CONTRIBUTIONS OF COLOSTRUM THERAPY TO NEONATAL IMMUNE DEVELOPMENT IN PREMATURE INFANTS
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202504262256
Aldilene Carneiro Santos¹
Edivaldo Silva Pinheiro²
RESUMO:
Introdução: A colostroterapia refere-se à prática de ofertar pequenas quantidades de colostro diretamente na mucosa oral do recém-nascido, com o propósito de ativar a resposta imunológica local, favorecendo sua absorção e contribuindo para a formação de uma barreira de proteção. Objetivo: Investigar, na literatura científica, as evidências sobre os benefícios da terapia com colostro no desenvolvimento do sistema imunológico de recém-nascidos prematuros. Materiais e Métodos: Trata-se de uma revisão narrativa, com abordagem descritiva, realizada a partir do levantamento de artigos científicos nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e National Library of Medicine (PubMed). Os critérios de inclusão foram: artigos completos e disponíveis, nacionais e internacionais, publicados nos idiomas português, inglês e espanhol, e com publicação nos últimos 10 anos. Os critérios de exclusão consistiram na eliminação de artigos publicados fora da linha do tempo definida, artigos repetidos, estudos de revisão ou aqueles que não possuíam relação direta com o tema do estudo. Resultados e Discussões: Foram selecionadas sete (07) pesquisas científicas de acordo com os descritores utilizados. Os estudos analisados, apesar das diferentes metodologias, evidenciam a importância da colostroterapia no desenvolvimento de recém-nascidos, especialmente nos pré-termo com baixo e muito baixo peso. A administração orofaríngea do colostro, geralmente em doses de 0,1 ml aplicadas na mucosa oral de cada bochecha, é realizada conforme protocolo padronizado e demonstra maior eficácia quanto menor o grau de maturidade do neonato. Nos estudos, destaca-se ainda o papel essencial dos profissionais de saúde, especialmente do enfermeiro, no apoio e orientação às puérperas logo após o nascimento, assegurando a correta implementação da colostroterapia e contribuindo para a adesão ao aleitamento materno. Conclusão: A colostroterapia é uma prática segura e eficaz que fortalece a imunidade de recém-nascidos prematuros, reduz infecções e favorece a formação de uma microbiota saudável. Também estimula o aleitamento materno e a manutenção da lactação. Destaca-se o papel essencial do enfermeiro, cuja atuação técnica e apoio humanizado são fundamentais para o êxito da prática.
Palavras-chave: Colostro; Enfermagem Neonatal; Sistema Imunológico; Recém-nascido Prematuro
ABSTRACT:
Introduction: Colostrum therapy refers to the practice of offering small amounts of colostrum directly to the newborn’s oral mucosa, with the purpose of activating the local immune response, favoring its absorption and contributing to the formation of a protective barrier. Objective: To investigate, in the scientific literature, the evidence on the benefits of colostrum therapy in the development of the immune system of premature newborns. Materials and Methods: This is a narrative review, with a descriptive approach, carried out based on the survey of scientific articles in the Scientific Electronic Library Online (SciELO), Virtual Health Library (BVS) and National Library of Medicine (PubMed) databases. The inclusion criteria were: complete and available articles, national and international, published in Portuguese, English and Spanish, and published in the last 10 years. The exclusion criteria consisted of the elimination of articles published outside the defined timeline, repeated articles, review studies or those that had no direct relation to the study theme. Results and Discussions: Seven (07) scientific studies were selected according to the descriptors used. The studies analyzed, despite the different methodologies, demonstrate the importance of colostrum therapy in the development of newborns, especially in preterm, low and very low birth weight infants. Oropharyngeal administration of colostrum, usually in doses of 0.1 ml applied to the oral mucosa of each cheek, is performed according to a standardized protocol and demonstrates greater efficacy the lower the degree of maturity of the newborn. The studies also highlight the essential role of health professionals, especially nurses, in supporting and guiding puerperal women shortly after birth, ensuring the correct implementation of colostrum therapy and contributing to adherence to breastfeeding. Conclusion: Colostrum therapy is a safe and effective practice that strengthens the immunity of premature newborns, reduces infections and favors the formation of a healthy microbiota. It also stimulates breastfeeding and the maintenance of lactation. The essential role of nurses is highlighted, whose technical performance and humanized support are fundamental to the success of the practice.
