CONHECIMENTO DOS PAIS E RESPONSÁVEIS SOBRE OS RISCOS DE FLUOROSE E CÁRIE DENTÁRIA DECORRENTES DA ESCOVAÇÃO INFANTIL NÃO SUPERVISIONADA

KNOWLEDGE OF PARENTS AND GUARDIANS ABOUT THE RISKS OF FLUOROSIS AND DENTAL CARIES RESULTING FROM UNSUPERVISED CHILDREN’S BRUSHING

REGISTRO DOI:  10.69849/revistaft/th102503031023


Maria Fernanda Souza Antunes1
Victoria Barbosa dos Reis1
Élida Lucia Ferreira Assunção²
Júlia Maria Moreira Santos ²
Renata Souza Leite Vieira2


Resumo

Objetivo: avaliar o conhecimento dos pais ou responsáveis da cidade de Montes Claros – MG sobre os riscos de fluorose e cárie dentária decorrentes da escovação infantil não supervisionada. Materiais e Métodos: caracteriza-se como um estudo descritivo, quantitativo e transversal, realizado por meio de questionário impresso. Os dados foram coletados nos dias 25 de setembro e 02 de outubro de 2023. A amostra foi de 30 responsáveis por crianças atendidas na clínica de odontopediatria. A pesquisa foi aprovada pelo CEP– FUNORTE, sob o Parecer 6.221.226. Resultados: a maioria dos participantes respondeu que o flúor ajuda a prevenir a cárie (n=29; 96,7%) e que os filhos realizam a higienização utilizando o dentifrício fluoretado (n=20; 66,7%). Muitos afirmaram que o flúor possui só benefícios (n=13; 43,3%) e que não compreendem quais são seus malefícios (n=27; 90%). Relataram desconhecer o termo fluorose dentária (n=13; 43,3%) e 96,7% (n=29) e julgam importante a escovação infantil supervisionada, contudo somente 36,7% (n=11) alegam sempre presenciar esse momento. Conclusão: os pais ou responsáveis não possuem conhecimento acerca dos riscos de fluorose dentária. Entretanto, eles possuem conhecimento a respeito da prevenção da cárie e dos malefícios do consumo frequente de doces, apesar de não compreenderem o seu surgimento.

Palavras-chave: Odontopediatria. Fluorose dentária. Escovação dentária.     

Abstract

Objective: to evaluate the knowledge of parents or guardians in the city of Montes Claros – MG about the risks of fluorosis and tooth decay resulting from unsupervised child brushing. Materials and Methods: characterized as a descriptive, quantitative and cross-sectional study, carried out using a printed questionnaire. Data were collected on September 25th and October 2nd, 2023. The sample consisted of 30 guardians of children treated at the pediatric dentistry clinic. The research was approved by the Ethics Committee of Faculdades Unidas do Norte de Minas – FUNORTE, under Opinion 6.221.226. Results: the majority of participants responded that fluoride helps prevent cavities (n=29; 96.7%) and that their children clean themselves using fluoridated toothpaste (n=20; 66.7%). Many stated that fluoride only has benefits (n=13; 43.3%) and that they do not understand its harms (n=27; 90%). They reported not knowing the term dental fluorosis (n=13; 43.3%) and 96.7% (n=29) and considered supervised child brushing important, however only 36.7% (n=11) claimed to always witness this moment . Conclusion: parents or guardians are not aware of the risks of dental fluorosis, resulting from frequent swallowing of fluoride during oral hygiene. However, they have knowledge about preventing tooth decay and the harm caused by frequent consumption of sweets, despite not understanding its appearance.

Keywords: Pediatric Dentistry. Dental fluorosis. Tooth brushing.

Introdução

A criação de hábitos de higiene oral durante a primeira infância é apreciada como o melhor momento para consolidar e fixar a prática ao longo de toda a vida¹. Isso porque método preventivo nos cuidados bucais é primordial para ampliar a qualidade de vida e reduzir a manifestação e o desenvolvimento de doenças na cavidade oral².

A acidez da cavidade bucal associada ao pH proveniente da dieta ingerida causam um descontrole na cavidade oral e, consequentemente, provoca a desmineralização dos elementos dentários; sendo assim, o flúor torna-se indispensável desde o primeiro dente erupcionado, uma vez que possui a capacidade de remineralizar o tecido dentário³.

