CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE CARTILHA PARA PACIENTES EM PÓS-OPERATÓRIO DE TRANSPLANTE PULMONAR

CONSTRUCTION AND VALIDATION OF A CARTRIDGE FOR PATIENTS IN THE POST-OPERATORY OF LUNG TRANSPLANTATION

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10081151


Susana Beatriz de Souza Pena1
Greicy Machado Aguiar de Albuquerque2
Dinara Maria Taumaturgo Soares3
Ana Raquel Pequeno Lima Fiuza4
Ana Beatriz Pequeno Lima Girão5
Ana Helena Pequeno Câmara6
Kelly Monte Sousa7
Analayde Lima de Azevedo8
Aline Nabuco Morel9
Silvana Maria Coelho Nascimento10
Vera Sílvia Gonçalves Temoteo11
Orientadora: Rita Mônica Borges Studart12


RESUMO

Objetivo: descrever o processo de criação e validação de tecnologia educativa do tipo cartilha para orientação de pacientes sobre os cuidados após o transplante pulmonar. Metodologia: Trata-se de pesquisa metodológica desenvolvida para construção e validação de uma cartilha intitulada “Necessito do transplante de pulmão: o que preciso compreender?” O processo de validação da cartilha, foi baseado no modelo de validação de conteúdo de Pasquali. Resultados: Na perspectiva do conteúdo e aparência, a cartilha foi analisada através de oito domínios. O Índice de Validade de Conteúdo (IVC) total da cartilha pelos juízes foi de 0,96 garantindo a validade da tecnologia construída. Conclusão: ressalta-se que a tecnologia construída deve passar por processos de atualizações contínuas, levando em consideração as reformulações de cuidados e práticas ao transplantado pulmonar.

Descritores: Enfermagem, Tecnologia, Transplante, Educação em saúde.

ABSTRACT

Objective: to describe the process of creating and validating educational technology such as a booklet to guide patients about care after lung transplantation. Methodology: This is methodological research developed for the construction and validation of a booklet entitled “I need a lung transplant: what do I need to understand?” The booklet validation process was based on Pasquali’s content validation model. Results: From the perspective of content and appearance, the booklet was analyzed through eight domains. The total Content Validity Index (CVI) of the booklet by the judges was 0.96, guaranteeing the validity of the technology built. Conclusion: it is emphasized that the technology built must undergo continuous updating processes, taking into account the reformulations of care and practices for pulmonary transplant recipients.

Descriptors: Nursing, Technology, Transplantation, Health education.

1. INTRODUÇÃO

O transplante pulmonar é um recurso terapêutico e mundialmente discutido como tratamento aos pacientes com pneumopatias avançadas. Muitas vezes, sendo a única alternativa de sobrevivência, no qual já foram esgotadas todas as formas de intervenções médicas existentes (AFONSO et al., 2015).

O paciente submetido a cirurgia de transplante, procedimento de grande porte e alta complexidade, conta com assistência contínua de uma equipe multiprofissional que prescreverá toda a terapêutica, a fim de reduzir os riscos de rejeição. Porém, para que tal sucesso ocorra, é primordial que esse transplantado tenha adesão às orientações rigorosas estabelecidas pelos profissionais de saúde (GOMES, et al., 2018).

De acordo com dados do Registro Brasileiro de Transplantes (2020), no Brasil até dezembro de 2020, existiam 43.642 mil pessoas em lista de espera por um transplante. No caso do transplante de pulmão, foram contabilizados 1.180 transplantes absolutos de pulmão no país, com registros que vão desde 1997. Em 2020, havia 1.681 pacientes em lista de espera aguardando um pulmão, foram notificados 10.681 potencias doadores no país, no entanto ocorreu somente 65 transplantes pulmonares no país.

Percebe-se a importância da utilização de estratégias educativas na promoção da saúde, bem como na prevenção de agravos, pois corrobora em um ambiente no qual há leveza no processo de transmitir cuidados, com troca de saberes e conhecimento mútuo entre profissionais e pacientes, bem como em parcerias multiprofissionais (MARTINS; MAKOWSKI; SANTOS, 2011).