Keywords: Colostrum; Neonatal Nursing; Immune System; Premature Newborn
1 INTRODUÇÃO
A promoção do aleitamento materno é essencial para prevenir infecções e reduzir a mortalidade em recém-nascidos (RN). Considerado o padrão ideal, é recomendado nos primeiros seis meses de vida e, preferencialmente, até os dois anos. O aleitamento fortalece o vínculo mãe-bebê e contribui para o desenvolvimento do sistema imunológico. A introdução precoce de alimentos pode prejudicar a microbiota intestinal do recém-nascido, favorecendo doenças como a diarreia (Oliveira, 2019).
Ao nascer, o sistema imunológico da criança ainda é imaturo, o intestino possui pouca microbiota e a mucosa intestinal é sensível. Por isso, o recém-nascido precisa de uma proteção externa, que é fornecida pelo leite materno, que contém substâncias imunológicas, nutricionais e digestivas, como proteínas funcionais e imunoglobulina A, que ajudam na maturação da mucosa intestinal (Santos et al., 2017).
O leite materno é fundamental para proteger a criança contra infecções oportunistas na infância, como a Enterocolite Necrosante (ENC), que apresenta altas taxas de morbimortalidade neonatal. Assim, bebês prematuros geralmente necessitam de hospitalização e procedimentos invasivos, o que os torna ainda mais vulneráveis às infecções (Hammes, et. al, 2020).
Nas ideias de Oliveira et al., (2016), a enterocolite necrosante (ENC) é uma síndrome clínico-patológica que se manifesta por sintomas gastrointestinais e sistêmicos, podendo levar à necrose de coagulação do trato gastrointestinal. Trata-se da emergência gastrointestinal mais grave e temida nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTINs), com taxas de mortalidade que variam entre 1% e 8%. Embora possa ocorrer em recém-nascidos a termo, estima-se que afete entre 5% e 15% dos prematuros com muito baixo peso e cerca de 7% dos recém-nascidos a termo internados nessas unidades (BORBA et al., 2014).
A lactação ocorre em três fases, sendo a primeira marcada pela produção de colostro, que se inicia até cinco dias após o parto e começa a ser produzido a partir do segundo trimestre da gestação. O colostro é um líquido amarelado e viscoso, produzido em pequenas quantidades, mas é extremamente rico em propriedades imunológicas, como lactoferrina, leucócitos e citocinas anti-inflamatórias, contém mais anticorpos e leucócitos do que o leite maduro, oferecendo proteção contra diversos vírus e bactérias (NASCIMENTO et al., 2020).
A Administração Orofaríngea de Colostro (AOC), também conhecida como Colostroterapia, é uma intervenção não invasiva e não nutritiva que contribui significativamente para o fortalecimento da imunidade de recém-nascidos prematuros e de baixo peso. Essa técnica consiste na aplicação de pequenas porções de colostro materno diretamente na cavidade oral do bebê, interage com o tecido linfoide presente na orofaringe, promovendo respostas anti-inflamatórias (ALMEIDA 2023).
Destaca-se a relevância do enfermeiro nesse contexto, sendo ele também responsável pela gestão do cuidado aos recém-nascidos. Para isso, é essencial que suas ações sejam planejadas por meio do processo de enfermagem, com a colaboração da equipe multiprofissional, visando oferecer uma assistência de maior qualidade aos RNs.
