CONDUTA IMEDIATA EM UM ATAQUE DE PÂNICO – MEDIDAS NÃO FARMACOLÓGICAS

IMMEDIATE BEHAVIOR IN A PANIC ATTACK- NON-PHARMACOLOGICAL INTERVENTIONS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12173663


Dania Lemos Dionízio1
Daniella Silva Mena2
Renato Resende Mundim3


Resumo:

Introdução: Esse trabalho é parte de uma pesquisa de pós-graduação em Ensino de Ciências e Saúde de uma universidade do Brasil e aborda as intervenções não farmacológicas que podem ser aplicadas ao paciente durante um ataque de pânico, antes da chegada ao ambiente hospitalar. Reconhecendo a prevalência e o impacto significativo dos ataques de pânico na população geral, é primordial desenvolver um entendimento claro sobre como indivíduos e espectadores podem efetivamente intervir durante esses episódios. Objetivos: Fornecer uma relação de ações não farmacológicas imediatas para pacientes em crise de pânico e para pessoas próximas que testemunham o ataque. Material e Métodos: Análise qualitativa da literatura, incluindo artigos acadêmicos, diretrizes de sociedades médicas e de organizações não governamentais de saúde mental e blogs especializados, para extrair recomendações práticas e baseadas em evidências, sobre a conduta imediata a ser tomada durante um ataque de pânico, antes mesmo da avaliação do paciente em uma unidade de saúde. Resultados e Discussão: As orientações derivadas da revisão sugerem estratégias específicas divididas em duas categorias: ações para o indivíduo experienciando o ataque de pânico e ações para o espectador. Para o paciente, técnicas de autoajuda como respiração profunda e conscientização situacional são enfatizadas. Para o espectador, recomenda-se manter a calma, oferecer suporte físico para a pessoa se sentir tranquila e protegida, e usar uma comunicação tranquilizadora. Conclusão: Uma intervenção imediata adequada durante um ataque de pânico pode aliviar significativamente o desconforto do paciente e abrandar a progressão da ansiedade. 

Palavras-chave: Transtorno do Pânico. Terapia não farmacológica. Ansiedade. Manejo do Estresse 

Abstract:

Introduction: This work is part of postgraduate research in Science and Health Education at a university in Brazil and addresses non-pharmacological interventions that can be applied to patients during a panic attack before arrival at the hospital. Recognizing the prevalence and significant impact of panic attacks in the general population, it is paramount to develop a clear understanding of how individuals and bystanders can effectively intervene during these episodes. Objectives: Provide a list of immediate non-pharmacological actions for patients in a panic attack and for those close to them who witness the attack. Material and Methods: Qualitative analysis of literature, including academic articles, guidelines from medical societies and non-governmental mental health organizations and specialized blogs, to extract practical and evidence-based recommendations on the immediate action to be taken during a panic attack, even before evaluating the patient in a health unit. Results and Discussion: The guidelines derived from the review suggest specific strategies divided into two categories: actions for the individual experiencing the panic attack and actions for the bystander. For the patient, self-help techniques such as deep breathing and situational awareness are emphasized. For the bystander, it is recommended to remain calm, offer physical support to make the person feel calm and protected, and use reassuring communication. Conclusion: Proper immediate intervention during a panic attack can significantly alleviate the patient’s discomfort and slow the progression of anxiety. 

Keywords: Panic Disorder. Behavioral Therapy. Anxiety. Stress Management

Introdução

O transtorno do pânico (TP) é um transtorno psiquiátrico debilitante caracterizado por ataques inesperados de pânico que têm início rápido e curta duração (American Psychiatric Association, 2013). Para atender aos critérios de TP segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), os indivíduos devem apresentar 4 de 13 sintomas, que podem incluir: taquicardia e palpitações, dispneia, sensação de sufocamento e asfixia, sentimento de terror, tonturas e vertigens, náuseas  e dor abdominal, tremores, sudorese, dor no peito, ondas de calor ou calafrios repentinos, parestesias e sensação de formigamento nos dedos das mãos ou dos pés, medo de enlouquecer ou sensação de morte iminente (De Oliveira, 2021).

