CONHECIMENTO DAS MULHERES SOBRE PREVENÇÃO DO HPV E CÂNCER DO COLO DO ÚTERO: UMA REVISÃO DA LITERATURA

Women’s knowledge about HPV and cervical cancer Conocimiento de las mujeres sobre prevención del VPH y cáncer de cuello de útero

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102410160924


Ana Beatriz Andrade Nogueira
Danilo Noleto Santos
Eduardo Ruben Pereira de Carvalho
Eloise Rodrigues Barbosa
Francisco Frota Ramos Júnior
Guilherme Henrique Ramos Bezerra Sales
Isabelle Lopes Amorim Franco Ferreira
José Edvar Coelho Frota Neto
José Pereira Barbosa
Luna Araújo Santos de Almeida
Luciana Rocha Alves
Mariana Sales Leal dos Santos Andrade
Rodrigo Shayd Berto Virgino
Rodrigo Pereira Sousa


RESUMO

Objetivo: Identificar o nível de conhecimento de mulheres sobre HPV e medidas de prevenção para o controle do câncer de colo do útero. Métodos: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, onde formulou-se a seguinte questão não-clínica:“Qual o nível de conhecimento das mulheres sobre HPV e medidas preventivas para o controle do câncer do colo do útero?” A coleta de dados foi realizada por meio de busca eletrônica nas bases de dados: Bireme (Biblioteca Virtual de Saúde – BVS) e PubMed da National Library of Medicine utilizando-se de descritores indexados nos idiomas português, inglês e espanhol. Resultados: Dos nove estudos incluídos nesta revisão 56% estavam no idioma inglês. A maioria das publicações foi concentrada no ano de 2018 e houve predomínio de estudos realizados no Brasil. Em relação à natureza do estudo, houve prevalência de estudos epidemiológicos. O câncer do colo do útero tem forte relação com a infecção pelo HPV, situação essa que pode ser facilmente evitada através do exame de citologia, no entanto, o desconhecimento das mulheres sobre o assunto dificulta a implementação de estratégias de prevenção como vacinação contra o HPV, conscientização sobre o uso de preservativo e a realização do exame Papanicolau sejam implementadas de forma efetiva. Conclusão: Intervenções de educação em saúde são necessárias e devem ser implementadas para melhorar a compreensão dos fatores que aumentam o risco e os métodos de prevenção do câncer do colo do útero.

Palavras-chave: Mulheres; Papillomaviridae; Neoplasias do colo do útero; Prevenção & controle.

ABSTRACT

Objective: Identify the level of women’s knowledge about HPV and prevention measures for the control of cervical cancer. Methods: This is an integrative review of the literature, where the following non-clinical question was formulated: “What is the level of women’s knowledge about HPV and preventive measures for the control of cervical cancer”? Data collection was performed through electronic search in the databases: Bireme (Virtual Health Library – BVS) and PubMed of the National Library of Medicine using indexed descriptors in the Portuguese, English and Spanish languages. Results: Of the nine studies included in this review, 56% were in the English language. Most of the publications were concentrated in the year 2018 and there were predominant studies in Brazil. Regarding the nature of the study, there was a prevalence of epidemiological studies. Cervical cancer is strongly related to HPV infection, a situation that can be easily avoided by cytology examination. However, women’s lack of knowledge on the subject makes it difficult to implement prevention strategies such as HPV vaccination. , awareness about condom use and Pap smears are effectively implemented.Conclusion: Health education interventions are necessary and should be implemented to improve understanding of the factors that increase the risk and methods of prevention of cervical cancer

Keywords: Women; Papillomaviridae; Uterine cervical neoplasms; Prevention and control.

RESUMEN

Objetivo: Identificar el nivel de conocimiento de mujeres sobre HPV y medidas de prevención para el control del cáncer de cuello de útero. Métodos: Se trata de una revisión integrativa de la literatura, donde se formuló la siguiente cuestión no clínica: “¿Cuál es el nivel de conocimiento de las mujeres sobre HPV y medidas preventivas para el control del cáncer del cuello del útero?” La recolección de datos se realizó através de la búsqueda en bases de datos electrónicas: Science (Biblioteca Virtual en Salud – BVS) y PubMed de la Biblioteca Nacional de Medicina usando descriptores indexadas en portugués, Inglés y Español.

