CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE GUIA DE ORIENTAÇÃO POSTURAL PARA ESCOLARES

CONSTRUCTION AND VALIDATION OF A POSTURAL ORIENTATION GUIDE FOR SCHOOL CHILDREN

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202502061734


Rebeca Lopes Furtado1
Anna Beatriz Ferreira Pereira1
Geovana Helena Galvão Mesquita1
Kaylane Isabelle da Costa Moura1
Alinnie Pinto Vianna Afonso2
Dayse Danielle de Oliveira Silva3
Jorgeane Pedrosa Pantoja4
George Alberto da Silva Dias5
Biatriz Araújo Cardoso Dias6


Resumo

A educação em saúde pode ser realizada por meio de ferramentas como as Tecnologias Educacionais (TE), que permitem um processo de aprendizado didático e objetivo além da participação ativa do público em questão. Nesse sentido, os guias educacionais facilitam o entendimento dos escolares sobre as orientações posturais repassadas em educações em saúde realizadas nas escolas através do Programa Saúde na Escola (PSE). Essa pesquisa tem como objetivo construir e validar um guia de orientação postural para escolares. Dessa forma, esse trabalho consiste em um estudo exploratório-metodológico realizado em três etapas, sendo a primeira o diagnóstico situacional, a segunda é a construção e a terceira, a validação do produto. Através desse trabalho é visado a criação e validação dessa tecnologia para que possa ser utilizada como uma ferramenta de prevenção de alterações posturais em crianças e adolescentes. 

Palavras-chave: Estudantes; Postura; Tecnologia Educacional

Abstract

Health education can be conducted through tools such as Educational Technologies (ET), which enable a didactic and objective learning process as well as the active participation of the target audience. In this sense, educational guides facilitate students’ understanding of the postural guidelines provided in health education conducted in schools through the School Health Program (PSE). This research aims to develop and validate a postural guidance guide for schoolchildren. This study is an exploratory-methodological study carried out in three stages: the first is situational diagnosis, the second is development, and the third is validation of the product. Through this work, the aim is to create and validate this technology so that it can be used as a tool to prevent postural alterations in children and adolescents.

Keywords: Students; Posture; Educational Technology.

1 INTRODUÇÃO 

O Sistema Único de Saúde (SUS) nasceu de lutas históricas, consolidando o direito à saúde como responsabilidade do Estado e direito de todos, conforme a Constituição de 1988. Formalizado pela Lei Orgânica nº 8.080/90, em 1990, o SUS tornou-se um dos sistemas públicos mais abrangentes e complexos do mundo, oferecendo desde atenção primária até serviços de alta complexidade (Barboza, 2020).

Com a diversidade de públicos atendidos pelo SUS, surgiu a necessidade de políticas específicas para atender demandas de cada grupo. A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC), instituída pela Portaria GM/MS nº 1.130 de 2015, foi criada para integrar esforços federais, estaduais e municipais em prol da saúde infantil. A PNAISC baseia-se em sete eixos estratégicos, que vão desde a atenção humanizada e qualificada na gestação até o monitoramento do crescimento e desenvolvimento integral da criança. Além do mais, em 2010, foram criadas as Diretrizes Nacionais de Atenção Integral à Saúde de Adolescentes, com foco na promoção e proteção da saúde desse grupo, buscando uma abordagem holística e integrada. (Brasil, 2015; Brasil, 2010).

Diante dessa diversidade de políticas específicas, que incluem desde a saúde infantil até a saúde de adolescentes, destaca-se o Programa Saúde na Escola (PSE) como uma importante estratégia integrada para atender as necessidades desse público em ambiente escolar. O PSE, criado pelo Decreto nº 6.286/2007, promove saúde e educação integral para estudantes, incentivando autonomia, autocuidado e participação conforme a faixa etária. Coordenado por equipes da Atenção Primária à Saúde (APS) e escolas, o PSE foca na avaliação de saúde, promoção, prevenção e formação de profissionais. Essa parceria visa acompanhar e monitorar a saúde dos estudantes, fortalecendo fatores de proteção e reduzindo vulnerabilidades para uma visão geral da saúde (Brasil, 2013).

