CONSEQUÊNCIAS DO BRUXISMO NO CONTEXTO PÓS PANDEMIA

CONSEQUENCES OF BRUXISM IN THE POST PANDEMIC CONTEXT

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10072019


Ana Laura Benevides N. Maia1
Beatriz Alves Leite1
Profa. Me. Ketlin Lara Tosta Vanzo2


Resumo

O bruxismo é uma ação involuntária parafuncional que envolve os músculos da mastigação. Essa condição pode ocorrer nos períodos diurnos e noturnos, ocasionando e incluindo movimentações repetitivas, rotina de ranger, movimento de apertar e encostar os dentes. Tal transtorno atinge uma grande quantidade de pessoas e pode causar consequências variáveis, podendo afetar a qualidade de vida dos indivíduos. A metodologia utilizada foi a revisão de literatura integrativa sobre o bruxismo, associada à análise de fontes bibliográficas provenientes de artigos publicados entre 2008 e 2023. Os dados foram obtidos através de sucessivas buscas em sites de bibliotecas virtuais de saúde, na biblioteca virtual SciELO, na plataforma PubMed e por meio de experiências vividas pelas autoras nos atendimentos clínicos. Sobre o bruxismo, observou-se que houve um grande aumento na prevalência após a COVID-19. A investigação confirmou agravos como desgaste dentário, dor orofacial, distúrbios da ATM e ruídos noturnos que impactam de forma significativa na qualidade de vida do portador da disfunção. Além disso, notou-se um alto grau de relação entre a ansiedade e o bruxismo e as mudanças nos padrões do sono. Portanto, para suprimir ou controlar esse distúrbio é necessário um tratamento multifatorial para uma melhor resolução dos sintomas do bruxismo, incluindo diversos profissionais da saúde, em que o tratamento não se baseia somente em retirar a dor, mas, sim, na minimização dos sintomas.

Palavras-chave: Bruxismo. COVID-19. Ansiedade.

Abstract

Bruxism is an involuntary parafunctional action that involves the chewing muscles. This condition can occur during the day and night, causing and including repetitive movements, grinding routine, clenching and touching the teeth. This disorder affects a large number of people and can cause variable consequences, which can affect the quality of life of individuals. The methodology used was an integrative literature review on bruxism, associated with the analysis of bibliographic sources with articles published between 2008 and 2023. The data were obtained through successive searches on virtual health library websites, in the SciELO virtual library, on the platform PubMed and through experiences lived by the authors in clinical care. Regarding bruxism, it was observed that there was a large increase in prevalence after COVID-19. The investigation confirmed problems such as tooth wear, orofacial pain, TMJ disorders and night noises that significantly impact the quality of life of those with the disorder. Furthermore, a high degree of relationship was noted between anxiety and bruxism and changes in sleep patterns. Therefore, to suppress or control this disorder, multifactorial treatment is necessary to better resolve the symptoms of bruxism, including several health professionals, in which the treatment is not only based on removing the pain, but rather on minimizing the symptoms.

Keywords: Bruxism. COVID-19. Anxiety

1   INTRODUÇÃO

 A pandemia da COVID-19 trouxe consigo uma série de alterações significativas nos estilos de vida e no bem-estar da população. À medida que as atenções se direcionam aos desafios da saúde pública, restrições de vivência e preocupações econômicas, um fenômeno muitas vezes silencioso começou a ganhar destaque: o bruxismo. Este distúrbio, caracterizado pelo ranger ou apertar involuntário dos dentes, se estabeleceu de forma mais intensa e encontrou um terreno propício no contexto pós-pandemia (LITO, M. F. P. et al. 2022).

 Em decorrência da pandemia da COVID-19, observou-se aumentos dos casos de bruxismo relacionados aos transtornos psicológicos. Fatores como a insegurança, a preocupação e o medo afetaram ainda mais a população em geral. Durante esse período, notou-se, junto às mudanças, um aumento no consumo de bebidas alcoólicas, bebidas compostas com cafeína, uso de drogas e ansiolíticos. Para Grein (2020), todos esses fatores requerem cuidado, visto que são considerados agravos ao bruxismo.

 Para os profissionais da psiquiatria, os músculos da face e da mandíbula são responsáveis pelas expressões de momentos de raiva, de medo, de força e também pelas expressões de felicidade. Conforme Fernandes (2016), o apertamento dos dentes, morder as bochechas, a língua, os lábios, objetos, a sucção dos dedos e roer as unhas têm um fundo emocional bem estabelecido e servem como uma descarga de aflição e inquietação.

