CONTRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE SEXUAL DURANTE A GESTAÇÃO: REVISÃO NARRATIVA

NURSE CONTRIBUTIONS TO PROMOTING SEXUAL HEALTH DURING PREGNANCY: NARRATIVE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10363265


Nayla Santos Cruz1; Mayra Aparecida Mendes Ribeiro2; Guilia Rivele Souza Fagundes3; Ivani Salviano Soares dos Santos4; Lucas Cauê Bezerra da Silva5; Romário Alencar Silva6; Patrícia dos Santos Silva Queiroz7; Josemkelma Melo dos Santos Costa8; Gabriel de Sousa Nascimento9; Marcos farias carneiro10; Raquel de Sousa Sobral11; Igor Rodrigues da Fonseca12; Lívia Maria Dias Oliveira Bustamante13; Andressa Oliveira Barbosa14.


RESUMO

O ciclo vital feminino é composto por várias fases, que vão desde a infância à velhice e entre estas, a mulher pode desfrutar do privilégio de gerar uma vida sendo esta fase denominada de gravidez, período visto como de grande importância, entendida como um momento fisiológico, em que o corpo é preparado para este acontecimento, caracterizado por alterações físicas, hormonais, psicológicas, emocionais e sociais. Algumas mulheres encaram a gravidez como um momento mágico e de alegria, no entanto, para outras pode ser visto como período de surpresas, incertezas e medo. Quando relacionado ao ciclo gravídico, observam-se algumas dificuldades quanto ao atendimento por parte dos profissionais que acolhem a gestante, além de estudos escassos relacionados a este tema de grande relevância nos dias atuais. Diante do contexto, esse estudo buscou analisar a contribuição do enfermeiro acerca da saúde sexual das gestantes enquanto educador de saúde frente a esta temática. Trata-se de uma revisão narrativa da literatura, realizada por meio de busca dos estudos científicos em bases de dados eletrônicas de acesso público, dentre elas, foram selecionadas: (Scielo), (BDENF), (LILACS), além de Cadernos de Atenção Básica do Ministério da Saúde. No ciclo gravídico puerperal a vivência da sexualidade é influenciada pelas modificações psicofisiológicas. O apoio e a assistência dos profissionais de saúde podem colaborar para uma melhor vivência da sexualidade na gestação. O enfermeiro obstetra ao lidar com a grávida deve compreender o que se passa na gestação, não apenas sob o ponto de vista biológico, mas como a gestante vive este momento. A assistência pré-natal é uma oportunidade de articular com o casal grávido sobre as implicações desta fase tão especial da vida. Faz-se necessário ampliar as ações de enfermagem no período gestacional em relação às questões sexuais, para propiciar uma vivência saudável da sexualidade nesta fase. Importante também incorporar esta discussão na formação dos estudantes, na prática e na pesquisa da enfermagem, para que se traduza em cuidados de enfermagem.

Palavras- chave: Enfermagem, Gravidez, Sexualidade.

ABSTRACT

The female life cycle is made up of several phases, ranging from childhood to old age and between these, the woman can enjoy the privilege of generating a life, this phase being called pregnancy, a period seen as of great importance, understood as a physiological moment. , in which the body is prepared for this event, characterized by physical, hormonal, psychological, emotional and social changes. Some women see pregnancy as a magical and joyful moment, however, for others it can be seen as a period of surprises, uncertainty and fear. When related to the pregnancy cycle, there are some difficulties regarding care on the part of professionals who welcome pregnant women, in addition to few studies related to this topic of great relevance today. Given the context, this study sought to analyze the nurse’s contribution to the sexual health of pregnant women as a health educator on this topic. This is a narrative review of the literature, carried out by searching scientific studies in publicly accessible electronic databases, among which the following were selected: (Scielo), (BDENF), (LILACS), in addition to Cadernos de Atenção Basic from the Ministry of Health. In the pregnancy and puerperal cycle, the experience of sexuality is influenced by psychophysiological changes. Support and assistance from health professionals can contribute to a better experience of sexuality during pregnancy. The obstetric nurse, when dealing with pregnant women, must understand what happens during pregnancy, not only from a biological point of view, but how the pregnant woman experiences this moment. Prenatal care is an opportunity to discuss with the pregnant couple the implications of this very special phase of life. It is necessary to expand nursing actions during the gestational period in relation to sexual issues, to provide a healthy experience of sexuality at this stage. It is also important to incorporate this discussion into student training, nursing practice and research, so that it can be translated into nursing care.

