CONSTRUCTION OF AN EDUCATIONAL GUIDE ON PHYSICAL ACTIVITY GUIDANCE FOR USERS OF THE UNIFIED HEALTH SYSTEM
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202409141221
Agnes Eduarda Pimentel Seixas1; João Pedro de Almeida Ferreira¹; Tacyara Monteiro da Costa¹; Brenda Viviane Ferreira Nunes Furtado²; May da Costa Mendonça²; Thais de Oliveira Cardoso Brandão2; Biatriz Araújo Cardoso Dias²
RESUMO
O Sistema Único de Saúde (SUS) desempenha um papel fundamental ao garantir o acesso universal, integral e gratuito à saúde para a população brasileira. Entretanto, os usuários do SUS frequentemente enfrentam desafios para a realização adequada de atividades físicas, seja pela falta de acesso a espaços públicos apropriados, seja pela carência de informações sobre a prática segura e eficaz de exercícios. Nesse contexto, a tecnologia educacional emerge como uma ferramenta estratégica na promoção da atividade física e saúde. O objetivo desse estudo foi construir um guia educacional sobre orientação de atividade física para os usuários do Sistema Único de Saúde. O referencial teórico-metodológico deste estudo metodológico compreendeu três fases: diagnóstico situacional, revisão bibliográfica e construção da tecnologia. A necessidade de elaborar um guia educativo surgiu da observação da falta de orientação acerca dos exercícios físicos na Unidade Básica de Saúde do Tapanã II. A revisão bibliográfica, focada em artigos científicos primários, fundamentou-se na escassez de informações sobre tecnologias educacionais aplicadas no SUS, especialmente relacionadas ao exercício físico. A convergência entre educação em saúde, tecnologia educacional e políticas de promoção da atividade física no SUS apresenta potencial para impactar positivamente a saúde e qualidade de vida no Brasil. Estratégias informativas sobre práticas corporais e exercícios, com ênfase na prevenção e promoção da saúde, desempenham um papel vital no atendimento básico de saúde à população.
Palavras-chave: Tecnologia Educacional, Exercício Físico e Sistema Único de Saúde.
1 INTRODUÇÃO
O Sistema Único de Saúde (SUS) desempenha um papel crucial ao assegurar o acesso universal, integral e gratuito à saúde para todos os cidadãos brasileiros. Dentro do panorama abrangente das iniciativas voltadas à promoção da saúde, emerge a relevância destacada da prática regular de atividade física. Esta não apenas atua como um elemento preventivo contra doenças crônicas, mas também se revela fundamental na busca pela elevação da qualidade de vida dos beneficiários do SUS (Loch et al., 2018).
Entretanto, com frequência, os usuários do SUS deparam-se com desafios ao tentar realizar atividades físicas de maneira apropriada, seja devido à carência de acesso a espaços públicos apropriados, seja pela ausência de informações sobre como executar essas atividades de maneira segura e eficaz (Mendes, 2019).
Dessa maneira, compreende-se que a prática de atividade física é um elemento crucial para a preservação da saúde tanto física quanto mental. Inúmeros estudos evidenciam que a regularidade no exercício físico acarreta uma série de benefícios para o organismo, incluindo a diminuição do risco de doenças crônicas, tais como diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares e até mesmo certos tipos de câncer. Adicionalmente, a atividade física desempenha um papel significativo na melhoria da qualidade do sono, no aumento da disposição e energia, na redução do estresse e da ansiedade, na promoção da autoestima e autoconfiança, além de propiciar a socialização e a interação social (Guedes; Guedes, 1995).
Outra vantagem significativa resultante da prática de exercícios físicos reside na aprimoração da capacidade cardiorrespiratória e muscular. Durante a realização dessas atividades, o sistema cardiorrespiratório é compelido a operar em níveis mais elevados, promovendo fortalecimento e uma adaptação mais eficiente às demandas do dia a dia. Paralelamente, os músculos são instigados a crescer e se fortalecer, contribuindo para uma notável melhoria na resistência física e uma redução considerável na probabilidade de lesões e dores musculares. Em síntese, a prática regular de atividade física se revela essencial para a preservação da saúde e do bem-estar, constituindo um elemento fundamental para uma vida plena e saudável (Ciolac; Guimarães, 2004).