 Dentre os fatores envolvidos na etiologia do bruxismo, ao contrário do que se acreditava no passado, não estão relacionados os fatores oclusais, mas com fatores determinantes biológicos, psicológicos e exógenos. Levando em consideração as hipóteses atuais sobre a etiologia do bruxismo, nota-se papéis do sistema nervoso central (SNC) e autónomo (SNA) na atividade mandibular durante o sono, que sucede quando um agente ocasionador de ansiedade (comoção, medo, raiva ou dor) está presente e altera a atividade do SNA, elevando a atividade simpática como resposta, o e que desencadeia a tensão muscular (LOBBEZOO et al., 2018; GUAITA, 2016).

 Diante do exposto, o presente trabalho tem como objetivo investigar a prevalência e as consequências do bruxismo, através de uma revisão de literatura integrativa, levando em consideração a influência da COVID-19 e os agravos que as condições psicológicas podem causar, tendo em conta a importância do atendimento multidisciplinar.

Deve-se destacar também os objetivos e a justificativa da presente pesquisa. É o porquê da pesquisa. Justificar um projeto de pesquisa é mostrar de que forma os resultados obtidos poderão contribuir para a solução ou para melhorar a compreensão do problema formulado. Na justificativa, também se colocam os motivos que levaram o pesquisador a buscar a resposta ao problema proposto. Relacionar os argumentos que indiquem que a pesquisa é significativa ou relevante em termos teóricos e práticos.

O autor deve iniciar sua argumentação geral e ir levando o texto para algo específico, conforme figura abaixo, de forma a apresentar no fim da Introdução o seu objeto de estudo. A metodologia empregada teve como base a revisão de literatura integrativa sobre o bruxismo com análise de fontes bibliográficas oriundas de artigos publicados entre 2008 e 2023. Os dados foram coletados através de buscas em sites de bibliotecas virtuais da área da saúde, na biblioteca virtual SciELO, na plataforma PubMed e por meio de experiências vivenciadas pelas pesquisadoras em atendimentos clínicos. 

2   FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

2.1  O que é bruxismo

 O bruxismo é uma ação involuntária parafuncional que envolve os músculos da mastigação. Essa condição pode ocorrer nos períodos diurnos e noturnos, ocasionando e incluindo movimentações repetitivas, rotina de ranger e ação de apertar e encostar os dentes. Tal transtorno foge das funções normais de ação da mastigação e fechamento da boca (ANADÉLIA et al, 2017). 

 Ainda não existe uma concordância acerca da etiologia do bruxismo, porém sabe-se que há alguns fatores que podem influenciar no desenvolvimento desta doença. Sua origem pode estar relacionada com condições sistêmicas, psicológicas ou genéticas. Um dos fatores etiológicos mais relevantes está relacionado à pacientes bruxistas com condições emocionais; durante bastante tempo esta relação só era feita entre pacientes adultos. Portanto, atualmente já pode-se observar que o estresse e a ansiedade também têm relação com o desenvolvimento do bruxismo na infância (MESQUITA et al., 2018; CABRAL et al., 2018). 

 A Academy of Prosthodontics definiu, em 2005, bruxismo como “hábito oral parafuncional e involuntário caracterizado pelo rítmico espasmódico ranger, apertar ou cerrar os dentes”, em movimentos não funcionais da mandíbula, o que pode levar ao desenvolvimento de trauma oclusal. No mesmo ano, The International Classification of Sleep Disorders, definiu bruxismo como uma atividade oral caracterizada pelo apertamento e ranger dos dentes durante o sono, usualmente associado a microdespertares (SHETTY et al., 2010). 

 O termo bruxismo vem do grego “brygmos”, que significa apertamento, fricção ou atrito dos dentes sem finalidades funcionais, ranger os dentes. Foi utilizado pela primeira vez na literatura odontológica em 1907, como “Bruxomania”, e foi substituído em 1931 por “Bruxismo”, que hoje é o termo utilizado nos dias de hoje para indicar a disfunção (CARVALHO et al, 2020, v. 1).

2.2  Classificação do bruxismo

 O bruxismo pode ser classificado como primário e secundário: o primário é o bruxismo crônico, controlado pelo sistema nervoso central e sem nenhuma causa aparente, já o secundário está relacionado à distúrbios neurológicos, psiquiátricos, do sono, e associações com substâncias ou medicações como alguns antidepressivos seletivos (POLMANN et al., 2019).