Resultados: De los nueve estudios incluidos en esta revisión, el 56% estaba en el idioma inglés. La mayoría de las publicaciones se concentraron en el año 2018 y hubo estudios predominantes en Brasil. Respecto a la naturaleza del estudio, hubo prevalencia de estudios epidemiológicos. El cáncer de cuello uterino está fuertemente relacionado con la infección por VPH, una situación que se puede evitar fácilmente mediante un examen de citología. Sin embargo, la falta de conocimiento de las mujeres sobre el tema dificulta la implementación de estrategias de prevención como la vacuna contra el VPH. , la conciencia sobre el uso del condón y las pruebas de Papanicolaou se implementan de manera efectiva. Conclusión: Las intervenciones de educación para la salud son necesarias y deben implementarse para mejorar la comprensión de los factores que aumentan el riesgo y los métodos de prevención del cáncer cervical.

Palabras clave: Mujeres; Papillomaviridae; Neoplasias del Cuello Uterino; Prevención & Control.

INTRODUÇÃO

A infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV) é uma das infecções sexualmente transmissíveis (IST’s) mais frequentes no mundo sendo classificados em genótipos de baixo risco (HPV–6, HPV–11, HPV–70), que estão relacionados com as verrugas genitais e os genótipos de alto risco oncogênico (HPV–16, HPV– 18, HPV–31, HPV–33 HPV–52, HPV– 53), associados com lesões intraepiteliais e câncer (TEIXEIRA, et al.,  2016).

 O HPV é o principal agente causal para o desenvolvimento do câncer cervical, ocasionado pela infecção persistente por um ou mais tipos de HPV de alto risco oncogênico. No entanto, apenas a presença do HPV não é fator determinante para o desenvolvimento do câncer cervical, podendo também estar associado a cofatores de risco, como início precoce de atividade sexual, tabagismo, uso de anticoncepcionais orais, multiparidade, multiplicidade de parceiros, deficiência nutricional e estado imunológico dos pacientes (CÂNDIDO et al., 2017).

O câncer do colo do útero (CCU) é um importante problema de saúde publica por se tratar do terceiro tumor mais frequente na população feminina e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Apresenta alto potencial de prevenção e cura quando diagnosticado precocemente, chegando a uma taxa de redução de 80% da mortalidade (INCA, 2014).

O método de detecção precoce do câncer do colo do útero disponível e mais utilizado é através do exame citológico também conhecido como Papanicolau. O exame permite a detecção precoce em mulheres assintomáticas, contribuindo para identificação de lesões precursoras e da doença em estágios iniciais.  Todas as mulheres na faixa etária de 25 a 69 anos e que já tiveram atividade sexual, devem realizá-lo. O exame preventivo deve ser repetido a cada três anos, após dois exames normais consecutivos realizados no intervalo de um ano (BORGES et al., 2012; NASCIMENTO; NERY; SILVA, 2012) .

Dessa forma, o conhecimento das mulheres sobre os fatores causadores e a forma de detecção precoce do câncer do colo do útero torna-se indispensável e pode contribuir para que as mesmas possam participar das ações e decisões que afetam sua saúde, principalmente estimulando a identificação de sintomas e a procura pelo serviço de prevenção adequado (LEITE et al., 2014).

Para tanto, elegeu-se como objetivo desta revisão analisar as evidências existentes na literatura sobre o nível de conhecimento das mulheres sobre HPV e medidas de prevenção para o controle do Câncer de Colo do Útero.

METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, um dos recursos da prática baseada em evidência, que resume o passado da literatura empírica ou teórica, para fornecer uma compreensão mais abrangente de um fenômeno particular e apontar as melhores evidências disponíveis sobre o efeito de determinada terapia ou intervenção, de modo que os profissionais tenham conhecimento das melhores práticas descritas em literatura (BROOME, 2006). 