O flúor é considerado um agente eficaz na prevenção e na redução da cárie, entretanto, o uso em concentrações e quantidades indevidas pode gerar efeitos adversos. O fluoreto apresenta variadas formas de administração, sendo divididas por meio tópico e de maneira sistêmica. A aplicação tópica ocorre através da intervenção profissional e na autoaplicação por meio dos cremes dentais e enxaguantes bucais. A fluoretação das águas de provimento público é a maneira mais elegível de aplicação sistêmica⁴.

O flúor é um dos elementos de maior disponibilidade no planeta e possui papel fundamental no controle da saúde bucal. Em crianças, o uso do flúor deve ser supervisionado pelos responsáveis para evitar a ocorrência da fluorose dentária, decorrente do consumo indiscriminado dessa substância durante a formação dos dentes permanentes, gerando alteração no desenvolvimento dentário⁴.

A fluorose dentária é uma consequência da deglutição frequente de flúor durante a fase de amelogênese, e o grau de severidade com que atinge o indivíduo depende da quantidade de ingestão da substância. No exame clínico, a manifestação se dá pela hipomineralização do esmalte dentário, causando opacidade com aparência esbranquiçada em variadas regiões da coroa dos dentes, e em casos mais graves pode ocorrer perda de estruturas, tornando o elemento dentário suscetível à cárie⁵.

O uso de dentifrícios fluoretados, associado à escovação, é importante no combate à cárie, muito comum na infância. Para obter bons resultados, é necessário que a concentração do creme dental contenha pelo menos 1.000 ppm F (mg F/Kg) e a higienização seja executada ao menos duas vezes ao dia. Perante a enorme variedade de géis dentários no mercado, os pais devem observar a concentração de flúor no produto escolhido⁶.

O Guia de Recomendação para Uso de Fluoretos no Brasil, disponibilizado pelo Ministério da Saúde no ano de 2009, declara que crianças com idade menor que nove anos devem utilizar o dentifrício fluoretado com quantidade de aproximadamente 0,3 gramas, o que corresponde a um grão de arroz, durante a escovação⁷.

A saúde da cavidade bucal é imprescindível para o bem-estar do ser humano, e a  cárie é considerada a doença com maior prevalência mundial⁸. Os hábitos de higienização oral rotineiros feitos de maneira adequada são fundamentais à prevenção do descontrole na cavidade bucal⁹.

O surgimento das lesões cariosas tem como fator de risco condições socioeconômicas, comportamentais, ambientais, dieta, acesso a consultas odontológicas, crianças prematuras, alterações no esmalte dentário, insuficiência proteica e disfunção nas glândulas salivares, já o grau de intensidade das lesões está relacionado à precária saúde bucal¹⁰.

A doença cárie apresenta grande prevalência na fase infantil, sendo primordial o acompanhamento de um adulto para auxiliar e supervisionar a higienização, bem como instruir a criança a realizar uma alimentação adequada, visto que a dentição decídua dispõe de finas camadas dos tecidos dentários e baixa mineralização quando comparada à dentição permanente¹¹.

A preservação dos dentes permanentes depende dos cuidados durante a dentição decídua, posto que é fundamental para manter os espaços para a erupção permanente¹².

A cárie, doença multifatorial e não transmissível, atinge cerca de 600 milhões de crianças em nível mundial, podendo prevalecer na idade adulta. No exame clínico, os dentes acometidos pela cárie apresentam sinais de lesões de mancha branca na região cervical que, posteriormente, se cavitam em virtude da fina camada de esmalte na dentição decídua associada à presença do biofilme e da má higiene oral¹².

As consultas odontológicas devem conter momentos dedicados à orientação dos pacientes, pais ou responsáveis, evidenciando a importância de que o cirurgião-dentista discorra a respeito das principais patologias bucais e como preveni-las, uma vez que a interação familiar e a percepção acerca dos cuidados com a saúde oral proporcionam melhor preservação e qualidade de vida para as crianças¹³, ¹⁴.

Com base na importância das evidências descritas para o controle e promoção de saúde oral da criança, o intuito do presente estudo é avaliar o conhecimento dos pais ou responsáveis da cidade de Montes Claros – MG sobre os riscos de fluorose e cárie dentária decorrentes da escovação infantil não supervisionada.