No contexto brasileiro, a prática de atividade física ainda carece de adesão significativa por parte da população em geral, destacando-se, especialmente, a escassez de engajamento entre os usuários do SUS. Em um estudo conduzido por Ferreira et al. (2013), abrangendo uma amostra de 60.202 indivíduos, constatou-se que apenas 20% tinham conhecimento de programas públicos de atividade física, sendo que somente 9,7% desses demonstraram efetivamente participação nessas iniciativas.
Nesse cenário, a educação em saúde configura-se como um processo pedagógico cujo propósito é informar, instruir e habilitar indivíduos a adotarem decisões conscientes no que tange à sua saúde, ao passo que fomenta estilos de vida saudáveis. Essa abordagem abarca temáticas variadas, como nutrição, exercício físico, prevenção de doenças, higiene pessoal, e uso de medicamentos, entre outros. A disseminação da educação em saúde pode ser realizada por meio de diversas estratégias, incluindo palestras, workshops, materiais impressos, vídeos educativos, entre outras modalidades. O escopo essencial dessa prática reside em prover informações precisas e acessíveis, capacitando os indivíduos a tomarem decisões informadas e conscientes acerca de sua saúde (Falkenberg et al., 2014).
A educação em saúde emerge como um pilar fundamental na prevenção de doenças, na diminuição da incidência de enfermidades crônicas e na promoção do bem-estar abrangente da população. Para além desses benefícios, revela-se como uma ferramenta estratégica para ampliar a conscientização acerca de questões de saúde pública, bem como para instigar transformações positivas nos comportamentos da comunidade. Nesse cenário, destaca-se a tecnologia educacional como uma aliada crucial na promoção da atividade física e no fomento à saúde (Seabra et al., 2019).
Esse estudo tem como objetivo construir um guia educacional sobre orientação de atividade física para os usuários do Sistema Único de Saúde.
2 METODOLOGIA
Para este estudo metodológico de desenvolvimento de tecnologia educacional, o referencial teórico-metodológico adotado fundamenta-se nos pressupostos de Pasquali, compreendendo os polos teórico, empírico e analítico. No escopo desta pesquisa, especificamente, empregou-se o polo teórico para direcionar a reflexão sobre o construto de interesse. A condução do estudo ocorreu nas dependências do Centro Universitário Metropolitano da Amazônia (UNIFAMAZ) e se desdobrou em três etapas sequenciais: diagnóstico situacional, revisão bibliográfica e construção da tecnologia educacional.
Diagnóstico situacional
A concepção de um guia educativo sobre atividade física originou-se da identificação da carência de orientação sobre exercícios físicos percebida na Unidade Básica de Saúde do Tapanã II. Durante o estágio, os estudantes notaram que, apesar da realização de práticas corporais, havia uma compreensão limitada sobre os benefícios e a relevância do exercício físico por parte dos praticantes.
Nesse contexto, o princípio da continuidade ressalta a importância de manter uma rotina de treinamento regular e consistente para alcançar e preservar melhorias físicas. Em termos simples, isso implica a necessidade de treinar de maneira regular e progressiva para obter resultados satisfatórios. Em outras palavras, a prática esporádica ou intermitente não é suficiente.
No caso de grupos especiais, como hipertensos, diabéticos e dislipidêmicos, manter uma frequência e um comprometimento com o exercício é crucial para a melhoria do quadro clínico crônico. Portanto, a consistência no treinamento revela-se como um componente essencial para otimizar os benefícios da atividade física, especialmente em contextos de condições de saúde específicas.
Com isso em mente, torna-se uma prioridade implementar o guia educacional mesmo após a conclusão do estágio em Saúde I. Em outras palavras, sem o estágio, as práticas corporais ficam restritas a apenas um dia da semana, durante a sessão com o Profissional de Educação Física na Atenção primária à Saúde, o que pode comprometer a obtenção dos resultados esperados. Nesse sentido, a solução considerada viável pelos alunos foi a criação de um guia educacional de fácil compreensão, adaptado ao público-alvo. O guia aborda detalhadamente como a atividade física deve ser concebida e executada corretamente para maximizar os benefícios e evitar prejuízos.