A preservação da saúde infantil é essencial para o desenvolvimento saudável, e requer acompanhamento próximo da família, escola e profissionais de saúde, especialmente em relação a alterações posturais. Essas mudanças, muitas vezes resultantes de posturas inadequadas e falta de conhecimento, demandam atenção constante. O monitoramento regular por profissionais permite a identificação precoce e correção de desvios, promovendo não só a saúde física, mas também o bem-estar emocional, contribuindo para um desenvolvimento integral (Bezerra; Sousa, 2019).

O uso inadequado da mochila, especialmente com peso superior a 10% do peso corporal, é um fator importante para distúrbios posturais e dores nas costas. A prevenção desses desvios inclui orientar sobre o uso correto da mochila: deve ter duas alças largas e acolchoadas, terminando no início da região glútea. Para mochilas de rodinhas, é crucial ajustar a altura do puxador para evitar assimetrias nos ombros e minimizar sobrecargas (De Oliveira, 2018; Tibulo, 2019).

No contexto da promoção da atenção integral à saúde, a disponibilização de informações e a educação em saúde são indispensáveis. Nessa perspectiva, as Tecnologias Educacionais (TE) desempenham um papel essencial no processo educativo, configurando-se como uma abordagem inovadora e eficaz para fomentar a sensibilização e o entendimento das questões de saúde (Vasconcelos, 2018).

O uso de Tecnologias Educacionais (TE) na orientação de escolares representa uma abordagem inovadora e eficaz para a educação em saúde, tornando o aprendizado envolvente e interativo. Essa estratégia adapta-se bem ao contexto escolar ao utilizar materiais educativos como guias, jogos, artefatos e dinâmicas em grupo, proporcionando uma experiência de aprendizagem prática e interativa sem depender de recursos digitais. Ao integrar TE, incentiva-se a adoção de hábitos saudáveis, preparando crianças e adolescentes para decisões informadas ao longo da vida e promovendo a formação de cidadãos mais conscientes e saudáveis (Perfeito, 2020).

Os guias educativos, como expressão das Tecnologias Educacionais (TE), fornecem informações claras e objetivas, facilitando o acesso e a compreensão. Sua integração eficaz na educação em saúde é essencial para fortalecer a conscientização e promover práticas saudáveis na sociedade (Garcia, 2013).

Essa pesquisa tem como objetivo construir e validar um guia de orientação postural para escolares.

2 METODOLOGIA 

Aspectos Éticos

Essa pesquisa faz parte de um projeto de pesquisa maior intitulado “Avaliação do perfil de saúde, funcionalidade e desenvolvimento neuropsicomotor de escolares e a construção e validação de tecnologias educacionais para a saúde na escola” e seguiu os preceitos da Declaração de Helsinque e do Código de Nuremberg, respeitando as Normas de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (Resolução nº 466/12). A pesquisa foi aprovada, sob o Parecer nº 6.604.331, pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade do Estado do Pará (UEPA).

Tipo de Estudo

Tratou-se de um estudo exploratório-metodológico, voltado para alcançar os objetivos propostos no contexto das tecnologias educacionais. A pesquisa metodológica tem como finalidade o desenvolvimento, a avaliação e o aprimoramento de instrumentos e estratégias metodológicas.

Amostra

A pesquisa foi conduzida em uma Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio em Belém, Pará, no período de fevereiro a setembro de 2024. A primeira etapa envolveu 314 escolares para a realização do diagnóstico situacional. Na segunda etapa, 15 professores participaram da validação de aparência, enquanto 39 escolares foram envolvidos na validação semântica. Para o cálculo da amostra dos especialistas de outras áreas, seguiu-se a recomendação de 6 a 20 participantes, conforme Melo et al. (2022), e para o público-alvo, foi estabelecido um mínimo de 8 participantes, conforme Medeiros et al. (2015). A seleção da amostra foi realizada por amostragem não probabilística por conveniência. 

