CONSTRUÇÃO DE UM VÍDEO INFORMATIVO SOBRE A INFLUÊNCIA DA ESPIRITUALIDADE/RELIGIOSIDADE PARA O BEM- ESTAR DOS IDOSOS

CONSTRUCTION OF INFORMATIONAL VIDEO ABOUT THE INFLUENCE OF SPIRITUALITY/RELIGIOSITY FOR THE WELL-BEING OF THE ELDERLY

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7589680


Vívian Lacerda Wanderley de Albuquerque
Co-autor: Prof. Dr. Ronaldo Bezerra de Queiroz


RESUMO 

Introdução: Sabe-se que a religião e a espiritualidade contribuem para o bem-estar do  indivíduos são importantes ferramentas de auxílio ao enfrentamento de situações de crise. Assim, se faz necessário estudar sobre as estratégias voltadas a amenizar os danos causados, principalmente à população idosa em situações de crise. Objetivos:. Investigar a influência da espiritualidade/religiosidade para o bem-estar dos idosos em situações de crise. Confeccionar  um vídeo informativo sobre a influência da espiritualidade/religiosidade no bem-estar do idoso  em tempos de crise. Material e método: Trata-se de um estudo exploratório com uma  abordagem qualitativa. A pesquisa foi realizada com idosos cadastrados no CRAS e  CENTROCOR. A coleta de dados se deu por meio de entrevista semiestruturada, cujas  respostas foram gravadas para posterior análise. Os dados foram avaliados por análise de  conteúdo, para apreender a contribuição da religião/espiritualidade durante a pandemia de  COVID-19 para o bem-estar dos idosos avaliados, previamente processados no software  IRAMUTEQ.  

Descritores: Saúde; Idosos; COVID-19; Espiritualidade.

ABSTRACT 

Introduction: It is known that religion and spirituality contribute to the well-being of the  individual and are important tools to help face crisis situations. Thus, it is necessary to study  the strategies aimed at mitigating the damage caused, especially to the elderly population in  crisis situations. Objectives: To investigate the influence of spirituality/religiosity on the well being of the elderly in crisis situations. To make an informative video about the influence of  spirituality/religiosity on the well-being of the elderly in times of crisis. Material and  Methods: This is an exploratory study with a qualitative approach. A survey was conducted  with elderly people registered at CRAS and CENTROCOR. Data were collected through semi structured interviews, whose answers were recorded for later analysis. The data were evaluated  by content analysis, to apprehend the contribution of religion/spirituality during the COVID-19  pandemic to the well-being of the elderly assessed, previously processed in the IRAMUTEQ  software. 

Descriptors: Health; Elderly; COVID-19; Spirituality.

1 INTRODUÇÃO 

O surgimento de um novo coronavírus na cidade de Wuhan, na província de Hubei, na China, em dezembro de 2019, surpreendeu o mundo. Isso porque o novo vírus foi capaz de se disseminar tão rapidamente que, após 3 meses, estava espalhado por 114 países, fazendo com que a OMS declarasse a pandemia (CAVALCANTE, 2020). A infecção pelo novo coronavírus ocasiona a síndrome respiratória viral mais severa desde a pandemia de influenza H1N1, em  1918 (SCHIMIDT, 2020), com piores desfechos e maior mortalidade quando os idosos são  acometidos (LIAN et al, 2020; LIU, et al., 2020; NIU et al., 2020). 

Com essa premissa, observou-se, a partir do ano de 2020, o estabelecimento de uma pandemia decorrente de uma doença altamente contagiosa, causada por um vírus – o novo coronavírus (SARSCOV-2) e denominada de COVID-19, que provoca intensas alterações no estado de saúde física, mental e espiritual da população mundial, notadamente entre os idosos, alterações essas que podem permanecer por longo prazo (VAHIA et al., 2020). 

Assim, junto com a disseminação do vírus, havia também a preocupação quanto à saúde  mental, principalmente das populações consideradas mais vulneráveis (DEPOUX et al, 2020),  uma vez que vários fatores diretamente relacionados com a doença afetam o bem-estar, principalmente dessa população, como o medo de adoecer, de morrer, de infectar outros e de  perder pessoas amadas; bem como fatores indiretamente relacionados, mas que também  geraram consequências a essa população, como o isolamento social, a quarentena, além dos  aspectos físico e econômico (JAHANSHAHI et al, 2020; QIU, et al., 2020; WANG et al., 2020;  ZANDIFAR; BADFARM, 2020).  

Além disso, o estresse causado pela pandemia veio interferir também na imunidade dos  idosos, tornando-os ainda mais susceptíveis a infecções, podendo aumentar a morbidade e a  mortalidade por complicações da doença causada pelo novo vírus (CHATARD et al., 2020;  COUGHLIN, 2012). 

No contexto nacional, milhões de brasileiros foram acometidos pelo SARSCOV-2 e  milhares morreram em decorrência dele, a maior parte, idosos (BRASIL, 2020). Por ter se  mostrado mais letal nesse segmento da população e em pacientes com comorbidades (YANG et al., 2020, OLIVEIRA et al., 2021), a COVID-19 exigiu, principalmente por parte destes, a  adoção de novos hábitos e de uma nova forma de viver, ocasionando restrições que interferiram  na sua funcionalidade e criaram um status propício ao prejuízo do seu bem-estar, como  percebido antes em outras situações de crise (SCHUSTER, 2001, SEPÚLVEDA-LOYOLA,  2020). Alguns autores acreditam que essa nova forma de viver deve perdurar e que a definição de normalidade para nós deve ser modificada ante essas circunstâncias, evidenciando ainda  mais a necessidade de se atentar às necessidades dos mais vulneráveis, o que inclui os idosos  (DRUMMOND, 2020). 

Assim, o mundo se viu diante de uma pandemia com importante impacto para os idosos,  que compõem uma população cada vez mais numerosa, tendo em vista que o envelhecimento  populacional é uma realidade mundial. Em 2050, estima-se que metade da população seja de  pessoas com 65 anos de idade ou mais (CHANG, 2019). No Brasil, como aponta a projeção de  população do IBGE, atualizada em 2018, a expectativa é deque o número de idosos chegue a  ser ¼ da população em 2043, enquanto a proporção de jovens até 14 anos será de apenas 16,3%  da população do Brasil (PERISSÉ; MARLI, 2019). Isso já acontece em outros países, como  Itália e Japão, que possuem mais de 30% de idosos em suas sociedades (VERAS, 2009). 

Essa transição demográfica, ocasionada pela queda da fecundidade e mortalidade, pela melhoria no acesso aos serviços de saúde e das condições sanitárias, gera uma demanda expressiva e nunca antes vista, secundária a esse novo cenário onde as políticas de saúde devem  atentar para as necessidades dessa população, que incluem maior utilização de serviços médicos  e de medicamentos, maior utilização dos recursos da previdência e o manejo do tratamento de doenças crônicas e cuidados paliativos (VERAS, 2009; MIRANDA et al, 2016), o que mostra  a vulnerabilidade dessa parcela da população nessa área específica. 

As políticas em saúde e a própria formação dos profissionais da área de saúde de modo geral sempre colocaram a prioridade no controle da morbidade e mortalidade (FLECK, 2000).  No entanto, a despeito disto, a definição de saúde pela Organização Mundial da Saúde (OMS)  é um completo estado de bem-estar físico, mental e social e não meramente a ausência de  doença (INTERNATIONAL HEALTH CONFERENCE, 2002). Isso vem a corroborar uma  visão mais abrangente proposta pela entidade que, desde 1988, incluiu a dimensão espiritual no conceito multidimensional de saúde (WHO, 1998), não se limitando a algum tipode crença ou prática religiosa, mas incluindo questões de natureza imaterial, remetendo a questões como  significado e sentido da vida, pois haveria “na vida mais do que pode ser percebido ou completamente entendido” (WHO, 1998; VOLCAN et al, 2003). 

Sabe-se, através de diversos estudos (LUCCHETTI et al, 2020; OLONADE et al, 2021; MOREIRA-ALMEIDA, 2014), que a religião e a espiritualidade têm importante contribuição  no bem-estar do indivíduo, tornando-o mais resiliente e psicologicamente resistente  (BERNARD et al, 2017; HEIDARI et al., 2019), e que a religiosidade é uma das principais  ferramentas para lidar com situações de crise, contra depressão e ansiedade, especialmente na  população idosa, impactando a saúde mental e física (STEARNS et al., 2018; KOENIG, 2020; LUCCHETTI et al., 2020), devendo assim ser alvo de análise por parte dos profissionais de  saúde, tanto como ferramenta preventiva de algumas doenças psíquicas, como um meio de amenizá-las. 

Tendo em vista a importância da preservação da saúde e bem-estar do idoso, e os poucos estudos que relacionam espiritualidade/religiosidade à pandemia de COVID-19 e que são  direcionados à população idosa foi despertada a necessidade de realizar uma pesquisa  direcionada à contribuição da espiritualidade para o bem-estar do idoso durante essa pandemia.  Diante dessa justificativa, questiona-se o que há na literatura recente sobre a influência da  espiritualidade/religiosidade na população idosa em tempos de crise. Qual é a percepção da população idosa atendida em um serviço de saúde sobre a espiritualidade/religiosidade em situação de crise como a pandemia de Covid-19? Como permitir uma melhor compreensão desse impacto e minimizar os danos causados pela pandemia atual? Para a solução desses questionamentos foram elaborados os objetivos da pesquisa: 

• Extrair da literatura evidências científicas acerca da influência da espiritualidade/religiosidade na população idosa em situações de crise. 

• Investigar a influência da espiritualidade/religiosidade para o bem-estar dos idosos em  situações de crise. 

• Confeccionar um vídeo informativo sobre a influência da espiritualidade/ religiosidade  no bem-estar do idoso em tempos de crise como a pandemia de Covid-19.

2 REFERENCIAL TEÓRICO 

2.1 Saúde, espiritualidade e religiosidade 

2.1.1 Definição 

A definição de saúde pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é a seguinte: um completo estado de bem-estar físico, mental e social e não meramente a ausência de doença (INTERNATIONAL HEALTH CONFERENCE, 2002). O bem-estar é definido por Raz (2004), como a noção de uma pessoa que vive uma vida boa; ou com menos angústia (MIROWSKY; ROSS, 2003); ou, ainda, gozar a vida e sentir-se feliz, tendo esperança quanto ao futuro, e sentindo-se tão bem quanto as outras pessoas (MODISE; JOHANES, 2016). Em maio de 1984, na 37ª Assembleia Geral na sede da OMS, composta por acadêmicos, técnicos e políticos, foi aprovada a resolução WHA 37.13, que reconhece a relevância da dimensão  espiritual e convida todos os Estados-membros a incluírem a espiritualidade como parte de suas estratégias de saúde, respeitando os padrões sociais e culturais locais (CHIRICO, 2016;  TONIOL, 2017). Anos depois, em 1988, devido à percepção da influência da espiritualidade no bem-estar e qualidade de vida, a OMS incluiu, no conceito multidimensional de saúde, mais  um domínio, o espiritual (WHO, 1988; TONIOL, 2017), relacionando-o à qualidade de vida. 

De acordo com Stefanek (2005), entre 1993 e 2002 houve um aumento de 600% nas publicações sobre espiritualidade e saúde e de 27% nas que buscavam entender o campo religião e saúde. Apesar dos estudos crescentes relacionados à espiritualidade no contexto do cuidado de saúde, e de, nas últimas décadas, a barreira entre medicina e espiritualidade estar se desfazendo em decorrência de os profissionais de saúde possuírem embasamento científico para confirmar os benefícios da exploração da espiritualidade (KOWALCZYK, 2020; PANZINI2007), o tema ainda é muito relacionado à religião. Esta considerada um tabu na sociedade ocidental, onde a medicina ainda enxerga o indivíduo de maneira compartimentada física,  psíquica e espiritualmente e não de maneira intimamente relacionada, haja vista que o espiritual  enfatiza a alma e não o corpo (CHIRICO, 2016). Assim, a espiritualidade, um relevante fator  de saúde, é negligenciado (KOENIG, 2004). No oriente, a medicina busca interrelacionar a  espiritualidade ao binômio saúde-doença (PANZINI, 2007). 

Além disso, a formação dos profissionais de saúde, de um modo geral, ainda não contempla esse aspecto. Por outro lado, estudos mostram que a maioria dos idosos sentem-se confortáveis em falar sobre o tema com o profissional de saúde que os assistem e até gostariam  que ele fosse abordado na prática clínica, relacionando inclusive a fé com a adesão ao  tratamento e ao autocuidado (PETEET, 2019; ROCHA; CIOSAK, 2014). 

Sabe-se que, para pensar no bem-estar do indivíduo, deve-se atentar também para um de seus aspectos relacionados: o espiritual. Para Batista (2010, p.51), “a espiritualidade faz parte  da constituição de todos os homens, independente [sic] de qualquer experiência religiosa”. No  Brasil, a população tem uma expressiva fé em Deus (ROCHA e FLECK, 2011). Conforme o  último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geoestatística (IBGE), em 2010, apenas 8%  da população declarava não ter religião, enquanto 64,6% era formada por católicos, 22,2% por  evangélicos, 2% era de espíritas, 0,7% de testemunhas de Jeová, 0,3% dos que seguiam o animismo afro-brasileiro e 1,6% de pessoas que praticavam outras religiões (budistas, judeus,  messiânicos, esotéricos, islâmicos, espiritualistas, hoasqueiros). Os dados desse censo  evidenciam quão religiosa é a nossa população, pois a expressiva maioria diz professar alguma fé relacionada a uma religião. 

De acordo com Chirico (2016, p.13), “a espiritualidade é inata em todos os humanos”  e, por aliviar o estresse, “pode influenciar positivamente o sistema imune, cardiovascular,  hormonal e nervoso”. A espiritualidade é de difícil mensuração, vivenciada de maneira  individual e pessoal (KOENIG,2004). 

Roger e Hatala (2017, p.6) definem espiritualidade como “uma dimensão do ser que dá significado à vida através de uma busca pessoal para compreender as questões fundamentais sobre a vida, e sobre as relações com o sagrado ou transcendente”. Este último termo remete ao  “que se acredita existir além de si, embora também possa existir ao lado ou dentro de si” (PETEET, 2019, p.32). Para Hill et al (2000, p.66), a espiritualidade diz respeito a “sentimentos, pensamentos, experiências e comportamentos que surgem a partir da busca pelo sagrado”. A religiosidade é, para Rocha e Fleck (2004), acreditar na existência de um poder governante sobrenatural, o criador e controlador do universo, que tem dado para o homem uma natureza espiritual que continua a existir após a morte do corpo, envolve credos, doutrinas e rituais que  acabam por diferenciar um grupo do outro, conforme (KOENIG, 2004), e, de acordo com Peteet  (2019),é de mais fácil mensuração e quantificação, e inclui crenças sobre Deus, meditação,  leitura de escrituras sagradas e engajamento em rituais e sacramentos. De acordo com as  definições de espiritualidade e religiosidade já expostas, é possível que o indivíduo desenvolva  sua espiritualidade, sem que acredite em um ser superior ou faça parte de um grupo religioso específico, podendo ser expressões dessa espiritualidade, a gratidão, o contato com o outro, o  perdão etc. (TUCK, 2014; BÜSSING, 2021). Hill et al. (2000) entendem que um ponto comum entre religiosidade e espiritualidade seria a relação com o sagrado, e que este poderia se referir até mesmo à saúde física e mental. 