 O bruxismo também se classifica de acordo com as manifestações durante o sono ou durante a vigília e acredita-se que possuem causas, fisiopatologia e peculiaridades diferentes. Para tanto, o bruxismo do sono é um hábito oral que ocorre enquanto a pessoa dorme, sendo caracterizado por movimentos da musculatura temporomandibular, forçando um contato entre as superfícies dentárias. Já o bruxismo em vigília é descrito pelo apertamento dos dentes ou por movimentações e deslocamentos “forçados” da mandíbula em estipulada posição, podendo ou não ocorrer contato dentário (MACEDO, et al 2008).

2.3  O bruxismo e a COVID-19

 Durante o ano de 2019, houve o retorno do novo coronavírus (COVID-19) causado pela infecção SARS-COV-2, o qual resultou em uma pandemia que se tornou o maior problema do século XXI. A COVID-19 foi capaz de acometer mais de 100 países e territórios do mundo inteiro. Embora, no dia de hoje, a pandemia é uma realidade mais fiscalizada e contida, os seus impactos seguem afetando milhares de pessoas, sendo elas acometidas por problemas em diferentes âmbitos (BRITO et al, 2020).

 Dentre os vários fatores da pandemia da Covid-19 estão o afastamento social, temor à exposição ao vírus, medo da perda da renda salarial e emprego, perda de pessoas próximas e as consequências da própria doença no qual tem relação direta com o aumento da ansiedade, eventos emocionais e bruxismo. De acordo com uma reportagem veiculada pelo jornal “O Estadão”, em outubro de 2020, foi anunciado sobre o aumento nos casos de bruxismo e fraturas dentárias relatados pelos cirurgiões dentistas associando-os à ansiedade instigado pela quarentena (CARNEIRO et al., 2022).

 Na China, após a pandemia, foi fundamentado um estudo onde evidencia o alto impacto nas questões psicológicas e psiquiátricas, no qual uma alta parcela da população relata níveis moderados e graves de ansiedade. A busca pelos dentistas para realização de uma investigação minuciosa deste hábito foi elevada, de acordo com o atual cenário. Em grande parte dos casos, o diagnóstico é realizado por meio de exames clínicos intra e extrabucais, seguidos de uma anamnese minuciosa (BRITTO et al., 2020).

2.4  Sintomas do bruxismo

 Dentre os vários sinais e sintomas que podem ser desenvolvidos em pacientes com bruxismo está a presença de desgastes oclusais, hipersensibilidade pulpar, mobilidade dentária, periodontites, fraturas de restaurações, hipertrofia muscular, ruídos musculares e limitações dos movimentos bucais (DE LIMA et al., 2020).

 Além disso pode gerar mais algumas consequências clínicas dificultosas, normalmente, sendo associadas a problemas mecânicos como afrouxamento de parafusos de prótese sobre implante, fraturas de pilares, fratura de estrutura dental e alterações na articulação temporomandibular. O agravamento da parafunção gera movimentos mandibulares não funcionais que pode acarretar uma demanda anormal dos músculos da mastigação que, em estado imoderado de trabalho, podem apresentar sintomatologia dolorosa e diminuição de sua coordenação (BLINI, et al., 2010).

2.5  Diagnóstico

 Apesar de o diagnóstico do bruxismo ainda não ser bem estabelecido, um dos métodos utilizados como meio de análise é a Polissonografia. Esse exame consiste em realizar um registro completo da monitorização contínua da atividade cerebral, respiração, de sinais indicativos de relaxamento muscular, movimentos dos olhos, oxigenação sanguínea e batimento cardíaco. Este método é considerado padrão ouro durante décadas para diagnóstico dos transtornos do sono como o bruxismo (DOS SANTOS BARBOSA et al., 2021). 

 Geralmente, as terapias mais aplicadas são aquelas não invasivas que possuem o objetivo de minimizar o hábito parafuncional. As intervenções existentes são empregues no tratamento dos sintomas e proteção dos dentes e da articulação temporomandibular, sendo alguns tratamentos a utilização de placas miorrelaxantes, aplicação de toxinas botulínicas, fisioterapia e medicação (ESTEVES et al., 2017; BEDDIS et al., 2018).