Sua elaboração inclui: definição do objetivo; estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão para a seleção da amostra; definição das informações a serem extraídas dos artigos selecionados; análise, e discussão dos resultados. Para orientar este estudo, formulou-se a seguinte questão não-clínica (PICo): “Qual o nível de conhecimento das mulheres sobre HPV e medidas preventivas para o controle do câncer do colo do útero”?

A estratégia PICo, que representa um acrônimo para Paciente (P), Intervenção (I), Contexto (Co), foi utilizada para a construção da questão norteadora desta revisão integrativa da literatura. Para a localização dos estudos relevantes, que respondessem à pergunta de pesquisa, utilizou-se de descritores indexados nos idiomas português, inglês e espanhol. Os descritores foram obtidos a partir do Medical Subject Headings (MESH) e dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS).

A coleta de dados foi realizada por meio de busca eletrônica no período de junho de 2019 nas seguintes bases de dados: Bireme (Biblioteca Virtual de Saúde – BVS) e PubMed da National Library of Medicine.

Os critérios de inclusão definidos foram: estudos primários, disponíveis em sua totalidade, publicados nos últimos cinco anos, de 2014 até 2019, nos idiomas Português, Espanhol e Inglês. Foram excluídos da busca inicial capítulos de livros, resumos, textos incompletos, teses de doutorado, dissertações de mestrados, monografias e relatos técnicos. 

Utilizaram-se os seguintes bancos com seus respectivos descritores:

Quadro 1 – elementos da estratégia PICo e descritores utilizados. Caxias, Ma, 2019.

 ElementosMeshDecsPalavras-chaves
  P“Mulheres” “Women”“Mulheres”
    I      “HPV”   “Câncer do colo do útero”“Papillomaviridae”  Uterine cervical neoplasms”Papillomaviridae”   “Neoplasias do colo do útero”“HPV” “HPV, Human Papillomavirus Viruses”
  Co“Medidas preventivas”“Prevention and control”“Prevenção & controle”“Medidas preventivas”

Os termos utilizados durante a pesquisa foram classificados e combinados nos bancos de dados, resultando em estratégias específicas de cada base:

Quadro 2 – Estratégias de busca utilizadas nas bases de dados Bireme e PubMed. Caxias, Ma, 2019.

Base de dadosEstratégia de buscaResultados Selecionados 
Bireme (descritores Decs)  (t(tw:(mulheres )) AND (tw:(papillomaviridae OR hpv OR neoplasias do colo do útero)) AND (tw:(prevenção & controle OR medidas preventivas)) AND (instance:”regional”)  23095
PubMed (descriptors MeSH)((“women”[MeSH        Terms]        OR        “women”[All        Fields])        AND ((“papillomaviridae”[MeSH Terms] OR “papillomaviridae”[All Fields]) OR (“papillomaviridae”[MeSH Terms] OR “papillomaviridae”[All Fields] OR (“hpv”[All Fields] AND “human”[All Fields] AND “papillomavirus”[All Fields] AND “viruses”[All Fields]) OR “hpv, human papillomavirus viruses”[All Fields]) OR (“uterine cervical neoplasms”[MeSH Terms] OR (“uterine”[All Fields] AND “cervical”[All Fields] AND “neoplasms”[All Fields]) OR “uterine cervical neoplasms”[All Fields]))) AND (“prevention and control”[Subheading]  OR (“prevention”[All Fields] AND “control”[All Fields]) OR “prevention and control”[All Fields]53025                 

Os estudos foram pré-selecionados segundo os critérios de inclusão e exclusão e de acordo com a estratégia de funcionamento e busca de cada base de dados, conforme fluxograma descrito na Figura 1. 

Figura 1: Fluxo do processo de seleção dos estudos para a revisão integrativa. Caxias, MA, 2019. (n=09).