Para Hill e Pargament (2003), a dicotomização do espiritual com o religioso é superficial  e inadequada. Eles apontam 3 razões principais para se ter cautela com essa divisão: primeiro,  ela ignora que as formas de expressão de espiritualidade tendem a se desdobrar num contexto  social, segundo, trazem um estigma onde a espiritualidade é boa, traz liberdade de expressão,  não é sistematizada, enquanto a religião seria inibidora de expressão, autoritária e sistematizada  (KOENIG et al, 2001); e, por último, porque a maioria das pessoas experimentam a espiritualidade através de um contexto religioso. 

Um outro autor, Tuck (2014), entende que um dos meios pelos quais a espiritualidade gera saúde mental é através do perdão, e este promoveria crescimento espiritual. De acordo com  Büssing (2021), percepções de admiração e gratidão são expressões de espiritualidade secular,  podendo ser vivenciada por pessoas não religiosas. Ele acredita que a gratidão é uma construção  de uma consciência espiritual, podendo ser considerada mais uma dimensão da qualidade de  vida de uma pessoa. Shaw (2005, p.353) fala da espiritualidade secular, pois, para ele, a espiritualidade é “uma forma de experiência emocional”, e ele ainda afirma: 

O denominador comum de sentimentos intrínsecos à espiritualidade estão associados à “expansão do eu”. Nesta perspectiva, a espiritualidade não consiste em encontrar uma divindade fora da vida individual ou no sobrenatural, mas sim em um esforço  para encontrar significado em experiências de vida ou em uma forma de misticismo  da natureza. Hegel tentou encontrar um significado mais elevado, não no além, mas no  aqui e agora em que o indivíduo alcança alguma sensação de ser parte integrante de um universo cósmico todo. 

Porém, há autores que discordam dessa definição de espiritualidade, a exemplo de  Koenig (2020) e Lucchetti (2020), segundo o qual as consequências da espiritualidade não podem definí-la. Koenig (2008) diz que existem 4 formas de definir espiritualidade: a primeira,  da maneira mais tradicional, que é relacionando intimamente a espiritualidade e a religiosidade, sendo a espiritualidade intrínseca à religião; a segunda, uma versão mais moderna, onde vem  se dissociando ao longo dos anos a espiritualidade da religiosidade, não existindo  obrigatoriedade de ser religioso para desenvolver a espiritualidade; a terceira, uma versão tautológica, diz que a espiritualidade se equipara a indicadores positivos de saúde mental, tais  como bem-estar, paz, propósito de vida, harmonia, conexão com outros etc.; a quarta inclui o  secular e não apenas a religião e os indicadores de saúde mental, onde ateus e agnósticos também seriam considerados espirituais.

Para Koenig (2008), a multiplicidade de teorias dificulta o desenvolvimento de  pesquisas na área. No caso, especialmente da terceira e quarta definições, acredita que não seria  possível avaliar o efeito da espiritualidade na saúde mental de uma população se a definição de espiritualidade se equipara aos indicadores positivos de saúde mental. Além disso, para ele, essas definições acabariam por considerar espirituais os que têm boa saúde mental e excluiria do conceito de espiritualidade os que sofrem de alguma doença mental. De acordo com Lucchetti (2020), não apenas a espiritualidade e a religiosidade, mas as crenças que o indivíduo  carrega se associam com melhores desfechos de saúde, como “menores níveis de tristeza, medo e preocupação” e mais esperança. Tanto a espiritualidade quanto a religiosidade estão, em  vários estudos, relacionadas à saúde e bem-estar do indivíduo, como veremos mais à frente (KOENIG, 2001). 

2.1.2 Espiritualidade/religiosidade e bem-estar físico e mental 

Bem-estar é definido como a noção de que uma pessoa tem uma vida boa (RAZ, 2004),  como a sensação de menos angústia, sendo inversamente proporcional a esta (MIROWSKY;  ROSS, 2003); e, para Modise e Johanes (2016, p.12-13), está relacionada à capacidade de  “gozar a vida e sentir-se feliz, tendo esperança quanto ao futuro, e sentindo-se tão bem quanto  as outras pessoas”. 

Em relação à contribuição da espiritualidade para a saúde física, estudos mostram que quanto mais envolvimento religioso, menor morbidade e mortalidade cardiovascular (GOLDBOURT, 1993; OXMAN, 1995; HILL et al, 2017), menores os níveis pressóricos sistêmicos (DAS; NAIRN, 2016), menores os riscos para apresentar um quadro de acidente vascular cerebral (COLANTONIO, 1992; WOLINSKY et al, 2009), maior é a facilidade de enfrentar a dor (TURNER, 1986), prevenção de aparecimento e progressão de incapacidade funcional (IDLER; KASL, 1997; HILL et. al, 2016a), melhora do sistema imune e de desfechos  em agravos de saúde em pessoas espiritualizadas (KOENIG et al., 1997; KOENIG, 2012; WOODS, 1999; SHATTUCK; MUEHLENBEIN, 2020; RIAS et al, 2020), melhora da função neuroendócrina (TOBIN; SLATCHER, 2016), menor suscetibilidade a infecções (COMSTOCK, 1970), menor probabilidade de morrer em decorrência de câncer (DWYER, 1990), melhor qualidade de vida e controle de sintomas (PETRI, 2015) e maior expectativa de vida (SAAD; MEDEIROS, 2017). 

Existem ainda inúmeros estudos que comprovam a relação da espiritualidade e da  religiosidade com uma melhor saúde mental, maior sensação de bem estar e satisfação com a vida. (RIAS, et al., 2020, KOENIG, 2001). E ainda se observa uma maior resiliência para  enfrentar períodos de crise nas pessoas que têm a espiritualidade desenvolvida (TUCK, 2014). De acordo com Koenig (2001), a religião influencia positivamente a saúde através de  mecanismos psicológicos, sociais e comportamentais. 

Assim, a espiritualidade/religiosidade parece exercer influência sobre o emocional, o físico, o social e o comportamental do indivíduo (HILL et al, 2016). De acordo com Hill (2017), a religiosidade/espiritualidade promovem um bem-estar mental capaz de influenciar ossistemas biológicos diversos, como, por exemplo, o neuroendócrino, imune e nervoso. 

2.1.3 Espiritualidade/religiosidade em momentos de crise 

A história nos mostra que, em momentos de crise humanitária, como a que vivenciamos com a pandemia de Covid-19, ocorre um aumento do uso de drogas, além deansiedade,  depressão e de outras desordens mentais (MASON et al., 2010). Por outro lado, as experiências  anteriores documentadas em situações semelhantes nos mostram uma disposição em lançar mão  da espiritualidade como meio de preservar a saúde mental, como em um estudo realizado em 2001, após o ataque terrorista de 11 de Setembro,que levou à morte 2996 pessoas, em Nova  Iorque, nos Estados Unidos da América, quando 90% dos participantes dizia ter se voltado  para a religião, a fim de lidar com o ocorrido (SCHUSTER etal, 2001). 

Conclusões semelhantes de auxílio ao enfrentamento de situações de crise foram observadas em estudos com indivíduos portadores de doenças crônicas (PILGER et al, 2021  ROCHA; CIOSAK, 2014; SILVA et al., 2020; TUNE-BOYLE et al, 2006). Rocha (2014,  p.96) diz que “independente [sic] da religião, os idosos que têm uma boa relação com um ‘ser  superior’ têm maior resiliência para enfrentar obstáculos da vida e situações de sofrimento,  vendo a vida de maneira mais positiva e otimista”. As percepções acerca da espiritualidade em  cenários de guerra também se repetem, como exemplo, o estudo realizado por Ebadi (2009),  onde o autor, após pesquisa, cujos participantes eram iranianos veteranos de guerra com  complicações de saúde, concluiu que a espiritualidade trouxe significado e propósito, ajudando  a lidar com a doença e a melhorar sua saúde e qualidade de vida (EBADI et al, 2009). 

Um estudo realizado por Weinberger-Litman em 2020, que avaliou o estresse e ansiedade entre membros de uma comunidade judia, não conseguiu mensurar quanto o compromisso religioso poderia moderar os níveis de estresse, segundo o próprio autor, em consequência da homogeneidade da amostra (WEINBERGER-LITMAN, 2020).

Rocha e Ciosak (2014, p.95) colocam que existem mecanismos importantes de enfrentamento de situações de crise, que são “um conjunto de estratégias utilizadas para lidar e adaptar-se às adversidades da vida”. Exemplificando: o enfrentamento pessoal, onde é enfatizada a força de vontade, a crença em sua própria força e resiliência; o enfrentamento através de suporte social, relacionado com a rede de apoio que o idoso dispõe, que muitas vezes é sua razão de vida, podendo ser a família ou outro grupo social que traga a sensação de pertencimento; e a espiritualidade, tema deste estudo. 

Para Siqueira (2012, p.18), “a fé é colocada como algo maior, que consola, que fortalece  e dá suporte para viver, sendo um recurso de enfrentamento, auxílio no bem-estar e apoio emocional fonte de conforto, satisfação e alegria”. Para Silva (2020, p.7108), “buscar apoio na religião e espiritualidade ajuda a completar a distância da família, da rotina; acolhe, acalma e dá sustento para suportar as dificuldades”. Além disso, para ela, a religião e espiritualidade são  dimensões que permitem um cuidado humanizado e holístico, permitindo assistir ao paciente  na sua integralidade, além do corpo. A espiritualidade seria útil em situações assim por ser  capaz de reduzir a incidência de problemas mentais, tais como a depressão, o abuso de substâncias e ansiedade, e, por outro lado, por aumentar a percepção de bem-estar, o senso de propósito, o otimismo, a esperança e a satisfação com a vida (KOENIG, 2012), e, de acordo com Lucchetti (2020), o desenvolvimento da espiritualidade é importante para reduzir o sofrimento na medida em que interfere positivamente nos desfechos de saúde e por influir na  capacidade de o indivíduo minimizar as consequências que o isolamento social pode causar. 

Além disso, a espiritualidade e a religiosidade podem auxiliar o enfrentamento de situações adversas por, durante a crise, aumentarem a resiliência (LUCCHETTI et al., 2020; SILVA, 2020), “podendo melhorar até as enfermidades” (SILVA, 2020, p.7098) e, no caso da religiosidade, permitir que o indivíduo tenha uma rede de apoio que o favoreça ante as adversidades (ROCHA; FLECK, 2011). Essa conclusão está de acordo com os achados de uma pesquisa realizada por Schmitt Jr. no início da pandemia de Covid-19 com 3.274 participantes,  na qual espiritualidade foi um preditor de proteção contra sintomas depressivos. De acordo com Silva (2020, p.7108), “a espiritualidade e a religiosidade podem ser usadas comotáticas que aumentam o grau de significado dado à vida”, especialmente na população idosa. 

Em um estudo realizado no Brasil em meio à pandemia de Covid-19, com 485 participantes adultos, 73,4% deles disseram ter encontrado, na espiritualidade, uma ajuda para  lidar com o isolamento social, e 57,3% relataram ter experimentado um crescimento espiritual  durante esse período (LUCCHETTI et al., 2020). Por tudo isso, a espiritualidade tem sido vista como “uma importante ferramenta usada para enfrentar o sofrimento causado por trauma e  stress” (LUCCHETTI et al, 2020, p.675). 

Alguns autores acreditam, entretanto, que a espiritualidade/religiosidade também poderia ter uma influência negativa na saúde mental. Isso porque poderia ser uma ferramenta usada de maneira negativa, quando, por exemplo, as crenças e práticas religiosas são usadas para justificar comportamentos prejudiciais à saúde ou em substituição ao tratamento médico padrão, devendo a crença específica, nesses casos, ser desencorajada (KOENIG, 2001), ou, no caso da não adesão ao tratamento convencional proposto, sugerir-se adicioná-lo ao espiritual, uma vez que, normalmente, opor-se à crença/prática não é uma estratégia bem-sucedida (PETEET, 2020). 

Um outro aspecto negativo observado são as lutas espirituais que envolvem duvidar da crença de alguém, relacionar uma enfermidade com uma punição divina ou ação demoníaca,  sentimento de culpa, discordar de assuntos espirituais, questionar o propósito da vida de alguém etc. (EXLINE et al., 2014). Pargament e Exline (2021) relacionam essa luta espiritual a mais  sofrimento, com prejuízo à saúde física, mental, podendo aumentar o risco demorte. Vitorino et al (2018) perceberam tristeza e mau funcionamento do corpo em pacientes brasileiros em  hemodiálise, causado por essas lutas espirituais. Entretanto, a vasta maioria dos estudos  relaciona a espiritualidade com melhor saúde mental e física (KOENIG, 2001). 

2.2 COVID-19 

Em 12 de Dezembro de 2019, o mundo inteiro foi surpreendido com o surgimento de um surto de pneumonia viral que aconteceu em Wuhan, na província de Hubei (WHO, 2020), na China, onde 27 pessoas foram infectadas, sendo 7 de forma grave (CHENG, 2020).Tratava se de um novo coronavírus que era capaz de causar uma síndrome respiratória aguda severa – 2 (SARS-CoV-2), ou coronavirus disease (COVID-19) (OLIVEIRA et al, 2021). 

O SARS-CoV2 é um vírus RNA de cadeia positiva com envelope, um betacoronavírus,  cuja sequenciação e análise filogenética completa indicaram que ele tem o mesmo subgênero  do vírus da síndrome respiratória aguda grave (SRA) (bem como de vários coronavírus de  morcegos). O Grupo de Estudo do Coronavírus do Comitê Internacional de Taxonomia dos  Vírus propôs que este vírus fosse designado por severe acute respiratory syndrome coronavirus  2 (SARS-CoV-2) (CORONAVIRIDAE STUDY GROUP OF THE INTERNATIONAL COMMITTEE ON TAXONOMY OF VIRUSES, 2020). O vírus da síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS), outro betacoronavírus, aparece menos relacionado (ZHU et al, 2020; LU et al, 2020). 

A semelhança mais próxima da sequência de RNA não é com o betacoronavírus causador da síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS), mas com dois coronavírus que infectam morcegos. Assim, é provável que os morcegos sejam a fonte primária, porém não se sabe como se deu o mecanismo de transmissão para os humanos (PERLMAN, 2020). Outra semelhança é que o novo coronavírus usa o mesmo receptor que o SARS-CoV para entrar na célula do hospedeiro: a enzima conversora de angiotensina 2 (ECA2) (ZHOU et al, 2020). Sua ligação à ECA2 se dá através da proteína spike que se encontra na superfície do vírus. A protease celular TMPRSS2 também parece desempenhar um importante papel para a entrada do vírus na célula SARS-CoV-2 (HOFFMANN et al, 2020). 

O SARS-CoV-2 é capaz de ocasionar desde um simples resfriado até uma resposta inflamatória importante (OLIVEIRA et al, 2021). Entretanto, não existe nenhuma característica  clínica confiável para diferenciar o COVID de outra infecção viral respiratória (STRUYF et al,  2020), e, embora muitos estudos evidenciem que a perda de olfato ou paladar sejam os sintomas mais fortemente associados a um teste SARS-CoV-2 positivo (TOSTMANN, 2020;  AKINBAMU et al, 2021; DAWSON et al, 2021), alguns sugerem que o surgimento de dispnéia – dias após os primeiros sintomas – seja sugestivo de COVID-19 (COHEN et al, 2020), e  que o aparecimento de lesões cutâneas, principalmente nos dedos dos pés, também conhecidas  como “dedos dos pés do COVID”, aumentam a suspeita de COVID-19, de modo que o diagnóstico definitivo só se estabelece através de testes microbiológicos. 