Foram incluídos no estudo, escolares de 6 a 10 anos, matriculados no 1º ao 5º ano do ensino fundamental, com matrícula ativa e frequência regular, de ambos os sexos. Quanto aos especialistas de outras áreas, foram selecionados professores da mesma escola, com vínculo ativo, que acompanham as turmas regularmente e possuem formação pedagógica. Foram excluídos do estudo os escolares afastados por motivos de saúde ou que não aceitaram participar, bem como os professores que não atendiam aos critérios estabelecidos. 

Procedimentos

A construção das três etapas do estudo metodológico foi fundamentada no referencial teórico-metodológico utilizado para a elaboração da tecnologia educacional, conforme os preceitos de Pasquali (Medeiros et al., 2015), que compreende os polos teórico, empírico e analítico. O polo teórico é voltado à fundamentação teórica sobre o construto de interesse, o polo empírico à aplicação prática na realidade, e o polo analítico à utilização de testes estatísticos. Neste estudo, optou-se pela adoção do polo teórico, focando na análise de aparência e semântica, visando uma compreensão aprofundada do construto.

O estudo foi realizado em quatro fases: diagnóstico situacional, construção da tecnologia, validação e revisão da tecnologia.

No diagnóstico situacional, foi realizado um levantamento do perfil físico dos escolares por meio de uma avaliação, utilizando um questionário que incluiu dados como sexo, idade, forma de transporte da mochila escolar, peso da mochila, tipo de calçado utilizado para ir à escola, peso, altura e Índice de Massa Corporal (IMC). Os dados coletados foram organizados em um banco de dados em planilha Microsoft Excel e posteriormente analisados. 

Para a construção da tecnologia, foram selecionados materiais de estudo e apoio literário para definir os tópicos que compõem o guia informativo. Durante o desenvolvimento do produto, optou-se por uma linguagem acessível e abordagem esquemática, conferindo ao material um caráter ilustrativo, didático e interativo, com o objetivo de facilitar a compreensão do público-alvo. A parte estrutural do produto foi elaborada utilizando o Software Canva®.

Após a construção do guia, avançou-se para a fase de validação, que consiste no processo de verificar a validade e o rigor da tecnologia em desenvolvimento. Esse procedimento assegura que o produto seja legítimo e confiável, tornando-o apto para sua utilização (Teixeira; Nascimento, 2020). Foram realizadas as etapas de validação de aparência e validação semântica.

Para a validação da aparência, utilizou-se o Instrumento de Validação de Aparência de Tecnologia Educacional em Saúde (IVATES). Este instrumento avalia os aspectos visuais do construto, com base na harmonização dos elementos que constituem a tecnologia educacional em saúde, como formas, cores, imagens, texto, quantidade e tamanho das figuras. Esses elementos são avaliados em 12 questões, com respostas baseadas na Escala Likert, variando de 1 a 5 (1 – discordo totalmente, 2 – discordo, 3 – discordo parcialmente, 4 – concordo e 5 – concordo totalmente) (Souza; Moreira; Borges, 2020).

Foi adotado o Índice de Validade de Aparência (IVA), no qual o IVA para cada item (IVA-I) é calculado pelo número de especialistas que responderam 4 ou 5, dividido pelo total de especialistas. O Índice de Validade de Aparência total (IVA-T) é obtido pela soma dos IVA-I, dividida pelo número total de itens. Itens com IVA ≥ 0,78 são considerados excelentes; entre 0,60 e 0,77 indicam necessidade de ajustes para melhorias na aparência; e itens com IVA < 0,60 são classificados como insatisfatórios, requerendo revisão. O IVA-T deve ser ≥ 0,90 para garantir a validade da aparência da tecnologia educacional em saúde (Souza; Moreira; Borges, 2020).

