:

Embora as principais causas de infecção hospitalar estejam relacionadas com o doente suscetível à infecção e com os métodos-diagnósticos e terapêuticos utilizados, não se pode deixar de considerar a parcela de responsabilidade relacionada aos padrões de assepsia e de higiene do ambiente hospitalar. Assim, tem sido responsabilidade da enfermagem a busca por um ambiente hospitalar biologicamente seguro e confortável.

A infecção hospitalar há muito tempo tem sido motivo de preocupação entre os órgãos governamentais. Os procedimentos cada vez mais invasivos, o uso indiscriminado e a resistência aos antimicrobianos são fatores que apontam as infecções hospitalares como um relevante problema de saúde pública.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta outros fatores que têm contribuído para o aumento da incidência da multirresistência microbiana:

Pobreza, acesso inadequado aos medicamentos, propaganda de novas drogas, falha terapêutica, medicamentos falsificados, preferência pelos insumos de largo espectro, deficiência na formação dos profissionais de saúde, alimentos contaminados com microorganismo resistentes, a globalização e, finalmente, deficiência na vigilância da epidemiologia intra e extra-hospitalar (OMS, 2003).

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 OBJETIVOS GERAIS

Entender através da revisão de periódicos e doutrina assistencial de enfermagem e aplicar os conhecimentos na prevenção, detecção e controle das infecções hospitalares, além de expandir os conhecimento e competência na área da saúde, a partir da compreensão da doutrina, revistas e da comunidade científica.

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Apresentar procedimentos, conhecer a portaria do Ministério da Saúde que regulamenta a formação das CCIHs (Comissão de Controle de Infecção Hospitalar) e as ações preventivas e educativas ao que se refere às Infecções Hospitalares. Indicar os fatores de risco das Infecções Hospitalares. Debater as concepções básicas de controle e prevenção. Informar os modelos de Infecções Hospitalares e discutir os indicadores epidemiológicos. Identificar os principais agressores do ambiente e relacionar às medidas de controle específicas e suas formas de prevenção.

2 METODOLOGIA

Pesquisa elaborada através das revistas e artigos científicos reconhecidos pela comunidade nacional e internacional, que proporciona um relevante número de especialistas e escritores no Brasil e no exterior.

3 CONTEXTO HISTÓRICO DAS INFECÇÕES HOSPITALARES

O surgimento dos hospitais é tão antigo quanto o aparecimento das infecções hospitalares. Data aproximadamente do ano 330 a.C. No Império Romano, a existência do primeiro hospital urbano, embora tenha sido descrita a construção do primeiro hospital em 394 a.C. na periferia de Roma.

Após muitos outros foram criados, como o Hotel-Dieu na França, que possuía cerca de 1.200 leitos, dos quais eram compartilhados com outros doentes. Caracterizando uma função caritativa, de assistência aos pobres, inválidos, peregrinos e doentes.

Os hospitais eram construídos próximos às catedrais. Esses espaços de segregação e de exclusão, iguais a albergues ou asilos, eram fonte inesgotável de doenças devido às características sanitárias e de assistência precárias, não se fazendo presentes, nem o médico e nenhuma atividade terapêutica. Não dispunham forma assistencial que evitasse os contágios entre as pessoas ali assistidas, favorecendo a disseminação de doenças, especialmente as de caráter infeccioso.

Segundo Pereira; Moryta; Gir, 1996.

A IH apresenta-se como um agravo de grande significado epidemiológico dentro do contexto da assistência hospitalar. Suas consequências, tanto do ponto de vista humano como econômico, são relevantes. Entretanto, o conhecimento do processo para prevenção e consequente redução têm se mostrado viáveis em diferentes casos e situações.

Em condições altamente precárias pelas quais os hospitais até meados do século XVIII passavam, se observou os episódios das infecções hospitalares, as pessoas doentes assistidas nos hospitais passaram a desenvolver outras doenças em função da hospitalização.

A infecção aparece nos hospitais em decorrência das precárias condições em que as pessoas eram expostas e atendidas naqueles ambientes. Estas precariedades contribuíram para a evolução do conhecimento sobre o hospital e seu desígnio, que gradualmente passa a ter uma nova função na assistência à saúde.

Segundo Ferrareze; Leopoldo; Andrade, 2007.

