CONCEPÇÃO E VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTO DE SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À GESTANTE COM ARBOVIROSE

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202407312216


Sarah Dayanne de Lima Santos¹; Eunara Eugênia Lopes Lima²; Lorena Nonato de Oliveira³; Ana Carolina Santos Cândido4; Guilherme Teodoro Martins5; Antonia Dyeylly Ramos Torres Rios6; Marttem Costa de Santana7; Camila Mendonça Lima8; Érica Anunciação Oliveira9; Thaís Neves de Carvalho10; Carla Costa Puglia¹¹; Thauana Vieira Galdino Pereira¹²; Kamila Oliveira de Souza¹³; Gardênia Lustosa de Lucena14; Liz Marina Corrêa Ferreira15; Naligia Mabel Batista de Sousa Silva16; Sara Lourenço Ramos Rosa17; Paulo Wuesley Barbosa Bomtempo18; Paula Jaqueline Peixoto Junqueira19.


RESUMO

Os arbovírus se tornaram um problema de saúde pública em todo o mundo, e as infecções na gestante são importantes causas de morbimortalidade fetal e neonatal. A infecção por arbovírus na gestação pode levar a prematuridade, restrição de crescimento intrauterino, baixo peso ao nascer, microcefalia, abortos, alterações visuais e auditivas importantes e hemorragia materna. Nessa perspectiva este estudo objetivou construir uma Tecnologia de Sistematização da Assistência de Enfermagem às gestantes com arboviroses, baseado na Teoria das Necessidades Humanas Básicas e validar a tecnologia construída quanto à aparência e conteúdo com juízes especialistas. O tipo da pesquisa foi metodológica, desenvolvido em três etapas: construção de uma Tecnologia de Sistematização da Assistência de Enfermagem às gestantes com arboviroses com base em revisão sistemática, análise de prontuários e literatura pertinente; validação de aparência e conteúdo por 10 juízes especialistas com experiência em Sistematização da Assistência de Enfermagem e/ou Saúde da Mulher e/ou Saúde da Família e refinamento da Tecnologia e construção da 2ª versão da mesma. Este estudo resultou em uma Tecnologia de Sistematização da Assistência de Enfermagem à gestante com arbovirose intitulado “Plano de cuidado de enfermagem à gestante com suspeita ou diagnóstico de arbovirose” o qual contemplou 17 Diagnósticos de Enfermagem, sendo 7 referentes às Necessidades Humanas Básicas psicobiológicas, 9 psicossociais e 1 psicoespirituais. Concluiu-se que o estudo atingiu seus objetivos e que o produto foi uma Tecnologia de Sistematização da Assistência de Enfermagem às gestantes com arboviroses validado, com 89%, quanto a aparência e conteúdo.

Palavras-chaves: Gravidez; Infecções por Arbovírus; Processo de Enfermagem.

INTRODUÇÃO

Os arbovírus emergiram como um desafio significativo para a saúde pública global, sendo transmitidos, predominantemente, por artrópodes, especialmente, mosquitos hematófagos. Os culicídeos, principalmente dos gêneros Culex e Aedes, são responsáveis pela transmissão dos vírus mais relevantes para a saúde humana. Majoritariamente pertencentes aos gêneros Alphavirus (família Togaviridae) e Flavivirus (família Flaviviridae), os arbovírus circulam primariamente entre animais silvestres, com eventual transmissão acidental para humanos ou animais domésticos (Weaver; Reisen, 2010).

Alguns desses vírus, como os da dengue (DENV), chikungunya (CHIKV) e zika (ZIKV), perderam a dependência de amplificação enzoótica, resultando em epidemias urbanas com o homem como principal amplificador vertebrado. No contexto epidemiológico brasileiro, destacam-se a dengue, chikungunya, zika, febre amarela e outros arbovírus com potencial de disseminação. A notificação compulsória dessas doenças é essencial, sendo a febre pelo vírus zika acrescentada recentemente à lista nacional (Lopes; Nozawa; Linhares, 2014).

A dengue, reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um sério problema de saúde pública, levou à criação da Estratégia Global (2012-2020) visando reduzir a morbidade e mortalidade. No Brasil, a dengue apresenta uma alta incidência, com destaque para os estados de Goiás, Ceará e Tocantins. Além disso, chikungunya e zika são preocupações relevantes, especialmente devido às complicações em gestantes, como transmissão vertical e microcefalia (Brasil, 2017).

A pesquisa destaca a importância da compreensão das arboviroses durante a gestação, ressaltando os impactos neurológicos e outras manifestações em órgãos vitais. O papel dos enfermeiros na educação em saúde, principalmente em grupos de risco, é crucial. Diante da falta de conhecimento sobre zika e chikungunya, a pesquisa propõe desenvolver e validar uma tecnologia de Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) para gestantes com arboviroses, alinhada a aspectos ético-legais, sócio-profissionais e tecnológicos.