Keywords: Nursing, Pregnancy, Sexuality.

INTRODUÇÃO

O ciclo vital feminino é composto por várias fases, que vão desde a infância à velhice e entre estas, a mulher pode desfrutar do privilégio de gerar uma vida sendo esta fase denominada de gravidez, período visto como de grande importância, entendida como um momento fisiológico, em que o corpo é preparado para este acontecimento, caracterizado por alterações físicas, hormonais, psicológicas, emocionais e sociais. Algumas mulheres encaram a gravidez como um momento mágico e de alegria, no entanto, para outras pode ser visto como período de surpresas, incertezas e medo (COSTA et al., 2010).

Para o casal, o ciclo gestacional é um período de adaptações em todos os sentidos: físico, emocional e sexual. Emocionalmente a mulher pode ter alterações de autoestima, ocorrendo diminuição da sensação de feminilidade e atração devido às mudanças físicas. Estas modificações podem apresentar-se como um impedimento para o relacionamento do casal e influenciar tanto na sexualidade da mulher, como na do homem. Outros fatores relevantes que devem ser considerados importantes são as mistificações e tabus impostos em algumas épocas da humanidade e que são transmitidos entre gerações, como a associação entre gestação e abstenção sexual. Em consequência disso, alguns casais não correlacionam maternidade ao ato sexual, podendo levar a conflitos conjugais (BARBOSA et al., 2011).

Segundo o Ministério da Saúde, a sexualidade é constituída como um dos alicerces relacionados à qualidade de vida dos indivíduos. Os principais direitos do ser humano incluem: viver integralmente a sexualidade sem constrangimentos, independentemente da sua condição física, moral e social. Assegurando-lhe serviços de saúde de qualidade garantindo completo sigilo, privacidade e nenhuma forma de discriminação (BRASIL, 2009).

A sexualidade é um tema que desperta bastante interesse das várias áreas de conhecimento em saúde nos últimos anos. Quando relacionado ao ciclo gravídico, observam-se algumas dificuldades quanto ao atendimento por parte dos profissionais que acolhem a gestante, além de estudos escassos relacionados a este tema de grande relevância nos dias atuais (LIMA; DOTTO; MAMEDE, 2013).

Diante do contexto, esse estudo buscou analisar a contribuição do enfermeiro acerca da saúde sexual das gestantes enquanto educador de saúde frente a esta temática.

MÉTODO

Trata-se de uma revisão narrativa da literatura, realizada por meio de busca dos estudos científicos em bases de dados eletrônicas de acesso público, dentre elas, foram selecionadas: Scientific Electronic Library Online (Scielo), Base de Dados de Enfermagem (BDENF), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), além de Cadernos de Atenção Básica do Ministério da Saúde.

A busca foi concretizada por meio da articulação dos descritores obtidos na consulta aos Descritores em Ciências da Saúde (DECS). São eles: Saúde Sexual, Enfermagem e Gestação, foi utilizado o operador booleano AND disponíveis na língua portuguesa, no período de 2018 a 2022 e que abordem sobre a temática relacionada com a conduta de enfermagem acerca das intervenções de enfermagem para a promoção da saúde sexual das gestantes, textos produzidos na íntegra e na língua portuguesa.

Foram excluídas as publicações que não estavam online e com o texto completo, artigos publicado em idiomas diferente do elegido para este estudo, artigos que não abordaram o tema proposto, artigos de opiniões, editoriais, publicações cinzentas, estudos duplicados, ou artigos que não centraram suas análises em saúde sexual, reprodutiva dos adolescentes na atenção primária e estudos de revisão. Realizou-se a busca e seleção do material com a leitura e analise descritiva subsidiando a construção de um texto consolidado, constituindo, assim, os resultados deste trabalho. O tipo de estudo realizado dispensa a avaliação ética por se tratar de revisão narrativa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A vivência da sexualidade no ciclo gravídico puerperal sofre influências anatômicas, fisiológicas e psicológicas que variam de mulher para mulher. Tem início um processo de desenvolvimento que levará a mulher a transformações orgânicas e expressivas mudanças biológicas e psicossociais causando um impacto sobre a atividade e o comportamento sexual (CAMACHO; VARGENS; PROGIANTI, 2010; LEITE et al., 2007).