A infecção causada pelo novo coronavírus é, em muitos casos, silenciosa. Estudos estimam que entre 33 e 73% dos casos de infecção são assintomáticos (uma proporção ainda incerta) (JAPANESE NATIONAL INSTITUTE OF INFECTIOUS DISEASES, 2020;  ORAN, TOPOL, 2021; SAKURAI, 2020). Quando pré-sintomática, a infecção geralmentese  manifesta entre o terceiro e o sétimo dia após o teste de reação em cadeia da polimerase com transcrição reversa (RT-PCR), realizado através de coleta de secreção do trato respiratório superior (swab nasal, nasofaríngeo ou orofaríngeo, ou aspirado nasal ou nasofaríngeo, ou amostra de 1 a 5ml de saliva), ser positivo (SAKURAI, 2020; CDC, 2021).O RNA SARS CoV-2 pode ser detectado fora do trato respiratório (por exemplo, fezes, amostras oculares, sangue), porém, o teste destas amostras tem um papel limitado no diagnóstico da COVID-19  (CHEN et al, 2020; CHEUNG, 2020; AZZOLINI, 2021). Alguns indivíduos, após apresentarem  um teste positivo, permanecem semanas com o vírus RNA detectável em seu trato respiratório  superior sem que isso signifique infectividade (CDC, 2021; WÖLFEL et al., 2020). É importante lembrar que existem variáveis que podem interferir no resultado da testagem para o  COVID-19, como, por exemplo, a técnica de coleta e o período em que ela foi realizada, e a  acurácia dos testes, sendo possível a ocorrência de falsos- negativos. Assim, quando se mantém a suspeita, deve-se repetir o teste após 48 horas (PALTIEL; ZHENG; WALENSKY, 2020).

Após a exposição ao vírus, o período de incubação do COVID-19 se dá até 14 dias, sendo na maioria dos casos entre 4 e 5 dias (CHAN et al, 2020; GUAN et al, 2020, LI et al, 2020). As manifestações mais comuns do COVID-19, de acordo com o estudo, são: tosse em 50% dos casos; febre>38ºC em 43%; mialgia em 36% dos casos; cefaléia em 34%; dispneia em  29%; dor de garganta em 20%; diarréia em 19%; náuseas e vômitos em 12%; ageusia, anosmia, dor abdominal e rinorréia em menos de 10% cada (STOKES et al, 2020). Alguns pacientes inicialmente com a forma leve da doença podem evoluir após 5 a 7 dias com um quadro mais severo. (HUANG et al., 2020; WANG et al, 2020). 

A complicação mais severa ocasionada pelo novo coronavírus é a síndrome respiratória  aguda, que pode se desenvolver em até 20% dos pacientes (HUANG et al., 2020), levando à necessidade de ventilação mecânica em 12% dos casos. Outras complicaçõestambém podem  ocorrer, como as cardíacas (arritmias, miocardite, choque) (ARENTZ et al, 2020; CAO et al., 2020; CHEN, 2020;WANG et al., 2020), tromboembólicas venosas e arteriais (trombose venosa profunda, tromboembolismo pulmonar, acidentes vasculares encefálicos e isquemia de  membro) (BILALOGLU et al., 2020; HELMS et al.et al, 2020; KLOK et al., 2020; MAO et  al., 2020; MERKLER et al., 2020; MOLL et al., 2020; OXLEY et al, 2020; ZHANG et al., 2020), neurológicas (em um estudo, foi observada a encefalopatia em 1/3dos pacientes  graves hospitalizados, ao passo que acidente vascular cerebral, ataxia e déficits motores e sensoriais foram menos frequentes) (LIOTA et al., 2020), inflamatórias (por exemplo,  Síndrome de Guillain-Barré, Síndrome inflamatória multissistêmica em crianças), com associação entre elevadas taxas de marcadores inflamatórios e citocinas pro-inflamatórias a  quadros mais graves (HUANG et al., 2020; KLOK et al., 2020; MEHTA et al., 2020; WANG  et al., 2020); e infecções secundárias em apenas 8% dos casos (RAWSON et al., 2020;  SEPULVEDA et al., 2020). 

Estudos por autópsia detectaram a presença do coronavírus no fígado, coração, rins, pulmão, sangue e cérebro, sugerindo o acometimento sistêmico (LINDNER, 2020; PUELLES  et al, 2020; SOLOMON, 2020; WICHMANN et al., 2020). 

Nos primeiros 30 dias do seu surgimento, o SARS-CoV2 levou a óbito 259 chineses, e, devido a sua rápida disseminação, fez com que a OMS decretasse, em 30 de janeiro, emergência  em saúde pública de importância internacional (ESPII), e, em 11 de março de 2020, havia mais de 110 mil casos do novo vírus espalhados em 114 países, fato que motivou a OMS a declarar a pandemia (CAVALCANTE, 2020). 

No mundo, segundo a OMS (2021), até 16 de setembro de 2021, havia 226.236.577 casos confirmados de COVID-19, incluindo 4.654.548 mortes. No Brasil, o primeiro caso documentado foi o de um idoso em 26 de fevereiro de 2020, em 25 de maio de 2020, o Brasil já registrava um número superior a 374 mil casos e 23.473 mortes em todo o território nacional (CRODA et al, 2020). Até 16 de setembro de 2021 haviam sido registrados 21.019.830 casos e 587.797 mortes, em sua maioria, idosos (WHO, 2021; BRASIL, 2020). 

O COVID-19 mudou a vida das pessoas ao redor do mundo (BÜSSING, 2021). Durante  a pandemia de COVID-19, fatores ambientais, sociais e psicológicos foram modificados na  população em geral, não só em decorrência dos sintomas que o vírus provoca, e das  complicações que podem decorrer da infecção, mas também do isolamento social que se fez  necessário, a fim de conter a disseminação do vírus (MURRAY, 2020). Para este fim, a OMS  juntamente com a London School of Hygiene and Tropical Medicine (LSHTM), criou, em  junho de 2020, as medidas públicas de saúde e sociais que consistem em seis tipos de ações  cujo rigor varia de acordo com a situação da pandemia em cada lugar, são elas: uso de máscaras; adaptação ou fechamento de escolas; adaptação ou fechamento escritórios; comércios; instituições e operações; excluindo-se apenas as consideradas essenciais (por exemplo, supermercados, farmácias, serviços de saúde), restrições às reuniões, restrição ao  movimento doméstico, que vai desde recomendação de limitação de circulação até proibição  de se deixar suas casas; restrição aos vôos internacionais (WHO, 2020).

2.2.1 COVID-19 e idosos 

Segundo Barbosa (2020) os idosos foram especialmente afetados pela COVID-19, pois  14,8% dos infectados com mais de 80 anos morreram, esse valor foi de 8,0% entre os idosos de  70 a 79 anos e, entre os que tinham entre 60 e 69 anos, 8,8%, revelando uma taxa 3,82 vezes  maior que a média geral da população infectada pelo SARS-CoV-2 (HAMMERSCHMIDT; SANTANA, 2020; SHAHID et al, 2020; YANG, 2020). No Brasil, em junho de 2021,  62,5% das mortes eram de idosos (WHO, 2021). Yang (2020), afirma que, a partir de estudo  sobre a saúde mental dos idosos na pandemia, a rápida transmissão da síndrome aguda respiratória grave do coronavírus2 (SARS-CoV-2) e a alta taxa de mortalidade exacerbam o risco de problemas de saúde mental, além de agravar os sintomas psiquiátricos existentes e  trazer prejuízo tanto à sua funcionalidade quanto à cognição. A tensão decorrente da pandemia e do isolamento social propiciou, em muitos casos, a perda do bem-estar do idoso, aumentando  a possibilidade do surgimento de doenças psíquicas como ansiedade e depressão. (FOUNTOULAKIS et al, 2021; SEPÚLVEDA-LOYOLA, 2020). Diversos estudos mostraram que houve aumento de ansiedade, depressão e stress durante a pandemia de Covid-19 (WANG, 2020; ÖZDIN, 2020; MOGHANIBASHI-MANSOURIEH, 2020). A pandemia interferiu na saúde psíquica através da privação e do medo de ser infectado, de ter complicações da doença, de não ter acesso a serviços de saúde, e desconforto com as informações duvidosas oferecidas pela mídia (BÜNTZELl, 2020; BÜSSING, 2020). Umestudo realizado na Grécia por  Fountoulakis et al (2021) com 2.756 mulheres e 621 homens, concluiu que o aumento da  ansiedade e sintomas depressivos estava presente em 40% da amostra. 

2.2.2 COVID-19 e espiritualidade 

A espiritualidade, relacionada em estudos, à menor ansiedade e maior esperança (KOENIG, 2018), como já vimos, tem sido buscada como ferramenta de enfrentamento ante a pandemia de COVID-19 (KOWALCZYK, 2020; TAYLOR, 2020). 

De acordo com a pesquisa realizada por Kowalczyk (2020, p.2676), “pessoas  experimentando medo, sofrimento ou doenças geralmente experienciam um renovo espiritual”. A autora também cita que as pessoas têm se voltado para a fé como consequência da vivência  da pandemia, apesar de a sociedade moderna levar muito em consideração o corpo e o bem estar, e tender a excluir a espiritualidade. Isso pode ser comprovado pela observação das buscas do google sobre oração durante a pandemia, que dobraram a cada 80.000 novos casos de COVID-19 (TAYLOR, 2020), além da grande demanda por apoio espiritual (RIBEIRO et al., 2020) e teleconferências de comunidades religiosas (GALIATSATOS et al., 2020). Houve também um aumento da busca pelo termo oração no Google, além dos termos God, Allah, Mohammad (OLONADE, 2021). Observou-se ainda um aumento das atividades de intercessão e oração (COPPEN, 2020). 

Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos mostrou que 55% dos Americanos oraram para que a pandemia acabasse. Desses, 24% não eram praticantes de nenhuma religião e 15% era de pessoas que raramente ou nunca oraram antes (BENTZEN, 2019). Em outro estudo, realizado por Lucchetti (2020, p.674), durante a pandemia, foram incluídos 485 participantes de todas as regiões do Brasil, “73,4% relatou que a religiosidade e espiritualidade ajudaram a lidar com o isolamento social, 57,3% experimentou um crescimento espiritual e 33,8 % acreditava que o isolamento social melhorou suas atividades religiosas” e ainda concluiu que “houve um alto uso de crenças relacionadas à religiosidade e espiritualidade durante a pandemia e que este uso esteve associado a melhores desfechos de saúde”. 

Koenig (2020) diz que o isolamento social é uma oportunidade de desenvolver um relacionamento forte com Deus através de atividades religiosas individuais, leitura das sagradas escrituras e escutando ou assistindo programas inspiradores de rádio, podcast ouTV e  recomenda que psiquiatras de idosos ajudem idosos religiosos a usarem a sua fé para aliviar a  ansiedade e o estresse, ajudando a proteger a si mesmos e aos que estão à sua volta durante a  pandemia de COVID-19. Fountoulakis et al. (2020), em sua pesquisa, concluiu que a  manutenção da religiosidade/espiritualidade durante o período de isolamento social foi um fator  de proteção contra o adoecimento mental. 

Peteet JR et al. (2019) recomenda integrar a espiritualidade no cuidado com o idoso, pois os idosos tiveram a influência de uma cultura mais religiosa do que a que temos hoje e, por isso, tenderiam a ser mais religiosos; além disso, segundo ele, a espiritualidade ajudaria a lidar  com as perdas e mudanças físicas e de saúde que essa fase da vida traz, além de auxiliar a lidar  com questões como perdão de feridas do passado e questionamentos sobre para onde vão e se  serão aceitos ou condenados por Deus (no caso de religiões monoteístas). A falha desse cuidado  integral está relacionada à pior qualidade de vida (VALLURUPALLI et al., 2012), redução da  satisfação com o cuidado (ASTROW, 2007) e maior uso dos serviços de saúde (BALBONI et  al, 2011). 

Alguns autores apontaram pontos negativos da religiosidade e espiritualidade, que trouxeram comportamentos prejudiciais à saúde influenciados pela fé durante a pandemia, como, por exemplo, a falta de medidas preventivas por parte de alguns grupos religiosos, como  em uma igreja da Korea do Sul, que foi responsável por 60% das infecções do país (BOSTOCK,  2020), e do Haredim em Israel, que foi responsável por 1/3 dos casos de Covid no país  (HALBFINGER, 2020), além da disseminação de Covid-19 por 6 nações por parte de mulçumanos hajis na Malasia, enquanto retornavam de uma cruzada evangelística, o Tablighi Jamaat (BEECH, 2020). 

Ameyawet (2020) acredita que os encontros religiosos e baseados na fé são potencialmente fontes de disseminação do coronavírus. Entretanto, para Del Castillo, Biana e Joaquin (2020), não há dúvidas quanto à importância das intervenções religiosas/espirituais na  crise de saúde pública, por trazerem significado e aceitação do sofrimento e promoverem  esperança, refúgio, conselho e renovação para os que precisam. Lee (2020) traz mais um aspecto negativo da espiritualidade/religiosidade exercidas durante a pandemia, que é quando  estas se relacionam a uma luta espiritual, onde mais luta espiritual está associada a escores de  ansiedade mais elevados na Escala de Ansiedade do Coronavírus. Entretanto, outras doutrinas  trouxeram alívio para lidar com o COVID-19, como acreditar em um Deus amoroso e cuidadoso, que é também onisciente e onipotente (SIMON et al., 2020). 

2.2.3 COVID-19 e Isolamento social 

No início da pandemia, com a inexistência de vacina para o novo vírus, e de tratamentos específicos eficazes, o enfrentamento da pandemia era apenas baseado em medidas individuais já conhecidas para evitar contágio de doenças com transmissão respiratória, tais como  distanciamento social, lavagem das mãos e uso de máscaras, objetivando reduzir a velocidade  de transmissão e, consequentemente, o colapso do sistema de saúde (MORAES et al, 2020;  RIBEIRO et al, 2020). 

Devido à letalidade do COVID-19 ser maior em idosos, inclusive pela imunossenescência (redução das funções do sistema imunológico) (DONG; DU; GARDNER, 2020; SEPÚLVEDA-LOYOLA et al., 2020; WHANG, 2020; ZHANG, 2020) e em pacientes com comorbidades (JORDAN et al., 2020; MCMICHAEL, 2020), essas também bastante prevalentes em idosos, tais como diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica, doença pulmonar obstrutiva crônica, asma, cardiopatias (BRASIL, 2019), o isolamento social nessa população foi ainda mais rigoroso, bem como os danos decorrentes dele (ARMITAGE; NELLUMS, 2020).

O impacto do isolamento social dos idosos se dá, principalmente, através da redução da interação social e redução da prática de atividades físicas (CASTAÑEDA-BABARRO et al,  2020; GOETHALS et al, 2020). Isso porque os idosos isolados tendem a ser mais sedentários  (REED et al, 2011). As atividades físicas nessa população ajudam a prevenir os danos da sarcopenia, osteossarcopenia, a prevalência de fragilidade, de síndromes geriátricas e doenças  crônicas (ARAZI; EGHBALI, 2018). A interação social e a atividade física, instigadas por  atividades em grupo, têm seus benefícios conhecidos, principalmente para a população idosa, pois acaba por estimular o sistema cardiovascular, nervoso, musculoesquelético e respiratório  (FERNANDEZ-ALONSO et al., 2016). 