O estudo tem como objetivo construir e validar essa tecnologia, enfocando a aplicação do Processo de Enfermagem (PE) na Atenção Primária em Saúde (APS). Os objetivos específicos incluem a identificação de Diagnósticos de Enfermagem (DE) associados a gestantes com arboviroses, a identificação de intervenções de enfermagem apropriadas para esse grupo específico e a validação da tecnologia por meio da avaliação de juízes especialistas, abordando tanto sua aparência quanto conteúdo.

METODOLOGIA  

O estudo consiste em uma pesquisa metodológica que visa desenvolver, avaliar e aprimorar um instrumento ou estratégia para aperfeiçoar uma metodologia, tornando-a confiável. Essa abordagem tem como propósito elaborar, validar e avaliar tecnologias e técnicas de pesquisa, visando a criação de instrumentos confiáveis para uso por outros pesquisadores (Polit; Beck, 2011).

A pesquisa foi conduzida em três fases. Na primeira etapa, ocorreu a construção da primeira versão da Tecnologia de SAE às gestantes com arboviroses. Em seguida, na segunda etapa, essa tecnologia foi submetida à validação de aparência e conteúdo por juízes especialistas. A terceira etapa envolveu a correção e elaboração da segunda versão da Tecnologia, adaptando-se de estudos anteriores sobre construção e validação de instrumentos de SAE e tecnologias educativas (Gomes, 2016).

Na fase inicial de construção do conteúdo, foi realizada uma revisão sistemática da literatura, buscando sinais e sintomas de pacientes infectados por arbovírus, principais necessidades humanas básicas afetadas na gestante com arbovirose e complicações da infecção congênita por arbovírus. A amostra final consistiu em 16 publicações científicas que abordaram as necessidades afetadas, cuidados de enfermagem e informações oferecidas às gestantes com arboviroses. A tecnologia resultante, denominada “Plano de Cuidado de Enfermagem à Gestante com Arbovirose,” contemplou 17 DE, elaborados conforme a taxonomia II da NANDA-I (2018-2020). Livros sobre DE e sistematização da assistência, juntamente com a Classificação NANDA-NOC-NIC, foram ferramentas essenciais para a construção das intervenções de enfermagem (NANDA, 2018).

A busca por evidências científicas foi integrada à Prática Baseada em Evidência (PBE) para embasar a tomada de decisão e fundamentar a prática profissional. A tecnologia de SAE foi, então, elaborada, incluindo dados de identificação da gestante e colunas com características definidoras, diagnósticos, fatores relacionados/de risco e intervenções de enfermagem com suas ações correspondentes. Posteriormente, a validação de aparência e conteúdo foi realizada por juízes especialistas para aprimorar a tecnologia de SAE às gestantes com arboviroses (Schneider; Pereira; Ferraz, 2018).

A segunda etapa do estudo envolveu a validação de aparência e conteúdo por juízes especialistas. A validação de aparência, que avalia clareza e compreensão, foi complementada pela validação de conteúdo, garantindo a representatividade adequada dos conceitos e itens da Tecnologia de SAE às Gestantes de Alto Risco (Polit & Beck, 2011). Realizada em junho de 2019, essa etapa consistiu na verificação do conteúdo por um grupo de juízes especialistas, cuja análise proporcionou informações essenciais e sugestões construtivas para aprimoramento (Rubio et al., 2003).

Quanto ao número de juízes, optou-se pela recomendação de Rubio et al. (2003) de um mínimo de seis juízes, considerando que não há consenso na literatura. A expertise dos mesmos foi determinada por meio de critérios como conhecimento especializado, experiência prática e reconhecimento por outros profissionais. A amostragem por conveniência, não probabilística, foi realizada por meio da indicação sucessiva de juízes especialistas.

Trinta e quatro enfermeiros foram considerados elegíveis e convidados a participar do estudo. Receberam um kit por e-mail, contendo carta convite, Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), manual de instruções, Tecnologia de SAE às gestantes com arboviroses e o instrumento de avaliação. Dez juízes especialistas devolveram suas avaliações dentro do prazo estabelecido, integrando a amostra da etapa.

O questionário de avaliação foi adaptado de Gomes (2017) e consistiu em duas partes: identificação do juiz e avaliação dos itens da tecnologia. Utilizando uma escala Likert, as respostas foram categorizadas em inadequado, parcialmente adequado, adequado e totalmente adequado. A análise qualitativa das considerações e sugestões dos juízes permitiu aprimorar a tecnologia.