O convite para participação no processo de validação da aparência foi realizado presencialmente na escola. Após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, os participantes receberam o instrumento de avaliação específico e a tecnologia educacional para análise.

Para a validação semântica, foi utilizado o Questionário (Público-alvo) proposto por Teixeira e Mota (2011). Este instrumento é composto por duas partes: a primeira coleta informações sobre o público-alvo, como nome, idade, sexo e escolaridade; e a segunda inclui 26 questões específicas, organizadas em cinco blocos: I – Objetivos (3 questões), II – Organização (7 questões), III – Estilo de escrita (6 questões), IV – Aparência (4 questões) e V – Motivação (6 questões). As questões devem ser respondidas de acordo com a Escala Likert, variando de 1 a 4 (1 – totalmente adequado, 2 – adequado, 3 – parcialmente adequado, 4 – inadequado). Para respostas 3 e 4, os avaliadores devem fornecer justificativas e sugestões de melhorias.

Foi adotado o Índice de Validade Semântica (IVS), calculado pela fórmula que divide o número de respostas 1 e 2 pelo total de respostas. Considera-se válido o instrumento quando o IVS for superior a 0,80. 

O convite para participar deste processo ocorreu na própria sala de aula, onde os participantes avaliaram o guia informativo e responderam ao questionário de validação semântica.

Análise dos dados

Os dados coletados foram analisados com o pacote do software Microsoft Excel. Sendo utilizado a estatística descritiva determinando as frequências absolutas e relativas, assim como as medidas de tendência central e dispersão (média e desvio padrão). Para a validação de aparência foi estabelecido valor igual ou superior a 0,90 para ser considerado validado. Para a validação da semântica valor igual ou superior a 0,80.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS

Diagnóstico Situacional

Nesta fase, foi realizada a coleta de dados para traçar o perfil físico dos escolares e propor uma tecnologia educacional que atendesse às suas necessidades. Observou-se que, dos 314 escolares com matrícula ativa no 1º ao 5º ano, 50,63% (159/314) eram do sexo feminino, com média de idade de 9,10±1,69 anos. Em relação ao tipo de calçado, apenas 43,32% (136/314) utilizavam tênis, enquanto 47,13% (148/314) usavam sandálias de dedo. Quanto ao tipo de mochila, a maioria (84,07%, 264/314) utilizava mochilas de costas. Dentre os dados coletados, 27 escolares estavam transportando mochilas com peso superior a 10% de seu peso corporal.

Construção da Tecnologia

Na etapa de elaboração do guia educativo, optou-se por uma linguagem acessível e uma abordagem esquemática, complementada por ilustrações, conferindo ao material um caráter ilustrativo, pedagógico e interativo, com o objetivo de facilitar a compreensão dos escolares. A versão final foi intitulada Guia Educativo para Escolares: Orientação Postural, elaborada no formato A4, adequado para impressão em folheto, com 17 páginas, incluindo capa, contracapa, apresentação, sumário, 4 tópicos principais e referências consultadas (Figura 1). O guia possui licenciamento autoral pelo Creative Commons e foi registrado na Biblioteca da Universidade do Estado do Pará, com ficha catalográfica e número ISBN (International Standard Book Number). A publicação está disponível na plataforma EduCAPES, acessível pelo endereço: Portal eduCapes: Guia educativo para escolares: orientação postural.

Figura 1. Páginas do ‘Guia Educativo Para Escolares: Orientação Postural’

Validação de Aparência 

Para os especialistas de outras áreas, 15 professores da escola participaram da validação. Dentre eles, 93,3% (14/15) eram do sexo feminino, com idade média de 46,3±6,77 anos. Em relação à formação, 86,7% (13/15) possuíam especialização, com tempo médio de formação de 15,87±4,00 anos e tempo médio de atuação de 8,40±6,06 anos. 