Materiais e Métodos

Caracteriza-se como um estudo descritivo, quantitativo e transversal, realizado por meio de questionário impresso.

O cenário e a população para o estudo foram os pais de pacientes atendidos na clínica-escola de odontologia de uma faculdade privada da cidade de Montes Claros – MG. A amostra foi constituída por 30 pais ou responsáveis por crianças atendidas na clínica de odontopediatria, sendo de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 18 anos, selecionados de forma intencional e que concordaram em participar da pesquisa de forma voluntária, respondendo ao questionário. Eliminaram-se da pesquisa: pessoas de outras cidades, aqueles que não aceitaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE, os que responderam de forma incompleta e/ou incorreta ao questionário e pacientes de outras clínicas.

No dia 25 de setembro de 2023, as pesquisadoras entraram em contato com a professora responsável pela clínica-escola de odontologia na especialidade de odontopediatria das Faculdades Unidas do Norte de Minas e apresentaram o Termo de Concordância da Instituição – TCI para autorização da coleta de dados. Esta foi realizada nos dias 25 de setembro e 02 de outubro de 2023.

O questionário impresso incluía 15 questões, englobando os seguintes parâmetros: idade do participante, conhecimento a respeito da importância da escovação supervisionada, lesões cariosas e fluorose dentária, frequência da supervisão da higienização dos menores sob sua responsabilidade e a percepção frente aos benefícios e malefícios do flúor no controle da cárie. O questionário foi distribuído presencialmente, através das pesquisadoras, aos pais e responsáveis durante o atendimento odontológico da criança.

Após realizada a coleta de dados, os resultados obtidos foram analisados de forma descritiva e exteriorizados em tabelas por meio da plataforma on-line Google Forms e o programa Excel, o que favoreceu a compreensão dos dados.

Cuidados éticos

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética das Faculdades Unidas do Norte de Minas – FUNORTE, sob o Parecer 6.221.226, de 05 de agosto de 2023.

Resultados

Foram respondidos 30 questionários, e todas as respostas foram validadas para, posteriormente, serem analisadas. 

A maioria dos participantes apresentou conhecimento sobre a importância dos cuidados com a dentição decídua (n=29; 96,7%), uma vez que a saúde bucal é um bom sinal do estado geral de saúde de uma pessoa (n=26; 86,7%).

A respeito da doença cárie, todos os pais ou responsáveis expressaram conhecimento sobre a prevenção e os riscos do consumo frequente de doces. Entretanto, alguns participantes afirmaram não compreender o surgimento da cárie (n=6; 20%) (Tabela 01).

Tabela 01 – Avaliação do conhecimento dos pais ou responsáveis a respeito da saúde bucal e cárie dentária.

Variáveisn%
Os “dentes de leite” não precisam ser tratados porque eles caem e depois nascem os dentes permanentes  
Verdadeira Falsa Não sei dizer1 29 03,3 96,7 0
A saúde bucal é um bom sinal do estado geral de saúde de uma pessoa  
Verdadeira2686,7
Falsa Não sei dizer3 110 3,3
Você sabe como surge a cárie?  
Sim2480
Não A cárie é a mais comum das doenças dentárias e pode ser prevenida Verdadeira Falsa Não sei responder O consumo frequente de doces estraga os dentes e aumenta o risco de cárie Verdadeira Falsa Não sei responder6     30 0 0     30 0 020     100 0 0     100 0 0

Sobre a função da pasta de dente com flúor, a maior parte do público estudado respondeu que ajuda a prevenir a cárie (n=29; 96,7%) e que os filhos sempre realizam a higienização, utilizando o dentifrício com o componente (n=20; 66,7%). Em relação ao flúor, a maioria afirmou que possui apenas benefícios (n=13; 43,3%) e que não compreende o que pode ocorrer com os dentes da criança se deglutida com frequência a substância (n=27; 90%).

Quando se indagou sobre a fluorose dentária, a maioria dos participantes relatou desconhecer esse termo (n=13; 43,3%) (Tabela 02). 

Tabela 02 – Avaliação da compreensão sobre os benefícios e malefícios do flúor, e conhecimento em relação ao conceito de fluorose.