Diante do eixo temático apresentado, a escolha por essa temática revela-se pertinente. A partir dessa abordagem, formula-se a seguinte questão norteadora: Quais são as evidências científicas disponíveis acerca das contribuições da terapia com colostro para o fortalecimento do sistema imunológico de recém-nascidos prematuros? Nesse sentido, o objetivo do estudo é investigar, na literatura científica, as evidências sobre os benefícios da terapia com colostro no desenvolvimento do sistema imunológico de recém-nascidos prematuros.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
O presente estudo trata-se uma Revisão Narrativa com abordagem descritiva, tal metodologia procura por materiais importantes sobre um determinado assunto, sendo o modelo mais usado em publicações acadêmicas. E no caso da revisão narrativa, a pesquisa é desenvolvida via narração da temática sob o ponto de vista teórico ou contextual atrás de informações que agreguem na discussão do problema de pesquisa (CORDEIRO et al., 2007).
Segundo Pompeo et al. (2009), esse tipo de estudo é amplo, por sua vez, possibilita ao pesquisador uma síntese e análise do conhecimento científico obtido sobre um assunto já pesquisado. Diante disso, para responder tal objetivo em questão, surgiu a seguinte problemática: Quais são as evidências científicas disponíveis acerca das contribuições da terapia com colostro para o fortalecimento do sistema imunológico de recém-nascidos prematuros?
Neste estudo, foram utilizadas as seguintes bases de dados científicas: Scientific Electronic Library Online (SciELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e National Library of Medicine (PubMed). A busca pelos estudos foi realizada por meio do cruzamento dos descritores “prematuro”, “colostro”, “sistema imunológico” e “amamentação”, cadastrados nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS). Como estratégia de busca, empregou-se o operador booleano AND, combinando os seguintes termos: “colostro AND prematuro”, “colostro AND amamentação”, “colostro AND sistema imunológico” e “terapia AND colostro”.
Os critérios de inclusão utilizados para a seleção dos artigos científicos foram: artigos completos e disponíveis, nacionais e internacionais, publicados nos idiomas português, inglês e espanhol, e com publicação nos últimos 10 anos. Os critérios de exclusão consistiram na eliminação de artigos publicados fora da linha do tempo definida, artigos repetidos, estudos de revisão ou aqueles que não possuíam relação direta com o tema do estudo.
O processo de seleção dos estudos foi feito através da leitura dos títulos e resumos dos artigos encontrados na busca inicial, seguido por uma leitura completa da pesquisa antes de selecioná-las para a coleta das informações, o que possibilitou na composição dos assuntos de acordo com sua importância e as ideias fundamentais para solucionar a problemática do estudo.
Na primeira etapa, foram encontrados 436 artigos nas bases de dados, aos quais se aplicaram os critérios de exclusão, restando 39 artigos. Destes, após minuciosa leitura, foram selecionados 8 trabalhos para compor essa revisão.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após a busca de forma eletrônica nas bases de dados com ajuda dos descritores e critérios já estabelecidos como mencionados, foram encontrados: 5 da SCIELO, 422 da BVS e 9 na PUBMED totalizando assim 436 artigos, no entanto, foram excluídos 221 por recorte temporal, 123 por fuga da temática, 46 por repetição/duplicação, 39 por serem teses, dissertações, estudos de revisão, não contemplando assim os critérios de inclusão desta pesquisa. Sendo excluídos um total de 429 artigos, restando 7 trabalhos que foram selecionados para compor esta revisão narrativa.
Os trabalhos analisados, embora empreguem diferentes abordagens metodológicas, convergem ao destacar a relevância da colostroterapia para o desenvolvimento neonatal, com ênfase especial nos recém-nascidos pré-termo com muito baixo peso (RNMBP) e baixo peso (RNBP). Todos os estudos revisados aplicaram a colostroterapia orofaríngea a partir de um protocolo padronizado, que prevê a administração de 0,1 ml de colostro na parte interna de cada bochecha do neonato, possibilitando o contato direto da mucosa oral com os componentes imunológicos do colostro. Os resultados apontam que, quanto menor o grau de desenvolvimento do recém-nascido, mais significativos são os benefícios advindos dessa intervenção (PIMENTA et al., 2023).