A presente pesquisa justifica-se por se tratar de um instrumento, financeiramente viável e prático, com orientações para pacientes e seus familiares acerca dos cuidados pós transplante pulmonar, de fácil entendimento, com orientações e cuidados de enfermagem cujo público-alvo sejam pacientes transplantados de pulmão.

Sendo assim, o estudo tem como objetivo descrever o processo de criação e validação de tecnologia educativa do tipo cartilha para orientação de pacientes sobre os cuidados após o transplante pulmonar.

2. METODOLOGIA

Trata-se de pesquisa metodológica para construção e validação de estratégia educacional, desenvolvida em quatro fases distintas: 1ª fase – ocorreu análise de pesquisa qualitativa com os pacientes transplantados de pulmão; 2ª fase – realizado revisão integrativa, através da estratégia PICO; 3ª fase – iniciado o processo de construção da cartilha; por fim, na 4ª fase – executado a validação de conteúdo e aparência da cartilha com juízes especialistas.

Na 1ª fase, foi realizada pesquisa qualitativa, respaldada em fundamentos fenomenológicos, com o objetivo de conhecer os aspectos relacionados a adesão, ao tratamento e ao autocuidado do paciente submetido ao transplante pulmonar, acompanhado no ambulatório (PENA, 2017). A escolha do conteúdo da cartilha foi construída através das experiências e dificuldades observadas, da análise de investigação qualitativa (POLIT; BECK, 2018) e posteriormente, associada a informações científicas encontradas a partir de intervenções existentes prescritas ao paciente transplantado, bem como cuidados de enfermagem para tal população, encontrados na revisão de literatura.

Na 2ª fase, foi realizada revisão integrativa com a finalidade produzir conhecimentos teóricos para elaboração da tecnologia educativa. Os critérios de inclusão adotados para seleção dos estudos foram: artigos que contemplassem o objetivo proposto, disponíveis na íntegra, artigo original, publicados de 2010 a 2019, nos idiomas em português, inglês e espanhol. Foram excluídos editoriais, cartas ao leitor e estudos reflexivos. Após seleção dos artigos, a amostra final foi composta por 17 artigos.

Na 3ª fase, a partir dos resultados da revisão, foram elaborados textos de maneira clara e sucinta, com a finalidade de ofertar material com linguagem simples, acessível, de fácil entendimento para os pacientes, assim como a existência de coerência nas informações que iriam ser inseridas na cartilha, cuja proposta era facilitar a interpretação com base no nível sociocultural da população escolhida.

O processo de elaboração da cartilha seguiu os passos descritos por Echer (2005): aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição em estudo; análise das necessidades dos pacientes através de pesquisa qualitativa realizada previamente; revisão integrativa e levantamento bibliográfico sobre os conteúdos da cartilha; construção da cartilha com design e validação do material educativo por juízes especialistas.

A cartilha construída foi intitulada “Necessito do transplante de pulmão: o que preciso compreender?”, sendo a presente tecnologia elaborada no intuito de ajudar aqueles pacientes que são atendidos no ambulatório de transplante pulmonar e recebem a informação de que sua próxima alternativa, para obtenção de qualidade de vida, será a cirurgia do enxerto de pulmão.

Na 4ª fase, ocorreu o processo de validação da cartilha, que foi baseado no modelo de validação de conteúdo de Pasquali (2013). Os especialistas foram selecionados por meio do método de amostragem de bola-de-neve (Snowball). Para facilitar a confirmação dos dados, foi analisado o Curriculum Lattes, na plataforma do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Os juízes que preencheram os critérios mínimos exigidos foram convidados a participar do estudo, por via correio eletrônico e/ou via mobile WhatsApp, e receberam os seguintes anexos:Carta Convite e Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os que consentiram participar, voluntariamente, receberam uma cópia da cartilha versão pré-validação em PDF e instrumento de avaliação (Link do Google Forms).

Foi concedido o prazo de quinze dias para devolução do instrumento. Posteriormente, foi realizado um novo contato com aqueles participantes que não responderam no prazo estabelecido, reforçando a importância da pesquisa e oferecendo disponibilidade para esclarecimento, bem como foi concedido mais quinze dias para a devolução.