Na terceira etapa, após a validação, a pesquisadora analisou as considerações dos juízes e aprimorou a Tecnologia de SAE. A versão final foi elaborada em junho de 2019. Em relação aos aspectos éticos, o estudo seguiu a Resolução n° 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, garantindo consentimento livre e esclarecido, proteção a grupos vulneráveis e avaliação dos riscos e benefícios. Os participantes foram informados sobre os objetivos do estudo e assinaram o TCLE, preservando o anonimato dos juízes. Todos os custos foram assumidos pela pesquisadora, e o projeto foi aprovado pela Plataforma Brasil.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados estão apresentados em quatro etapas, conforme objetivos e metodologia deste estudo. Na primeira, descreveu-se os resultados relativos ao processo de construção da Tecnologia de SAE às gestantes de alto risco; na segunda etapa, a validação de conteúdo e aparência; na terceira, as correções da tecnologia e construção da segunda versão; e na quarta, as correções e elaboração da segunda versão.

Construção da Tecnologia de Sistematização da Assistência de Enfermagem às gestantes com arboviroses

A tecnologia foi desenvolvida com base na revisão sistemática conduzida por uma pesquisadora de mestrado, que focalizou os cuidados de enfermagem a gestantes com arboviroses e suas NHB afetadas. A pesquisa examinou os prontuários de oito gestantes suspeitas ou diagnosticadas com infecção por arbovírus em Caucaia-CE, revelando que os diagnósticos de enfermagem mais prevalentes foram ansiedade, dor aguda e conhecimento deficiente. Além disso, foram investigados os sinais e sintomas da infecção por arbovírus na população em geral, utilizando manuais específicos do MS sobre arboviroses, conforme mostra no quadro 1.

Quadro 1 – Necessidades humanas básicas afetadas identificadas nas gestantes atendidas com suspeita ou diagnóstico confirmado de arbovirose.

NHBNHB AfetadasSinais e SintomasCasos
Necessidades PsicobiológicasIntegridade cutâneo-mucosaExantemaG1, G2, G3, G4, G5, G6, G8
Integridade cutâneo-mucosaPruridoG3, G6, G8
Integridade físicaCefaléiaG6, G7
Regulação Vascular             e HidrataçãoNáuseas/VômitosG7
Regulação TérmicaFebreG3, G4, G5, G6, G7
Integridade físicaEdema ArticularG4
Integridade físicaDor AgudaG1, G2, G3, G5, G7, G8
LocomoçãoDor CrõnicaG3
Necessidades PsicossociaisAuto-estimaCulpaG1
Segurança EmocionalMedoG2, G4, G5, G6, G7
Auto-confiançaAnsiedadeG1, G5, G6, G7
ComunicaçãoDúvidasG1, G2, G3, G4, G5, G6, G7, G8
Legenda: G – Gestante. Fonte: Santos, 2019.

Na sequência, ao abordar os cuidados e orientações oferecidos às gestantes sobre arboviroses, a pesquisa adotou a revisão sistemática da literatura como método. Foram seguidas as três etapas: identificação, seleção e inclusão dos estudos (figura 1). Dessa forma, a pesquisa teve como questão norteadora: Quais os cuidados de Enfermagem à gestante com arbovirose? Quais orientações estão sendo oferecidas às gestantes em relação as arboviroses? 

Na análise de 16 artigos científicos, quadro 2, destacou-se a importância do reconhecimento pelos enfermeiros do impacto dos determinantes sociais da saúde na população. Edmonson et al. (2017) ressaltaram que a pobreza, desigualdade e determinantes sociais contribuem para problemas de saúde globais. O enfermeiro foi destacado como fundamental na prevenção, resposta e gerenciamento de doenças emergentes.

Figura 1 – Fluxograma do processo de identificação, seleção e inclusão dos estudos, elaborado a partir da recomendação PRISMA.

Fonte: Autoria Própria, 2018.

A adesão às diretrizes atuais de pré-natal foi incentivada, incluindo a notificação adequada de casos suspeitos de arboviroses. Observou-se a escassez de artigos científicos escritos por enfermeiros sobre o tema e a necessidade de educação continuada. Concluiu-se que os enfermeiros se sentem inseguros para atender gestantes diante de possíveis infecções, evidenciando a importância da capacitação profissional.

Outro estudo de 2017 enfatizou a importância da educação sobre a doença, especialmente, para profissionais de cuidados primários e emergência. A prevenção da picada do mosquito foi apontada como a única maneira de evitar dengue e Chikungunya, destacando o papel do enfermeiro como facilitador do processo de aprendizagem e mudança de hábitos.