Em decorrência da pandemia e do isolamento social, é possível observar que há um  aumento de alterações psíquicas, tais como ansiedade, estresse, depressão e sensação de solidão  (XIANG, 2020). Conforme Sepúlveda-Loyola (2020), os idosos correm um maior risco para  desenvolver esses problemas de saúde mental, e podem não ter recursos para aplacá-los. Assim,  o autor recomenda a manutenção das práticas espirituais e religiosas durante o isolamento social, pelos idosos, como meio de melhorar a saúde mental, reduzindo ansiedades e sintomas depressivos. 

Um estudo realizado por Santini (2020) evidenciou a falta de conexão social como um preditor independente de severidade de ansiedade e depressão, mediado pela própria percepção do isolamento social. Ocorre ainda aumento do risco de desenvolvimento de doenças crônicas  e de mortalidade (COLE et al., 2015) e agravo das doenças pré-existentes, pois, conforme Moraes et al (2020, p.4178): 

[…] as orientações quanto à necessidade de ficar em casa, especialmente para aqueles de grupos de risco para complicações graves da doença, e o medo da contaminação pelo SARS-CoV-2 também prejudicam o acompanhamento regular da população nos  serviços de saúde, reduzindo o alcance das ações de promoção de saúde, prevenção e linhas de cuidado das doenças crônicas não transmissíveis e demais condições clínicas. 

Newman (2020) entende que devem ser implementadas prevenções por meio de centros  comunitários, religiosos, de saúde ou culturais para trazer conexões significativas com outros,  que poderia ser aplicado, num contexto de isolamento social, através da tecnologia (MERCHANT; LURIE, 2020). O isolamento social e a solidão podem ser considerados um problema de saúde pública, pois têm forte relação com doenças cardiovasculares, autoimunes, de saúde mental, neurocognitivas (GERST-EMERSON; JAYAWARDHANA, 2015). De acordo com Newman (2020), quanto maior o isolamento social, maior o uso dos serviços de saúde. 

Büssing (2020) concluiu em sua pesquisa que, apesar dos aspectos negativos relativos ao isolamento, como medo e ansiedade, que o COVID-19 trouxe, muitas pessoas observaram mudanças positivas em seus comportamentos e atitudes, como, por exemplo, maior percepção dos relacionamentos, da natureza, do silêncio e um forte interesse por assuntos espirituais. Essas percepções foram mais intensas entre pessoas idosas. 

3 PERCURSO METODOLÓGICO 

3.1 Tipo de estudo 

Trata-se de um estudo exploratório, pois permite ao pesquisador desenvolver uma maior  familiaridade com o problema estudado (GIL, 1991), e com uma abordagem qualitativa, pois  não busca dados quantitativos, mas uma melhor compreensão dos significados dos eventos  sobre os quais a pesquisa se dedica (ARAÚJO; OLIVEIRA, 1997). 

3.2 Pesquisa de Campo

Foi realizada pesquisa de campo utilizando-se de entrevista semiestruturada a fim de avaliar a influência da espiritualidade/religiosidade no bem-estar dos idosos durante a pandemia de COVID-19.

3.2.1 Construção de produto tecnológico

Após realizada uma revisão de literatura e a pesquisa de campo, foi construído um vídeo informativo com animação gráfica sobre o tema.

Para a confecção do vídeo foi inicialmente criado um roteiro embasado nos achados científicos e um storyboard, este composto por áudio e vídeo. Todo o conteúdo do roteiro foi revisado para avaliar a adequação quanto ao conhecimento adquirido. Posteriormente, o storyboard foi colocado numa sequência contínua com o restante do material audiovisual (textos, gráficos, efeitos sonoros etc.) e, por fim, editado por equipe especializada para ser disponibilizado aos setores que trabalham com o público idoso, com a finalidade de que fosse apresentado em momento adequado.

3.2.2 Cenário da pesquisa

A pesquisa realizou-se nos locais onde a pesquisadora trabalha, CRAS (Centro de Referência em Atenção à Saúde) e no CENTROCOR (Centro Cardiológico da Paraíba), uma clínica privada especializada em cardiologia clínica e diagnóstica, onde grande parte dos atendidos são idosos, facilitando o acesso aos participantes.

O CRAS encontra-se no CAMPUS I da UFPB, como órgão suplementar da Reitoria e assiste à comunidade universitária. Atende cerca de 10.000 pessoas por ano, adultos e idosos, e dispõe de assistência por parte de nutricionista, psicólogos, odontólogos, além de diversas especialidades médicas, tais como, psiquiatria, cardiologia, reumatologia, pneumologia, dermatologia, oftalmologia, geriatria, gastroenterologia e mastologia.

3.3 População e amostra

Realizou-se a pesquisa com idosos com idade igual ou superior a 60 anos, cadastrados no CRAS, frequentadores deste 1 (unidade clínica), 2 (unidade diagnóstica) e 3 (unidade de saúde mental), além dos idosos atendidos no CENTROCOR que concordaram em participar do estudo.

A definição exata do tamanho da amostra se deu por saturação teórica. “A saturação teórica pode ser compreendida como a fase ou o ponto da análise de dados qualitativos em que o investigador, decorrente da amostragem e análise de dados, constata que não surgem fatos novos e que todos os conceitos da teoria estão bem desenvolvidos”, conforme Ribeiro (2018, p3).

Seriam excluídos os participantes com baixa capacidade cognitiva, evidenciada a partir da aplicação do miniexame do estado mental com pontuação inferior a 18/19 e 23/24, “segundo ausência ou presença de instrução escolar formal prévia, respectivamente” (LOURENÇO; VERAS, 2021, p.718), como também seriam excluídos os que não concordassem em participar do estudo, porém não houve participantes que se enquadrassem nesses critérios citados.

3.4 Instrumentos e procedimentos para coleta de dados

Inicialmente foi apresentado o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) para a anuência do participante. Uma vez assinado o TCLE, aplicou-se o miniexame de estado mental (MEEM) em versão modificada por Lourenço (2021), a fim de se ajustar às especificidades da cultura brasileira (TABELA 1), com a finalidade de avaliar a capacidade cognitiva dos participantes, de acordo com os critérios de exclusão pré-estabelecidos.

A coleta de dados realizou-se por meio de entrevista semiestruturada, cujas perguntas constam no APÊNDICE B, e cujas respostas foram gravadas em aparelho celular de uso exclusivo da pesquisadora para posterior análise, além de dados sociodemográficos dos participantes da amostra (idade, escolaridade, renda mensal e religião).

A coleta de dados se deu de maneira presencial, utilizando-se todos os cuidados de biossegurança, como uso de máscaras, higienização do ambiente e disposição de álcool a 70%, bem como distanciamento físico, adequados à prevenção de contaminação pelo coronavírus foram tomados.

A revisão de literatura foi construída a partir de pesquisa com os descritores idoso, saúde, COVID e espiritualidade, nas bases de dados PubMed, Lilacs, Psyinfo e Scopus.

3.4.1 Aspectos éticos e legais da pesquisa

O projeto de pesquisa foi apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa que envolve seres humanos e levaremos em consideração todos os requisitos da Resolução 446/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS/MS) (BRASIL, 2012). Para a pesquisa, foi solicitada uma autorização à Gerência do CRAS/UFPB e do CENTROCOR. Os idosos leram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) antes da pesquisa a fim de compreender e dar a anuência para participar do estudo.

O projeto foi apresentado ao Colegiado do Programa de Mestrado Profissional em Gerontologia e aprovado, sendo então submetido ao Comitê de ética em pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da UFPB, com aprovação dado através do parecer registrado sob o número 5.117.390.

3.4.2 Análise dos dados

Os dados da entrevista foram analisados pela técnica de análise de conteúdo (BARDIN, 2011), para apreender a contribuição da religião/espiritualidade durante a pandemia de COVID-19 para o bem-estar dos idosos avaliados, previamente processados no software IRAMUTEQ (Interface de R pourles Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires).

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 

A coleta dos dados foi realizada em 5 meses, de dezembro de 2021 a abril de 2022,  tendo sido previamente aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa institucional de parecer  número 5.117.390, 22/11/2021. O material coletado foi estruturado no software OpenOffice  4.0.0, em um corpus, sendo posteriormente processado com o auxílio do software de Análise  Textual IRAMUTEQ alpha 1. Foram classificados 232 segmentos de 293 existentes no corpus  processado, representando um aproveitamento de 79,18%. Esses segmentos foram organizados  em 6 classes diferentes, relacionadas às respostas obtidas dos idosos através da entrevista  semiestruturada aplicada. As classes obtidas foram esquematizadas em um dendograma que as  descreve pelas suas variáveis e seu vocabulário léxico, e evidencia as relações entre as classes.  

Foram entrevistados 29 idosos, cujas entrevistas foram validadas pelo software  Iramuteq. Dos entrevistados, 58,6% eram do sexo feminino e 41,3% do sexo masculino. Quanto  à idade, 75% tinham entre 60 e 69 anos, 20% entre 70 e 79 anos e 3,4% tinha idade maior ou  igual a 80 anos. A maioria dos entrevistados era composta por idosos casados (65%), sendo  10,3% dos participantes solteiros, 13,7% divorciados e 6,89% da amostra era composta por  viúvos. Em relação ao grau de escolaridade, 34,4% era de pós-graduados, 48,27% tinham  ensino superior completo, 13,7% haviam concluído o ensino médio e 3,44% tinham ensino  médio incompleto. A religião mais incidente entre os entrevistados era a evangélica,  representando 58,6% da amostra, 41,37% era composta por católicos e 3,44% se declararam  não religiosos. 

Após o processamento dos dados através do software foram obtidas 6 classes de respostas, de acordo com os vocabulários, as diferenças dos conteúdos e a associação desses aos  grupos de participantes: 1 – entendimento sobre religiosidade/espiritualidade, 2- efeito da  espiritualidade, 3- inteligência espiritual, 4- religiosidade na pandemia, 5- enfrentamento do medo na pandemia e 6- entendimento da importância da espiritualidade. Os dendogramas abaixo ilustram bem cada uma delas e mostram que a classe 1 se relaciona diretamente com as  classes 6, 2 e 3 e a classe 6 com as classes 4 e 5.

Figura 01 – Dendograma gerado pelo software Iramuteq após processamento de dados sobre  espiritualidade em idosos, João Pessoa, PB, 2022. 

Fonte: Dados da pesquisa (2022).

Figura 02 – Dendograma com classes sobre espiritualidade, João Pessoa, PB, 2022 

A classe 1 contribuiu com 15,1% do total das respostas obtidas nas entrevistas  processadas nessa pesquisa; ela representa o entendimento dos entrevistados sobre o conceito  de religiosidade e espiritualidade, e revela a presença de uma visão sobre a religiosidade  relacionada a rituais e ligação com uma religião (aparecem vocábulos como ritual, rito, religião,  frequentar), o que se confirma na fala dos entrevistados:

[…] religiosidade é uma tradição uma forma das pessoas praticarem um ritual (idoso 04)  […] religiosidade é quando a pessoa está comprometida com uma postura e compromissos com um determinado segmento religioso (idoso 09)  […] Religiosidade é algo que não me atrai porque é rito (idoso 14)  […] Religiosidade está ligado a alguém que segue a algo, diz que acredita em um ser supremo, mas está mais ligado às tradições aos costumes a ritos a regras, está preso a regras e tradição. (idoso 12) 

Na fala dos idosos, observamos que eles trazem consigo a percepção de que a  religiosidade deve vir acompanhada de algo a mais, a espiritualidade, pois a religiosidade sem  ela não seria suficiente. Além disso, a espiritualidade é enfatizada nas falas como algo  transcendental, de conexão com o divino.  

Diferente de religiosidade que tem a ver com a religião que você escolhe, a espiritualidade é algo que transcende, que é diretamente ligada ao divino, a Deus, à natureza. Para mim a espiritualidade é acima da religiosidade.(idoso 03) Espiritualidade é a fé que se tem de que não somos apenas matéria somos também espírito, e é uma coisa conjunta. (idoso 06) 
Eu me considero espiritualizada, porque eu procuro ter uma conexão  com Deus, ter intimidade, alimentando o meu espírito com o Espírito  Santo de Deus (idoso 10) 

Espiritualidade é crer no transcendente embora eu creia apenas em um  caminho (idoso 14) 

Um dos participantes sustenta uma visão holística do cuidado que devemos ter, onde a religiosidade e espiritualidade estão inclusas: 
Religiosidade é você desenvolver uma atividade que complete a sua  parte espiritual, porque nós somos feitos de corpo e alma. Quando a  gente desenvolve só nosso corpo a gente vai sentir falta de uma  complementariedade, a alma. (idoso 10) 

Esses conceitos, encontrados nas palavras representativas da classe e nas falas, têm  concordância com os achados na literatura, segundo a qual a religiosidade é centrada em  dogmas, rituais e relacionada a aspectos majoritariamente coletivos (KOENIG, 2004; PETEET,  2019), ao passo que, conforme Roger e Hatala (2017), a espiritualidade está ligada ao  transcendente, a uma conexão com o divino, podendo ou não estar relacionada à religiosidade.  Além da ênfase dada à necessidade de se ter uma visão assistencial holística à saúde, que inclui  a espiritualidade e religiosidade (SILVA, 2020). 

A classe 2, que representa 12,5% dos segmentos de texto processados, contém como  principais palavras representativas: efeito, acreditar, esperança, superar, ajudar, positivo, que juntamente com as falas dos entrevistados associados a essa classe, em sua maioria homens,  trazem uma conotação do efeito promovido pela espiritualidade em suas vidas na pandemia,  como visto a seguir: 

A espiritualidade me trouxe tranquilidade, serenidade, a esperança de saber que nós iríamos sair (idoso 03) 
É a esperança que eu tenho, eu tenho gratidão, porque quem tem guiado a minha vida é Jesus (idoso 05) 
A espiritualidade me faz crer que esse ser superior está ao nosso lado ajudando na resolução da pandemia… (idoso 11) 
A comunhão com Deus, a oração, a meditação nos traz esperança. (idoso 19) 
[…] Penso muito em Deus, isso me torna mais calmo mais sensível e mais prudente. (idoso 27) 
A espiritualidade no momento de crise foi refúgio, fortaleza, força, paz, a certeza de que Deus está sempre com a gente… (idoso 30) 

As falas denotam um efeito positivo, de ajuda, de promoção de esperança, paz, bem estar. Apenas 1 dos participantes disse não perceber nenhum efeito da religiosidade ou  espiritualidade na sua vida durante a pandemia. 

Não houve efeito da espiritualidade e religiosidade sobre o momento de crise que passei com a pandemia. (idoso 06) 

De acordo com inúmeros estudos, as pessoas que têm sua religiosidade e/ou  espiritualidade desenvolvidas, apresentam maior esperança, otimismo, percepção de bem-estar,  senso de propósito e menos doenças mentais (KOENIG, 2012; RIAS, et al., 2020; HILL, 2017,  SCHIMIDT, 2020; SIQUEIRA, 2012), o que é reforçado por esses achados. Segundo  Albuquerque (2022), o cuidado espiritual e religioso aos idosos reduz a possibilidade de  ansiedade, depressão e medo. Na literatura, também encontramos efeitos negativos ocasionados  pela religiosidade/espiritualidade durante a pandemia, porém em um número significativamente  menor, posto que esse aspecto estaria relacionado ao que chamam de lutas espirituais como,  por exemplo, sentimentos de culpa, o entendimento de que uma doença pode ser ocasionada  por ação demoníaca ou mesmo punição divina, ocasionando mais sofrimento em vez de trazer  alívio (PARGAMENT; EXLINE, 2021). Outro aspecto negativo achado na literatura  relacionado à religiosidade/espiritualidade relacionasse com a disseminação do coronavírus por  grupos religiosos que não atentaram para as medidas preventivas (BEECH, 2020; BOSTOCK,  2020; HALBFINGER, 2020). Tais efeitos negativos não foram relatados por nenhum dos  entrevistados. 