De início, foram convidados 40 profissionais de saúde, mas somente 18 responderam em tempo hábil a pesquisa. Estes foram designados no julgamento da cartilha quanto à clareza, compreensão ou redundância e adequação da representação comportamental dos itens. Vale ressaltar que essa etapa não sofreu interferência dos pesquisadores.

Para o processo de validação da cartilha, foi fornecido um instrumento de coleta de dados para os juízes, através de formulário colocado no Google Forms, organizado em uma escala do tipo Likert, composto por 60 questões que contemplaram a caracterização do profissional e oito domínios: objetivos a serem atingidos com a cartilha, avaliação do conteúdo, linguagem, relevância, ilustrações, layout, motivação e nível sociocultural. Seu preenchimento baseou-se no grau de concordância de cada item sendo atribuído pontuação de 1 à 5, respectivamente: Discordo Totalmente; Discordo Parcialmente; Não concordo, nem discordo (neutro); Concordo Parcialmente e Concordo Totalmente.

Sendo assim, a análise e validação da cartilha educativa pelos juízes expertises, foi realizada através do Índice de Validade do Conteúdo (IVC) considerando-se válido o índice maior ou igual a 0,80 9-13. Adotou-se o seguinte padrão de avaliação: IVCi ≥ 0,78 tem índice excelente; IVCi entre 0,60 e 0,71 sendo bom; e IVCi < 0,59 ruim (ALEXANDRE; COLUCI, 2011).

Para a análise dos itens de avaliação da tecnologia criada, foi realizado o teste exato de distribuição binomial, indicado para pequenas amostras, sendo considerados nível de significância p>0,05 e proporção de 0,95 de concordância para estimar a confiabilidade estatística dos IVC.

O IVC foi calculado a partir da média do número de respostas “4” e “5” selecionadas pelos juízes, que representam as respostas “concordo parcialmente” e “concordo totalmente” (ALEXANDRE; COLUCI, 2011).

Os dados dos juízes especialistas e suas respectivas respostas, advindos do questionário no Google Forms, foram compilados e analisados por meio do programa estatístico IBM® Statistical Package for the Social Science, versão 23.0. As variáveis foram analisadas de modo descritivo (frequência simples e percentual, medidas de tendência central e dispersão) e inferencial.

Posteriormente, após validação pelos juízes, procedeu-se a adequação da cartilha a partir das contribuições sugeridas. Sendo assim, foi realizado novo contato com o profissional responsável pela ilustração e diagramação, para que realizasse as modificações sugeridas a fim de construir a nova versão da cartilha.

A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), por meio da Plataforma Brasil, sendo aprovada com o nº 1.146.838. Ressalta-se que a pesquisa seguiu a todas as orientações éticas estabelecidas pela resolução 466/12, do Conselho Nacional de Saúde que rege o respeito pela dignidade humana e proteção aos participantes das pesquisas científicas envolvendo seres humanos e ao engajamento ético, que é inerente ao desenvolvimento científico e tecnológico (BRASIL, 2012).

3. RESULTADOS

Construção da Cartilha

Inicialmente, a cartilha foi escrita através de um roteiro, elencando os pontos mais importantes de acordo com categorizações temáticas e associadas a ilustrações, sendo utilizado o programa do Microsoft PowerPoint 2010. Após essa fase, um profissional capacitado em “designer gráfico” foi contratado para a confecção das ilustrações e posterior diagramação da cartilha. O “designer” confeccionou as ilustrações com o objetivo de favorecer o entendimento do conteúdo abordado e torná-lo condizente com o nível cultural do público-alvo.

A cada página desenvolvida pela designer, com imagens e conteúdo, seria aprovado e/ou readequado pelos pesquisadores. E assim, seguia-se o passo-a-passo da criação da tecnologia. Para consecução de reajustes foram mantidos contato por endereço eletrônico, telefônico e via mobile WhatsApp.