O TP é uma situação clínica prevalente e dramática, afetando aproximadamente 1 em cada 75 indivíduos (American Psychological Association, 2022). Este transtorno está frequentemente associado a transições de vida significativas e potencialmente estressantes, tais como a entrada na universidade, matrimônio, ou o nascimento de um primeiro filho. Embora as causas exatas desse transtorno permaneçam indeterminadas, evidências sugerem uma possível predisposição genética. Indivíduos com histórico familiar de TP apresentam maior suscetibilidade ao desenvolvimento da condição, particularmente em fases da vida caracterizadas por estresse elevado (Penninx, 2021)

Pesquisas indicam que há alterações em certas áreas do cérebro, com desequilíbrios em processos biológicos, ocasionando uma resposta exagerada do mecanismo de “luta ou fuga”, tipicamente benéfica em situações de perigo real. No TP, essa via torna-se ativada de forma intensa e inadequada, levando a um ciclo vicioso de medo e ansiedade (Pinheiro, 2022).

Essa condição pode ser esporádica ou marcada pela recorrência desses ataques severos e pela preocupação persistente do indivíduo com a possibilidade de ocorrerem novos episódios. O transtorno frequentemente se manifesta durante a adolescência ou no início da idade adulta e é mais prevalente entre mulheres. 

Os ataques de pânico são manifestações agudas de ansiedade que surgem subitamente e aparentemente sem aviso, representam uma condição que desafia muitas pessoas em seu cotidiano. Caracterizados por uma intensa sensação de medo e extremo desconforto, esses episódios podem ocorrer sem uma causa definida, onde o nível de medo é desproporcional à situação real; muitas vezes, na verdade, não tem nenhuma relação com os fatores externos, passam em poucos minutos (geralmente, duram de 5 a 20 minutos), e são frequentemente acompanhados pelos sintomas físicos alarmantes já mencionados, como palpitações, sudorese e dificuldade respiratória. Esses sintomas podem ser tão intensos que muitas vezes são confundidos com condições médicas graves, como ataques cardíacos (Clark, 2021). 

Um estudo recente sugeriu uma probabilidade 4 vezes maior de tentativas de suicídio em comparação com sujeitos sem essa condição (Tietbohl-Santos, 2019). Apesar de apontarem a necessidade de investigações mais amplas e detalhadas, os resultados demonstram a relevância e gravidade do problema. A American Psychological Association (2022) correlacionou o TP à propensão de uso abusivo de álcool e outras drogas; além disso, os pacientes tendem a passar mais tempo em salas de emergência de hospitais; a gastarem menos tempo em hobbies, esportes e outras atividades satisfatórias; e a ser financeiramente dependentes de outros; relatam sentir-se emocional e fisicamente menos saudáveis ​​do que as outras pessoas e muitas vezes têm medo de dirigir mais do que alguns quilômetros longe de casa.

 Além dos impactos diretos sobre a saúde, o TP pode causar dificuldades significativas para o sujeito no ambiente de trabalho ou escolar, afetando a qualidade de vida e a possibilidade de sentimentos de bem-estar (Pinheiro, 2022).

Objetivo: Fornecer estratégias e orientações para o manejo do ataque de pânico, que possam ser empregadas pelos pacientes e pelos espectadores durante o referido episódio, com foco em intervenções imediatas e não farmacológicas. Além disso, esse artigo visa educar o público geral sobre a importância de respostas adequadas no manejo da crise, sem agravar ainda mais a situação.

Resultados e Discussão

Neste estudo, exploramos técnicas e orientações práticas para indivíduos enfrentando um ataque de pânico e para aqueles que possam testemunhar tal evento. Utilizando fontes confiáveis, destacamos práticas recomendadas para ambos os contextos, enfatizando a importância de ações imediatas para reduzir o impacto desses episódios angustiantes.

ORIENTAÇÕES E DICAS PARA O PACIENTE

O que fazer:

  1. Técnicas de estabilização emocional – Regra 333: uma técnica eficaz para gerenciar ansiedade durante um ataque de pânico é a Regra 333. Esta técnica envolve a identificação de três coisas que a pessoa possa ver, ouvir e/ou tocar. Este método ajuda a distrair a mente, reduzindo o foco nos sintomas do pânico e reorientando a atenção para o ambiente imediato. É uma prática recomendada para trazer o indivíduo de volta ao momento presente, abrandando os sintomas negativos de ansiedade / angústia (Choosing Therapy, 2022).
  2. Estratégia BRAVE: este método inclui várias etapas práticas para lidar com o pânico (Anxiety Canada):
  • Body knowledge (Conhecimento corporal): reconheça que os sintomas físicos intensos são, frequentemente, alarmes falsos do corpo, e não indicativos de perigo real.
  • Realistic Thinking (Pensamento realista): mantenha a perspectiva de que, apesar de desconfortáveis, os ataques de pânico não são prejudiciais a longo prazo.
  • Acceptance (Aceitação): entenda que o corpo levará algum tempo para se acalmar após a ativação do alarme de pânico.
  • Validation (Validação): reconheça e valide a realidade de sua experiência, sabendo que, embora ela seja real e intensa, é temporária, e não mortal. 
  • End (Fim): lembre-se de que cada ataque de pânico é autolimitado, sendo, portanto, uma questão de gerenciar a experiência, não de tentar interrompê-la abruptamente.
  1. Use respiração profunda: concentre-se em respirar profundamente para reduzir os sintomas de pânico. Inspire lentamente pelo nariz, segure o ar brevemente, e expire pela boca de maneira controlada (Healthline, 2023).
  2. Reconheça o ataque de pânico: ao identificar que está tendo um ataque de pânico, e não um ataque cardíaco, você pode se lembrar que os sintomas são temporários e passarão.
  3. Pratique o “mindfulness(a atenção plena): mantenha-se presente, concentrando-se no seu ambiente imediato, o que pode ajudar a trazer estabilidade emocional durante o ataque.
  4. Use técnicas de relaxamento muscular: pratique tensionar e relaxar diferentes grupos musculares sequencialmente, iniciando com a testa e mandíbula, a cada 30 segundos, seguindo para os membros superiores e inferiores. Isso deverá aliviar a tensão física e reduzir a ansiedade (Eve, 2020).
  5. Imagine seu lugar feliz: procure transportar seu pensamento para um cenário calmo e pacífico, o que pode ajudar a aliviar a ansiedade / angústia.
  6. Repita um mantra internamente: escolha um mantra que seja reconfortante e repita-o em sua mente para ajudar a manter a calma.
  7. Tenha lavanda à mão: o aroma de lavanda pode ter um efeito calmante, ajudando a reduzir a ansiedade durante um ataque de pânico.
  8. Converse com alguém: comunicar-se com um amigo ou familiar durante um ataque pode ajudar a sentir-se menos isolado e mais controlado.
  9. Pratique exercícios leves: atividades como caminhada ou ioga podem ajudar a reduzir a ansiedade e a prevenir futuros ataques de pânico.
  10. Procure aconselhamento profissional: o tratamento psíquico é indicado para cuidar de pessoas acometidas por ataques de pânico. Posteriormente ao episódio de pânico, pergunte sobre experiências passadas e preocupações específicas que possam ajudar a pessoa a analisar seus pensamentos de maneira mais racional. Encoraje a busca por ajuda profissional e a exploração de terapias, como a psicanálise ou a abordagem cognitivo-comportamental (TCC), que são passos críticos para o manejo a longo prazo dos sintomas de pânico (Healthline, 2023). 

O que não fazer:

  • Não minimize a situação: evite dizer a si mesmo que não há motivo para preocupação ou que está exagerando. Reconheça que o ataque é real e que seus sintomas são genuínos. 
  • Não lute contra o ataque: lutar contra os sintomas pode intensificá-lo. Em vez disso, tente aceitar o que está acontecendo e lembre-se de que é temporário, que vai passar e que você está bem.
  • Não pense que está na iminência da morte: procure afastar o medo de estar tendo um ataque cardíaco ou de estar morrendo, ambos os medos são apenas sintomas do ataque de pânico. Isso pode permitir que você se concentre em outras técnicas para reduzir os sintomas. 
  • Não deixe de procurar um analista/ tratamento psíquico:  as crises e urgências subjetivas geralmente estão articuladas com questões que carregamos às vezes a longo tempo, muitas vezes sem perceber. Por isso é importante a avaliação de um profissional especializado que possa ajudar na localização subjetiva do seu mal-estar.  

ORIENTAÇÕES E DICAS PARA O ESPECTADOR (SOS Digital, s.d.)