Variáveisn%
A pasta de dente com flúor serve para  
Ajudar a prevenir a cárie Tornar a escovação mais gostosa Prevenir o câncer bucal Não sei responder29 4 7 296,7 13,3 23,3 6,7
O flúor  
Pode prejudicar os dentes se utilizado de forma errada1136,7
Possui só benefícios para os dentes Não sei responder13 643,3 20
Seu filho (a) usa pasta de dente com flúor  
Sempre2066,7
Ocasionalmente Raramente Não que eu saiba Você sabe qual a quantidade de flúor presente na pasta de dente que seu filho (a) usa? Sim Não Não sei responder O que você acha que pode acontecer com os dentes do seu filho (a) se engolir a pasta de dente com frequência? Não sei responder “A criança pode ter fluorose” “Faz mal para a saúde, só não sei explicar” “Acredito que não causa mal” Você conhece o significado ou já ouviu falar sobre fluorose dentária? Sei o conceito Já ouvi a palavra, mas não sei o significado Nunca ouvi falar7 2 1     2 24 4     27 1 1 1     5 12 1323,3 6,7 3,3     6,7 80 13,3     90 3,3 3,3 3,3     16,7 40 43,3

Acerca da higienização supervisionada, a maioria afirmou que quem realiza ou acompanha o menor durante a prática da escovação é a mãe (n=24; 80%). No entanto, 56,7% (n=17) declararam que a própria criança é responsável por colocar a pasta de dente na escova. 

A maioria dos pais ou responsáveis julga muito importante a prática da escovação infantil acompanhada de um adulto (n=29; 96,7%), contudo apenas 36,7% (n=11) alegam presenciar sempre esse momento (Tabela 03).

Tabela 03 – Avaliação da percepção de pais ou responsáveis acerca da higienização infantil supervisionada.

Variáveisn%
Quem realiza ou acompanha a higiene bucal da criança?  
Mãe Pai A criança higieniza sozinha Outro responsável24 10 5 380 33,3 16,7 10
Quem é responsável por colocar a pasta de dente na escova da criança?  
Mãe1446,7
Pai A própria criança Outro responsável9 17 330 56,7 10
Como você considera a importância da escovação infantil com acompanhamento de um adulto?  
Muito importante Pouco importante Irrelevante29 1 096,7 3,3 0
Não sei responder Você costuma acompanhar a criança durante a higienização bucal? Sempre Ocasionalmente Raramente Nunca0     11 13 5 10     36,7 43,3 16,7 3,3

Discussão

É pertinente ressaltar que o presente trabalho teve o intuito de avaliar o conhecimento dos pais ou responsáveis sobre os riscos de fluorose e cárie dentária decorrentes da escovação infantil não supervisionada. Com os resultados obtidos na pesquisa, notou-se que parte significativa dos pais/responsáveis possuía algum conhecimento sobre a cárie dentária, em contrapartida, a fluorose trata-se de um assunto incomum para a maioria do público estudado. 

A maioria dos responsáveis acreditava que os dentes decíduos precisavam ser tratados; dados similares foram identificados em um estudo com pais/responsáveis de alunos da Creche Municipal Marlene Feitosa da cidade de Custódia – Pernambuco, em que se observou que os entrevistados tinham um bom conhecimento em relação à saúde dos dentes decíduos e 58,1% destacaram que a primeira dentição deve ser tratada6.

O fato de a saúde bucal ser um indicador do bem-estar da saúde geral de uma pessoa foi considerado verdadeiro, visto que 86,7% dos responsáveis alegaram acreditar que esses fatores estão interligados. O resultado obtido condiz com relatos em Tuparetama, cidade do estado de Pernambuco, tendo em vista a relação existente entre a dificuldade de dormir e até mesmo a irritabilidade decorrente da agudização de um problema na cavidade oral da criança15.