Nesse contexto, optou-se por apresentar a cartilha educativa em 16 domínios, com as seguintes temáticas, as quais foram concebidas a partir do diagnóstico situacional, levantamento bibliográfico fundamentados nos instrumentos da enfermagem utilizados na SAE (NANDA-I e NIC): 1-O que é Insuficiência Respiratória? 2-Chegando ao hospital; 3-Lista de transplante pulmonar; 4-Como será o grande dia da cirurgia? 5-Cirurgia do Transplante Pulmonar; 6-Pós-operatório (UTI); 7-Cuidados gerais na UTI; 8-Após a alta, como serão as consultas? 9-Quais as medicações terei que tomar? 10-Quanto a higienização, como devo proceder? 11-Lavagem das Mãos; 12-Cuidados gerais; 13-Contato Físico; 14-Orientações nutricionais; 15-Suporte psicológico e social; 16-Sinais de alerta.

Após construção da versão pré-validação da cartilha, esta foi analisada em sua forma final pela pesquisadora e sua orientadora, para tão somente receber a prévia aprovação e ser transformada em versão Formato Portátil de Documento (PDF) através do programa Adobe PDF Library 10.0.1, para assim ser submetida ao processo de validação com os juízes especialistas.

A versão pré-validação da cartilha dessa pesquisa conteve 24 páginas com a proposta de ser frente-verso, inseridos desde elementos pré-textuais como os textuais. Foram construídas nas dimensões 14,8 cm de largura por 21 cm de altura, no tamanho A5 paisagem, com fundo branco (FIGURA 1).

FIGURA 1: Ilustração demonstrativa da capa e personagens da Cartilha.

O layout com predominância das cores verdes, a preferência dessa cor é justificada pela relação com os sentimentos de esperança, liberdade, saúde e vitalidade para lidar com a situação de transplantado, também é a cor que remete ao Setembro Verde com campanha no dia 27 de setembro, conforme iniciativa da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Em algumas páginas foram colocadas a cor amarela, remetendo a prosperidade. Além de uma tarja vermelha para anúncio de alerta.

O designer empregou em cada elemento pré-textual e textual uma fonte diferente, com tamanho da fonte mínima de 14. A confecção da cartilha foi fundamentada em uma escrita com uma linguagem simples, atrativa, no intuito de facilitar a interpretação e propor acessibilidade a diferentes públicos, ou seja, atingir os diversos perfis da clientela dos pacientes que se submeteram ao transplante pulmonar.

Em relação às ilustrações, a ideia foi promover imagem atrativa com desenhos próximos da realidade vivida pelos pacientes, com recursos visuais, desenhos, caricaturas e layout colorido a fim de incutir interesse e sentimentos positivos MARTINS; MAKOWSK; SANTOS, 2011)

Sendo assim, é importante que o roteiro tenha escrita simples no intuito de promover compreensão do material educativo, dispostos em tópicos e subtópicos, proporcionando uma organização das ideias (MOREIRA; NOBREGA; SILVA, 2003).

4. Validação da Cartilha

Dos 18 juízes selecionados, 14 (77,8%) eram do sexo feminino. No tocante aos dados acadêmicos, expostos na Tabela 1, observou-se que as categorias profissionais dos juízes foram variadas, sendo a maioria (12; 66,7%) enfermeiros. Todos os juízes (18; 100%) possuíam pelo menos uma especialização; seis (33,3%) eram mestres e três (16,7%) eram doutores.

Tabela 1. Variáveis acadêmicas dos juízes participantes da pesquisa.

Categoria profissional


Enfermagem1266,6
Medicina0211,1
Nutricionista0211,1
Fisioterapeuta015,6
Assistente social015,6
Tempo de formado


Média = 12,2 anos; DP = 10,2 anos; Mediana = 8 anos; Mín. = 2 anos; Máx. = 40 anos.
Até 10 anos1372,2
Acima de 10 anos0527,8
Especialização


Sim18100,0
Não
Tempo de especialização


Até 10 anos1372,2Média = 7,1 anos; DP = 6,4 anos; Mediana = 4,5 anos; Mín.= 1 ano; Máx.= 20 anos.
Acima de 10 anos0527,8
Mestrado