A classe 3 (18,1% dos segmentos de texto) é bastante relacionada à classe 2, como  percebemos também através do dendograma já exposto, cujos sujeitos associados tem ensino superior completo, trazendo um contexto mais relacionado aos vocábulos problema, existir,  importância, trazer, vida, entregar, que, analisados conjuntamente com os saberes dos  entrevistados, acabaram por abranger um conteúdo relacionando a religiosidade e  espiritualidade à capacidade de lidar com as adversidades da vida, inclusive a pandemia,  embasada também pela perspectiva de uma vida eterna, sendo essa vida aqui, momentânea e  passageira. Aqui, compreendemos a percepção de que a espiritualidade e religiosidade são  vistas como ferramentas de auxílio para aceitação e enfrentamento das dificuldades, remetendo  ao conceito de inteligência espiritual que seria o uso adaptativo da informação espiritual  visando auxiliar a resolução de problemas do dia a dia (EMMONS, 2000) e está relacionada à  capacidade de, resolvendo os problemas, encontrar significado e propósito na vida  (MAHMOOD et al, 2018) e à habilidade de lidar com situações que causam estresse (SAFAVI  et al, 2019). As falas a seguir exemplificam esses achados: 

Mesmo com as notícias das mortes eu dizia: ‘ Senhor isso não vai me acontecer. Não  vai acontecer com a minha família, Deus está nos sustentando. (idoso 05) 
[…] o conhecimento e o exercício diário na espiritualidade com certeza facilitou e me deu uma base segura pra suportar as dificuldades da pandemia (idoso 03) 
[…] nós somos filhos de Deus, criados por Deus. Durante a pandemia essa foi a força que nos fez resistir, nos apegamos a Deus (idoso 10) 
[…] a grande diferença da nossa religiosidade é que nós temos uma vida eterna não se limita aqui, tem uma vida futura (idoso 10) 
[…] acredito em Deus e na vida eterna com Jesus Cristo e me relaciono com ele. Isso me trouxe a certeza de que, se algo me acontecesse, a vida não termina aqui, depois eu estaria num lugar melhor (idoso 14) 
Senhor me ajuda a passar por isso, só o Senhor vai me dar forças. Aquilo me dava condições de aguentar até o pior passar porque não era tomar o remédio e passar logo. (idoso 18) 
[…] se eu não estivesse de mãos dadas com o Senhor já teria sucumbido (idoso 25) 
Dois dos entrevistados relataram desconhecer a relevância da espiritualidade e  religiosidade em suas vidas durante o período pandêmico: 
[…] até agora não descobri a importância da espiritualidade e religiosidade na minha vida. Nada mudou na minha espiritualidade com a pandemia. Não acredito em um Deus imaginário. (idoso 22) 
Não sei ponderar a importância da espiritualidade na minha vida, não coloquei na  balança. Quanto à espiritualidade e religiosidade a pandemia não me afetou. Achei que a pandemia deveria ser trazida por uma solução divina (idoso 06) 

De acordo com Tuck (2014), a religiosidade e espiritualidade desenvolvidas tornam o  indivíduo mais resiliente para lidar com períodos de crise, assim como visto na história em  períodos semelhantes como, por exemplo, em veteranos que tiveram que lidar com  complicações do pós-guerra (EBADI, 2009) e na população que vivenciou o atentado terrorista  de 11 de Setembro nos Estados Unidos (SCHUSTER et al., 2001). Em um estudo realizado com  pacientes em quimioterapia, observou-se que a inteligência espiritual foi inversamente  proporcional ao estresse e à ansiedade (SAFAVI, 2019). Em outro estudo, realizado no Canadá, Parattukudi (2022) teve, como achado, uma relação negativa entre inteligência espiritual e  sintomas depressivos, porém só houve significância estastística para as mulheres.

Os vocábulos e respostas coletadas que foram agrupadas na classe 4 (detentora de 15,5%  dos segmentos de texto), composta em sua maioria por falas associadas a sujeitos católicos, revelam o impacto que a pandemia causou na prática da espiritualidade e da religiosidade.  Sabemos que durante o período pandêmico, especialmente quando não existia vacina para o  COVID-19, o isolamento social se fez necessário para conter o avanço do vírus, bem como a  adoção de medidas restritivas que impactaram todo o modo de vida da população, inclusive no  que diz respeito às práticas religiosas. Não era possível participar presencialmente de reuniões  e, por isso, observou-se o desenvolvimento da religiosidade através de programas nos mais  diversos tipos de mídias, a fim de suprir essa necessidade. Observou-se também uma busca  maior pela prática da oração e do desenvolvimento da espiritualidade. Esses achados são  condizentes com os apresentados pela literatura, onde, de acordo com Lucchetti (2020) foi  observado um crescimento espiritual durante a pandemia, também percebido pelo aumento da  busca pela oração, intercessão (COPPEN, 2020) e teleconferências de comunidades religiosas  (OLONADE, 2021), justificados por ser a espiritualidade vista como mecanismo de  enfrentamento ante os períodos de crise. As falas a seguir ratificam os achados da literatura e  acrescentam a falta que as práticas religiosas fizeram para os idosos que já as desenvolviam  previamente: 

[…] a única coisa que mudou com a pandemia foi a questão dos cultos presenciais que passaram a ser online. Nós fazíamos reunião semanalmente na minha casa e  deixamos de fazer em razão da pandemia. Mas não deixei de orar e buscar a Deus, pelo contrário, nessa pandemia quem crê em Deus orava muito mais pedindo  livramento, pedindo conforto, que Deus pudesse suprir nossa necessidade emocional, financeira, e ele supriu (idoso 12) 
[…] na pandemia eu assisti mais às missas, porque antes eu só assistia no domingo (idoso 16) 
[…] 
Todo domingo assistia ao culto online. A diferença foi não ir à igreja, mas em relação à oração talvez até tenha aumentado um pouco (idoso 18) 
[…] antes da pandemia era constante a nossa participação nas atividades da nossa comunidade religiosa de modo presencial. Dessa forma presencial é diferente, mais forte, mas com a pandemia ficou online, mas estivemos com nossa espiritualidade  fortalecida também. (idoso 20) 
[…] nesse período ficamos mais em casa e teve mais tempo pra espiritualidade mesmo do que pra afazeres (idoso 21) 
[…] mas ao mesmo tempo foi um tempo maior de busca e entrega a Deus, porque nós cremos que Deus é o dono da vida e ele é também quem cuida de nós… isso nos aproximou de Deus e eu pude particularmente sentir mais o cuidado dele.(idoso 24) 

A classe 5, com maior representatividade (22% do total dos segmentos de texto),  expressa com clareza o impacto na saúde mental observado durante essa pandemia. A maioria dos segmentos de texto dessa classe veio de falas de mulheres evangélicas. Vocábulos como  medo, perder, morrer, COVID, pegar, evidenciam os sentimentos ante o desconhecido e  potencialmente fatal SARSCOV-2 principalmente para uma população mais vulnerável como  a idosa. Durante a pandemia foi possível perceber que os idosos eram os mais susceptíveis a  complicações (YANG et al, 2020; OLIVEIRA et al, 2021), tanto pela imunossenescência  (ZHANG, 2020), como pela prevalência maior de comorbidades (JORDAN et al, 2020). A  literatura, em sua maioria, mostra que eles também foram mais acometidos por doenças  psíquicas relacionadas a essa vulnerabilidade (SEPÚLVEDA- LOYOLA, 2020; ARMITAGE,  2020, NELLUMS, 2020; YANG et al, 2020). Porém existe também na literatura achado  diverso, no qual não houve aumento de medo em relação à população em geral, o que foi  atribuído ao desenvolvimento de mecanismos eficazes de enfrentamento por parte dessa  população (OUANES, 2021). As seguintes falas estão presentes aqui, mostrando o medo que  esteve presente, mas também ressaltando alguns mecanismos utilizados para lidar com ele: 

[…] a pandemia nos deixou atribulados, matou muita gente amiga e estávamos sujeitos a morrer, então foi momento de apreensão (idoso 06) 
[…] o vírus pega quem acredita em Deus e quem não acredita em Deus morre também, mas o que importa é a qualidade de vida que cada um tem, é a fé e como você viveu (idoso 10) 
Vendo meus negócios eu pensei: meu Deus! Como vai ser se essa pandemia durar 6 meses? E a pandemia durou 2 anos, mas em nenhum momento eu me desesperei (idoso 12) 
Eu nunca tive covid, mas vendo os hospitais eu fiquei de certa forma apavorada, então eu pedia muito a Deus pela vida das pessoas e principalmente da minha família. (idoso 13) 
[…] nós sofremos com perda de pessoas amadas, com o medo, era um momento em que não tínhamos controle, não tínhamos conhecimento era uma doença nova e nunca sabíamos quando essa doença poderia chegar até nós e quais as consequências dela.(idoso 24) 
[…] ver o medo que algumas pessoas queridas estavam e também as informações desencontradas, você não ter um padrão, um fio pra seguir isso era o que mais me incomodava me impactava (idoso 26) 

Exprimindo o valor dado à religiosidade/espiritualidade para a amostra de idosos  entrevistada, temos a classe 6, composta predominantemente por falas de mulheres, detém  16,8% dos segmentos de texto e abrange vocábulos como conversar, tudo, próprio, cuidar,  precisar. As seguintes falas constam nessa classe: 

[…] em absolutamente tudo a minha fé é essencial no meio de tudo isso e na minha vida todos os dias. (idoso 09) 
[…] a religiosidade e espiritualidade tem importância fundamental porque o mundo hoje está tomando um rumo muito violento, individualista, as famílias estão sendo  massacradas. (idoso 10)
[…] ai de mim se não fosse a crença nesse Deus vivo… a espiritualidade é quase tudo (idoso 12) 
[…] a religiosidade é tudo. É onde fortalecemos nossa alma, onde ficamos mais perto de Deus. Sem religião a gente não é nada. (idoso 15). 

Os achados nessa classe também são concordantes com a literatura, segundo a qual a  espiritualidade é inata ao ser humano (CHIRICO 2016), sendo, inclusive, há muito, parte do  conceito multidimensional de saúde (WHO, 1988; TONIOL, 2017), e ainda, de que a  espiritualidade e religiosidade é especialmente relevante para o idoso (PETEET, 2019). Além  disso, tal evidência de relevância também reforça os dados do último censo do IBGE (2010)  sobre o nosso país, que concordam com Rocha e Fleck (2020) para quem os brasileiros têm  uma expressiva fé em Deus, pois revelam uma população que se expressa majoritariamente  como crente em alguma fé. 

Essa pesquisa teve como limitação para o seu desenvolvimento o fato de ter sido  realizada em meio à pandemia e às restrições ocasionadas por ela, destacando-se a dificuldade  de acesso aos idosos. Além disso, houve nesse período uma restrição ao atendimento, por parte  do CRAS, aos idosos aposentados. Outro obstáculo foi a dificuldade de alguns idosos de  diferenciar espiritualidade de religiosidade. Além disso, não houve participantes que se  considerassem ateístas e agnósticos, devendo ser realizados estudos mais abrangentes com essa  temática. 

4.1 Abordagem sobre o produto tecnológico  

Como produto oriundo desse trabalho, embasado pelo conhecimento adquirido com a  pesquisa de campo e a revisão de literatura, construiu-se um vídeo informativo direcionado aos  idosos, para lhes ser disponibilizado em momento oportuno, trazendo o assunto espiritualidade  como tema central e elucidativo acerca dos possíveis benefícios observados a partir da revisão  de literatura e da pesquisa de campo realizada. 

A construção do vídeo se deu inicialmente com a formulação de um roteiro pela  pesquisadora, que foi enviado para a equipe de multimídia para que se construísse um  storyboard com cenas, personagens e narração, que foram analisados e adequados pela  pesquisadora, prosseguindo, então, para a edição por equipe especializada. O vídeo tem duração  de 2 minutos e sete segundos e poderá ser facilmente acessado através da plataforma YouTube. 

Quadro 02 – Ilustrações e conteúdo das cenas do vídeo sobre influência da espiritualidade para o  bem-estar dos idosos

5 CONCLUSÃO 

No presente estudo, a partir do processamento das respostas dadas às entrevistas  semiestruturadas aplicadas a 29 idosos, foram obtidas 6 classes que se diferenciavam  principalmente por seu conteúdo. Observamos, em sua maioria, uma coerência com a literatura  quanto aos conceitos atribuídos à religiosidade e à espiritualidade, bem como a expressão da  importância de desenvolvê-las e de utilizá-las como forma de enfrentar a pandemia, muitas  vezes baseando-se em experiências pregressas, de modo que se lançou mão dessa ferramenta  para superar outros momentos de crise. Houve também relatos de medo ante a pandemia, tanto  relacionado à possibilidade de ser acometido, já que se trata de uma população sabidamente  mais vulnerável, quanto de perder pessoas queridas e familiares para a doença causada pelo  novo coronavírus. Em paralelo, observou-se ainda uma maior busca pela oração, pela leitura de  textos sagrados, por participar, ainda que virtualmente (através das mídias), de reuniões  religiosas, o que foi atribuído aos relatos, através das falas coletadas, de que a espiritualidade,  por trazer a perspectiva transcendental e aumentar a esperança, traz paz, segurança,  tranquilidade e fortaleza; tendo sido este um importante aspecto para passar por essa situação  de crise, de modo que foi amenizado o impacto negativo da pandemia no bem-estar dessa  população. 

A despeito desses achados benéficos da espiritualidade e da religiosidade durante a  pandemia de COVID-19 para a manutenção da saúde e do bem-estar do indivíduo, aqui  especialmente na população idosa – achados esses semelhantes aos observados em estudos  anteriores em outras situações de crise ao longo da história –, ainda há uma lacuna na formação  de profissionais de saúde e na informação da população em geral, bem como na aplicação de  medidas que visem disponibilizar, desenvolver e estimular a espiritualidade e a religiosidade  como meio de promoção da saúde segundo uma abordagem multidimensional do idoso, a fim  de possibilitar a manutenção do seu bem-estar, ainda que diante de períodos adversos. 

Os objetivos dessa pesquisa foram alcançados a partir da pesquisa de campo e da revisão  de literatura realizadas, bem como da construção do vídeo, que foi realizada a partir dos achados  destas. 

Assim, espera-se que este estudo venha a contribuir para evidenciar a relevância do tema  e a necessidade de que surjam outros, aprofundando a temática, especialmente nessa população  com expressivo crescimento: a idosa. 

REFERÊNCIAS 

AD ONG; UCHINO, B. N.; WETHINGTON, E. Solidão e saúde em idosos: Uma mini revisão e síntese. Gerontologia, vol. 62, p. 443-449, 2016. 

AGÊNCIA DE NOTÍCIAS IBGE. [S.l; s.n.], 2018. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/. Acesso em: 18 set. 2021. 

AI, Amy L. et al. Posttraumatic growth in patients who survived cardiac surgery: The  predictive and mediating roles of faith-based factors. Journal of Behavioral Medicine, v. 36,  n. 2, p. 186-198, 2013. 

AKINBAMI, Lara J. et al. Coronavirus Disease 2019 Symptoms and Severe Acute  Respiratory Syndrome Coronavirus 2 Antibody Positivity in a Large Survey of First  Responders and Healthcare Personnel, May–July 2020. Clinical Infectious Diseases, v. 73, n.  3, p. e822-e825, 2021. 