Revisão Bibliográfica
Após identificar a carência de informações relativas às tecnologias educacionais aplicadas no âmbito do Sistema Único de Saúde, especificamente no contexto do exercício físico, foi empreendida uma revisão bibliográfica abrangente. Essa revisão incorporou artigos científicos primários, englobando estudos originais, relatos de experiência e análises reflexivas sobre o tema em questão.
O processo de busca por literatura foi conduzido utilizando os Descritores da Ciência da Saúde (DECS), e os seguintes termos foram selecionados como descritores em português: Tecnologia Educacional, Exercício Físico e Sistema Único de Saúde.
O período de análise estabelecido compreendeu os anos de 2018 a 2023, e foram considerados artigos publicados nos idiomas inglês, português e espanhol. A combinação dos descritores foi realizada por meio do operador booleano AND. Para a coleta de dados, foram consultadas as bases de dados PubMed, Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). O processo de seleção dos estudos transcorreu em duas etapas distintas. Na primeira fase, a triagem foi efetuada com base nos títulos, resumos e temática abordada nos artigos. Na segunda etapa, realizou-se a leitura completa dos artigos previamente selecionados, culminando na escolha dos estudos que compuseram a revisão.
Construção da tecnologia
Após a definição dos temas a serem abordados, estes foram elaborados e estruturados para a construção da tecnologia educacional, materializando-se na forma de um guia educativo. Optou-se por uma linguagem acessível e uma abordagem esquemática, conferindo ao material caráter ilustrativo, visando facilitar a compreensão do público-alvo. A parte estrutural do constructo foi concretizada por meio do Programa Software CANVA.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O guia informativo foi desenvolvido utilizando o programa de software CANVA, aproveitando as ferramentas disponíveis, como caixas de texto e ilustrações. O processo de criação seguiu duas etapas distintas: a primeira consistiu na produção do roteiro, que incluiu a elaboração da fundamentação teórica do conteúdo do guia; a segunda etapa envolveu a criação do design.
A tecnologia educacional adota uma abordagem alinhada com o Guia de Atividade Física para a População Brasileira preconizado pelo Ministério da Saúde (Brasil, 2021), sendo direcionada aos usuários do Sistema Único de Saúde que desejam orientações e aprofundar seus conhecimentos sobre atividade física e exercício físico, visando promover benefícios de tratamento, prevenção e manutenção da saúde humana. O guia aborda temas específicos, como a diferença entre atividade física e exercício físico, compreensão da atividade e do exercício físico, intensidade na prática de atividade e exercício físico, e a incorporação dessas práticas nos diferentes ciclos de vida, tais como, criança até 5 anos, crianças e jovens de 6 a 17 anos, adultos, idosos, gestantes e mulheres no pós-parto, informações em geral, um jogo interativo baseado em caça-palavras.
Desta forma, a versão final do guia informativo denominado de “Guia Educativo de Orientação Sobre Atividade Física Para Usuários do SUS” apresenta 23 páginas, incluindo a capa, contracapa, apresentação, sumário, 17 páginas com tópicos principais e referências consultadas, conforme figuras abaixo.
Ilustração 1 – Páginas representativas do guia educativo
Fonte: Dos autores (2023)
O guia informativo apresenta licenças de direito autoral no Creative Commons e foi registrado pela Biblioteca do Centro Universitário Metropolitano da Amazônia (UNIFAMAZ), apresentando uma ficha catalográfica com o Internacional Standard Book Number.
Nesse contexto, a incorporação de tecnologias educacionais no incentivo à prática de atividade física pela população é um elemento crucial na era contemporânea, visto que a tecnologia desempenha um papel cada vez mais significativo em diversos aspectos da vida cotidiana. A discussão sobre a importância dessas ferramentas como facilitadores para a adoção e manutenção de um estilo de vida ativo é essencial e vem sendo citado por diversos autores na literatura.