RESULTADOS

Dos nove estudos incluídos nesta revisão 56% estavam no idioma inglês, 33% no idioma português e 11% em espanhol. A maioria das publicações encontradas foram concentradas no ano de 2018 (4/40%), e houve predomínio de estudos realizados no Brasil e na Etiópia, ambos com (3/30%). Em relação à natureza do estudo, houve prevalência de estudos epidemiológicos (10/100%). A principal linha de pesquisa investigada nessa temática versou sobre o conhecimento das mulheres sobre o vírus HPV e sua relação com o câncer de colo do útero (Quadro 3).

Os estudos avaliaram o conhecimento das mulheres sobre o HPV, câncer cervical e exame preventivo, onde constatou-se  baixo conhecimento  em relação ao HPV, suas   formas  de  transmissão, prevenção e associação  com o  câncer de  colo do  útero.  Os resultados apontam ainda que uma grande parcela da população feminina desconhece a importância e a finalidade do exame Papanicolau (quadro 4).

Quadro 3 – Distribuição das publicações incluídas segundo o título, ano de publicação, país onde o estudo foi realizado, delineamento da pesquisa, nível de evidência e grau de recomendação. Caxias, MA, 2019.

Nº de ordemTítuloBase/Ano de publicaçãoPaís Delineamento da pesquisaNível de evidênciaGrau de recomendação
SILVA et al., 2018Fatores que, na Visão da Mulher, Interferem no Diagnóstico Precoce do Câncer do Colo do ÚteroBIREME/2018BrasilEstudo descritivo, transversal e quantiqualitativo6A
CHICONELA; CHIDASSICUA, 2017Conhecimentos e atitudes das mulheres em relação ao exame preventivo do câncer do colo uterino.  BIREME/2017MoçambiqueEstudo descritivo, exploratório e qualitativo6A
FERNANDÉZ et al., 2017Conocimiento del virus del papiloma humano y su vacuna por parte de mujeres de una zona rural de Querétaro, México.BIREME/2017México Estudo descritivo, transversal, e quantitativo6A
SANTIAGO; ANDRADE; PAIXÃO, 2015Conhecimento e prática das mulheres atendidas na unidade de saúde da família sobre o Papanicolau.BIREME/2015BrasilEstudo descritivo, transversal, e quantitativo.6A
KASA; TESFAYE; TEMESGEN, 2017.Knowledge,      attitude             and             practice towards cervical cancer             among women in Finote Selam city administration, West Gojjam Zone, Amhara Region, North West Ethiopia, 2017.PUBMED/2017Etiópia Estudo transversal e quantitativo6A
STROHL et al., 2015Barriers to prevention: knowledge of HPV, cervical cancer, and HPV vaccinations among African American women..PUBMED/2015Estados Unidos Estudo transversal e quantitativo6A
HE; HE, 2018Knowledge of  HPV and acceptability of HPV vaccine among women in western China: a cross-sectional survey.PUBMED/2018China Estudo descritivo e quantitativoA
MRUTS; GEBREMARIAM , 2018Knowledge and Perception Towards Cervical Cancer among Female Debre Berhan University Students.PUBMED/2018Etiópia Estudo transversal e quantitativo6A
MOFOLO et al., 2018Knowledge         of         cervical          cancer, human papillomavirus and prevention among first-year female students in residences at the University of the Free State.PUBMED/2018África do Sul  Estudo descritivo, transversal, e quantitativo.6A
Objetivo principalPerfil amostralIntervenções/InteressePrincipais resultados
 Identificar quais são os fatores que, na visão da mulher, interferem no diagnóstico precoce do câncer do colo do útero.Mulheres com câncer do colo do útero, em estádio avançado, atendidas por serviços de saúde do Sistema Único de Saúde em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, em janeiro e fevereiro de 2012.A avaliar as práticas de saúde, detectar as falhas nas formas de organização dos serviços e na relação com as usuárias sujeitas desta pesquisa. A maioria das participantes mostrou-se desinformadas sobre a utilidade do exame preventivo, e que não se percebiam como alvo das ações de saúde específicas, e apontaram falhas dos serviços de saúde.
Avaliar os conhecimentos e atitudes das mulheres em relação a importância do exame preventivo do câncer do colo  uterino.  14 mulheres atendidas em um serviço de saúde de Moçambique.Conhecer em profundidade o universo de significados e atitudes das mulheres em relação a importância do exame preventivo do câncer do colo de útero.  A maior parte das mulheres embora tenha ouvido falar do câncer do colo uterino, tem pouco conhecimento  em  relação  à  prevenção, desconhece  a importância do exame preventivo e realiza o exame devido a queixas ginecológicas