No presente estudo, todos os participantes afirmaram que a cárie é a mais comum das doenças dentárias, sendo o consumo frequente de doces um dos fatores causais dessa manifestação bucal, que pode ser prevenida. Em um estudo realizado no Espírito Santo, 36,7% dos pais confirmaram que a cárie surgia como um ponto preto na estrutura dentária e 4,4% disseram que surgiria através de uma mancha branca; além disso, 30,4% relataram que lesões cariosas podem ser controladas por meio de uma dieta saudável com menos sacarose e 73,9% acreditam que é por meio do mecanismo da escovação⁶. Entretanto, nesta pesquisa, 20% dos participantes declararam que não tinham conhecimento sobre o surgimento da cárie; dados estes que corroboram um trabalho realizado na  sala de espera da Clínica de Bebês da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em que apenas 30% dos pais ou responsáveis informaram ter consciência do significado de cárie, sendo que, destes, 36,7% afirmaram que a cárie na primeira infância é decorrente da higienização inadequada e da alimentação com alto índice de açúcar16 .

Em relação ao flúor, neste estudo foi constatado que 96,7% reconhecem que a substância ajuda a prevenir a cárie, condizente com um estudo realizado em Pelotas, no estado do Rio Grande do Sul, em que 80% dos pais ressaltaram que o flúor contribui para a prevenção da cárie ou para a proteção dos dentes17.

Na pesquisa, foi possível analisar que 43,3% dos pais declaram que o flúor possui apenas benefícios para os dentes, evidenciando a falta de conhecimento a respeito do assunto. Uma pesquisa semelhante foi feita no estado do Rio Grande do Norte, a qual apontou que, apesar de compreenderem sobre as vantagens da substância, muitos ainda não sabem aplicá-la apropriadamente 18.

Ao serem questionados sobre o que poderia acontecer com os dentes das crianças caso deglutissem a substância flúor constantemente, 90% dos entrevistados afirmaram que não sabiam responder; o que coincide com um estudo feito em uma faculdade particular do estado do Espírito Santo em que 28 (60,9%) pais não compreendiam o que poderia ocorrer⁶.

É válido salientar que 40% dos participantes disseram que já tinham ouvido falar sobre fluorose dentária, mas não sabiam o significado e 43,3% não conheciam o termo. Dessa forma, é evidente que muitos responsáveis não possuem conhecimento em relação aos malefícios que o flúor pode causar se ingerido com frequência. Em São Paulo, um estudo mostrou que cirurgiões-dentistas não orientam os pais a respeito da quantidade correta de flúor para crianças, além de não saberem a relação existente entre o dentifrício fluoretado e o risco de fluorose. Ainda de acordo com o estudo, os profissionais da odontologia poderiam comunicar aos responsáveis acerca da real importância de saberem do conceito de fluorose e sobre seu fator causal, o flúor⁴. 

Quando indagados sobre quem realiza ou acompanha a higienização da criança, a maioria dos pais respondeu positivamente à questão, o que se assemelha a um estudo do Rio de Janeiro segundo o qual 47,2% dos pais/responsáveis afirmam realizar a escovação da criança e 36,7% revelam higienizar os dentes de forma simultânea com os filhos, apenas supervisionando-os16.

Um estudo feito em Pelotas, Rio Grande do Sul mostrou que 87,1% dos pais entrevistados são os responsáveis por aplicar o creme dental nas escovas das crianças, visto que elas podem adicionar grandes quantidades devido ao sabor agradável de alguns dentifrícios17. Essa pesquisa difere-se das respostas obtidas neste trabalho, pois 56,7% dos participantes destacaram que a própria criança é a responsável por colocar o creme dental na escova.

Limite do estudo

Durante a coleta de dados, alguns responsáveis relataram dificuldades para preencher o questionário, uma vez que não estavam fazendo o uso dos óculos de grau, razão por que as pesquisadoras se dispuseram a realizar a leitura das questões, mesmo assim preferiram não responder. 

Conclusão

Conclui-se que os pais ou responsáveis da cidade de Montes Claros – MG não possuem conhecimento acerca dos riscos de fluorose dentária, decorrente da deglutição frequente de flúor durante a higienização bucal. Entretanto, eles possuem conhecimento a respeito da prevenção da cárie dentária e dos malefícios do consumo frequente de doces, apesar de não compreenderem o seu surgimento.

 Foi declarado que, embora sabendo da importância da higienização infantil supervisionada, a maior parte dos pais ou responsáveis não possui o hábito de acompanhar os filhos durante a escovação.

Referências

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1 Faculdades Unidas do Norte de Minas – FUNORTE, Montes Claros – MG, Brasil

2 Faculdade de Saúde e Humanidades Ibituruna – FASI, Montes Claros – MG, Brasil