2.6  Tratamentos: fisioterapêutico, psicológico e farmacológico

 No que tange aos tratamentos do bruxismo, considera-se necessário o envolvimento de diversos profissionais além dos cirurgiões dentistas. Por ser uma disfunção multifatorial, a relevância do psicólogo, terapeuta, e tratamento farmacológico são indispensáveis de acordo com o grau de gravidade do caso.

 O tratamento fisioterapêutico no bruxismo envolve fundamentalmente o manejo da hipertrofia muscular evidente no bruxismo e as condições dolorosas. O fisioterapeuta tem como enfoque a melhora da amplitude da movimentação articular, para diminuir a dor, inflamação e reparar a função motora. Métodos como as terapias manuais, T.E.N.S (mecanismo que utiliza corrente elétrica de baixa voltagem com finalidade analgésica), ultrassom, exercícios respiratórios e relaxantes são muito utilizados, assim como a laserterapia, acupuntura, e técnicas específicas para o tratamento das disfunções temporomandibulares e reeducação da postura (SOTT et al., 2022). 

Dada a necessidade do psicólogo no tratamento para o bruxismo, considera-se o contexto psicossocial que o paciente vivencia influência, podendo determinar o adoecimento ou a saúde, sendo, portanto, importante ter em conta os aspectos que constituem e que predispõem às doenças orgânicas, ao se analisar os fenômenos psicossomáticos. (McWILLIAMS, 2018).

Com o auxílio das teorias analíticas, pode-se ajudar o paciente a compreender os sentimentos inexplicáveis, sendo possível transformar suas fragilidades em força, cabendo relembrar que suas complexidades não são aleatórias. O trabalho do psicólogo é encontrar meios para auxiliar o paciente levando em consideração a doença, as causas, sintomas e a aceitação (CARDINAL et al., 2022). 

Os tratamentos farmacológicos podem ser utilizados como auxílio para as outras terapias e diminuição dos sintomas do bruxismo. Medicamentos como relaxantes musculares, analgésicos, anti-inflamatórios, benzodiazepínicos e toxina botulínica promovem resultados significantes para o manejo do bruxismo e controle de episódios, gerando alívio da dor devido à paralisação temporária de algumas fibras dos músculos da face e redução da força muscular. (DA CUNHA et al,2022). 

3   METODOLOGIA 

 Trata-se de uma pesquisa integrativa sobre o bruxismo em que se associou análise de fontes bibliográficas com experiência vividas pelas autoras nos atendimentos clínicos. “O método de revisão integrativa permite a combinação de dados da literatura empírica e teórica que podem ser direcionados à definição de conceitos, identificação de lacunas nas áreas de estudos, revisão de teorias e análise metodológica dos estudos sobre um determinado tópico” (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 2015, p. 2). Para esse mesmo autor, a combinação de pesquisas com diferentes métodos combinados na revisão integrativa amplia as possibilidades de análise da literatura.

 A revisão da literatura é um processo de busca, análise e descrição de um corpo do conhecimento em que se busca resposta a uma pergunta específica. Literatura cobre todo o material relevante que é escrito sobre um tema: livros, artigos de periódicos, artigos de jornais, registros históricos, relatórios governamentais, teses e dissertações e outros tipos. Para construir o aporte teórico, foram realizadas leituras de livros, de artigos e de demais fontes supracitadas para extrair as informações relevantes. Os dados foram analisados de forma descritiva, identificando-se os principais achados relacionados à relação entre ansiedade, bruxismo, DTM, depressão e saúde bucal no contexto pós-pandemia. 

Nas fontes teóricas estudadas, foram encontrados achados em protocolo clínico, os quais foram realizados em paciente portador da disfunção exame clínico (anamnese, exame físico e exames complementares). Dentre esses exames é possível realizar o diagnóstico no qual se aclara se o paciente possui ou não sinais e sintomas do bruxismo. Em decorrência dos estudos e relatos, grande parte dos pacientes investigados apresentam desgastes dentários e diminuição da dimensão vertical de oclusão, prejudicando assim a funcionalidade no seu dia a dia. 

A respeito da anamnese, os pacientes relatam, em grande maioria, ter feito uso de medicamentos ansiolíticos e antidepressivos, e que, além disso, o tratamento é prosseguido não somente com cirurgiões dentistas, mas com outros profissionais de diversas áreas que fazem parte do restabelecimento da qualidade de vida de cada um, podendo assim perdurar o tratamento por bastante tempo. A reabilitação oral do paciente segue minuciosamente com plano de tratamento, no qual engloba refazer restaurações fraturadas, realizar montagem em articulador semi-ajustável (ASA), seguindo da confecção da placa miorrelaxante para tratamento do bruxismo e prescrições medicamentosas. (SOARES, 2021, p.1).