Com base nos sinais, sintomas e NHB afetadas identificadas na revisão sistemática e análise dos prontuários, juntamente com os manuais do MS e prática baseada em evidências, foram inferidos DE relevantes.

Ao término do processo de construção, fundamentado na literatura e na experiência clínica das pesquisadoras, foi desenvolvida a primeira versão da tecnologia intitulada “Plano de Cuidado de Enfermagem à Gestante com Suspeita ou Diagnóstico de Arbovirose”. Essa versão, elaborada no programa Word, utiliza fonte Arial tamanho 09, espaçamento simples, totalizando 7 laudas no formato de página tipo paisagem.

A tecnologia é composta por um cabeçalho que permite o registro de informações relevantes, como nome, diagnóstico, data de nascimento, idade gestacional, data de início dos sintomas e número de gestações, partos e abortos.

No corpo da tecnologia, apresenta-se uma primeira coluna com o número do DE, seguida por uma segunda coluna com as características definidoras do diagnóstico, uma terceira coluna com o enunciado do DE e os fatores relacionados ou de risco, e uma quarta coluna com as intervenções e ações de enfermagem. Os diagnósticos de enfermagem foram categorizados em três grupos, abrangendo 7 diagnósticos representando NHB Psicobiológicas, 9 relacionados às NHB Psicossociais e 1 relacionado às NHB Psicoespirituais.

As NHB Psicobiológicas abordadas na tecnologia incluem regulação térmica, integridade física, atividade física, cuidado corporal e terapêutica. Já as NHB Psicossociais englobam comunicação, segurança emocional, amor e aceitação, educação para a saúde/aprendizagem e religiosidade (quadro 3). Concluída a construção, a etapa subsequente consistiu na validação de aparência e conteúdo por juízes especialistas, conforme detalhado a seguir.

Quadro 2 – Apresentação da amostra da revisão sistemática de acordo com base de dados, referências, objetivo, resultados e conclusão, e NHB afetadas.

Quadro 3 – Distribuição dos Diagnósticos de Enfermagem que compuseram a 1ª versão da tecnologia de SAE construída e validada neste estudo.

Necessidades Psicobiológicas
D1Dor Aguda
D2Dor Crônica
D3Conforto Prejudicado
D4Mobilidade Física Prejudicada
D5Hipertermia
D6Risco de Integridade da Pele Prejudicada
D7Risco de Sangramento
Necessidades Psicossociais
D8Conhecimento Deficiente
D9Ansiedade
D10Medo
D11Processos Familiares Disfuncionais
D12Risco de Paternidade ou Maternidade Prejudicada
D13Sobrecarga de Estresse
D14Tristeza Crônica
D15Manutenção do Lar Prejudicada
D16Processo Perinatológico Ineficaz
Necessidades Psicoespirituais
D17Disposição para Bem-Estar Espiritual Melhorado
Fonte: Autoria Própria, 2019.

Análise do processo de validação de conteúdo e aparência por juízes especialistas

A amostra deste estudo incluiu 10 enfermeiros juízes especialistas selecionados por sua expertise na aplicação da SAE em gestantes com arboviroses. O número mínimo de profissionais proficientes, conforme especificado na metodologia, foi de 6, e este critério foi atendido. Inicialmente, os juízes especialistas foram caracterizados, revelando que a maioria (70%) possui mais de 10 anos de formação, com variação significativa no tempo de trabalho nas áreas de SAE, saúde da família e saúde da mulher. Na área de atuação, 30% atuam em SAE, 40% em saúde da família e 30% em saúde da mulher.

Os juízes especialistas foram questionados sobre publicações, e 100% deles afirmaram ter alguma publicação, sendo 30% com publicações nas três áreas e 50% na área de SAE. Essa constatação destaca, não apenas, a prática clínica, mas também, a produção de conhecimento científico pelos juízes.

A etapa de validação de conteúdo e aparência foi conduzida pelos juízes especialistas, que avaliaram a tecnologia nos aspectos relacionados ao conteúdo e à aparência. Na dimensão de aparência, nove itens tiveram Índice de Validade de Conteúdo (IVC) igual ou acima de 80%, com destaque para o critério “O tamanho da letra está adequado”, que teve um IVC abaixo do ponto de corte, resultando em ajustes na versão final da tecnologia. O Sistema IVC/AVE resultou em 0,85, indicando que a tecnologia foi considerada validada quanto à aparência.

Na validação de conteúdo, os juízes avaliaram as dimensões Objetivos, Relevância e os itens da SAE propriamente ditos. Todos os critérios avaliados na dimensão de objetivos foram validados, alcançando uma média dos índices de validação de conteúdo para todos os índices da escala de 0,90. A dimensão Relevância também foi validada, reforçando a concepção de que a tecnologia é relevante para a prática clínica do enfermeiro e para a SAE em gestantes com arboviroses.