Determinar o nível de conhecimento sobre o HPV, vacinas e comportamentos de risco de mulheres adultas jovens em uma comunidade rural de San Juan del Río, Querétaro, México.Mulheres adultas jovens de 20 a 40 anos da comunidade rural de Santa Lucía, pertencente ao município de San Juan del Río.Determinar o nível de conhecimento geral, doença e vacina, bem como a mensuração de comportamentos de risco.  É necessário melhorar os conhecimentos sobre o HPV para que a população evite o desenvolvimento de câncer cérvico-uterino pelo vírus.
Descrever o conhecimento e a prática sobre o Papanicolau das mulheres entre 25 a 59 anos atendidas pela Estratégia de Saúde da Família.57 mulheres com idades entre 25 e 59 anos cadastradas na área de abrangência da USF Nossa Senhora de Fátima, no município de Senhor do Bonfim, BA.Produzir conhecimento para que equipes de saúde e gestores possam compreender as especificidades locais e dessa maneira desenvolver adequado planejamento e implementação de ações para uma efetiva estruturação da prevenção do câncer de colo do útero.Os resultados demonstram que ainda existem mulheres que não realizam o Papanicolau regularmente e, principalmente, desconhecem a finalidade do procedimento.
 Avaliar o conhecimento, atitude, prática e fatores associados à captação do rastreamento do câncer do colo do útero entre a comunidade da cidade de Finote Selam, West Gojjam Zone, região de Amhara, noroeste da Etiópia, 2016.Mulheres cuja idade é de 15 anos e acima, residentes em Finote Selam City Administration.Questionário administrado por entrevistador adaptado de um estudo anterior com questões relacionadas à exposição ao risco, conhecimento, atitude e prática de triagem em relação ao câncer do colo do úteroA idade, estado civil, religião, relação sexual vivenciada e idade da primeira relação sexual são fatores significativamente associados ao conhecimento do câncer do colo do útero.
Objetivo principalPerfil amostralIntervenções/InteressePrincipais resultados
Avaliar o conhecimento do papilomavírus humano (HPV), do câncer do colo do útero e da vacinação contra o HPV em mulheres afro-americanas.Mulheres de língua inglesa que se identificaram como afroamericanas e tinham entre 18 e 70 anos.  Explorar barreiras direcionáveis à vacinação contra o HPV entre mulheres afro-americanas em uma população urbana de ChicagoO conhecimento sobre o HPV, o câncer do colo do útero e a vacinação contra o HPV foi baixo nessa população urbana afro-americana de mulheres adultas
Avaliar o conhecimento entre as mulheres no oeste da China sobre o HPV e sua associação com o câncer do colo do útero, e avaliar a sua aceitação da vacinação contra o HPV.Mulheres saudáveis submetidas a exames físicos de rotina no Centro de Gerenciamento de Saúde do Hospital da China Ocidental da Universidade de Sichuan, entre janeiro e dezembro de 2013,Examinar          em       detalhes             o conhecimento sobre as mulheres e sua atitude em relação à vacinação contra o HPV.Os resultados apontam para uma necessidade urgente de educação e intervenção para aumentar a conscientização sobre o HPV e sua ligação com o câncer cervical.
Determinar o nível de conhecimento e percepção em relação ao câncer do colo do útero entre estudantes universitárias regulares da Debre Berhan University,Estudantes universitárias regulares da Debre Berhan UniversityAplicação de questionário auto administrado entre estudantes DBU regulares de maio a junho de 2015O nível de conhecimento em relação ao câncer do colo do útero e a percepção de adquirir a doença foi ruim, indicando necessidade de intervenções de educação em saúde.
Determinar o conhecimento de estudantes do primeiro ano do sexo feminino que residem em residências no campus principal da Universidade do Estado Livre (UFS) em relação ao câncer do colo do útero e HPV.Estudantes universitárias do primeiro ano com idades entre 18 e 25 anosAplicação de questionários auto administrados anônimos distribuídos para todas as alunas do primeiro ano nas residências do campus selecionadas.As participantes têm conhecimento limitado sobre o câncer do colo do útero, o HPV e o importante elo entre estes.  
DISCUSSÃO