As mudanças vivenciadas durante a gravidez não são apenas sentidas pela grávida, mas também pelo companheiro. Embora todas as transições sejam responsáveis por alterações na vida dos indivíduos e tenham implicações importantes na sua saúde e bem- estar, a transição para a parentalidade implica um conjunto específico de mudanças para a mulher e para o homem, particularmente no que se refere aos relacionamentos conjugais e familiares. A gravidez é uma fase de transição que implica uma nova adaptação do casal a vários níveis, nomeadamente no que se refere à sexualidade (CAMACHO; VARGENS; PROGIANTI, 2010).

A vivência da sexualidade na gravidez pode ser analisada e compreendida durante as três fases do processo gestacional, fundamentada no desejo sexual, no interesse sexual e no desempenho sexual da gestante, as quais repercutem também na vida sexual do parceiro (CANELLA, 2000; VITIELLO, 2003; LECH; MARTINS, 2003).

As alterações do desejo, do interesse e desempenho sexuais tendem a surgir com maior intensidade a partir do segundo trimestre, embora muitas vezes se manifestem desde o início da gravidez. É raro observar aumento da sexualidade, porém algumas mulheres experimentaram o orgasmo pela primeira vez durante a gravidez. O desejo sexual é o impulso que mobiliza o mundo interno para a experiência erótica e não altera significativamente o relacionamento do casal, embora a maioria dos autores acredite que as modificações físicas e psicológicas da gravidez tornem comum a diminuição do desejo sexual (MONTENEGRO, 1999).

No ciclo gravídico puerperal a vivência da sexualidade é influenciada pelas modificações psicofisiológicas. O apoio e a assistência dos profissionais de saúde podem colaborar para uma melhor vivência da sexualidade na gestação. O enfermeiro obstetra ao lidar com a grávida deve compreender o que se passa na gestação, não apenas sob o ponto de vista biológico, mas como a gestante vive este momento. A assistência pré-natal é uma oportunidade de articular com o casal grávido sobre as implicações desta fase tão especial da vida (AZEVEDO, 2011).

A assistência de enfermagem às gestantes deve incluir esclarecimentos sobre a sexualidade de forma simples, direta, realista e enfática. Importante destacar que a sexualidade não acarreta riscos ao feto na gravidez saudável e orientar as situações em que as relações sexuais são desaconselhadas, tais como: enfermidade de transmissão sexual, ameaça de aborto, patologia cérvico-vaginal com sangramento, cirurgia vaginal recente (um mês), placenta prévia ou ruptura prematura de membrana (ZIGHELBOIM, 2001).

A atuação do profissional de saúde no ciclo gravídico puerperal deve estar fundamentada na humanização da atenção. Torna-se fundamental estabelecer uma relação entre enfermeiro e gestante respaldado no respeito, e na perspectiva de que cada mulher vivencia sua gravidez e sexualidade de forma singular. É necessário reconhecer que ela pode vivenciar medos, dúvidas, angústias e fantasias. As necessidades peculiares requerem um atendimento que transmita segurança e confiança por parte desse profissional (AZEVEDO, 2011).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Verifica-se que a gravidez tem grande influência sobre a atividade sexual feminina, com impacto sobre a qualidade de vida da gestante. A vida sexual, presente durante a gravidez, vai muito além do genital, do ato sexual propriamente dito. Ela traz comprometimento e aceitação do outro, com benefícios significativos para os dois. Por isso, a vivência da sexualidade no período gestacional abrange o casal grávido.

Essa vivência da sexualidade é única para cada mulher e seu parceiro: existem casais que continuam a convivência harmoniosa anterior à gestação, enfrentando os problemas que surgem sem maiores dificuldades. Outros, porém atravessam o ciclo gravídico puerperal em desarmonia, quase sempre decorrente da vida conjugal que já levavam antes. A singularidade implica nas condições psicológicas, sociais e culturais da gestante, bem como de sua vida sexual junto ao companheiro. Não é, portanto, possível generalizar a vivência da sexualidade nos casais grávidos. Em vista dessa diversidade, faz-se relevante e necessário o apoio e a assistência dos profissionais de enfermagem que atuam na área da saúde pré-natal. A compreensão do universo psicológico e sociocultural da gestante facilita a interpretação do mundo significativo de alterações psicofisiológicas, como as náuseas, tonteiras, medos e ansiedades, contribuindo para uma comunicação mais efetiva entre gestante e enfermeiro.