A avaliação positiva dos juízes especialistas em relação à tecnologia validada demonstra sua utilidade para a implementação do Plano de Enfermagem em gestantes com arboviroses, proporcionando um cuidado padronizado, sistemático, organizado, científico, individualizado e promotor da saúde para o binômio mãe e filho. Os juízes também avaliaram a dimensão Conteúdo relacionada aos DE, características definidoras, fatores relacionados, intervenções e ações de enfermagem, totalizando 17 itens.

No item 7, Risco de sangramento, o IVC foi de 0,70. O Juiz 1 sugeriu especificar os fatores de risco para hemorragias, destacando intervenções e atividades. O Juiz 3 destacou que o tipo de sangramento poderia ficar confuso, sugerindo uma observação para descartar sangramentos do primeiro e segundo trimestre. Este item foi modificado na versão final da tecnologia (figura 2).

Figura 2 – Item relativo ao DE Risco de Sangramento antes e após a validação de aparência e conteúdo (1ª e 2ª versão do instrumento).

1ª versão

2ª versão

Fonte: Autoria Própria, 2019.

As gestantes com dengue demandam vigilância, independentemente da gravidade, com profissionais atentos aos riscos para a mãe e o feto. Os riscos para a mãe estão, principalmente, relacionados ao aumento de sangramentos obstétricos e às alterações clínicas que podem interferir nas manifestações da doença. Para o RN, há um risco aumentado de aborto e baixo peso ao nascer. A proximidade do parto aumenta a chance de o mesmo apresentar infecção por dengue, com possibilidade de hemorragia materna durante o abortamento, parto ou pós-parto. O diagnóstico diferencial de dengue na gestação deve incluir pré-eclâmpsia, síndrome de HELLP e sepse, pois essas condições podem assemelhar-se ao quadro clínico da dengue grave, podendo ocorrer concomitantemente (Brasil, 2016b).

Na avaliação do item 8, Conhecimento deficiente, apenas o critério “As características definidoras representam o DE” obteve IVC de 0,90, enquanto os demais critérios foram validados com IVC de 1,00. A presença do diagnóstico de Conhecimento deficiente (figura 3) é relevante durante a gestação, um período de transformações que demanda autocuidado e empoderamento, mas que pode ser prejudicado por déficits cognitivos e lacunas de aprendizagem.

Figura 3 – Item relativo ao DE Conhecimento deficiente antes e após a validação de aparência e conteúdo (1ª e 2ª versão do instrumento).

1ª versão

2ª versão

Fonte: Autoria Própria, 2019.

O item 9, Ansiedade, figura 4, teve seu conteúdo validado com S-IVC/IVE de 0,96. Esse diagnóstico é comum em gestações associadas a adoecimentos. Um estudo retrospectivo identificou que todas as mulheres em uma Unidade de Terapia Intensiva materna apresentaram o mesmo diagnóstico (Oliveira; Freitas, 2009).

Quanto ao item 10, Medo, todo o item foi avaliado como válido, obtendo significância estatística em todos os resultados do teste binomial. O item 11, Processos familiares disfuncionais, teve validade em todos os critérios, assim como o item 12, Risco de paternidade ou maternidade prejudicada.

Figura 4 – Item relativo ao DE Ansiedade antes e após a validação de aparência e conteúdo (1ª e 2ª versão do instrumento).

1ª versão

2ª versão

Fonte: Autoria Própria, 2019.

Os itens 13, 14, 15, Sobrecarga de estresse, Tristeza crônica e Manutenção do lar prejudicada, respectivamente, tiveram seus conteúdos validados pelos juízes especialistas com IVC superiores a 0,8. A gravidez, caracterizada por uma grande labilidade emocional, associada às alterações biopsicossociais, pode predispor a distúrbios psiquiátricos, exigindo uma investigação efetiva para intervir nos riscos de agravamento do quadro.

Os itens 16 e 17, Risco de Processo perinatológico ineficaz (figura 5) e Disposição para bem-estar espiritual melhorado (figura 6), respectivamente, tiveram seus conteúdos validados pelos juízes especialistas com IVC superior a 0,80, chegando a 0,90 em vários critérios. Após todas as avaliações, os resultados foram representados no gráfico 1 para melhor visualização.

Gráfico 1 – Distribuição dos dados, segundo a média dos IVC, para todos os índices da escala, para cada Diagnóstico de Enfermagem da Tecnologia de SAE, para gestantes com arboviroses.