Sim0633,3
Não1266,7
Tempo de mestrado


Média = 5,8 anos; DP = 4,7 anos; Mediana = 1 ano; Mín. = 1 ano; Máx. = 18 anos.
Até 05 anos0466,7
Acima de 05 anos0233,3
Doutorado

Sim0316,7
Não1583,3
Tempo de doutorado



Média = 6,5 anos; DP = 2,1 anos; Mediana = 5 anos; Mín. = 1 ano; Máx. = 8 anos.
Até 05 anos0266,7
Acima de 05 anos0133,3

Legenda: n = frequência absoluta; % = frequência relativa; DP = desvio padrão; mín.= mínima; máx. = máxima.
Fonte: elaboração própria.

Com relação aos cursos de mestrado, dois (33,3%) eram mestres em Ciências da Enfermagem, um (16,7%) em Nutrição e Saúde, um (16,7%) em Educação em Saúde, um (16,7%) em Tecnologias e Inovações na Enfermagem e um (16,7%) em Ciências da Saúde. No tocante aos cursos de doutorado, um (33,3%) era doutor em Cirurgia, um (33,3%) era doutor em Ciências da Enfermagem e um (33,3%) era doutor em Ciências da Saúde.

Acerca da ocupação atual dos juízes, constatou-se que 16 (88,9%) estavam inseridos na assistência, cinco (27,8%) no ensino e na pesquisa e cinco (27,8 %) na coordenação. Todos os juízes trabalham com transplante de órgãos, contudo, apenas oito (44,4%) tinham experiência com transplante pulmonar.

A Tabela 2 possui a descrição sobre o Índice de Validade de Conteúdo (IVC) com detalhe dos itens que foram avaliados na cartilha pelos juízes.

Tabela 2. Índice de Validade de Conteúdo (IVC) e Teste Binomial dos itens de avaliação da cartilha de Transplante Pulmonar.

ItensIVCiapb
Objetivos
01)Os objetivos são coerentes com as necessidades dos pacientes transplantados de pulmão?0,940,376
02)A cartilha auxilia na condução do paciente após o transplante pulmonar?0,940,376
03)A cartilha é capaz de promover reflexão sobre os cuidados necessários que os pacientes deverão ter após o transplante?0,940,376
04)A cartilha é capaz de promover mudanças de comportamento e atitude?0,890,168
05)A cartilha pode circular no meio científico da área de transplante pulmonar?0,940,376
IVC do domínio Objetivos0,93
Conteúdo
6)A cartilha educativa é apropriada para orientação dos transplantes pulmonares?0,940,376
7)A cartilha educativa esclarece dúvidas sobre os cuidados após o transplante pulmonar?0,940,376
8)A cartilha ressalta a importância do conteúdo sobre cuidados após o transplante pulmonar?1,000,397
9)As mensagens estão apresentadas de maneira clara e objetiva?1,000,397
10)As informações apresentadas estão, cientificamente, corretas?0,940,376
11)Os conteúdos são variados e suficientes para atingir os objetivos da cartilha?0,940,376
12)Existe sequência lógica do conteúdo proposto?1,000,397
13)A divisão dos títulos e subtítulos do material são pertinentes?1,000,397
14)As ideias chaves (trechos em destaque) são pontos importantes e merecem destaque?1,000,397
IVC do domínio Conteúdo0,97
Linguagem
15)As informações apresentadas são claras e compreensíveis, diante do nível de experiência do público-alvo?1,000,397
16)O estilo da redação corresponde ao nível de conhecimento do público-alvo?0,940,376
17)As informações estão bem estruturadas em concordância e ortografia?1,000,397
18)A escrita utilizada é atrativa?1,000,397
IVC do domínio Linguagem0,98
Relevância
19)Os temas retratam aspectos-chave que devem ser reforçados durante as consultas?1,000,397
20)O material permite a transferência e generalização do aprendizado à diferentes contextos (hospitalar e domiciliar)?1,000,397
21)A cartilha propõe aprendizado, além de conhecimentos para realização do autocuidado, no paciente?0,940,376
22)A cartilha aborda os assuntos necessários para o transplantado pulmonar?1,000,397
23)A cartilha está adequada para ser usada por qualquer profissional da saúde?1,000,397
24)A cartilha está adequada para ser utilizada na prática da educação em saúde?0,940,376
IVC do domínio Relevância0,98
Ilustrações
25)As ilustrações utilizadas são pertinentes com o conteúdo do material?1,000,397
26)As ilustrações estão expressivas e de fácil entendimento?1,000,397
27)O número de ilustrações está suficiente?1,000,397
28)As legendas das ilustrações estão adequadas e auxiliam o leitor a compreender a imagem?0,940,376
IVC do domínio Ilustrações0,98
Layout
29)A apresentação da cartilha está atrativa e bem organizada?1,000,397
30)O conteúdo está apresentado com letra, tamanho e fontes adequados?1,000,397
31)O tipo de letra utilizado facilita a leitura do material?1,000,397
32)As cores dos textos são adequadas e facilitam a leitura?1,000,397
33)A disposição do texto está adequada?1,000,397
34)O papel da impressão do material está apropriado?0,940,376
35)O número de páginas está adequado?0,940,376
IVC do domínio Layout0,98
Motivação
36)O conteúdo desperta interesse para a leitura?1,000,397
37)O conteúdo está motivador e incentiva o leitor a prosseguir com a leitura?1,000,397
IVC do domínio Motivação1,00
Nível sociocultural
38)O material está apropriado ao nível sociocultural do público-alvo proposto?0,890,168
IVC do domínio Nível sociocultural0,89
IVC Total0,96