Faz-se necessário ampliar as ações de enfermagem no período gestacional em relação às questões sexuais, para propiciar uma vivência saudável da sexualidade nesta fase. Importante também incorporar esta discussão na formação dos estudantes, na prática e na pesquisa da enfermagem, para que se traduza em cuidados de enfermagem.

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, G. E. F. Sexualidade na gestação: percepção de um grupo de gestantes, 2011 (Monografia), Faculdades Integradas de Patos, Patos-PB, 2011.

BARBOSA, B. N. et al. Sexualidade vivenciada na gestação: Conhecendo essa realidade. Rev Eletr Enf. v.13, p. 464-73, jul-set, 2011.

BRASIL. Ministério da Saúde. Direitos sexuais, direitos reprodutivos e métodos anticoncepcionais. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2009.Disponível em:http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/direitos_sexuais_reprodutivos_metodos_ anti concepcionais.pdf>.

CAMACHO, K. G.; VARGENS, O. M. E.; PROGIANTI, J. M. Adaptando-se à nova realidade: a mulher grávida e o exercício de sua sexualidade. Revista Enfermagem UERJ, Rio de Janeiro, v. 18, n. 1, p. 32-37, jan./mar. 2010.

CANELLA, P. R. B. Exercício da sexualidade durante a gestação. Boletim Informativo online da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana. São Paulo, v. 3, n. 4, abr. 2000.

COSTA, E. D. et al. Alterações fisiológicas na percepção de mulheres durante a gestação. Rev Rene Fortaleza.v.11, n. 2, p. 86-93, abr-jun. 2010.

LEITE, A. P. S. et al. Validação do índice da função sexual feminina em grávidas brasileiras. Revista Brasileira de Ginecologia & Obstetrícia, Rio de Janeiro, v. 29, n. 8, p. 396-401, ago. 2007.

LIMA, A. C; DOTTO, L. M. G; MAMEDE, M. V. Prevalência de disfunção sexual em primigestas no município de Rio Branco, Acre, Brasil. Cad. Saúde pública, Rio de Janeiro, v.29, p.1544-1554, 2013.

MARTINS, S. et al. Sexualidade na gravidez: influencia no bebê?: mitos, atitudes e informação das mães. Revista Portuguesa de Clinica Geral, Lisboa, v. 23, n. 4, p. 369- 378, 2007.

VITIELLO, N. O exercício da sexualidade durante a gestação. Jornal da Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo, São Paulo, n. 35, 2003

ZIGHELBOIM, I. Actividad sexual y embarazo. Revista de la Facultad de Medicina, Caracas, v. 24, n. 2, p. 101-103, 2001


1Acadêmica de Enfermagem pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB. Jequié – Ba.
naysantoscruz@hotmail.com
2Acadêmica de Enfermagem pela Universidade Estadual Vale do Acaraú Sobral- CE Aryam_ribeiro@hotmail.com
3Enfermeira pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – Uesb.Matina/ Ba guilia_matina@hotmail.com
4Acadêmico de Enfermagem pela UNIP.Imperatriz-Ma .iva09enfermagem@gmail.com
5Acadêmico de Enfermagem pelo Centro universitário Maurício de Nassau. Caruaru-Pe. lucaskcaue@gmail.com
6Enfermeiro pela Facimp Wyden. Imperatriz/ Mar.alencar.s@outlook.com
7Acadêmica de Enfermagem pela Universidade Ceuma. Imperatriz-Ma.patriciasqueiroz@gmail.com
8Enfermeira pela FACIMP
9Acadêmico de Enfermagem pela IES Ceuma Imperatriz. Imperatriz, Maranhão gbdsnascimento1602@gmail.com
10Acadêmico de Enfermagem pela Facimp Wyden. Imperatriz-Ma marcosfariaspsn@hotmail.com
11Enfermeira, Pós graduanda em Enfermagem do Trabalho pela Estácio Teresina. Santa Luzia/MA. raquelsobral95@gmail.com
12Acadêmico de Enfermagem pela Facimp Wyden. Imperatriz/ Ma. serafinsarcanjos@hotmail.co
13Acadêmico de Enfermagem pelo Centro Universitário de Barra Manda – UBM – Campus Cicuta. Imperatriz-MA.
liviabust@gmail.com
14 Enfermeira pela Facimp Wyden, Imperatriz MA, enf.andressabarbosa@gmail.com