Fonte: Autoria Própria, 2019.

Figura 5 – Item relativo ao DE Risco de processo perinatológico ineficaz antes e após a validação de aparência e conteúdo (1ª e 2ª versão do instrumento).

1ª versão

2ª versão

Fonte: Autoria Própria, 2019.

Figura 6 – Item relativo ao DE Disposição para bem-estar espiritual melhorado antes e após a validação de aparência e conteúdo (1ª e 2ª versão do instrumento).

1ª versão

2ª versão

Fonte: Autoria Própria, 2019.

Correção e elaboração da 2ª versão da tecnologia de SAE às gestantes com arboviroses

Após a avaliação quantitativa com o cálculo do IVC, procedeu-se à avaliação qualitativa, analisando sugestões, críticas e elogios dos juízes especialistas. Em relação à estrutura e apresentação, foram realizadas algumas mudanças conforme as sugestões dos mesmos. Alguns solicitaram o aumento do tamanho da fonte e a inclusão de um espaço para o histórico de enfermagem, anamnese e exame físico. Também foi proposto um campo para avaliação, incluindo DE e intervenções a critério do enfermeiro ao final da 2ª versão da tecnologia.

A sugestão de um campo para avaliação, abrindo espaços para outras intervenções propostas pelo enfermeiro, foi acatada pelas pesquisadoras, assim como a mudança dos diagnósticos para a primeira coluna.

No item 1, Dor aguda, a sugestão foi iniciar pelo título do diagnóstico e destacar as ações e intervenções. O tamanho da fonte foi aumentado, e incluiu-se um espaço para avaliação e proposta de outras intervenções. Dada a relevância desse DE, a pesquisadora considera o IVC de 0,70, realizando alterações para aprimorar a tecnologia, optando por mantê-lo na versão final.

Estudos anteriores destacaram a relevância do sangramento vaginal em gestantes com dengue, associado à trombocitopenia e/ou ao aumento da permeabilidade vascular. O sangramento vaginal pode ser uma manifestação clínica da dengue, representando uma ameaça à gestação, podendo induzir ao aborto ou ameaça de aborto (Mota, 2012).

A falta de informação resulta em preocupação e ansiedade para as mães, especialmente em casos de malformação fetal, causando impacto emocional significativo. A ocorrência de diagnósticos associados a questões emocionais deve ser investigada, a fim de intervir efetivamente na redução dos riscos de agravamento do quadro (Santos; Farias, 2017).

Outros estudos também ressaltam a insensibilidade e falta de suporte social, influenciando negativamente a interação das mães com a comunidade. Esses fatores são considerados riscos para o adoecimento biopsicossocial (Santos; Farias, 2017).

A importância do relacionamento entre os pais é destacada, sendo o pai essencial no processo da gestação, parto e puerpério. Sua presença contribui para o suporte emocional da mãe, influenciando positivamente o processo do nascimento (Wenzel; Mardini, 2013).

Neste item, assim como nos outros validados em conteúdo, houve aumento no tamanho da fonte e inclusão de espaço para avaliação e proposta de outras intervenções. Estudos destacam a ocorrência de sinais de tristeza e depressão entre as mães entrevistadas que, além da ansiedade, apresentavam sentimentos intrusivos relacionados à possibilidade de morte do concepto. Um estudo na Paraíba aponta que as condições financeiras, também, foram indicadas pelas mães como uma dificuldade, reforçando pesquisas que apontam a vulnerabilidade socioeconômica das famílias afetadas pelo ZIKV (Santos; Farias, 2017).

No caso de pacientes com chikungunya, dias de doença aguda podem ser sucedidos por semanas, meses ou mesmo anos de dor articular incapacitante, diminuição da destreza, perda de mobilidade, fadiga e incapacidade de realizar atividades cotidianas (Caglioti et al., 2013).

Um estudo recente recomenda que não é necessário modificar o cronograma de consultas pré-natais para gestantes que foram infectadas pelo ZIKV. No entanto, destaca a importância de garantir três exames ecográficos durante a gravidez para gestantes de baixo risco e mensais para gestantes com infecção confirmada pelo ZIKV, indicando o parto vaginal e incentivando o aleitamento materno (Duarte et al., 2017).

O protocolo de atenção à gestante com suspeita de zika e à criança com microcefalia define como papel dos gestores e Equipes de Saúde da Família garantir os recursos necessários à atenção pré-natal, iniciar o acompanhamento em tempo oportuno, promover a escuta ativa da gestante, realizar busca ativa das gestantes faltosas, orientar a população sobre medidas de prevenção e controle, evitar locais com presença de vetores, eliminar possíveis criadouros e usar telas de proteção, mosquiteiros ou outras barreiras disponíveis (Secretaria da Saúde do Estado Espírito Santo, 2016).