O problema da IH se agrava ainda mais devido à disseminação exagerada de microrganismos multi drogas resistentes (MDR), principalmente, nas UTI, que figuram como área de alto risco para aquisição de infecções por esse tipo de bactérias (MDR), considerando: o tempo de permanência, o uso de imunossupressores e/ou antimicrobianos, procedimentos invasivos (intubação traqueal, cateterização venosa central, sondagem vesical e outros procedimentos), doença de base, condições nutricionais, extremos de idade, dentre outros aspectos.

O capitalismo colaborou para o processo da reestruturação dos hospitais, com o objetivo de valorizar o corpo como objeto principal para as forças de trabalho necessárias ao modelo capitalista e diminuir custos das instituições hospitalares.

Os hospitais iniciam uma gradual reestruturação, de um local de caridade para um local de cura, de observação, de saberes e de disciplina, com a inserção dos médicos, melhorando as condições de atendimento, tornando-os instituição mais funcional, internando doentes somente quando o médico evidenciasse a necessidade de internação evitando a superlotação e contribuindo para o ensino.

No Brasil as primeiras referências ao controle da contaminação hospitalar, surgiram na década de 50, aproximadamente em 1956, com questionamentos quanto a medidas ambientais, práticas relativas aos procedimentos invasivos como as técnicas assépticas, processos de esterilização de material hospitalar e o aparecimento de microorganismos resistentes pelo uso indiscriminado de antibióticos. (RODRIGUES, 1997).

A partir de 1968 surgem as primeiras Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) no país, vinculadas a instituições de ensino. Em 1976, o governo determina a necessidade de criação de CCIH nos hospitais próprios da previdência, mas a medida não causa impacto pela falta de fiscalização.

A década de 80 caracteriza-se por um grande avanço no controle de infecção, ocorrendo vários eventos relativos ao tema, levando a criação de várias CCIH nos hospitais brasileiros.

Segundo LIMA, 2007.

O PCIH é um conjunto de ações desenvolvidas deliberadas e sistematicamente com vistas à redução máxima possível da incidência e da gravidade da IH. Contempla orientações técnicas, rotinas e protocolos elaborados de forma a garantir a melhoria da qualidade assistencial.

Em 1983, o Ministério da Saúde, emitiu a Portaria MS nº 196/1986 que recomendava aos hospitais brasileiros a criação de CCIH. Em 1985, a morte do recém-eleito Presidente da República, Tancredo Neves, por septicemia devido a uma infecção pós- cirúrgica, causou grande repercussão nacional, corroborando para que o Ministério da Saúde implementasse ações e projetos que mudassem o panorama e os rumos do controle de infecção no país (LIMA, 2007).

Desencadeia-se ações como o levantamento das instituições brasileiras que já tinham CCIH operacionalizadas, capacitação de multiplicadores, intercâmbio de conhecimentos entre os profissionais de saúde, elaboração de manuais e normas técnicas. Em 1989 ocorreu o 1º Congresso Brasileiro sobre Infecção Hospitalar em São Paulo, como consequência do desenvolvimento desse conhecimento entre os profissionais e na constituição de um novo mercado de trabalho. Os anos 90 marcaram um progressivo desgaste no Programa de Controle de Infecção Hospitalar Brasileiro, mesmo com a publicação da Portaria MS nº 930/1992.

A política de descentralização das ações de saúde, amparada pela Lei nº 8.080/1990, provocou a fragmentação e dispersão das bases de apoio em controle de infecção hospitalar do Ministério da Saúde. O efeito dessa descentralização culminou na formação de núcleos de profissionais em alguns Estados com o intento de manter trocas de experiências, dando origem a várias associações de profissionais em controle de infecção.

O Ministério da Saúde emitiu a Lei Federal nº 9.431/1997 que determinava a obrigatoriedade de manutenção de Programas de Controle de Infecção Hospitalar em todos os hospitais do país.

Segundo Pereira; Morita; Gir 1996:

Em 1997, aprovou-se a lei 9431, tornando obrigatória a presença da CCIH e do programa de controle de IH independente do porte do hospital e, em 1998, publicou-se a portaria 2616, definindo e instituindo a equipe que deveria compor a comissão na qualidade de membro executor dos programas de controle de IH e atualmente vigente no Brasil.

Após a emissão da Lei Federal nº 9.431, o Ministério da Saúde emite a Portaria nº. 2.616/1998, ainda em vigor, que mantém a obrigatoriedade da existência de um PCIH em todos os hospitais do país, trata da organização e competências da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar – CCIH e do Programa de Controle de Infecção Hospitalar – PCIH, estabelece os conceitos e critérios diagnósticos das Infecções Hospitalares, dá orientações sobre a vigilância epidemiológica das infecções hospitalares e seus indicadores, faz recomendações sobre a higiene das mãos e enfatiza a observância de publicações anteriores do Ministério da Saúde quanto ao uso de germicidas, microbiologia, lavanderia e farmácia.