O que fazer:

  • Mantenha-se presente: mesmo que você possa se sentir inútil naquele momento, lembre-se que, pelo menos, sua presença será uma referência para o sujeito. Apenas no caso de a pessoa solicitar expressamente você deverá se ausentar, demonstrando respeito ao desejo dele.
  • Mantenha a calma: é fundamental que o espectador mantenha a calma e esteja presente. A atitude do espectador pode servir de amparo para a pessoa em crise, indicando que a situação não está totalmente fora do controle (WebMD, 2024).
  • Ofereça apoio emocional: adote uma posição de escuta e apoio, oferecendo à pessoa a possibilidade de contar com alguém para falar sobre seu mal-estar. Experimente dizer frases como: “Eu estou aqui com você”; “Você pode falar comigo se quiser”. Usar declarações de apoio pode ajudar muito uma pessoa que está tendo um ataque de pânico a se sentir um pouco menos vulnerável.
  • Tente deixar a pessoa à vontade: esteja atento a indicações de ordem prática da pessoa: acompanhá-la para tomar um ar fresco; ajudá-la a encontrar uma área mais tranquila; levá-la para um local longe de outras pessoas; sentar-se em um banco com ela, oferecer um copo de água; fazer uma chamada telefônica para alguém que possa ajudar.  Se você não tiver certeza do que dizer ou se estiver um pouco assustado, tente ficar silenciosamente ao lado da pessoa, enquanto o ataque de pânico diminui. 
  • Incentivar técnicas de relaxamento: como por exemplo, a respiração profunda, imaginação guiada, relaxamento muscular progressivo e visualização, que podem ajudar a redirecionar e acalmar a pessoa. Ao utilizar essas técnicas, você será capaz de redirecionar a pessoa e, ao mesmo tempo, fazê-la se sentir segura e compreendida.
  • Encoraje o diálogo e o suporte profissional: posteriormente ao episódio de pânico, pergunte sobre experiências passadas e preocupações específicas que possam ajudar a pessoa a analisar seus pensamentos de maneira mais subjetiva. Encoraje a busca por ajuda profissional que é passo importante para o manejo a longo prazo das urgências subjetivas.

O que não fazer:

  • Minimizar a situação: é fundamental não desvalorizar ou minimizar os sentimentos da pessoa. Dizer coisas como “não é nada” ou “Você não tem motivo para ficar nervoso”, pode piorar a situação e aumentar sua ansiedade, fazendo com que o sujeito se sinta incompreendido ou isolado (Verywell Mind, 2020).
  • Dizer frases como:  “Acalme-se”, pois isso pode fazer a pessoa se sentir mais consciente de seus sintomas; “Você não tem motivo para ficar nervoso”, que ignora a experiência interna da pessoa; “Você está passando vergonha”, que pode aumentar o sentimento de vergonha; “Você está exagerando”, que minimiza a experiência da pessoa e pode intensificar o pânico.
  • Formular juízo de valor sobre a situação: os ataques de ansiedade e pânico desafiam a lógica e o raciocínio. Tentar entender por que eles ocorrem na crise só causará frustração para você e para a pessoa. A pessoa que sofre o ataque de pânico pode não compreender a sua causa naquele momento. Portanto, em vez de ficar pensando em encontrar uma explicação, concentre-se em fornecer apoio para ajudar a pessoa a superar o episódio. 
  • Levar a situação para o lado pessoal: é importante lembrar que durante um ataque de pânico, a pessoa que você está tentando apoiar está vivenciando um mal-estar muito grande, por vezes insuportável. Apesar de suas melhores intenções, ela poderá lhe responder de maneira dura ou ofensiva. Tente não levar a resposta para o lado pessoal e saiba que ela resulta do aumento da ansiedade, e não de um reflexo de seus esforços para ajudá-la (Skurat, K., s.d.). 
  • Confrontar a pessoa diretamente com o medo dela: enquanto algumas terapias envolvem a exposição aos gatilhos, durante um ataque de pânico ativo, não é aconselhável forçar a pessoa a enfrentar seus medos diretamente. Isso pode intensificar a ansiedade e o medo. Pressioná-la a enfrentar situações que induzem à ansiedade irá piorar o sofrimento da pessoa. Em vez disso, priorize acalmá-la durante os momentos intensos de um ataque de pânico, em vez de tentar abordar imediatamente a causa subjacente da sua condição.