A experiência do nascimento varia entre as mulheres e é influenciada por diversos fatores, incluindo o grau de preparação para o trabalho de parto e parto (Brasil, 2016c). Por isso, é crucial um pré-natal realizado dentro dos protocolos do MS, com apoio profissional, frequência da gestante e esclarecimento de dúvidas.

O apoio do cônjuge, a espiritualidade e a psicoterapia de grupo e individual foram relatados em estudos como formas de enfrentamento para as famílias, conforme evidenciado nas falas das mães participantes (Santos; Farias, 2017). Em sua avaliação, o juiz 3 destaca que: “As implicações gestacionais e do RN com as arboviroses ganharam repercussão recente e ainda geram muitas incertezas na gestante e na família”. Desse modo, observamos a relevância da tecnologia em sua versão final, a fim de subsidiar a consulta de enfermagem a esse público.

CONCLUSÃO

O estudo identificou as principais necessidades humanas básicas afetadas em gestantes com suspeita ou diagnóstico de infecções por arboviroses, permitindo visualizar intervenções de Enfermagem para cada diagnóstico proposto. Apesar das complicações conhecidas dessas infecções na gestação, há um déficit de conhecimento tanto nas gestantes quanto nos profissionais que as assistem. Durante a construção da tecnologia, foram revelados casos de gestantes com complicações graves, outras com gestação sem intercorrências, e aquelas com suspeita de infecção sem confirmação laboratorial, mas com diagnósticos de Enfermagem semelhantes às confirmadas.

O processo de Validação de Aparência e Conteúdo foi crucial para aprimorar a tecnologia, tornando-a mais visível e compreensível. Os juízes especialistas validaram a tecnologia, alcançando IVC de 0,92 para objetivos, 0,85 para aparência, 0,90 para relevância e um IVC geral de 0,89 para conteúdo. Considera-se como limitação a especificidade do tema, a escassez de estudos por enfermeiros nesse contexto, a falta de estudos sobre Processo de Enfermagem e Sistematização da Assistência de Enfermagem, e a recente descoberta de complicações relacionadas à infecção por arbovírus na gestação.

Após a finalização da tecnologia, destaca-se a necessidade contínua de sensibilização dos profissionais para a constante atualização e atendimento holístico de cada mulher. Conclui-se que, além da avaliação holística e singular da gestante, é crucial adotar ações adequadas em conjunto com a equipe multiprofissional para um cuidado qualificado durante e pós-parto, incluindo conscientização da comunidade sobre a prevenção de infecções perinatais por arbovírus. A tecnologia desenvolvida não é uma solução isolada, mas espera-se que contribua para o aperfeiçoamento da Sistematização da Assistência de Enfermagem e promova um cuidado mais humanizado e padronizado.

REFERÊNCIAS   

Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC). Diretriz Nacional de Assistência ao Parto Normal: Relatório de Recomendações. Protocolo. jan., 2016. 2016c.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Dengue: diagnóstico e manejo clínico: adulto e criança. 5ª ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2016. 58 p. 2016b.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Dengue: manual de enfermagem. 2ª ed. Brasília. 2013. 64 p.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Atenção Básica. Chikungunya: Manejo Clínico. Brasília. 2017. 78 p.

Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo de atenção à gestante com suspeita de Zica e à criança com microcefalia. Brasília – DF. 2016. 2016a.

Caglioti, C.; Lalle, E.; Castilletti, C.; Carletti, F.; Capobianchi, M. R.; Bordi, L. Chikungunya virus infection: An overview. New Microbiologica. 2013.

Duarte, G. et al. Zika Virus Infection in Pregnant Women and Microcephaly. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. 2017.

Gomes, L. F. S. Sistematização da assistência de enfermagem às gestantes de alto risco: construção e validação de uma tecnologia para o cuidado. Tese de Doutorado em Enfermagem – Universidade Federal do Ceará. 2016.

Lopes, N.; Nozawa, C.; Linhares, R. E. C. Características gerais e epidemiologia dos arbovírus emergentes no Brasil. Rev. Pan-Amaz Saúde. 2014.

Mota, A. K. M. Os efeitos da infecção pelo vírus da dengue na gestação. Dissertação de Mestrado em Saúde Pública e Meio Ambiente – Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. 2012.

Nanda International. Diagnósticos de Enfermagem da NANDA: Definições e Classificações 2015-2017. Porto Alegre: Artmed, 2015.  

Nanda International. Diagnósticos de Enfermagem da NANDA: Definições e Classificações 2018-2020. 11ª Ed. Porto Alegre: Artmed, 2018.