Nos estudos destaca-se o papel essencial dos profissionais de saúde, especialmente do enfermeiro, no apoio e orientação às puérperas logo após o nascimento. Caso a mãe opte pela amamentação, esse momento é ideal para repassar informações sobre o aleitamento materno exclusivo, a pega correta, a amamentação em livre demanda e os cuidados pós-mamada. Também é função do profissional desconstruir crenças populares e intervir conforme as necessidades de cada mãe, favorecendo a introdução segura do colostro e contribuindo para o fortalecimento imunológico do recém-nascido prematuro (DIAS et al., 2019).
Neste contexto, a análise dos artigos inseridos nessa revisão narrativa foi elencada atentandose para o objetivo explicitado nesse estudo, sendo criadas duas categorias: Contribuições Imunobiológicas do Colostro para a Maturação do Sistema Imune em Prematuros e Atuação dos Profissionais de Saúde na Implementação e Promoção da Colostroterapia.
CATEGORIA 1: Contribuições Imunobiológicas do Colostro para a Maturação do Sistema Imune em Prematuros
O estudo evidenciou que a administração de colostro materno traz benefícios significativos para recém-nascidos prematuros (RNP), definidos como aqueles nascidos antes da 37ª semana de gestação. A prematuridade é classificada em três categorias extremamente prematuro (menos de 28 semanas), muito prematuro (28 a 32 semanas) e moderado/tardio (32 a 37 semanas), e esses bebês apresentam maior vulnerabilidade devido à imaturidade de seus órgãos e sistemas, aumentando o risco de complicações. O colostro materno surge como uma estratégia importante para melhorar a saúde desses recém-nascidos (NASCIMENTO et al., 2020).
Nas análises de Taveiro, Vianna e Pandolfi., (2020), indicam que a prematuridade, responsável por 5 a 18% dos partos anualmente, é a principal causa de mortalidade e morbidade neonatal. Ela está associada a 70% das mortes neonatais, 36% dos óbitos infantis e aproximadamente 25% dos distúrbios neurológicos em crianças a longo prazo, além de ser a segunda maior causa de morte em menores de 5 anos.
Ainda neste contexto para Dias et al., (2019), devido à imaturidade orgânica, os recémnascidos prematuros (RNP) frequentemente desenvolvem complicações graves, como enterocolite necrosante, sepse tardia, displasia broncopulmonar e retinopatia da prematuridade, reforçando a necessidade de intervenções eficazes para melhorar seus desfechos clínicos.
A oferta de leite materno ao recém-nascido prematuro, especialmente quando iniciada precocemente após o parto, é reconhecida como uma estratégia preventiva importante na bifidobactéria, agindo contra a enterocolite necrosante. Na impossibilidade de utilizar o leite da própria mãe, recomenda-se como alternativa o leite humano doado, devidamente pasteurizado, ou fórmulas específicas para prematuros. No entanto, nenhuma dessas opções apresenta os mesmos benefícios imunológicos que o leite materno da mãe biológica, sobretudo no que se refere à formação de um sistema imunológico eficaz e à prevenção dessa complicação (SANTOS et al., 2017).
Nos estudos de Taveiro, Vianna e Pandolfi., (2020), é possível identificar que autores também concordam acerca da oferta de colostro nas primeiras horas de vida representa uma prática altamente benéfica para a redução da mortalidade neonatal, promovendo a transferência de imunidade passiva da mãe para o recém-nascido. Diversos estudos evidenciam que o colostro proporciona vantagens tanto no aspecto nutricional quanto no emocional.
Seus componentes bioativos contribuem significativamente para a modulação do sistema imunológico e para a formação de uma barreira intestinal eficiente, capaz de impedir a penetração de agentes patogênicos causadores de infecções. É por meio dessa intervenção precoce com o colostro que se favorece o desenvolvimento essencial do recém-nascido, sendo possível, ainda, observar a formação de uma microbiota intestinal mais equilibrada e saudável (PIMENTA et al., 2023).
Ainda nesta perspectiva, o colostro fornece energia necessária para o crescimento adequado do Recém-Nascido Pré-Termo (RNPT), graças à presença de oligossacarídeos que favorecem a nutrição. Esse processo é intensificado pela ação dos Lactobacillus bifidus, cuja proliferação é estimulada pela lactose, um componente abundante no leite materno (ESPLENDOR et al., 2019).