De acordo com a Portaria n° 2616, de 12 de maio de 1998, ANVISA:

A infecção hospitalar é definida do seguinte modo: Infecção hospitalar é aquela adquirida após admissão do paciente e que se manifeste durante a internação ou após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares.

Em 1999 foi criada a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), autarquia ligada ao Ministério da Saúde, em cujas atribuições inclui também o controle de infecção hospitalar em nível federal, com suporte às Secretarias Estaduais por meio de apoio técnico, capacitações, expedição de normas e legislações, consolidação de informações e promoção da socialização das informações pertinentes.

4 INFECÇÃO HOSPITALAR

Infecção Hospitalar é a infecção adquirida após a internação do paciente, que se manifesta durante a internação ou mesmo após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares.

Segundo, Santos, 2004.

Infecção hospitalar é toda contaminação contraída durante o período de internação hospitalar e normalmente é desenvolvida após o desequilíbrio da flora bacteriana humana, após métodos invasivos e do contato com a própria microbiota hospitalar.

A Infecção Hospitalar é um dos maiores problemas enfrentados nos hospitais e por profissionais da saúde e a principal medida para controle das infecções é a higienização das mãos realizada de forma correta nos momentos indicados. Controlar a infecção é garantir a qualidade dos serviços e atendimentos prestados dentro da instituição. SCIH é o Serviço de Controle de Infecção Hospitalar, implantado de acordo com as normas da vigilância sanitária, é responsável por executar as atividades definidas pela CCIH (Comissão de Controle de Infecção Hospitalar). O SCIH desenvolve ações em conjunto com a CCIH, visando prevenir ou reduzir a incidência ou a gravidade das infecções hospitalares.

Segundo, NOGUEIRA, 2009; ALMEIDA, 2007.

É toda aquela infecção que está relacionada à hospitalização, quando o hospital, após a clínica laboratorial, não detectou o patógeno que está causando esta devida infecção, comprovando que o paciente não a possui no início da internação e nem 72 horas após, tempo necessário para que haja alguma evidência sintomática. A infecção hospitalar é vista como um fator preocupante e por ter índices elevados de mortalidade é considerado problema de saúde pública.

O ambiente hospitalar oferece agentes infecciosos variados e muito resistentes. Os doentes internados têm um maior risco de adquirirem infecções devido à própria natureza hospitalar, pois vão se expor a microrganismos que no seu dia-a-dia não entraram em contato. Por estarem mais enfraquecidos e as suas defesas contra as infecções debilitadas, se torna necessário a efetivação dos procedimentos invasivos, técnica propícia para o desenvolvimento de uma infecção hospitalar.

A infecção hospitalar, ou Infecção Relacionada à Assistência em Saúde (IRAS) é definida como qualquer infecção adquirida enquanto a pessoa está internada no hospital, podendo se manifestar ainda durante a internação, ou após a alta, desde que seja relacionada com a internação ou a procedimentos realizados no hospital.

Adquirir uma infecção no hospital não é incomum, pois este é um ambiente em que estão muitas pessoas doentes e em tratamento com antibióticos. Durante o período em um hospital, alguns dos principais fatores que causam a infecção são:

  • Desequilíbrio da flora bacteriana da pele e do organismo, geralmente devido ao uso de antibióticos;
  • Queda da defesa do sistema imune da pessoa internada, tanto pela doença, como por uso de medicamentos;
  • Realização de procedimentos invasivos como passagem de cateter, passagem de sondas, biópsias, endoscopias ou cirurgias, por exemplo, que quebram a barreira de proteção da pele.

Na maioria das vezes, os microrganismos que causam a infecção hospitalar não causam infecções em outras situações, pois eles aproveitam o ambiente com poucas bactérias inofensivas e a queda da resistência do paciente para se instalar. Apesar disto, as bactérias hospitalares costumam desenvolver infecções graves e de difícil tratamento, já que são mais resistentes aos antibióticos, por isso, em geral, é necessário usar antibióticos mais potentes para curar este tipo de infecção.