DICAS VERBAIS PARA O ESPECTADOR (Skurat, K., s.d.):

Esteja sempre atento a quaisquer pistas verbais que a pessoa possa fornecer. Ouça suas palavras, o tom de voz e a mensagem geral que estiver transmitindo. Reconheça seus sentimentos e experiências, proporcionando validação e compreensão.

  • Reconheça a validade dos sentimentos da pessoa: reconhecer a validade dos sentimentos de alguém é uma forma poderosa de oferecer apoio e compreensão durante um ataque de pânico ou ansiedade. Isso não envolve resolver seus problemas ou propor soluções imediatas, mas sim estar propenso a escutar e acolher suas emoções como legítimas e importantes, sem julgamentos ou desprezo.

O que dizer a alguém que está tendo um ataque de pânico, para reconhecer seus sentimentos:

  • “Posso ver que você está realmente lutando agora, e isso é completamente compreensível.”
  • “Seus sentimentos são válidos e não há problema em se sentir assim.”
  • “Estou aqui para ajudá-lo e quero que saiba que acredito na sua força para superar isso.”
  • “Não é fácil, mas admiro sua coragem em enfrentar esses desafios.”
  • “Não consigo entender completamente o que você está passando, mas quero que saiba que estou aqui para apoiá-lo.”

DICAS NÃO-VERBAIS DE COMPORTAMENTO PARA O ESPECTADOR (Skurat, K., s.d.)

  • Linguagem corporal: observe a postura e os movimentos da pessoa. Veja se seus músculos estão tensos e rígidos ou mais relaxados, se a pessoa está inquieta ou agitada. Ajuste suas ações com base na linguagem corporal da pessoa. Por exemplo, oferecer um toque gentil ou um abraço reconfortante pode proporcionar segurança se ela parecer aberta ao contato físico.
  • O toque: tocar alguém durante um ataque de pânico deve ser abordado com cautela e respeito pelos seus limites pessoais . Embora o toque físico possa ser reconfortante para alguns, pode ser angustiante ou desencadeador de piora para outros, especialmente durante o aumento da ansiedade. Caso você não tenha certeza se o toque seria útil ou apropriado, é melhor perguntar diretamente à pessoa se ela gostaria de um toque reconfortante, um abraço ou se prefere manter um espaço.
  • Expressões faciais: preste atenção às expressões faciais da pessoa. Perceba se há sinais de medo, angústia ou desconforto. Se a expressão da pessoa indicar tensão, considere o uso de técnicas calmantes e tranquilizadoras, como falar suavemente ou usar gestos gentis e confortadores.
  • Padrões de respiração: observe a frequência e profundidade de respiração da pessoa. A respiração rápida e superficial é comum durante ataques de ansiedade ou pânico. Incentive-a a respirar lenta e profundamente e considere juntar-se a ela em exercícios respiratórios para ajudar a regular a respiração.
  • Contato visual: observe o contato visual ou a falta dele. Algumas pessoas podem preferir evitar contato visual em momentos de angústia. Respeite a preferência da pessoa e ofereça apoio sem impor contato visual direto, permitindo que se sinta mais à vontade.

Certamente, os sinais não-verbais de cada pessoa podem variar, por isso é importante ficar atento às respostas únicas de cada indivíduo. Assim, você pode ajustar suas ações e apoiá-lo da maneira que ele precisar.

Conclusão

Dado que os ataques de pânico podem ocorrer em qualquer hora ou lugar, algumas pessoas podem tentar intervir e ajudar a pessoa durante essa situação de crise. É verdadeiramente altruísta quando alguém se dispõe a auxiliar uma pessoa enfrentando sintomas tão desafiadores e preocupantes. No entanto, amigos, familiares e mesmo estranhos bem-intencionados podem esforçar-se para prestar auxílio, mas inadvertidamente, podem expressar palavras ou tomar atitudes inadequadas à pessoa que está experienciando o ataque.

As propostas de intervenção discutidas neste trabalho fazem parte de uma conduta não farmacológica para abordagem dos ataques de pânico. Elas oferecem aos pacientes e espectadores maneiras práticas para lidar com estes episódios, respeitando a experiência individual e evitando um agravamento da situação. A compreensão e a implementação dessas estratégias proporcionam uma abordagem ampliada e humanizada para o manejo de ataques de pânico. Encorajar a educação e o diálogo aberto sobre saúde mental, além do apoio profissional, são fundamentais para o manejo efetivo do transtorno de pânico e consideração da complexidade dos fatores envolvidos em episódios de angústia.