O câncer do colo do útero, além de outros fatores, tem forte relação com a infecção pelo HPV. Essas situações podem ser facilmente evitadas dentre outras formas, principalmente, através do exame de citologia e a vacinação contra o papilomavírus, disponibilizados na rede pública de saúde.  No entanto, para que isso aconteça, é necessário que as mulheres, público alvo das ações de prevenção e controle do câncer de colo do útero tenham conhecimento sobre o HPV, suas formas de transmissão, sinais e sintomas dessa infecção, sua relação com o CCU e exame preventivo, para que assim essas medidas sejam efetivas.  

Os autores dos estudos apontam sobre a importância do conhecimento sobre os aspectos que envolvem a relação entre o HPV e o câncer cervical e também do exame preventivo como principal forma de prevenção da neoplasia uterina.  Partindo dessas premissas, foram elencadas três categorias temáticas, a saber: conhecimento das mulheres sobre o HPV, câncer do colo de útero: conhecer para prevenir e importância do exame preventivo do colo do útero para as mulheres. 

Conhecimento das mulheres sobre o HPV

Quanto a percepção em relação às vias de transmissão do vírus do papiloma humano os resultados apontam que a maioria das mulheres têm conhecimento de que a principal via de transmissão do vírus do papiloma humano é por contato sexual desprotegido (CHICONELA; CHIDASSICUA, 2017; MOFOLO et al., 2018). Além disso, outro fator apontado como causa para a infecção pelo HPV citado em um estudo realizado no México foi troca de parceiro sexual com frequência (FERNÁNDEZ et al., 2017).

Da mesma forma, estudo realizado por Mofolo et al. (2018) na África do Sul com estudantes universitárias apontou que  62,5% dos participantes sabiam que o HPV era um vírus causador de câncer e 73,4% sabiam que existe uma vacina para proteger contra o HPV.

Entretanto, o nível de conhecimento sobre o HPV foi menor quando realizado com mulheres chinesas, onde apenas 29% das entrevistadas ouviram falar do HPV e poucas sabiam que ele estava associado ao câncer do colo do útero. O estudo permitiu associar os fatores como positivamente correlacionados a esse conhecimento prévio a realização do teste de Papanicolau regular, histórico familiar de câncer do colo do útero e formação educacional do ensino médio ou superior. (HE; HE, 2018).

Em contrapartida, o nível de conscientização sobre o HPV foi maior no estudo anterior do que quando realizado com mulheres afro-americanas, onde os resultados evidenciaram que mulheres de meia-idade apresentaram baixo escore de conhecimento em relação ao HPV, câncer de colo uterino e a vacina contra o HPV, mesmo quando possuíam dados demográficos e níveis de conhecimento sobre a saúde favoráveis (STROHL et al., 2018).

Esses dados sugerem que a conscientização sobre o HPV depende mais da educação e da exposição ao HPV ou câncer do que da renda familiar e que a desinformação como fator de risco para o câncer está associada a situações estruturais e sociais que permeiam a cultura e o estilo de vida (HE; HE, 2018).

Dessa forma, torna-se imprescindível a necessidade urgente de disseminar o conhecimento sobre o HPV e sua associação com o câncer do colo do útero. Campanhas de conscientização do HPV devem ser direcionadas a grupos que normalmente recebem pouca ou nenhuma educação sobre saúde em geral ou câncer em particular, incluindo grupos mais pobres e menos instruídos sem acesso a instalações avançadas de saúde (HE; HE, 2018).