4.1 TIPOS DE INFECÇÃO HOSPITALAR

As infecções relacionadas com o ambiente de saúde podem ser classificadas em alguns tipos de acordo com o microrganismo e forma de entrada no corpo. Assim, as IRAS podem ser classificadas em:

Exógena, em que a infecção é causada por um microrganismo que não faz parte da microbiota da pessoa, sendo adquirido através das mãos dos

Endógena, em que a infecção é causada pela proliferação de microrganismos da própria pessoa, sendo mais frequente em pessoas com sistema imune mais comprometido;

profissionais de saúde ou como consequência de procedimentos, medicamentos ou alimentos contaminados;

Cruzada, que é comum quando existem vários pacientes na mesma UTI, favorecendo a transmissão de microrganismos entre as pessoas internadas;

Inter hospitalar, que são infecções levadas de um hospital a outro. Ou seja, a pessoa adquire infecção no hospital em que teve alta, mas foi internada em outro.

É importante que seja identificado o tipo de infecção hospitalar para que a Comissão de Controle de Infecção do hospital trace medidas de prevenção e controle de microrganismos no hospital.

5 INFECÇÕES MAIS FREQUENTES

As infecções adquiridas em hospitais podem levar ao aparecimento de sinais e sintomas que variam de acordo com o microrganismo responsável pela infecção e via de entrada no organismo.

5.1 INFECÇÃO URINÁRIA

A infecção urinária hospitalar é facilitada pelo uso de sonda durante o período de internação, apesar de qualquer pessoa poder desenvolver. Algumas das bactérias mais envolvidas nesta situação incluem Escherichia coli, Proteus sp., Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella sp., Enterobacter sp., Enterococcus faecalis e de fungos, como Candida sp. Os principais sintomas da infecção urinária podem ser identificados por meio de dor ou ardência ao urinar, dor abdominal, presença de sangue na urina e febre.

5.2 PNEUMONIA

A pneumonia adquirida no hospital costuma ser grave e é mais comum em pessoas que estão acamadas, desacordadas ou que têm dificuldades da deglutição, pelo risco de aspiração de alimentos ou da saliva. Além disso, pessoas que fazem uso de dispositivos que auxiliam na respiração, têm mais chance de adquirir infecção hospitalar. Algumas bactérias mais comuns neste tipo de pneumonia são Klebsiella pneumoniae, Enterobacter sp., Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter baumannii, Staphylococcus aureus, Legionella sp., além de alguns tipos de vírus e fungos. Os principais sintomas associados à pneumonia hospitalar são dor no tórax, tosse com secreção amarelada ou sanguinolenta, febre, cansaço, falta de apetite e falta de ar.

5.3 INFECÇÃO DO SANGUE

A infecção da corrente sanguínea é chamada de septicemia e, geralmente, surge após infecção de algum local do corpo, que se espalha pela corrente sanguínea. Este tipo de infecção é grave, e se não for rapidamente tratada pode rapidamente causar falência dos órgãos e risco de morte. Qualquer dos microrganismos infectados pode se disseminar pelo sangue, e alguns dos mais comuns são: E. coli, Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis ou Candida. Os principais sintomas relacionados à infecção no sangue são febre, calafrios, queda da pressão, batimentos cardíacos fracos, sonolência.

Existem ainda diversos outros tipos de infecção hospitalar menos comuns, que afetam variadas regiões do corpo, como cavidade oral, trato digestivo, genitais, olhos ou ouvidos, por exemplo. Qualquer infecção hospitalar deve ser identificada rapidamente e tratada com antibióticos adequados, para evitar que se torne grave e coloque em risco a vida da pessoa, por isso na presença de qualquer sinal ou sintoma desta situação, deve-se comunicar ao médico responsável.

5.4 INFECÇÃO DE PELE

As infecções de pele são muito comuns devido às aplicações de injeções e acessos venosos para medicamentos ou coletas de exames, cicatriz de cirurgia ou biópsia ou pela formação de escaras de decúbito. Alguns dos microrganismos envolvidos neste tipo de infecção são Staphylococcus aureus, Enterococcus, Klebsiella sp., Proteus sp., Enterobacter sp, Serratia sp., Streptococcus sp. e Staphylococcus epidermidis.

Os principais sintomas relacionados no caso da infecção de pele, é a possibilidade da presença de área de vermelhidão e inchaço na região, com ou sem a presença de bolhas. Geralmente, o local é doloroso e quente, e pode haver produção de secreção purulenta e mal cheirosa.

6 CONTROLE DA INFECÇÃO HOSPITALAR

O controle das IRAS é feito pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), que corresponde a um grupo formado por profissionais da saúde que têm como função elaborar estudar as características epidemiológicas do hospital e elaborar um programa de controle de infecção hospitalar com o objetivo de reduzir ao máximo o número de infecções adquiridas no hospital, bem como a taxa de microrganismos multirresistentes.