a: Índice de Validade de Conteúdo do item; b: Teste Binomial.
Fonte: elaboração própria.

Na perspectiva do conteúdo e aparência, a cartilha foi analisada através de oito domínios, considerando o cálculo do Índice de Validade de Conteúdo (IVC): Objetivos (IVC = 0,93), Conteúdo (IVC = 0,97), Linguagem (IVC = 0,98), Relevância (IVC = 0,98), Ilustrações (IVC = 0,98), Layout (IVC = 0,98), Motivação (IVC = 1,00) e Nível Sociocultural (IVC = 0,89). Conforme observado, o IVC total da cartilha pelos juízes foi de 0,96 garantindo a validade da tecnologia construída.

Neste estudo, a validação de conteúdo evidenciou todos os itens dos quatro domínios analisados com excelentes IVC (≥ 0,78), conforme Tabela 2 acima, e no Teste Binomial, os itens apresentaram p>0,05, indicando a concordância entre os juízes.

Enfim, concluindo no processo de validação, todos os juízes concordaram que o objetivo da cartilha fora atingido, contudo, os juízes 04 e 15 alertaram para a importância em se esclarecer quais doenças podem levar ao transplante, como funciona a lista e quais exames são realizados, assim como causas de rejeição. Já o juiz 06 orientou que seria interessante abordar sobre as visitas pós-transplante, cuidados higiênicos do paciente em domicílio. Já o juiz 17 ressaltou a importância em aclarar o referencial teórico utilizado para a construção da cartilha.

5. DISCUSSÃO

O processo de elaboração da cartilha surgiu sob a percepção de necessidade em desenvolver tecnologia educativa cientificamente validada e adequada ao paciente submetido a cirurgia de transplante pulmonar, com a finalidade de ser um instrumento de apoio no processo de educação, sensibilização que pudesse corroborar na adesão e autocuidado do paciente.

Destaca-se a ideia de validar uma cartilha educativa em conjunto com especialistas que vivenciam o contexto do transplante em geral do pulmonar, pois é importante obter avaliação e sugestões por diversas perspectivas, inclusive por equipe multiprofissional com médicos e enfermeiros inseridos nesse processo de orientação e cuidado.

Ademais, a assistência de enfermagem ao paciente submetido à cirurgia de transplante pulmonar ocorre durante todo o processo de preparo para a cirurgia, fato esse que requer conhecimento, competências e habilidades para cuidar de um paciente grave, no qual a equipe multidisciplinar é responsável pelo gerenciamento dos cuidados antes, durante e após a cirurgia, assegurando uma assistência direta ao paciente.