ALBUQUERQUE, Vívian; QUEIROZ, Ronaldo; MONTENEGRO, Renata. Influência da  espiritualidade para o bem-estar do idoso durante a pandemia de COVID-19: Uma revisão  integrativa. Revista FT. Edição 114, set., 2022. DOI:10.5281/zenodo.7117970. 

ALCÂNTARA, Alexandre de Oliveira Organizador; CAMARANO, Ana Amélia  Organizadora; GIACOMIN, Karla Cristina Organizadora. Política Nacional do Idoso: velhas  e novas questões. [S.l.; s.n], 2016. 

AMEYAW, Edward Kwabena et al. One novel virus, different beliefs as playmakers towards  disease spread in Africa: looking at COVID-19 from a religious lens. Pan African Medical  Journal, v. 36, n. 1, 2020. 

AN, A. S. Findings on subjective well-being: Applications to public policy, clinical  interventions, and education. Positive psychology in practice, New Jersey: Wiley, p. 679,  2004. 

ARAÚJO, Aneide Oliveira; OLIVEIRA, Marcelle Colares. Tipos de pesquia. São Paulo:  [S.n], 1997. 

ARAZI, H.; EGHBALI, E. Osteosarcopenia and Physical Activity. Ann Sport Med Res. vol.  5, n. 1130, p. 3-6, 2018. 

ARENTZ, M et al. Characteristics and Outcomes of 21 Critically Ill Patients With COVID-19  in Washington State. JAMA, vol. 323, n. 16, p.1612. 

ASTROW, Alan B. et al. Is failure to meet spiritual needs associated with cancer patients’  perceptions of quality of care and their satisfaction with care? Journal of Clinical Oncology,  v. 25, n. 36, p. 5753-5757, 2007. 

ATKINS, J.; NAISMITH SL, LUSCOMBE, J. M.; HICKIE, I. B. Psychological distress and  quality of life in older persons: relative contributions of fixed and modifiable risk factors.  BMC Psychiatry, vol. 13, p. 1-18, 2013.

AZZOLINI, C. et al. SARS-CoV-2 on Ocular Surfaces in a Cohort of Patients With COVID 19 From the Lombardy Region, Italy. JAMA Ophthalmol, 2021. 

BALBONI T. et al. Support of cancer patients’ spiritual needs and associations with medical  care costs at the end of life. Cancer, vol. 117, p. 5383-5391, 2011. 

BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011. 

BATISTA, P. S. S. A valorização da espiritualidade nas igrejas de educação popular em saúde  desenvolvidas na atenção básica. RECIIS – R. Eletr. de Com. Inf. Inov. Saúde. Rio de  Janeiro, v. 4, n. 3, p.49-55, set., 2010. 

BEECH, H. None of Us Have a Fear of corona: The Faithful at an Outbreaker’s center. New  York Times. 2020.Disponível em: https://www.nytimes.com/2020/03/20/world/asia/  coronavirus- malaysia-muslimsoutbreak. Acesso em: 12 maio 2020. 

BEECH, Hannah. None of us have a fear of corona’: The faithful at an outbreak’s center. The  New York Times, v. 20, 2020. 

BENTZEN, Jeanet Sinding. Acts of God? Religiosity and natural disasters across subnational  world districts. The Economic Journal, v. 129, n. 622, p. 2295-2321, 2019. 

BERNARD, Mathieu et al. Relationship between spirituality, meaning in life, psychological  distress, wish for hastened death, and their influence on quality of life in palliative care  patients. Journal of pain and symptom management, v. 54, n. 4, p. 514-522, 2017. 

BILALOGLU S et al Thrombosis in Hospitalized Patients With COVID-19 in a New York  City Health System. JAMA, vol. 324, n. 8, p. 799, 2020. 

BOSTOCK, B. South KoresIs Testing 200,000 Members of a Doomsday Church Linked  More than 60% of its Coronavirus Cases. Business Insider, 2020. Disponível em:  http://www.businessinsider.com. Acesso em: 12 mar. 2022. 

BRASIL. Ministério da Saúde (MS). Vigitel Brasil 2018. Vigilância de fatores de risco e  proteção para doençascrônicas por inquérito telefônico: Estimativas sobrefrequência e  distribuição sociodemográfica de fatoresde risco e proteção para doenças crônicas nas  capitaisdos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2018.Brasília: MS; 2019. 

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico  Especial: Semana Epidemiológica, 15 (04/10 a 10/10/2020). https://www.who.int/pt/  publications/i/item/9789240020504. Relatório mundial sobre o idadismo: resumo executivo.  Publicado online em 18 mar 2021 

BÜNTZEL, Jens et al. Oncology services in corona times: a flash interview among German  cancer patients and their physicians. Journal of Cancer Research and Clinical Oncology, v.  146, n. 10, p. 2713-2715, 2020. 

BÜSSING, Arndt. et al. Tumor patients’ perceived changes in specific attitudes, perceptions  and behaviors due to the Corona pandemic and its relation to reduce wellbeing. Front  Psychiatry, v. 11, p.574314, 2020. Doi:10.3389/fpsyt.2020.574314.

BÜSSING, Arndt.; RECCHIA, D. R.; DIENBERG, T. Attitudes and behaviors related to  Franciscan- inspired Spirituality and their associations with compassion and altruism in  Franciscan brothers and sisters. Religions, v. 9, p. 324. DOI: 10.3390/rel9100324, 2018. 

CAO, Jianlei et al. Clinical features and short-term outcomes of 102 patients with coronavirus  disease 2019 in Wuhan, China. Clinical Infectious Diseases, v. 71, n. 15, p. 748-755, 2020. 

CASTAÑEDA-BABARRO, A. Impact of COVID-19 confinement on the time and intensity  of physical activity in the Spanish population. Res Sq. p.1-14, 2020. DOI:10.21203/ rs.3.rs 26074/v1 

CAVALCANTE, João Roberto et al. COVID-19 no Brasil: evolução da epidemia até a  semana epidemiológica 20 de 2020. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 29, 2020. 

CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Interim guidance for antigen  testing for SARS-CoV-2. Disponível em: https://www.cdc.gov/coronavirus/2019- ncov/lab/resources/antigen- tests-guidelines.html. Acesso em: 14 jun. 2021. 

CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Symptom-Based Strategy to  Discontinue Isolation for Persons with COVID-19: Decision Memo. Disponível em:  https://www.cdc.gov/ coronavirus/2019-ncov/community/strategy-discontinue-isolation.html.  Acesso em: 04 mar. 2022.  

CHAN, Jasper Fuk-Woo et al. A familial cluster of pneumonia associated with the 2019 novel  coronavirus indicating person-to-person transmission: a study of a family cluster. The lancet,  v. 395, n. 10223, p. 514-523, jan., 2020. 

CHANG, Angela Y. et al. Measuring population ageing: an analysis of the Global Burden of  Disease Study 2017. The Lancet Public Health, v. 4, n. 3, p. e159-e167, 2019. 

CHATARD, A. , Hirschberger, G. , & Pyszczynski, T. (2020, 7 February). A word of caution  about Many Labs 4: if you fail to follow your preregistered plan, you may fail to find a real  effect. 10.31234/osf.io/ejubn [CrossRef] 

CHEN, Tao et al. Clinical characteristics of 113 deceased patients with coronavirus disease  2019: retrospective study. BMJ, v. 368, 368:m1091, 2020. 

CHEN, Weilie et al. Detectable 2019-nCoV viral RNA in blood is a strong indicator for the  further clinical severity. Emerging microbes & infections, v. 9, n. 1, p. 469-473, 2020. 

CHENG, Zhangkai J.; SHAN, Jing. 2019 Novel coronavirus: where we are and what we  know. Infection, v. 48, n. 2, p. 155-163, 2020. 

CHEUNG, Ka Shing et al. Gastrointestinal manifestations of SARS-CoV-2 infection and  virus load in fecal samples from a Hong Kong cohort: systematic review and meta-analysis.  Gastroenterology, v. 159, n. 1, p. 81-95, 2020. 

CHIRICO, Francesco. Spiritual well-being in the 21st century: It’s time to review the current  WHO’s health definition. Journal of Health and Social Sciences, v. 1, n. 1, p. 11-16, 2016.

COHEN, Pieter A. et al. The early natural history of SARS-CoV-2 infection: clinical  observations from an urban, ambulatory COVID-19 clinic. In: Mayo Clinic Proceedings.  Elsevier, 2020. p. 1124-1126. 

COLANTONIO, Angela; KASL, Stanislav V.; OSTFELD, Adrian M. Depressive symptoms  and other psychosocial factors as predictors of stroke in the elderly. American Journal of  Epidemiology, v. 136, n. 7, p. 884-894, 1992. 

COLE, Steven W. et al. Myeloid differentiation architecture of leukocyte transcriptome  dynamics in perceived social isolation. Proceedings of the National Academy of Sciences,  v. 112, n. 49, p. 15142-15147, 2015. DOI: 10.1073/pnas.1514249112. 

COMSTOCK GW, Abbey H, Lundin FE. The nonofficial census as a basic tool for  epidemiologic observations in Washington County, Maryland. In Kessler II, LevinML,  editors, The community as an epidemiologic laboratory: A casebook of community  studies. Baltimore: Johns Hopkins Press, 1970. 

COPPEN, Luke. Will coronavirus hasten the demise of religion–or herald its revival. The  Spectator, 2020. Disponível em: https://www.spectator.co.uk/article/will-coronavirus- %20cause-a- religious-resurgenceor-. Acesso em: 15 fev. 2022. 

COUGHLIN, Steven S. Anxiety and depression: linkages with viral diseases. Public health  reviews, v. 34, n. 2, p. 1-17, 2012. DOI: https://doi.org/10.1007/BF03391675 

CRODA, Julio et al. COVID-19 in Brazil: advantages of a socialized unified health system  and preparation to contain cases. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v.  53, p. e20200167, 2020. 

DAS, Aniruddha; NAIRN, Stephanie. Religious attendance and physiological problems in late  life. Journals of Gerontology Series B: Psychological Sciences and Social Sciences, v. 71,  n. 2, p. 291-308, 2016. 

DAWSON, Patrick et al. Loss of taste and smell as distinguishing symptoms of coronavirus  disease 2019. Clinical Infectious Diseases, v. 72, n. 4, p. 682-685, 2021. 

DEIN, Simon et al. COVID-19, mental health and religion: An agenda for future research.  Mental Health, Religion & Culture, v. 23, n. 1, p. 1-9, 2020. 

DEPOUX, Anneliese; MARTIN, Sam; KARAFILLAKIS, Emilie. Raman Preet, Annelies  Wilder-Smith, and Heidi Larson. The pandemic of social media panic travels faster than  the covid-19 outbreak, 2020. 

DONG, E.; DU, H.; GARDNER, L. Um painelinterativobaseadona Web para rastrear o  COVID-19 em tempo real. The Lancet Infectious Diseases, v. 20, n. 5, p. 533-534, 2020. 

DWYER, Jeffrey W.; CLARKE, Leslie L.; MILLER, Michael K. The effect of religious  concentration and affiliation on county cancer mortality rates. Journal of Health and social  Behavior, v. 31, p. 185-202, 1990. 

EBADI, Abbas et al. Spirituality: A key factor in coping among Iranians chronically affected  by mustard gas in the disaster of war. Nursing & health sciences, v. 11, n. 4, p. 344-350,  2009.

ELMAN, Alyssa et al. Effects of the COVID-19 outbreak on elder mistreatment and response  in New York City: Initial lessons. Journal of Applied Gerontology, v. 39, n. 7, p. 690-699,  2020. 

EMMONS, Robert A. Is Spirituality an Intelligence? Motivation, Cognition, and the  Psychology of Ultimate Concern. The International Journal For The Psychology of  Religion,Volume 10, number 1, p. 3-25, 2000. 

EXLINE, Julie J. et al. The Religious and Spiritual Struggles Scale: Development and initial  validation. Psychology of Religion and Spirituality, v. 6, n. 3, p. 208, 2014. 

FERNANDEZ-ALONSO, Lorena; MUÑOZ-GARCÍA, Daniel; LA TOUCHE, Roy. The level  of physical activity affects the health of older adults despite being active. Journal of exercise  rehabilitation, v. 12, n. 3, p. 194, 2016. 

FLECK, Marcelo Pio de Almeida. O instrumento de avaliação de qualidade de vida da  Organização Mundial da Saúde (WHOQOL-100): características e perspectivas. Ciência &  Saúde Coletiva, v. 5, p. 33-38, 2000. 

FOUNTOULAKIS, Konstantinos N. et al. Self-reported changes in anxiety, depression and  suicidality during the COVID-19 lockdown in Greece. Journal of affective disorders, v.  279, p. 624-629, 2021. 

GALIATSATOS, Panagis et al. Community calls: lessons and insights gained from a  medical–religious community engagement during the COVID-19 pandemic. Journal of  religion and health, v. 59, n. 5, p. 2256-2262, 2020. DOI: https://doi.org/10.1007/s10943- 020-01057-w 

GERST-EMERSON, Kerstin; JAYAWARDHANA, Jayani. Loneliness as a public health  issue: the impact of loneliness on health care utilization among older adults. American  journal of public health, v. 105, n. 5, p. 1013-1019, 2015. 

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo. Atlas, 1991. 

GOETHALS, L. et al. Need for a physical activity promotion strategy for older adults living  at home during quarantine due to Table of Contents. JMIR Aging, v. 3, n. 1, p. e19007, 2020. 

GOLDBOURT, Uri; YAARI, Shlomit; MEDALIE, Jack H. Factors predictive of long-term  coronary heart disease mortality among 10,059 male Israeli civil servants and municipal  employees. Cardiology, v. 82, n. 2-3, p. 100-121, 1993. 

GUAN, Wei-jie et al. Clinical characteristics of coronavirus disease 2019 in China. New  England journal of medicine, v. 382, n. 18, p. 1708-1720, 2020. 

HALBFINGER, D. Virus Soars Among Ultra-orthodox Jews as many Flout Israel’s  Rules. New York Times: [S.n], 2020. Disponível em: http://www.nytimes.com. Acesso em:  14 jun. 2022. 

HAMMERSCHMIDT, Karina Silveira de Almeida; SANTANA, Rosimere Ferreira. Saúde do  idoso em tempos de pandemia COVID-19. Cogitare enfermagem, v. 25, p. e72849, 2020. 

HAN, S. D.; MOSQUEDA, L. Elder Abuse in the COVID-19 Era. Journal of the American Geriatrics Society ; v. 68, n. 7, p. 1386-1387, 2020. 

HEIDARI, Mohammad; BORUJENI, Mansureh Ghodusi; RAFIEI, Hossein. The assessment  effect of spiritual care on hopelessness and depression in suicide attempts. Journal of  religion and health, v. 58, n. 4, p. 1453-1461, 2019. DOI: https://doi.org/10.1007/s10943- 017-0473-2 

HILL, Peter C. et al. Conceptualizing religion and spirituality: Points of commonality, points  of departure. Journal for the theory of social behaviour, v. 30, n. 1, p. 51-77, 2000. 

HILL, Peter C.; PARGAMENT, Kenneth I. Advances in the conceptualization and  measurement of religion and spirituality: Implications for physical and mental health research.  American psychologist, v. 58, n. 1, p. 64, 2003. 