Foi realizada uma busca nos bancos de dados: PubMed, Scielo, BV salud, Portal Regional da Bvs. Palavras-chave: bruxismo, etiologia do bruxismo, ansiedade, COVID-19. 

Como critérios de inclusão do referencial teórico, foram adotados estudos publicados nos últimos 10 anos, estudos em inglês, português e espanhol, os quais abordam fatores de risco ou estratégias de tratamento do bruxismo. 

4   RESULTADOS

 Foram encontrados um total de 221 publicações voltadas para o tema, sendo excluídas 195, permanecendo como fonte deste estudo 19 publicações, sendo algumas destas apresentadas na tabela 1, conforme autor(res), ano, objetivo e resultados alcançados.

Tabela 1: Demonstração das publicações selecionadas conforme autor(res), ano de publicação, objetivo e resultados alcançados. 

Autor(res)AnoObjetivoResultado
COSTA, et al.2017Identificar a prevalência de bruxismo em universitários da Universidade Federal dos Vales doJequitinhonha e MucuriO bruxismo foi diagnosticado em 9 estudantes (17,6%). Foram avaliados 1428 dentes. Observou-se que 62,5% (255) dos dentes incisivos e 83,8%(171) dos caninos apresentavam desgaste em esmalte. Doze (23,5%) participantes apresentaram estresse. Houve associação estatisticamente significante entre bruxismo e dores musculares na região de cabeça e pescoço (p<0,001).
GREIN, et al.2020Discutir as possíveis consequências daÉ possível que a COVID-19 gere grandes impactos na
  pandemia por COVID19 na Disfunçãotemporomandibular(DTM) e no bruxismo.odontologia, pois os fatores psicológicos associados à pandemia podem levar a um maior risco de desenvolvimento, agravamento e perpetuação do bruxismo (principalmente do bruxismo em vigília) e da DTM. Sendo assim, torna-se necessário uma maior atenção nas manifestações dessasdisfunções temporomandibulares, buscando capacitar cirurgiões dentistas para diagnóstico preciso, visando a qualidade de vida do paciente.
MORAES, et al.2015Facilitar o entendimento das possíveis causas dessa desordem e sua relação com o Sistema Nervoso Central, através de uma revisão de literatura.Pesquisas sobre a parafunção com o exame PSG e os neurotransmissores centrais são necessárias, para que a eficácia no manejo dos pacientes possa ser melhorada. E o tratamento dos problemas clínicos associados ao bruxismo deve ser avaliado por uma equipe multidisciplinar capacitada para tal finalidade.
BRITTO, et al.2020Abordar por meio de uma revisão de literatura, o bruxismo na infância, seus fatores de predisposição para,Torna-se cada vez mais notório a relevância de um atendimento multiprofissional, quando se refere a esta patologia. Assim, será possível entender a
  assim, entender a importância de um diagnóstico precoce para um eficaz plano de tratamento.etiologia do bruxismo e com isso realizar um diagnóstico precoce e embasado e consequentemente um tratamento adequado.
DA CUNHA, et al.2022Apresentar as principais formas de manejo medicamentoso para o bruxismo.Com o diagnóstico do paciente, elaborado por meio de exame clínico e anamnese completa, pode-se direcionar ao manejo considerado mais eficaz, no entanto, mais pesquisas devem ser realizadas para comprovação da sua eficácia.

Fonte: nossa autoria 

5   DISCUSSÕES 

 De acordo com as considerações sobre o tema, ficou evidente que o bruxismo consiste em uma disfunção multifatorial relacionada a diversos fatores etiológicos. Os dados, em grande maioria, apontam a correlação entre o grau do bruxismo e os sintomas relacionados, como tensão muscular, desgaste dental, dores de cabeça, e problemas na ATM. Dentre estes fatores, ressalta-se a relevância de um diagnóstico precoce e do tratamento adequado e multiprofissional, não apenas para diminuir os sintomas, mas também para prevenir o indivíduo portador da disfunção de possíveis agravos e complicações.