Sendo assim, ressalta-se a importância de ter um profissional com habilidades específicas para saber orientar o paciente submetido a transplante, de maneira didática, simples e eficaz. Nesse sentido, a assistência de enfermagem após o transplante deve garantir uma recuperação segura, vigilante no intuito de prevenir ou intervir em alguma complicação que possam surgir.

Nesse contexto, a complexidade de cuidados requeridos pelos pacientes que se encontram no período pós-operatório de transplante de pulmão exige a implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) de forma organizada, individualizada, com intervenções que tenham sido planejadas visando a rápida recuperação do paciente, e assim reduzir seus dias de internação hospitalar (CARVALHO et al., 2016).

Em relação ao transplante no Brasil, a quantidade de procedimentos realizados é relativamente abaixo da necessidade da população em lista de espera. Logo, a proporção do número de candidatos em fila para um transplante não é correspondida pelo número de doadores disponíveis, número bem baixo comparado com outros países como USA, o que reflete no longo período em lista, e a quantidade de transplantes que ocorrem ainda são insuficientes para atender a real necessidade (SOARES, 2020).

Sendo assim, é cada vez mais frequente a execução dessas tecnologias educativas, uma vez que são estratégias fáceis e que atraem o público participante pelo uso de cores e definições esclarecedoras, o que facilita a compreensão dos sujeitos e promove melhoria na adaptação ao contexto no qual estão inseridos (SOUSA; TURRINI, 2012).

Logo, os profissionais da saúde, podem lançar mão de uma diversidade de tecnologias para realizar com facilidade o processo de cuidar e orientar. As tecnologias devem ser utilizadas, de modo a favorecer a participação das pessoas no processo educativo, e assim desenvolver sua autonomia e promover o autocuidado dos sujeitos envolvidos (FERREIRA, et al., 2015).

Diante desse contexto, observa-se que o processo de ensino-aprendizagem é uma ferramenta que deve ser o alicerce de sustentação da formação do profissional em saúde, pois se entende que as ações desenvolvidas com o objetivo de debater e promover o conhecimento são benéficas no processo de assimilação de informações pela população e assim, subsidiar na tomada de decisões sobre suas ações e o processo de cuidar em saúde (FERREIRA, et al., 2015).

Limitações do estudo

Aponta-se como limitação deste estudo o fato da necessidade de outras categorias que perfazem uma equipe multiprofissional do transplante participarem da pesquisa, porém foram mais de 40 convites enviados, e sabe-se do rigor periódico entre o convite feito ao juiz e a resposta do mesmo para a pesquisa, o que reduziu para 18 participantes.

Contribuições do estudo para a prática

A contribuição desta pesquisa é conceber um material educativo, validado, aos pacientes que submetem a cirurgia de transplante pulmonar. Além de fomentar em novas tecnologias educativas como instrumento notório no processo de cuidar.

6. CONCLUSÃO

A presente pesquisa intitulada “Construção e Validação de uma Tecnologia Educativa para Pacientes em Pós-Transplante Pulmonar” perpassou por várias etapas rigorosas a fim de se atingir o objetivo ao qual foi proposto.

Sendo assim, no processo de criação da cartilha “Necessito do transplante de pulmão: o que preciso compreender?” as fases foram delimitadas por pesquisa qualitativa, revisão integrativa, construção da cartilha e validação com juízes especialistas.

É importante ressaltar que o estudo não se finda por aqui, pois se deseja validar a presente tecnologia com os pacientes, procedendo também a validação clínica. Nesse sentido, ressalta-se que a tecnologia construída deve passar por processos de atualizações contínuas, levando em consideração as reformulações de cuidados e práticas ao transplantado pulmonar.

Portanto, espera-se que a cartilha seja utilizada pelos profissionais de saúde que atuam no transplante pulmonar, em especial no acompanhamento ambulatorial. É importante divulgar informações que corroborem e possibilitem promoção da saúde a estes pacientes, favorecendo adesão a terapêutica pautada nas necessidades singulares e autocuidado associado ao empoderamento.

7. REFERÊNCIAS

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