A aplicação dessa técnica favorece a elevação de substâncias como os fatores de crescimento, imunoglobulinas, lactoferrina, citocinas e outros elementos bioativos, que exercem ações benéficas sobre o intestino e modulam o sistema imunológico. Estudos apontam que o aumento da IgA está associado à maior taxa de sobrevivência entre recém-nascidos prematuros (NASCIMENTO et al., 2020)).
Segundo Pimenta et al., (2023)., estudos demonstram que o uso do colostro pode contribuir significativamente para a redução do tempo de internação em até 16 dias, quando comparado a recém-nascidos prematuros que não receberam essa intervenção. Além disso, conforme, essa diminuição no tempo de hospitalização também traz benefícios tanto para as famílias quanto para o sistema de saúde, ao reduzir custos e ampliar a disponibilidade de leitos por meio de maior rotatividade
Também se observa uma relação positiva entre a prática da colostroterapia e a continuidade da amamentação após a alta hospitalar, o que contribui para a promoção da saúde e o fortalecimento do vínculo entre mãe e filho. O leite materno desempenha papel essencial no desenvolvimento e no crescimento saudável do bebê em diferentes fases, devido à presença de nutrientes fundamentais para a função cerebral e o desempenho infantil (ESPLENDOR et al., 2019).
A colostroterapia é uma prática incentivada por diversos autores e pode ser fortalecida com a adoção de protocolos que organizem o atendimento, qualifiquem o cuidado e padronizem determinadas condutas. Cabe ressaltar que nessa prática, destaca-se o papel do enfermeiro, que atua não só na aplicação do protocolo, mas também na orientação e apoio à família, promovendo seu envolvimento no cuidado e contribuindo para o fortalecimento imunológico do neonato (TAVEIRO, VIANNA E PANDOLFI., 2020).
CATEGORIA 02: Atuação dos Profissionais de Saúde na Implementação e Promoção da Colostroterapia.
Nos estudos de Martins et al. (2020), para que o protocolo de colostroterapia tenha sucesso, não é apenas necessário reconhecer os seus benefícios, mas também realizar a capacitação e sensibilização contínua dos profissionais de saúde, nomeadamente dos enfermeiros especializados, especialmente no que concerne à forma de extração, conservação e administração do colostro, à necessidade de monitorização dos sinais vitais, à vigilância do RNP e à avaliação dos resultados na redução de riscos e do surgimento de comorbidades nas puérperas e nos recém-nascidos prematuros (RNP).
No âmbito da educação em saúde, é essencial que os profissionais ofereçam apoio acolhedor e orientações claras às puérperas, demonstrando escuta ativa e sensibilidade ao contexto em que estão inseridas. O sucesso da amamentação está fortemente ligado a esse suporte, que inclui informações técnicas e incentivo contínuo. Ao considerar a realidade de cada mãe e envolver a família, os profissionais contribuem para uma prática de aleitamento mais eficaz, natural e benéfica tanto para a mãe quanto para o recém-nascido (Esplendor et al., 2019).
A atuação do enfermeiro é estratégica nesse processo, principalmente por ser o profissional que permanece de forma contínua junto à puérpera e ao recém-nascido. No ambiente hospitalar, esse profissional participa desde o acolhimento da mãe até a condução efetiva da colostroterapia. Cabe ao enfermeiro identificar precocemente as lactantes com possibilidade de doar colostro, orientar quanto à técnica correta de extração manual e reforçar as condições adequadas de higiene. Além disso, é sua responsabilidade supervisionar a coleta e a conservação do colostro, assegurando que sejam mantidas suas propriedades imunobiológicas até a administração (DIAS et al., 2019).
A aplicação do colostro na cavidade orofaríngea do recém-nascido prematuro deve seguir protocolos bem definidos, sendo o enfermeiro o executor direto ou o articulador da equipe nesse procedimento. Durante a intervenção, é fundamental realizar a monitorização dos sinais vitais, observando a tolerância do recém-nascido, suas respostas clínicas e eventuais intercorrências. O acompanhamento contínuo permite ajustar a conduta e reforçar a segurança da prática (NASCIMENTO et al., 2020).