A CCIH é adequada de acordo com as características do hospital e suas necessidades, sendo as principais atividades realizadas por essa comissão:

  • Elaboraçãodenormaserotinasparaalimpezaedesinfecção dosambientes, estabelecendo a frequência, tipo de desinfetante, especialmente em áreas críticas, como berçários, centros cirúrgicos ou UTI, por exemplo;
  • Determinação de regras para pacientes, visitantes e profissionais, paradiminuiroriscodeinfecções, como limitar o número de visitantes, estabelecimento de normas e treinamentos para higiene, coleta de exames, aplicação de medicações, realização de curativos ou preparo dos alimentos, por exemplo;
  • Estimulação de medidas de higiene, principalmente das mãos, que são um dos principais veículos de transmissão de microrganismos, com a lavagem frequentes, ou com uso do álcool gel. As medidas de lavagem das mãos devem ser implantadas tanto para os acompanhantes dos pacientes, quanto para a equipe médica, sendo importante a monitorização dessa prática;
  • Orientações para uso correto de antibióticos, evitando que os pacientes sejam tratados com antibióticos sem necessidade ou por antimicrobianos de amplo espectro, impedindo, assim, o desenvolvimento de bactérias multirresistentes;
  • Orientaçãosobreousodeprodutosquímicosparaeliminarmicrorganismos, como germicidas, desinfetantes, antissépticos, agentes de limpeza;
  • Realização da vigilância de casos de infecção, para entender as causas e elaborar formas de prevenção.

Para diminuir a taxa de infecção de um hospital, os cuidados básicos devem ser tomados com todos os pacientes, independentemente de seu diagnóstico e tratamento realizado. Além disso, é importante incentivar a alta hospitalar sempre que possível, evitando-se permanecer muito tempo no hospital, já que as chances de infecção aumentam com o passar do tempo.

As atividades desempenhadas pela CCIH são realizadas com o objetivo principal promover a segurança do paciente por meio de medidas que visem diminuir o risco de infecção do paciente, como por exemplo conscientizar acompanhantes e equipe médica sobre a higienização correta das mãos, já que as mãos são consideradas as principais vias de transmissão e contágio por microorganismos. Saiba como lavar as mãos corretamente.

As infecções hospitalares são problemas desafiadores na saúde. Ao aumentar significativamente a taxa de mortalidade nos hospitais, elas dificultam o trabalho da equipe e trazem grande risco à saúde, tanto dos pacientes quanto dos enfermeiros e médicos locais. Por isso, é fundamental investir em práticas funcionais para aprimorar o controle e reduzir as taxas.

6.1 PRECAUÇÕES PADRÃO

São precauções utilizadas no atendimento de todos os pacientes que estão internados, podendo está com o quadro infeccioso ou presumível, e também na utilização dos equipamentos e objetos relacionados ao paciente.

Deve-se investir nos hábitos primários de higienização, como a limpeza correta das mãos, etapa fundamental para evitar transmissões de infecções sérias e problemáticas. As mãos são as ferramentas mais importantes dos profissionais de saúde, sobretudo nas clínicas e hospitais.

6.2 PRECAUÇÕES DE CONTATO

Da mesma forma como as medidas primárias são importantes, investir nas precauções de contato é outra forma altamente eficaz para garantir que as infecções hospitalares diminuam. Nesse caso, a ação deve ser realizada para todos os pacientes em isolamento.

Do mesmo modo é importante utilizar luvas, capotes, óculos de proteção e máscaras, evitando o transporte de pacientes durante as internações, os equipamentos não podem ser compartilhados.

6.3 PRECAUÇÕES PARA GOTÍCULAS

Da mesma forma faz parte das precauções de contato a prevenção de transmissão por gotículas expelidas pela fala, respiração, tosse e aspiração em uma distância de um metro na aproximação constante com o paciente. Dessa forma, os enfermeiros devem usar máscaras cirúrgicas ao chegar perto dos pacientes com esse tipo de precaução.

De igual modo, outra ação imprescindível é o isolamento de enfermos que apresentam patologias transmissíveis por gotículas durante a internação. Nesses casos, o ideal é transferi-los com cuidado para um quarto privativo caso não seja possível, pode compartilhado com outro paciente que tenha o mesmo agente infeccioso, com sistema de ventilação por pressão negativa, assim como manter a porta sempre fechada.