HILL, Terrence D. et al. Religious attendance and the mobility trajectories of older Mexican  Americans: An application of the growth mixture model. Journal of Health and Social  Behavior, v. 57, n. 1, p. 118-134, 2016a 

HILL, Terrence D.; BRADSHAW, Matt; BURDETTE, Amy M. Health and biological  functioning. In: Handbook of religion and society. Springer, Cham, 2016b. p. 11-28. 

HILL, Terrence D.; ROTE, Sunshine M.; ELLISON, Christopher G. Religious participation  and biological functioning in Mexico. Journal of Aging and Health, v. 29, n. 6, p. 951-972,  2017. 

HOFFMANN, Markus et al. SARS-CoV-2 cell entry depends on ACE2 and TMPRSS2 and is  blocked by a clinically proven protease inhibitor, CELL, v. 181, n. 2, p. 271-280. e8, 2020. 

HUANG, Chaolin et al. Clinical features of patients infected with 2019 novel coronavirus in  Wuhan, China. The lancet, v. 395, n. 10223, p. 497-506, 2020. 

IBGE. Censo 2010: Número de católicos cai e aumenta o de evangélicos, espíritas e sem  religião. 2012. Disponível em: https://censo2010.ibge.gov.br/noticias censo.html?view=noticia. Acesso em: 12.SET. 2021 

IBGE. Censo Demográfico. 2020. Disponível em: http://www.censo2020.ibge.gov.br. Acesso  em: 08 set. 2021. 

IDLER, Ellen L.; KASL, Stanislav V. Religion among disabled and nondisabled persons II:  Attendance at religious services as a predictor of the course of disability. The Journals of  Gerontology Series B: Psychological Sciences and Social Sciences, v. 52, n. 6, p. S306- S316, 1997. 

IRONSON, Gail; KREMER, Heidemarie. Spiritual transformation, psychological well-being,  health, and survival in people with HIV. The International Journal of Psychiatry in  Medicine, v. 39, n. 3, p. 263-281, 2009. 

JAHANSHAHI, Asghar Afshar et al. The distress of Iranian adults during the Covid-19  pandemic–More distressed than the Chinese and with different predictors. Brain, behavior,  and immunity, v. 87, p. 124, 2020. 

JAPANESE NATIONAL INSTITUTE OF INFECTIOUS DISEASES. Field Briefing:  Diamond Princess COVID-19 Cases, 20 Feb Update. https://www.niid.go.jp/niid/en/2019- ncov-e/9417-covid-dp-fe-02.html (Accessed on March 01, 2020). 

JORDAN, Rachel E.; ADAB, Peymane; CHENG, KK32217618. Covid-19: risk factors for  severe disease and death. Bmj, v. 368, 2020. 

KENNEDY, James E.; DAVIS, Robert C.; TAYLOR, Bruce G. Changes in spirituality and  well-being among victims of sexual assault. Journal for the Scientific study of religion, p.  322-328, 1998. 

KLOK, F. A. et al. Incidence of thrombotic complications in critically ill ICU patients with  COVID-19. Thrombosis research, v. 191, p. 145-147, 2020. 

KOENIG HG. Religion, spirituality, and health: the research and clinical implications. ISRN  Psychiatry. Dec 16; p. 278730. 2012. DOI: 10.5402/2012/278730. 

KOENIG, Harold G. et al. Attendance at religious services, interleukin-6, and other biological  parameters of immune function in older adults. The International Journal of Psychiatry in  Medicine, v. 27, n. 3, p. 233-250, 1997. 

KOENIG, Harold G. Maintaining health and well-being by putting faith into action during the  COVID-19 pandemic. Journal of religion and health, v. 59, n. 5, p. 2205-2214, 2020. 

KOENIG, Harold G. Religion and medicine IV: religion, physical health, and clinical  implications. The International Journal of Psychiatry in Medicine, v. 31, n. 3, p. 321-336,  2001. 

KOENIG, Harold G. Religion, spirituality, and medicine: research findings and implications  for clinical practice. South Med J., v. 97, n. 12, p. 1194-200, 2004. DOI:  10.1097/01.SMJ.0000146489.21837.CE.  

KOENIG, Harold G. Ways of protecting religious older adults from the consequences of  COVID-19. The American Journal of Geriatric Psychiatry, v. 28, n. 7, p. 776-779, 2020. 

KOENIG, Harold G. Religion and mental health: Research and clinical applications. [S.l.]:  Academic Press, 2018. 

KOENIG, Harold G.; AL-ZABEN, Faten; VANDERWEELE, Tyler J. Religion and  psychiatry: Recent developments in research. BJPsych advances, v. 26, n. 5, p. 262-272,  2020. 

KOENIG, HG. Concerns About Measuring “Spirituality” in Research. The Journal of  Nervous and Mental Disease, v. 196, n. 5, p. 349-55, maio, 2008. 

KOWALCZYK, Oliwia et al. Religion and Faith Perception in a Pandemic of COVID-19.  Journal of religion and health, v. 59, n. 6, p. 2671-2677, 2020. 

KREMER, Heidemarie; IRONSON, Gail. Everything changed: spiritual transformation in  people with HIV. The International Journal of Psychiatry in Medicine, v. 39, n. 3, p. 243- 262, 2009

LEE, Sherman A. Coronavirus Anxiety Scale: A brief mental health screener for COVID-19  related anxiety. Death studies, v. 44, n. 7, p. 393-401, 2020. 

LI, Qun et al. Early transmission dynamics in Wuhan, China, of novel coronavirus–infected  pneumonia. New England journal of medicine, 2020. 

LIAN, Jiangshan et al. Analysis of epidemiological and clinical features in older patients with  coronavirus disease 2019 (COVID-19) outside Wuhan. Clinical infectious diseases, v. 71, n.  15, p. 740-747, 2020. 

LINDNER, Diana et al. Association of cardiac infection with SARS-CoV-2 in confirmed  COVID-19 autopsy cases. JAMA cardiology, v. 5, n. 11, p. 1281-1285, 2020. 

LIU, K.; CHEN, Y.; LIN, R.; HAN, K. Clinical features of COVID-19 in elderly patients: A  comparison with young and middle-aged patients. Journal of Infection, v. 80, n. 6, p. e14- e18, 2020. 

LOURENÇO, Roberto A; VERAS, Renato P. Mini-Exame do Estado Mental: características  psicométricas em idosos ambulatoriais. Revista de Saúde Pública [online]. v. 40, n. 4, pp.  712-719, 2006. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0034-89102006000500023.  Acesso em: 14 Outubro 2022. 

LU, Roujian et al. Genomic characterisation and epidemiology of 2019 novel coronavirus:  implications for virus origins and receptor binding. The lancet, v. 395, n. 10224, p. 565-574,  2020. 

LUCCHETTI, Giancarlo et al. Spirituality, religiosity and the mental health consequences of  social isolation during Covid-19 pandemic. International Journal of Social Psychiatry, v.  67, n. 6, p. 672-679, 2021. 

MAHMOODI, A.; KHANI, L.; GHAFFARI, M. Relationship between empathy and spiritual  intelligence with nurses’ attitudes towards patients’ rights: The mediating role of social  responsability. Journal of Nursing Education, 6 (2), 61-70, 2017. Disponível em:  https://doi.org/10.21859/jne-06027 

MAO, Ling et al. Neurologic manifestations of hospitalized patients with coronavirus disease  2019 in Wuhan, China. JAMA neurology, v. 77, n. 6, p. 683-690, 2020. 

MASON, Victoria; ANDREWS, Holly; UPTON, Dominic. The psychological impact of  exposure to floods. Psychology, health & medicine, v. 15, n. 1, p. 61-73, 2010. 

MAZZI, C. Denúncias de violência contra idosos quintuplicaram durante a pandemia,  apontam dados do Disque 100. O Globo, 2020. Disponível em: https://oglobo.globo.com/sociedade/denuncias-de-violencia-contra-idosos-quintuplicaram durante-pandemia-apontam-dados-do-disque-100-24480857 

MCMICHAEL, Temet M. et al. Epidemiology of COVID-19 in a long-term care facility in  King County, Washington. New England Journal of Medicine, v. 382, n. 21, p. 2005-2011,  2020. 

MEHTA, Puja et al. COVID-19: consider cytokine storm syndromes and immunosuppression.  The lancet, v. 395, n. 10229, p. 1033-1034, 2020.

MERCHANT, Raina M.; LURIE, Nicole. Social media and emergency preparedness in  response to novel coronavirus. Jama, v. 323, n. 20, p. 2011-2012, 2020. 

MERKLER, Alexander E. et al. Risk of ischemic stroke in patients with coronavirus disease  2019 (COVID-19) vs patients with influenza. JAMA neurology, v. 77, n. 11, p. 1366-1372,  2020. 

MIRANDA, Gabriella Morais Duarte; MENDES, Antonio da Cruz Gouveia; SILVA, Ana  Lucia Andrade da. O envelhecimento populacional brasileiro: desafios e consequências  sociais atuais e futuras. Revista brasileira de geriatria e gerontologia, v. 19, p. 507-519,  2016. 

MIROWSKY, John; ROSS, Catherine E. Social Causes of Psychological Distress, New  Brunswick. NJ: Aldine transaction, 2003. 

MODISE, Leepo; JOHANNES, Modise Leepo. Well-being and wellness in the twenty-first  century: A theanthropocosmic approach. Journal of religion and health, v. 55, n. 6, p. 1876- 1890, 2016. 

MOGHANIBASHI-MANSOURIEH, Amir. Assessing the anxiety level of Iranian general  population during COVID-19 outbreak. Asian journal of psychiatry, v. 51, p. 102076, 2020. 

MOLL, Matthew et al. VTE in ICU patients with COVID-19. Chest, v. 158, n. 5, p. 2130- 2135, 2020. 

MORAES, Edgar Nunes de et al. COVID-19 nas instituições de longa permanência para  idosos: estratégias de rastreamento laboratorial e prevenção da propagação da doença.  Ciência & Saúde Coletiva [online]. 2020, v. 25, n. 9 

MOREIRA-ALMEIDA, Alexander; KOENIG, Harold G.; LUCCHETTI, Giancarlo. Clinical  implications of spirituality to mental health: review of evidence and practical guidelines.  Brazilian Journal of Psychiatry, v. 36, p. 176-182, 2014. 

MURRAY, B.; STEIN, P. Coronavirus Disease 2019 (COVID-19): Psychiatric illness. 2020.  Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/coronavirus-disease-2019-covid-19- psychiatric-illness. Acesso em: 12 mar. 2022. 

NERIA, Y.; NANDI, A. S Galea. 2008. Post-Traumatic Stress Disorder Following  Disasters: A Systematic Review. Doi :10.1017/S0033291707001353 

NEWMAN, Michelle G.; ZAINAL, Nur Hani. The value of maintaining social connections  for mental health in older people. The Lancet Public Health, v. 5, n. 1, p. e12-e13, 2020.  doi: 10.1016/s2468- 2667(19)30253-1. 

NIU, Lu et al. Loneliness, hopelessness and suicide in later life: a case–control psychological  autopsy study in rural China. Epidemiology and psychiatric sciences, v. 29, 2020.  https://doi.org/10.1017/S2045796020000335 

OLIVEIRA, Ana Maria Carneiro; DA SILVA SOUSA, Erica; DA ROCHA FILHO, Disraeli  Reis. Alterações físicas, emocionais e psicossociais de idoso na pandemia por coronavírus.  Research, Society and Development, v. 10, n. 6, p. e44310615964-e44310615964, 2021.

OLIVEIRA, Márcia Regina de; JUNGES, José Roque. Saúde mental e  espiritualidade/religiosidade: a visão de psicólogos. Estudos de Psicologia (Natal), v. 17, p.  469-476, 2012. 

OLONADE, Olawale Y. et al. Coronavirus pandemic and spirituality in southwest Nigeria: A  sociological analysis. Heliyon, v. 7, n. 3, p. e06451, 2021. 

ORAN, Daniel P.; TOPOL, Eric J. The proportion of SARS-CoV-2 infections that are  asymptomatic: a systematic review. Annals of internal medicine, v. 174, n. 5, p. 655-662,  2021. 

OXLEY, Thomas J. et al. Large-vessel stroke as a presenting feature of Covid-19 in the  young. New England Journal of Medicine, v. 382, n. 20, p. e60, 2020. 

OXMAN, Thomas E.; FREEMAN, Daniel H.; MANHEIMER, Eric D. Lack of social  participation or religious strength and comfort as risk factors for death after cardiac surgery in  the elderly. Psychosomatic medicine, v. 57, n. 1, p. 5-15, 1995. 

ÖZDIN, Selçuk; BAYRAK ÖZDIN, Şükriye. Levels and predictors of anxiety, depression  and health anxiety during COVID-19 pandemic in Turkish society: The importance of gender.  International Journal of Social Psychiatry, v. 66, n. 5, p. 504-511, 2020. 

PALTIEL, A. David; ZHENG, Amy; WALENSKY, Rochelle P. Assessment of SARS-CoV-2 screening strategies to permit the safe reopening of college campuses in the United States.  JAMA network open, v. 3, n. 7, p. e2016818-e2016818, 2020. 

PANZINI, Raquel Gehrke et al. Qualidade de vida e espiritualidade. Archives of Clinical  Psychiatry (São Paulo), v. 34, p. 105-115, 2007. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0101-60832007000700014. Acesso em: 04 ago 2022. 

PARATTUKUDI, et al. Women’s Spiritual Intelligence is Associated With Fewer Depression  Symptoms: Exploratory Results From a Canadian Sample. Journal of Religion and Health  61:433–442, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s10943-021-01412-513  

PARGAMENT, Kenneth I.; EXLINE, Julie J. Religious and spiritual struggles and mental  health: Implications for clinical practice. Spirituality and mental health across cultures, p.  395-412, 2021. 

PERISSÉ, C.; MARLI, M. Idosos indicam caminhos para uma melhor idade. Revista  retratos. 2019. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012- agencia-de-noticias/noticias/24036-idosos-indicam-caminhos-para-uma-melhor-idade .  Acesso em: 18 set. 2021. 

PERLMAN, Stanley. Another decade, another coronavirus. New England Journal of  Medicine, v. 382, n. 8, p. 760-762, 2020. 

PETEET, John R.; AL ZABEN, Faten; KOENIG, Harold G. Integrating spirituality into the  care of older adults. International Psychogeriatrics, v. 31, n. 1, p. 31-38, 2019. 

PETRI JR, Richard P.; WALTER, Joan AG; WRIGHT, Jon. Integrative health and healing  practices specifically for service members: self-care techniques. Medical Acupuncture, v.  27, n. 5, p. 335-343, 2015.

PILGER, Calíope et al. Spiritual well-being, religious/spiritual coping and quality of life  among the elderly undergoing hemodialysis: a correlational study. Journal of religion,  spirituality & aging, v. 33, n. 1, p. 2-15, 2021. doi:10.1080/15528030.2020.1824848 

PUELLES, Victor G. et al. Multiorgan and renal tropism of SARS-CoV-2. New England  Journal of Medicine, v. 383, n. 6, p. 590-592, 2020. 

QIU J, et al., 2020. A nationwide survey of psychological distress among Chinese people in  the COVID-19 epidemic: implications and policy recommendations. Gen Psychiatr. 2020 Mar  6;33(2):e100213. doi: 10.1136/gpsych-2020-100213. In: Gen Psychiatr. 2020 Apr 27;33(2):e100213corr1. PMID: 32215365; PMCID: PMC7061893. 

RAWSON, Timothy M. et al. Bacterial and fungal coinfection in individuals with  coronavirus: a rapid review to support COVID-19 antimicrobial prescribing. Clinical  infectious diseases, v. 71, n. 9, p. 2459-2468, 2020. 