Paralelamente, o profissional também exerce um papel educador, esclarecendo à puérpera e seus familiares sobre os benefícios da colostroterapia, incentivando o aleitamento materno e fortalecendo o vínculo mãe-bebê. Esse suporte emocional e informativo é ainda mais relevante em contextos de parto prematuro, nos quais a mãe pode vivenciar sentimentos de medo, insegurança e distanciamento do recém-nascido. Dessa forma, a atuação do enfermeiro vai além da dimensão técnica, abrangendo o cuidado integral e humanizado, que contribui para a efetividade clínica e emocional do tratamento (MARTINS et al., 2020).
Por fim, destaca-se a importância de o enfermeiro articular ações junto à equipe multiprofissional e a setores como o banco de leite humano e a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, promovendo a padronização das práticas e a integração dos cuidados. Sua liderança e compromisso são essenciais para consolidar a colostroterapia como uma estratégia eficaz, segura e acolhedora no contexto hospitalar (ESPLENDOR et al., 2019).
4 CONCLUSÃO
Ao atender aos objetivos propostos, este estudo evidenciou que a colostroterapia configura-se como uma prática segura e eficaz na prevenção de infecções neonatais, especialmente entre recém-nascidos prematuros de baixo peso. A via oral foi a principal forma de administração do colostro, o que contribuiu não apenas para a imunidade imediata, mas também para a melhor adesão ao aleitamento materno e, por conseguinte, para a manutenção da lactação.
A introdução precoce do colostro favoreceu a colonização intestinal por Bifidobacterium, o que demonstra sua ação imunomoduladora e sua capacidade de atuar como um probiótico natural, fortalecendo o sistema imunológico e promovendo o equilíbrio da microbiota intestinal do recém-nascido. Os resultados encontrados neste estudo apontam que uma microbiota saudável, rica em bactérias benéficas, é fundamental para a prevenção de infecções intestinais e para a promoção da saúde neonatal desde o pós-parto imediato.
Dessa forma, o colostro contribui significativamente para a formação do sistema imunológico do RNPT, oferecendo fatores de crescimento, proteção imunológica e anticorpos essenciais, elementos indispensáveis para garantir uma melhor qualidade de vida e reduzir as complicações comuns no período neonatal.
Este estudo reforça a importância da colostroterapia no contexto da Prática de Enfermagem Baseada em Evidências, destacando seus benefícios clínicos e o impacto positivo que pode gerar nos indicadores de saúde neonatal. Ao reconhecer o colostro como um recurso terapêutico natural e acessível, reafirma-se a necessidade de sua promoção e implementação nos serviços de saúde, sobretudo em unidades neonatais, visando à construção de um cuidado mais qualificado e centrado na promoção da vida.
Diante dos achados desta pesquisa, conclui-se que a colostroterapia representa uma estratégia segura, eficaz e com forte respaldo científico na promoção da imunidade de recémnascidos prematuros, contribuindo significativamente para a redução de infecções neonatais e para a formação de uma microbiota intestinal saudável. Além de seus efeitos imunomoduladores, a prática favorece a adesão ao aleitamento materno e a manutenção da lactação.
Ressalta-se, ainda, a atuação do profissional enfermeiro como peça fundamental nesse processo, visto que sua presença constante, habilidades técnicas e capacidade de oferecer orientações e apoio humanizado às famílias são determinantes para o sucesso da prática. Assim, a colostroterapia não apenas fortalece o sistema imune do recém-nascido prematuro, como também evidencia a importância da enfermagem na promoção de cuidados baseados em evidência, refletindo diretamente nos indicadores de saúde neonatal.
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¹Acadêmica do curso de Bacharelado em Enfermagem do Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranhão – IESMA/Unisulma. E-mail: aldilenecarneiro.ac@gmail.com
²Enfermeiro Mestre em Ciências Ambientais (UNITAU), docente do curso de Bacharelado em Enfermagem do Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranhão – IESMA/Unisulma. E-mail: enf.edivaldo.p@gmail.com