Observa-se que o uso correto das roupas hospitalares também faz parte das precauções e precisam ser adotadas em quaisquer instituições de saúde para garantir a segurança de todos. O investir no uso de equipamentos individuais, como máscaras, luvas, óculos protetores, gorro e jaleco diminui a chance da transmissão por gotículas.

6.4 PRECAUÇÕES PARA AEROSSÓIS

São medidas adotadas para pacientes com suspeita ou diagnóstico de infecção transmitida por via aérea, que podem ficar suspensas no ar ou ressecadas no ambiente. Deve-se utilizar para o cuidado deste paciente, máscara N95 ou PFF2 (Peça Facial Filtrante II), área física específica, dotada de sistema de ar com uso de filtro especial e pressão negativa. Cada local hospitalar tem um protocolo de limpeza característico, desenvolvido para oferecer segurança aos pacientes e à equipe. Todo profissional ativo deve adotar os padrões éticos e técnicos para garantir que o controle das IH seja eficaz.

O ar deste quarto é considerado contaminado em relação aos dos demais, por isso o ar presente neste quarto não deve atingir o corredor, as portas e janelas devem ser mantidas fechadas, bem vedadas e a troca de ar com o ar externo ocorre periodicamente.

6.5 ESTERILIZAÇÃO DOS MATERIAIS

Todos os estabelecimentos de saúde precisam ter um Centro de Materiais e Esterilização (CME), responsável pela esterilização dos instrumentos cirúrgicos para garantir qualidade das técnicas invasivas e dos cuidados pré e pós-cirúrgicos.

CME aumenta a prevenção e controle das IH ao realizar as técnicas de esterilização, desenvolvendo um trabalho aguçado da equipe de enfermagem e elevando a qualidade hospitalar.

Para uma eficaz higienização a fim de eliminar os microrganismos indesejados, é utilizado degermante, álcool, ar comprimido para limpeza dos materiais cirúrgicos, secar bem o material, após a limpeza por meio de um pano branco limpo e sem fiapos, para permitir a visualização de possíveis resquícios.

O CME é responsável pela organização e embalagem dos materiais, realizando outra inspeção na autoclave para garantir que cada instrumento esteja íntegro, funcional e pronto para ser utilizado na próxima intervenção.

As embalagens devem ser feitas corretamente a fim de garantir o bom uso futuro. Para isso, todas precisam apresentar a identificação do equipamento, a data de embalagem e o respectivo profissional, assim como fornecer abertura fácil no dia de uso.

7 CONCLUSÃO

As Instituições de Saúde, desde que adequadamente conscientizadas, usufruirão de vantagens socioeconômicas e políticas na implantação de uma

C.C.I.H. A existência de uma C.C.I.H. proporciona a elevação da qualidade da assistência aos pacientes nos níveis de promoção, proteção, recuperação e reabilitação. Economicamente, a existência de uma C.C.I.H, elevará a produtividade em função da diminuição da média de permanência e da maior rotatividade e ocupação dos leitos. Independentemente do número de leitos e de profissionais lotados em cada Instituição de Saúde, é viável a implantação e funcionamento de uma C.C.I.H, desde que sejam feitas adaptações de acordo com a realidade.

O conhecimento sobre epidemiologia e o exercício do controle das infecções hospitalares são questões importantes que estão em processo de mudanças. O entendimento dos mecanismos de transmissão, associados ao aumento dos recursos diagnósticos laboratoriais, apresentam conceitos consideráveis para o controle destas infecções. A assepsia das mãos, o isolamento de doenças transmissíveis e o tratamento específico para cada tipo de infecção são avaliados como os meios mais viáveis que resultam na prevenção e controle das infecções hospitalares.

Conclui-se que o profissional da enfermagem assume um papel decisivo e proativo no que se refere a identificação das necessidades do cuidado para com o tratamento e manipulação dos instrumentos utilizados nas cirurgias e procedimentos hospitalares. Além dos investimentos em altas tecnologias em saúde deve-se considerar a importância de se investir no potencial humano como um elemento fundamental para o desenvolvimento de práticas de controle de infecção que culminem numa assistência segura e qualificada, que minimiza a permanência na internação, o aumento dos custos hospitalares, o sofrimento dos pacientes e de suas famílias, trazendo repercussões para toda a sociedade.

REFERÊNCIAS

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1 Acadêmicas do Curso de Enfermagem da Faculdade Doctum de Serra-ES.
2 Enfermeira, mestre em Desenvolvimento e Política Pública.