RAZ, Joseph. The role of well-being. Philosophical Perspectives, v. 18, p. 269-294, 2004. 

REED, Sharon B. et al. Social isolation and physical inactivity in older US adults: Results  from the Third National Health and Nutrition Examination Survey. European Journal of  Sport Science, v. 11, n. 5, p. 347-353, 2011. 

RIAS, Yohanes Andy et al. Effects of spirituality, knowledge, attitudes, and practices toward  anxiety regarding COVID-19 among the general population in Indonesia: a cross-sectional  study. Journal of Clinical Medicine, v. 9, n. 12, p. 3798, 2020. 

RIBEIRO, Adalgisa Peixoto et al. O que fazer para cuidar das pessoas idosas e evitar as  violências em época de pandemia? 2020. Associação Brasileira de Saúde Coletiva: GT  violência e saúde Disponível em: https://www.abrasco.org.br/site/gtviolenciaesaude/tag/ violencia-contra-o-idoso/. Acesso em: 19 jun. 2022. 

RIBEIRO, J.; SOUZA, F. N. de; LOBÃO, C. Editorial: Saturação da Análise na Investigação  Qualitativa: Quando Parar de Recolher Dados?. Revista Pesquisa Qualitativa, [S. l.], v. 6, n.  10, p. iii-vii, 2018. Disponível em: https://editora.sepq.org.br/rpq/article/view/213. Acesso  em: 14 out. 2022 

RIBEIRO, Marcus Renato Castro et al. The role of spirituality in the COVID-19 pandemic: a  spiritual hotline project. Journal of Public Health, v. 42, n. 4, p. 855-856, 2020. https://doi.  org/10.1093/pubmed/fdaa120. 

RICHARD, Armitage, NELLUMS, Laura. COVID-19and the consequences of isolating the  elderly. Elsevier. Published Online.March 19, 2020. Lancet Public Health https://doi.org/10.1016/S2468- 2667(20)30061-X 

RICHARDSON, Safiya et al. Presenting characteristics, comorbidities, and outcomes among  5700 patients hospitalized with COVID-19 in the New York City area. Jama, v. 323, n. 20, p.  2052-2059, 2020. 

ROCHA, ACAL; CIOSAK, A. I. Doença crônica no idoso: espiritualidade e enfrentamento.  Escola de Enfermagem da USP, v. 48, n. Especial, 2014; 48, p. 92-98.

ROCHA, Neusa Sica da; FLECK, Marcelo Pio da Almeida. Religiosidade, saúde e qualidade  de vida: uma revisão da literatura. In: Teixeira EFB, Müller MC, Silva JDT, eds.  Espiritualidade e Qualidade de Vida. Porto Alegre: EDIPUCRS; 2004. 

ROCHA, Neusa Sica da; FLECK, Marcelo Pio da Almeida. Avaliação de qualidade de vida e  importância dada a espiritualidade/religiosidade/crenças pessoais (SRPB) em adultos com e  sem problemas crônicos de saúde. Archives of Clinical Psychiatry (São Paulo), v. 38, p. 19- 23, 2011. 

ROGER, Kerstin Stieber; HATALA, Andrew. Religion, spirituality & chronic illness: A  scoping review and implications for health care practitioners. Journal of Religion &  Spirituality in Social Work: Social Thought, v. 37, n. 1, p. 24-44, 2018. 

ROMAN, Nicolette V.; MTHEMBU, Thuli G.; HOOSEN, Mujeeb. Spiritual care–‘A deeper  immunity’–A response to Covid-19 pandemic. African Journal of primary health care and  family medicine, v. 12, n. 1, p. 1-3, 2020. 

SAAD, Marcelo; MEDEIROS, Roberta de. Implications for public health of the religiosity longevity relation. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 63, p. 837-841, 2017. 

SAKURAI, A. et al. Natural History of Asymptomatic SARS-CoV-2 Infection. New England  Jounal of Medicine, v. 383, n. 9, p.885, 2020.  

SANTINI, Ziggi Ivan et al. Social disconnectedness, perceived isolation, and symptoms of  depression and anxiety among older Americans (NSHAP): a longitudinal mediation analysis.  The Lancet Public Health, v. 5, n. 1, p. e62-e70, 2020. 

SCHUSTER, Mark A. et al. A national survey of stress reactions after the September 11,  2001, terrorist attacks. New England Journal of Medicine, v. 345, n. 20, p. 1507-1512,  2001. 

SEPULVEDA, Jorge et al. Bacteremia and blood culture utilization during COVID-19 surge  in New York City. Journal of clinical microbiology, v. 58, n. 8, p. e00875-20, 2020. 

SEPÚLVEDA-LOYOLA, W. et al. Impact of social isolation due to COVID-19 on health in  older people: mental and physical effects and recommendations. The journal of nutrition,  health & aging, v. 24, n. 9, p. 938-947, 2020. 

SEPÚLVEDA-LOYOLA, W. et al. Impact of social isolation due to COVID-19 on health in  older people: mental and physical effects and recommendations. The journal of nutrition,  health & aging, v. 24, n. 9, p. 938-947, 2020. 

SHAHID, Zainab et al. COVID‐19 and older adults: what we know. Journal of the  American Geriatrics Society, v. 68, n. 5, p. 926-929, 2020. 

SHATTUCK, Eric C.; MUEHLENBEIN, Michael P. Religiosity/spirituality and  physiological markers of health. Journal of religion and health, v. 59, n. 2, p. 1035-1054,  2020. DOI: 10.1007/s10943-018-0663-6. 

SHAW, Jon A. A pathway to spirituality. Psychiatry, v. 68, n. 4, p. 350-362, 2005. DOI:  10.1521/psyc.2005.68.4.350

SILVA, Maitê Fátima da et al. Relação entre os níveis de atividade física e qualidade de vida  de idosos sedentários e fisicamente ativos. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia,  v. 15, p. 634-642, 2012. 

SILVA, Viviane Graciele da et al. Espiritualidade e religiosidade em idosos com diabetes  Mellitus. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 2, p. 7097-7114, 2020. 

SIQUEIRA, V. P. Possibilidades e desafios da atuação do psicólogo junto a idosos  participantes de grupos religiosos. Trabalho de Conclusão de Curso (Psicologia). Brasília:  Universidade Católica de Brasília, 2012. 

SOLOMON, D.H. Foreword. In: OSTERWEIL, D.; BRUMMEL-SMITH, K.; BECK,  J.C.(ed.). Comprehensive geriatric assesment. New York: McGraw Hill, 2000. 

SOLOMON, Isaac H. et al. Neuropathological features of Covid-19. New England Journal  of Medicine, v. 383, n. 10, p. 989-992, 2020. 

STEARNS, Melanie et al. Religiosity and depressive symptoms in older adults compared to  younger adults: Moderation by age. Journal of affective disorders, v. 238, p. 522-525, 2018. 

STEFANEK, Michael; MCDONALD, Paige Green; HESS, Stephanie A. Religion, spirituality  and cancer: current status and methodological challenges. Psycho‐Oncology: Journal of the  Psychological, Social and Behavioral Dimensions of Cancer, v. 14, n. 6, p. 450-463, 2005. 

STOKES, Erin K. et al. Coronavirus disease 2019 case surveillance—United States, january  22–may 30, 2020. Morbidity and Mortality Weekly Report, v. 69, n. 24, p. 759, 2020. 

STRUYF, T. et al. Cochrane COVID-19 Diagnostic Test Accuracy Group. Signs and  symptoms to determine if a patient presenting in primary care or hospital outpatient settings  has COVID-19 disease. Cochrane Database System Review, v.7, p. CD013665, 2020. 

TAYLOR, Elizabeth Johnston. During the COVID-19 pandemic, should nurses offer to pray  with patients? Nursing 2021, v. 50, n. 7, p. 42-46, 2020. 

TOBIN, Erin T.; SLATCHER, Richard B. Religious participation predicts diurnal cortisol  profiles 10 years later via lower levels of religious struggle. Health Psychology, v. 35, n. 12,  p. 1356, 2016. 

TONIOL, Rodrigo. Atas do espírito: a Organização Mundial da Saúde e suas formas de  instituir a espiritualidade. Anuário Antropológico, v. 42, n. 2, p. 267-299, 2017. 

TOSTMANN, Alma et al. Strong associations and moderate predictive value of early  symptoms for SARS-CoV-2 test positivity among healthcare workers, the Netherlands, March  2020. Eurosurveillance, v. 25, n. 16, p. 2000508, 2020. 

TUCK, Inez; ANDERSON, Lorraine. Forgiveness, flourishing, and resilience: The influences  of expressions of spirituality on mental health recovery. Issues in mental health nursing, v.  35, n. 4, p. 277-282, 2014. 

TURNER, Judith A.; CLANCY, Stephen. Strategies for coping with chronic low back pain:  Relationship to pain and disability. Pain, v. 24, n. 3, p. 355-364, 1986.

VAHIA, Ipsit V. et al. COVID-19, mental health and aging: A need for new knowledge to  bridge science and service. The American Journal of Geriatric Psychiatry, v. 28, n. 7, p.  695-697, 2020. 

VALLURUPALLI, Ms Mounica et al. The role of spirituality and religious coping in the  quality of life of patients with advanced cancer receiving palliative radiation therapy. The  journal of supportive oncology, v. 10, n. 2, p. 81, 2012. 

VAN CAPPELLEN, Patty; SAROGLOU, Vassilis. Awe activates religious and spiritual  feelings and behavioral intentions. Psychology of Religion and Spirituality, v. 4, n. 3, p.  223, 2012. 

VERAS, Renato. Envelhecimento populacional contemporâneo: demandas, desafios e  inovações. Revista de saúde pública, v. 43, p. 548-554, 2009. 

VILJOEN, H. J. I. Deconstructing secondary trauma and racism at a South African police  service station. 2004. 

VITORINO, Luciano Magalhães et al. Two sides of the same coin: The positive and negative  impact of spiritual religious coping on quality of life and depression in dialysis patients.  Journal of Holistic Nursing, v. 36, n. 4, p. 332-340, 2018. 

VOLCAN, Sandra Maria Alexandre et al. Relação entre bem-estar espiritual e transtornos  psiquiátricos menores: estudo transversal. Revista de Saúde Pública, v. 37, n. 4, p. 440-445,  2003. DOI: https://doi.org/10.1590/S0034- 89102003000400008. 

WANG, C; Pan, R; Wang, X; Tan, Y; Xu, L; McIntyre, R.S.; Choo, F. N.; Tran, B.; Ho, R.;  Sharma, V.K; et al. A longitudinal study on the mental health of general population during the  COVID-19 epidemic in China. Brain Behav. Immun., 2020, v. 87, p.40-48.  

WANG, Changsong et al. Cytokine levels in the body fluids of a patient with COVID-19 and  acute respiratory distress syndrome: a case report. Annals of Internal Medicine, v. 173, n. 6,  p. 499-501, 2020. 

WANG, Dawei et al. Clinical characteristics of 138 hospitalized patients with 2019 novel  coronavirus–infected pneumonia in Wuhan, China. Jama, v. 323, n. 11, p. 1061-1069, 2020. 

WANG, Lang et al. Coronavirus disease 2019 in elderly patients: characteristics and  prognostic factors based on 4-week follow-up. Journal of Infection, v. 80, n. 6, p. 639-645,  2020. 

WHO. COVID-19 Dashboard. Geneva: World Health Organization. 2020. Disponível em:  https://covid19.who.int/ . Acesso em: 18 mar. 2022. 

WHO. COVID-19. Geneva:World Health Organization, 2020. Disponível em:  htps://covid19.who.int/measures/. Acesso em: 16 set. 2021. 

WHO. Director-General’s remarks at the media briefing on 2019-nCoV on 11 February  2020. Disponível em: http://www.who.int/dg/speeches/detail/who-director- general-s remarks-at-the-media-briefing-on-2019-ncov-on-11-february-2020. Acesso em: 04 jun. 2022.

WHO. International Health Conference. Constitution of the World Health Organization.  1946. Bulletin of the World Health Organization, v. 80, n. 12, 983 – 984. 2002.  https://apps.who.int/iris/handle/10665/268688. Acesso em: 15 ago. 2022. 

WHO et al. WHOQOL and spirituality, religiousness and personal beliefs (SRPB). World  Health Organization, 1998. Disponível em: https://apps.who.int/iris/handle/10665/70897 

WICHMANN, Dominic et al. Autopsy findings and venous thromboembolism in patients  with COVID-19: a prospective cohort study. Annals of internal medicine, v. 173, n. 4, p.  268-277, 2020. 

WÖLFEL, Roman et al. Virological assessment of hospitalized patients with COVID-2019.  Nature, v. 581, n. 7809, p. 465-469, 2020. 

WOLINSKY, F. Et al. A 12-year prospective study of stroke risk in older Medicare  beneficiaries. BMC Geriatrics, v. 9, 2009. 

WOODS, T E.; ANTONI, M. H.; IRONSON, G. H.; KLING, D. W. Religiosity is associated  withaffective and immune status in symptomatic HIV-infected gay men. Journal of  Psychosomatic Research, v.46, p. 165-176, 1999. 

XIANG, Yu-Tao; JIN, Yu; CHEUNG, Teris. Joint international collaboration to combat  mental health challenges during the coronavirus disease 2019 pandemic. JAMA psychiatry,  v. 77, n. 10, p. 989-990, 2020. 

YANG, Yuan et al. Mental health services for older adults in China during the COVID-19  outbreak. The Lancet Psychiatry, v. 7, n. 4, p. e19, 2020. 

ZANDIFAR, Atefeh; BADRFAM, Rahim. Iranian mental health during the COVID-19  epidemic. Asian journal of psychiatry, v. 51, 2020. 

ZHANG, Wenhong. Manual de prevenção e controle da Covid-19 segundo o Doutor  Wenhong Zhang. São Paulo: Polo Books, 2020. 

ZHANG, Yan et al. Coagulopathy and antiphospholipid antibodies in patients with Covid-19.  New England Journal of Medicine, v. 382, n. 17, p. e38, 2020. 

ZHU, Na et al. A novel coronavirus from patients with pneumonia in China, 2019. New  England journal of medicine, 2020.

APÊNDICE B – ENTREVISTA 

Nome: 

Idade: sexo: Estado civil: 

Grau de escolaridade: 

() ensino fundamental incompleto 

() ensino fundamental completo 

() ensino médio incompleto 

() ensino médio completo  

() ensino superior 

() pós graduação 

Renda mensal

() 1 salário mínimo () 2 a 5 salários mínimos 

() 6 a 10 salários mínimos () >10 salários mínimos 

Religião

() católica () evangélica () espírita () ateu () não religioso(a)  

() outros 

1) Pra você, o que é religiosidade? Você se considera uma pessoa religiosa?

2) Pra você, o que é espiritualidade? Você se considera uma pessoa espiritualizada?

3) Com que frequência você frequenta uma comunidade religiosa?

4) Diante de uma dificuldade você reage com aceitação? 

5) Você se apega às suas crenças para enfrentar as dificuldades? 

6) Você desempenha atividades religiosas e/ou relacionadas à espiritualidade?

7) Qual a importância da religiosidade/espiritualidade na sua vida?

8) Como era a sua vida religiosa e/ou espiritual antes da pandemia? E durante a pandemia? 

9) Que efeito a religiosidade/espiritualidade teve na sua vida ante o momento de crise que vivenciamos com a pandemia? 

10)Você acredita em Deus? Se sim, você se relaciona com ele? De que forma esse relacionamento influencia sua vida na pandemia?