Na primeira e única fase de validação de aparência, todos os itens alcançaram um Índice de Validade de Aparência para cada item (IVA-I) ≥ 0,78, considerado excelente, e um Índice de Validade de Aparência total (IVA-T) de 0,94, superior ao valor mínimo recomendado de 0,90, sendo assim, considerado validado, conforme demonstrado na Tabela 1.

Tabela 1 – Índices de Validação de Aparência (IVA) segundo itens do instrumento. Belém, Pará, 2024.

ItensIVA
As ilustrações estão adequadas para o público-alvo.0,93
As ilustrações são claras e transmitem facilidade de compreensão.1,00
As ilustrações são relevantes para compreensão do conteúdo pelo público-alvo.0,93
As cores das ilustrações estão adequadas para o tipo de material.0,93
As formas das ilustrações estão adequadas para o tipo de material0,93
As ilustrações retratam o cotidiano do público-alvo da intervenção.1,00
A disposição das figuras está em harmonia com o texto0,87
As figuras utilizadas elucidam o conteúdo do material educativo.1,00
As ilustrações ajudam na exposição da temática e estão em uma sequência lógica.0,93
As ilustrações estão em quantidade adequadas no material educativo.0,93
As ilustrações estão em tamanhos adequados no material educativo0,80
As ilustrações ajudam na mudança de comportamentos e atitudes do público-alvo.1,00
IVA Total0,94

No entanto, um dos especialistas sugeriu o aumento do tamanho das ilustrações para melhorar a visualização e a compreensão do conteúdo. Embora a validação já tenha sido alcançada, essa recomendação foi incorporada na versão final do material.

Validação de Semântica

Para o público-alvo, foram coletadas informações de 38 escolares, sendo 50% (19/38) do sexo masculino, com idade média de 8,92±1,46 anos, todos pertencentes ao 1º ao 5º ano do ensino fundamental. 

Na primeira e única fase de validação semântica, os Índices de Validade Semântica (IVS) alcançados para os itens foram: 0,96 para “Objetivos”, 0,98 para “Organização”, 0,98 para “Estilo da Escrita”, 1,00 para “Aparência” e 0,99 para “Motivação”. O IVS total foi de 0,98, superior ao valor mínimo recomendado de 0,80, sendo, portanto, considerado validado, conforme demonstrado na Tabela 2.

Tabela 2 – Índices de Validade Semântica da avaliação segundo blocos do instrumento do público-alvo. Belém, Pará, 2024.

BlocosÍndice de Validade Semântica 1ª avaliação
Objetivos0,96
Organização0,98
Estilo da escrita0,98
Aparência1,00
Motivação0,99
Geral0,98

Durante a etapa de validação, os escolares apresentaram sugestões para aprimorar o esclarecimento das informações no guia, como dúvidas sobre o significado de algumas palavras. Embora os critérios de validação de aparência e semântica tenham sido atendidos na primeira rodada, todas as alterações possíveis foram implementadas com base nas sugestões recebidas, visando melhorar a compreensão do público-alvo.

A estruturação e validação desta tecnologia educacional sobre orientação postural para escolares foi fundamentada em uma abordagem educacional e comportamental, com o objetivo de disseminar informações essenciais sobre práticas posturais no cotidiano do público-alvo. O guia educativo demonstrou potencial para apoiar a implementação de orientações posturais adequadas entre estudantes, promovendo o bem-estar e a saúde postural.

O desenvolvimento desta ferramenta levou em consideração as especificidades do público-alvo, visando à adequação da linguagem, da apresentação do conteúdo, das ilustrações e das atividades, de acordo com as características desse grupo específico. Assim, optou-se pela criação de uma tecnologia educacional didática, lúdica e interativa, incluindo ilustrações e atividades de fixação que correspondem à faixa etária dos escolares, com o intuito de aumentar a adesão ao conteúdo. Adicionalmente, a utilização de materiais impressos e/ou digitais mostra-se mais eficaz do que a educação em saúde promovida exclusivamente de forma verbal (Souza et al., 2021).