Brasil (2021), aborda que as tecnologias educacionais proporcionam acesso facilitado a informações sobre atividade física a qualquer momento e em qualquer lugar. Permitindo que os usuários incorporem a atividade física em suas rotinas de maneira flexível, adaptando-se a diferentes horários e preferências.
Em suma, as tecnologias educacionais desempenham um papel fundamental na transformação de informações sobre atividade física em conhecimento prático e acessível. Ao integrar essas ferramentas de maneira eficaz, é possível inspirar e capacitar a população a adotar comportamentos mais ativos, promovendo benefícios significativos para a saúde pública.
Sugere-se, portanto, a realização da validação semântica, direcionada ao público-alvo, bem como a validação de aparência e conteúdo, a ser conduzida por juízes especialistas. Além disso, propõe-se avaliar a aplicabilidade deste produto junto à população, com ênfase naqueles que participam das práticas disponibilizadas pelo curso de Educação Física da instituição. Este processo de validação se apresenta como uma etapa fundamental para assegurar a eficácia, relevância e adequação do produto educacional em questão, garantindo sua utilidade e efetividade junto ao público-alvo e à comunidade acadêmica envolvida.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo propôs, por meio da elaboração de um guia educativo, destacar a necessidade contínua de empreender esforços no sentido de prover orientação e facilitar o acesso à prática de atividade física para os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Essa iniciativa está alinhada aos princípios fundamentais do sistema de saúde brasileiro, visando a promoção de uma população mais saudável e ativa. O guia adota uma abordagem simples, acessível e de fácil compreensão, incluindo ilustrações que facilitam a compreensão e ajudam na assimilação da melhor forma de praticar atividade física de maneira segura. Tal abordagem não apenas facilita o acesso à informação, mas também fortalece a sensibilização sobre questões de saúde pública, promovendo mudanças positivas no comportamento da população.
A combinação de educação em saúde, tecnologia educacional e políticas de promoção da atividade física no SUS pode gerar impactos significativos na melhoria da saúde e na qualidade de vida dos brasileiros. Diante disso, torna-se evidente a necessidade de desenvolver estratégias que abranjam a elaboração de outros meios informativos, procurando esclarecer e abordar diferentes temas relacionados às práticas corporais, atividade e exercício físico, com foco na prevenção e promoção da saúde. Essa abordagem utiliza o conhecimento como um instrumento fundamental no atendimento básico de saúde à população.
REFERÊNCIAS
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Promoção da Saúde. Guia de Atividade Física para a População Brasileira. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Primária à Saúde, Departamento de Promoção da Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2021. 54 p.
Ciolac, Emmanuel Gomes; Guimarães, Guilherme Veiga. Exercício físico e síndrome metabólica. Revista brasileira de Medicina do Esporte, v. 10, p. 319-324, 2004.
Falkenberg, Mirian Benites et al. Educação em saúde e educação na saúde: conceitos e implicações para a saúde coletiva. Ciência & saúde coletiva, v. 19, p. 847-852, 2014.
Ferreira, Rodrigo Wiltgen et al. Acesso aos programas públicos de atividade física no Brasil: Pesquisa Nacional de Saúde, 2013. Cadernos de Saúde Pública, v. 35, p. e00008618, 2019.
Guedes, Dartagnan Pinto; Guedes, Joana Elisabete Ribeiro Pinto. Atividade física, aptidão física e saúde. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, v. 1, n. 1, p. 18-35, 1995.
Loch, Mathias Roberto et al. As práticas corporais/atividade física nos 30 anos do Sistema Único de Saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v. 23, p. 3469-3469, 2018.
Mendes, Eugênio Vilaça. Desafios do SUS. In: Desafios do SUS. 2019. p. 869-869. (BVS)
Seabra, Cícera Amanda Mota et al. Educação em saúde como estratégia para promoção da saúde dos idosos: Uma revisão integrativa. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, v. 22, 2019.
1Discente do Curso de Bacharelado em Educação Física do Centro Universitário Metropolitano da Amazônia (UNIFAMAZ), Belém, Pará.
2Docente do Curso de Bacharelado em Educação Física do Centro Universitário Metropolitano da Amazônia (UNIFAMAZ), Belém, Pará.