Câncer do colo de útero: conhecer para prevenir

Em relação aos fatores de risco, dois estudos realizados na Etiópia apontaram que a maioria das mulheres em idade reprodutiva inclusas nas pesquisas desconheciam os fatores de risco e as estratégias de prevenção para CCU (KASA; TESFAYE; TEMESGEN, 2017; MRUTS; GEBREMARIAM, 2018). Além de que 75,8% não sabiam que o câncer do colo do útero é curável em sua fase inicial 79,4%, 61,5% e 67,1% dos participantes desconheciam a etiologia, o modo de transmissão e os sintomas do câncer de colo uterino, respectivamente. Apenas 11,7% dos participantes sabiam que o câncer cervical pode ser causado pelo HPV, 30,4% e 13,1% conheciam múltiplos parceiros e estreia sexual precoce como fator de risco para câncer cervical, respectivamente (MRUTS; GEBREMARIAM, 2018). 

Strohl et al. (2018) ressaltam em seu estudo que quando solicitadas a identificar fatores de risco para o câncer do colo do útero, as participantes identificaram os fatores de risco corretamente em menos de 50% das vezes. Assim como, cerca de 37,7% dos participantes de um estudo feito na China não conheciam nenhum fator de risco para câncer do colo do útero (HE; HE, 2018). Chiconela e Chidassicua (2017) evidenciaram apenas a multiplicidade de parceiros e a má alimentação como fatores predisponentes para o CCU. 

É de grande relevância ressaltar o impacto do baixo conhecimento sobre fatores de risco em relação às medidas de prevenção e o HPV oncogênico, pois, para aderirem às estratégias preventivas é essencial que elas conheçam os fatores de risco para o CCU, o que mostra a necessidade de intervenções educacionais voltadas a esse público alvo (STROHL et al., 2018).

Entretanto, Mofolo et al. (2018) apresentam resultados significativamente positivos, em relação a essa questão, no qual, as  participantes identificaram corretamente que ter múltiplos parceiros sexuais (80,4%)  é um fator de risco para o desenvolvimento do câncer do colo do útero. Assim como Fernández  et al. (2017), onde 64,4% das mulheres comentaram que a causa do câncer do colo do útero é ter vários parceiros sexuais, seguido por 26,7% que o associam à herança materna.

Diante das medidas preventivas, o uso de preservativo nas relações sexuais, o exame Papanicolau, a vacinação contra o HPV e evitar ter muitos parceiros foram os métodos de prevenção do câncer do colo do útero mais destacados (CHICONELA; CHIDASSICUA, 2017; HE; HE, 2018; MRUTS; GEBREMARIAM, 2018).

Em torno das variáveis sociodemográficas e qualificação de conhecimento constatou-se que mulheres casadas sabem mais sobre a doença do que mulheres solteiras e que idade, religião e frequência das relações sexuais afetam o conhecimento do câncer do colo (FERNÁNDEZ  et al., 2017; KASA; TESFAYE; TEMESGEN, 2017).

Além disso, o baixo nível socioeconômico pode contribuir como barreira à realização de medidas preventivas para o CCU, pois, à medida que diminui o nível socioeconômico, aumenta significativamente a prevalência de mulheres sem cobertura pelo exame preventivo (CHICONELA; CHIDASSICUA, 2017).

Quanto às fontes de onde obtêm informações sobre CCU destacam-se clínicas de saúde, família e amigos, profissionais de saúde além dos meios de comunicação (FERNÁNDEZ  et al., 2017; KASA; TESFAYE; TEMESGEN, 2017; STROHL et al., 2018).

Importância do exame preventivo do colo do útero para as mulheres

A aceitação e a procura para realizar o exame preventivo se devem, especialmente, à compreensão por parte da mulher da importância deste ato para a manutenção da sua saúde, sendo importante conhecer sobe a influência do comportamento social diante da prevenção do CCU (CHICONELA; CHIDASSICUA, 2017). 