O processo de validação da tecnologia é essencial para garantir a confiabilidade e a credibilidade do material antes de sua distribuição ao público. Nesse contexto, a análise do material por juízes especialistas propicia sugestões valiosas que contribuem para a melhoria do guia, além de assegurar a disseminação de informações precisas e relevantes sobre o tema abordado. Adicionalmente, a participação ativa do público-alvo na validação permite que as especificidades do grupo sejam contempladas, aprimorando a adequação e a eficácia do material (Muniz, 2022).

Nesse contexto, a validação de aparência e semântica do guia foi concluída com sucesso na primeira tentativa, uma vez que os índices alcançados superaram os valores recomendados pela literatura. Esse resultado valida a legitimidade do material, atestando sua adequação ao público-alvo. Além disso, as sugestões dos avaliadores foram devidamente consideradas e incorporadas ao guia, com o objetivo de garantir sua utilização adequada e maximizar sua eficácia (Fontany, 2023).

Dessa forma, a tecnologia educacional desenvolvida tem como objetivo disseminar orientações posturais para escolares de maneira didática e interativa, com o intuito de promover a prevenção de alterações posturais. Além disso, contribui para o enriquecimento da literatura sobre o tema, oferecendo uma abordagem recreativa que facilita o envolvimento ativo do público-alvo.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A implementação de um guia educativo voltado para a orientação postural de escolares se revela uma estratégia eficaz na promoção da saúde e prevenção de alterações posturais. Ao envolver os estudantes de forma interativa e didática, o guia não só facilita a compreensão das boas práticas posturais, mas também incentiva a adesão a hábitos saudáveis desde cedo. A validação do material, tanto em termos de aparência quanto de semântica, garante que ele atenda às necessidades e especificidades do público-alvo, proporcionando uma ferramenta relevante e acessível para a educação em saúde. Assim, esse recurso contribui para o desenvolvimento de hábitos posturais adequados e o bem-estar físico dos escolares, fortalecendo a formação integral dos indivíduos.

REFERÊNCIAS

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1Discente do Curso Superior de Fisioterapia da Universidade do Estado do Pará (UEPA) Campus II – CCBS e-mail: rebeca.furtado@aluno.uepa
1Discente do Curso Superior de Fisioterapia da Universidade do Estado do Pará (UEPA) Campus II – CCBS e-mail: anna.bfpereira@aluno.uepa.br
1Discente do Curso Superior de Fisioterapia da Universidade do Estado do Pará (UEPA) Campus II – CCBS e-mail: geovana.hgmesquita@aluno.uepa.br
1Discente do Curso Superior de Fisioterapia da Universidade do Estado do Pará (UEPA) Campus II – CCBS e-mail: kaylane.idcmoura@aluno.uepa.br
2Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Reabilitação e Desempenho Funcional da Universidade do Estado do Pará. Especialista em Fisioterapia em Terapia Intensiva. E-mail: alinnie.afonso@aluno.uepa.br
3Docente do Curso Superior de Fisioterapia da Universidade do Estado do Pará Campus Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS). Doutora em Ciências da Reabilitação. e-mail: daysesilva@uepa.br
4Terapeuta Ocupacional da Secretaria Municipal de Saúde de Belém. Mestre em Saúde Coletiva. E-mail: jorgeanepantoja@gmail.com
5Docente do Curso Superior de Fisioterapia da Universidade do Estado do Pará Campus Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS). Pós-Doutor em Doenças Tropicais. e-mail: george@uepa.br
6Docente do Curso Superior de e Fisioterapia da Universidade do Estado do Pará Campus Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS). Doutora em Ciências pelo Programa de Medicina Tropical/IOC/FIOCRUZ/RJ. e-mail: biatriz.cardoso@uepa.br