 De acordo com Costa, et al., 2017 o bruxismo é basicamente uma atividade parafuncional, diurna ou noturna que envolve os músculos da mastigação incluindo o ranger, apertar e encostar dos dentes. Mesmo a literatura chegando ao reconhecimento de que é um problema multifatorial, o bruxismo não possui um tratamento específico, sendo preciso realizar abordagens multidisciplinares por diversos profissionais como: dentista, fisioterapeuta, psicólogo dentre outros.

 Para Grein et al., 2020 após a pandemia da COVID-19 houve aumentos dos casos de bruxismo, estando eles relacionados a alterações psicológicas, as quais elevaram a fatores como insegurança, preocupação e medo. Devido a todas as mudanças encadeadas pela pandemia, notou-se que o consumo de bebidas alcoólicas, drogas e ansiolíticos foram elevados de forma considerável.

 Segundo Macedo et al,,  2008, o bruxismo noturno se diferencia do bruxismo diurno por diferentes estados de consciência, sendo eles sono e vigília, levando em consideração os diferentes estados fisiológicos com distintas influências na excitabilidade oral motora. Desse modo, o bruxismo diurno tem características de atividades semi voluntárias da mandíbula em que geralmente não ocorre o ranger de dentes e está relacionado a uma mania ou hábito. Já o bruxismo do sono é inconsciente, que o indivíduo range ou aperta os dentes, com produção de sons enquanto está dormindo.

 Britto, A., 2020 relata que a procura pelos cirurgiões dentistas aumentou significativamente para investigar o hábito do bruxismo e o tratamento adequado. Comumente, o diagnóstico é feito através de uma anamnese detalhada, em que são feitas análises de questões físicas e psicológicas do paciente. Clinicamente, a avaliação é feita observando os desgastes dentais e sinais clínicos, porém a análise para o diagnóstico do bruxismo ainda não é algo que está totalmente determinado.

 Após a realização da anamnese e exame clínico para a determinação do grau e impetuosidade do bruxismo, de acordo com Britto, A.,  2020, é necessário traçar um plano de tratamento individualizado. Diversas terapias e profissionais podem ser utilizados durante o tratamento, visando minimizar os danos do bruxismo, porém as terapias mais utilizadas são aquelas consideradas não invasivas.

6   CONSIDERAÇÕES FINAIS

 De acordo com os dados analisados na revisão de literatura e nas observações realizadas em atendimentos clínicos, constatou-se uma crescente preocupação em relação ao bruxismo pós COVID-19. Vários estudos têm relatado um aumento notável na prevalência do bruxismo em pacientes pós pandemia. Tais estudos confirmam problemas como desgaste dentário, dor orofacial, distúrbios da articulação temporomandibular, ruídos noturnos são capazes de impactar diretamente na qualidade de vida. Embora as causas exatas desse fenômeno ainda não estejam totalmente esclarecidas, fatores como estresse, ansiedade e mudanças no estilo de vida associadas à pandemia desempenham um papel altamente significativo no estresse emocional. 

 Os estudos apontam também desafios no diagnóstico e no tratamento do bruxismo, uma vez que tal distúrbio se constitui de natureza multifatorial. O tratamento do bruxismo não se baseia somente em aliviar os sintomas dolorosos, mas principalmente em minimizar os possíveis danos causados, envolvendo, desse modo, profissionais da odontologia, da medicina, da psicologia e da psicoterapia.

 Portanto, vale enfatizar que a pandemia da COVID-19 desencadeou, em muitos dos indivíduos, intensos níveis de ansiedade, preocupação contínua e significativas mudanças nos padrões do sono. Como consequência, tais fatores foram primordiais para o aumento do bruxismo pós pandemia. Os distúrbios do sono, os quais incluem o ranger dos dentes e a insônia, tornaram-se mais recorrentes nesse período. Assim, com base na literatura analisada e as experiências obtidas por meio de atendimentos clínicos, constatou-se que os agravos do bruxismo noturno estão intimamente relacionados com as alterações físicas e mentais dos pacientes que sofrem com a disfunção.

REFERÊNCIAS

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1 Discente do Curso Superior de Odontologia do Instituto Afya Faculdade de Ciências Médicas Campus ITPAC Palmas. e-mail: analaurabenevides99@gmail.com/ bya_leytte2010@gmail.com

2 Docente do Curso Superior de Odontologia do Instituto Afya Faculdade de Ciências Médicas Campus ITPAC Palmas.. Mestre em Saúde Preventiva e Social (FOA/UNESP). e-mail: ketlin.vanzo@afya.com.br