Nesse contexto, estudos demonstram que existe uma forte associação entre a deficiente procura ao exame preventivo pelas mulheres e as condições socioeconômicas vivenciadas por estas, onde o conhecimento errôneo ou insuficiente e o baixo grau de escolaridade constituem barreiras à realização de medidas preventivas para o CCU (SILVA et. al,2018).

Barreiras para não triagem incluem ainda a falta de informação, falta de acesso aos serviços de saúde e medo do procedimento, o que ressalta a necessidade de intervenções de educação e promoção da saúde (HE; ELE, 2018; MRUTS; GEBREMARIAM, 2018).

Assim, é possível deduzir que apesar do câncer cervical apresentar altos potenciais de prevenção por meio do rastreamento oportunístico, ainda existem mulheres que desenvolvem e morrem por este tipo de neoplasia pelo simples fato de desconhecerem a finalidade do exame citopatológico do CCU  (CHICONELA; CHIDASSICUA, 2017). 

A relação entre trabalhadores e usuários e a educação em saúde deve ser efetiva e promover estratégias capazes de sensibilizar, motivar e dar subsídios às mulheres para desenvolverem suas potencialidades no campo do conhecer, assim como aprofundar o conhecimento sobre sua saúde, sua realidade de vida, além de dar suporte à mudança de atitude, de valores e costumes, como também às escolhas para viver em sociedade, participando nos assuntos públicos (SILVA et. al,2018).

Em relação ao motivo da realização do exame do CCU os estudos revelam que na maioria das vezes a procura se deve principalmente devido a queixas ginecológicas. A hereditariedade, gestação saudável em idade avançada e prevenção de doenças em geral, por considerá-lo exame de rotina foram outros motivos citados pelas mulheres para realizar o exame do CCU (SANTIAGO; ANDRADE; PAIXÃO, 2015; CHICONELA; CHIDASSICUA, 2017).

Esse fato pode indicar a falta de conhecimento das entrevistadas sobre as ações preventivas, já que associam a realização do exame com a presença de alguma anormalidade. As mulheres devem ser informadas pelos profissionais de saúde a respeito das lesões precursoras do CCU e que estas lesões podem não apresentar sintomas, devendo o exame ser realizado com a finalidade da detecção precoce (STROHL et al., 2018). 

Quanto à prática do Papanicolau Silva et al. (2018) apontam em seus resultados que a maioria das participantes do realizaram o exame uma vez na vida e mais da metade das mulheres entrevistadas demonstrou não ter conhecimento em relação a idade recomendada para se efetuar o exame do CCU. A periodicidade inadequada da coleta para citopatológico pode ser reflexo da informação dada pelo profissional de saúde. 

CONCLUSÃO

O estudo revelou baixo conhecimento das mulheres sobre HPV e medidas preventivas de controle do câncer de colo do útero, apesar de possuir um forte impacto a nível global. O conhecimento insuficiente a respeito dos aspectos que envolvem o assunto, como fatores de risco, causas e formas de prevenção, além do dos componentes demográficos, socioculturais e econômicos no quais a mulher está inserida, podem influenciar substancialmente no processo de conhecimento e busca por medidas preventivas.

Intervenções de educação em saúde são necessárias e devem ser implementadas para melhorar a compreensão dos fatores que aumentam o risco e os métodos de prevenção do câncer do colo do útero para evitar que as mulheres se envolvam em comportamentos de risco e busquem  desenvolver um comportamento saudável diminuindo a incidência da doença. 

REFERÊNCIAS

BORGES, M. F. S. O.  et al.  Prevalência do exame preventivo de câncer do colo do útero em Rio Branco, Acre, Brasil, e fatores associados à não-realização do exame. Cad. Saúde Pública, v. 28, n. 6, p. 1156-1166, 2012. Disponível em:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2012000600014.Acesso em: 05 de agosto de  2019.  

BROOME, M.E. Integrative literature reviews for the development of concepts. In: RODGERS, B.L.; CASTRO, A.A. Revisão sistemática e meta-análise. 2006. Disponível em: www. metodologia.org/meta1.PDF. Acesso em: 27 de agosto de 2018.

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