Referências:

American Psychological Association. (2022). Transtorno de pânico. Recuperado em 28 de junho de 2022, de https://www.apa.org/topics/anxiety/panic-disorder

Anxiety Canada. Estratégias BRAVE para ataques de pânico. s.d. Disponível em: https://www.anxietycanada.com/articles/5-tips-for-dealing-with-panic-attacks-the-brave-way/. Acesso em: 29 mai. 2024.

Choosing Therapy (2022). A Regra 333 para ansiedade. Disponível em: https://www.choosingtherapy.com/333-rule-anxiety/. Acesso em: 29 mai. 2024.

Clark AE, et al.  A Narrative Literature Review of  the  Epidemiology, Etiology,  and  Treatment  of  Co-Occurring Panic Disorder and Opioid Use Disorder. J Dual Diagn, 2021; 17(4): 313-332. 

Costa CO, et al. Prevalência de ansiedade e fatores de risco associados em adultos. J Bras Psiquiatr, 2019; 68: 92–100. 

De Oliveira, I.; Marques, C. (2021). Ataques de pânico – O que fazer? Serviço de Psiquiatria da Infância e da Adolescência, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central. Conferência Online, 27-29 de janeiro de 2021.

Eve. (2020). How I use Progressive Muscle Relaxation for anxiety. Youngminds – Mental Health Support. Recuperado em 26 de outubro de 2020, de https://www.youngminds.org.uk/young-person/blog/how-i-use-progressive-muscle-relaxation-for-anxiety/#top

Healthline. (2023). 13 maneiras de parar um ataque de pânico. Recuperado de https://www.healthline.com/health/how-to-stop-a-panic-attack

Penninx, B. W., Pine, D. S., Holmes, E. A., & Reif, A. (2021). Anxiety disorders. Lancet, 397(10277), 880. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(21)00473-6

Pinheiro, J. D. (2022). Panic and Anxiety Disorder: Multifactorial Conditions. Research, Society and Development, 11(7), e49011730122. http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v11i7.30122

Skurat, K. (s.d.). Como ajudar alguém que está tendo um ataque de pânico ou ansiedade – o que fazer (e não). Calmerry Blog. Recuperado de https://calmerry.com/blog/anxiety/helping-a-loved-one-experiencing-anxiety-or-a-panic-attack/

SOS Digital. (s.d.). Ataque de pânico – um guia de auto-ajuda. Recuperado de https://www.sosdigital.uminho.pt/pt/SOSDigital/Paginas/ASK%20for%20HELP_PEDIR%20AJUDA.aspx

Tietbohl-Santos, B. et al. (2019). Risk factors for suicidality in patients with panic disorder: A systematic review and meta-analysis. Neuroscience & Biobehavioral Reviews, 105, 34-38. https://doi.org/10.1016/j.neubiorev.2019.07.022

Verywell Mind (2020). O que não dizer durante um ataque de pânico. Disponível em: https://www.verywellmind.com/what-not-to-say-to-someone-having-a-panic-attack-2584266. Acesso em: 29 mai. 2024.

WebMD (2024). Como ajudar alguém que está tendo um ataque de pânico. Disponível em: https://www.webmd.com/anxiety-panic/panic-attack-how-to-help. Acesso em: 29 mai. 2024.


Dania Lemos Dionízio1: Mestranda em Ensino de Ciências e Saúde, UNIGRANRIO, Universidade do Rio Grande, Duque de Caxias, RJ / UNICEPLAC, DF – dania.dionizio@uniceplac.edu.br https//orcid.org/0000-0003-0751-7021

Daniella da Silva Mena2: Mestranda em Ensino de Ciências e Saúde, UNIGRANRIO, Universidade do Rio Grande, Duque de Caxias, RJ / UNICEPLAC, DF – daniella.mena@uniceplac.edu.br https://orcid.org/0009-0002-1844-557X

Renato Resende Mundim3: Mestrando em Ensino de Ciências e Saúde, UNIGRANRIO, Universidade do Rio Grande, Duque de Caxias, RJ / UNICEPLAC, DF – renato.mundim@uniceplac.edu.br https://orcid.org/0009-0001-8181-625X