Secretaria da Saúde do Estado Espírito Santo. Protocolo De Assistência a Gestantes Com Suspeita de Zika Vírus e bebês com Microcefalia 2015-2016. Vitória-ES, 2016.

Polit, D. F.; Beck, C. T. Fundamentos de pesquisa em enfermagem: métodos, avaliação e utilização. 7ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.

Santos, J. H. A.; Farias, A. M. “Ela vale por cinco crianças’’: o impacto da microcefalia na maternagem. Anais do Conbracis. 2017.

Schneider, L. R.; Pereira, R. P. G.; Ferraz, L. A prática baseada em evidência no contexto da Atenção Primária à Saúde. Saúde Debate. 2018.

Wenzel, M. P.; Mardini, V. Gestação, parto e puerpério. In: Eizirik, C.; Bassols, A. M. S. (orgs.). O ciclo da vida humana: uma perspectiva psicodinâmica. Porto Alegre: Artmed, 2013. p. 63-76.

Weaver, S. C.; Reisen, W. K. Present and future arboviral threats. Antiviral Research. 2010.


¹Graduação: Mestre em Enfermagem
Instituição: Secretaria Municipal de Saúde de Caucaia-CE
E-mail: enfermeirasarahsantos@gmail.com
²Graduação: Graduada em Medicina Veterinária
Instituição: Universidade Federal do Piauí – UFPI
E-mail: eunara_lima@hotmail.com
³Graduação: Graduada em Enfermagem
Instituição: Universidade Salvador – UNIFACS
E-mail: nonatolorena@hotmail.com
4Graduação: Graduada em Enfermagem
Instituição: Universidade Estadual do Piauí – UESPI
E-mail: karolenfcandido@live.com
5Graduação: Graduando em Enfermagem
Instituição: UniFACTHUS
E-mail: guilhermecentraldevacinas@gmail.com
6Graduação: Graduada em Enfermagem
Instituição: Rede EBSERH Hospital Universitário – UFPI
E-mail: dyeylly@hotmail.com
7Graduação: Doutor em Tecnologia e Sociedade (UTFPR)
Instituição: Colégio Técnico de Floriano (CTF) / Universidade Federal do Piauí (UFPI)
E-mail: marttemsantana@ufpi.edu.br
8Graduação: Especialista em Enfermagem Oncológica
Instituição: Hospital das Clínicas-UFG/ EBSERH
E-mail: camila.lima.2@ebserh.gov.br
9Graduação: Graduada em Biomedicina, Analista Clínica Patológica
Instituição: Laboratório Dupla hélice
E-mail: tst.gestorfsa@gmail.com
10Graduação: Graduada em Enfermagem
Instituição: Anhanguera Uniderp
E-mail: thaiscarvalhoenf@gmail.com
¹¹Graduação: Graduada em Enfermagem
Instituição: Maternidade Climério de Oliveira-EBSERH
E-mail: carla.puglia@ebserh.gov.br
¹²Graduação: Graduada em Enfermagem
Instituição: Unisãomiguel
E-mail: thauanavieirapereira@gmail.com
¹³Graduação: Pós-Graduada em Enfermagem em Centro Cirúrgico e Central de Materiais e Esterilização, Enfermagem do Trabalho e Enfermagem no Controle de Infecção Hospitalar
Instituição: Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares-EBSERH
E-mail: Kamila.oliveira@ebserh.gov.br
14Graduação: Pós-Graduada em Vigilância Sanitária, Qualidade e Segurança do Paciente, Controle de infecção hospitalar, Epidemiologia, Vigilância em Saúde, Saúde Pública, e Estratégia Saúde da Família
Instituição: HUB-UnB – Hospital Universitário de Brasília/ EBSERH
Email: gardenia.lucena@ebserh.gov.br
15Graduação: Pós-Graduada em Urgência e Emergência e UTI Geral
Instituição: Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia – EBSERH
Email: liz.ferreira@ebserh.gov.br
16Graduação: Pós-Graduada em MBA em Auditoria em Saúde
Instituição: Hospital Universitário de Brasília-HUB/UNB Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH
E-mail: naligia.silva@ebserh.gov.br
17Graduação: Especialista em Oncologia, Preceptoria em Saúde e Enfermagem em UTI Neonatal e Pediátrica
Instituição: ⁠Hospital das clínicas de Goiânia /GO – EBSERH/UFG
E-mail: sara.rosa@ebserh.gov.br
18Graduação: Graduado em Enfermagem
Instituição: Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH)
E-mail: paulo.bomtempo@hotmail.com
19Graduação: Pós-Graduação em Saúde Pública e da Família
Instituição: Hospital das Clínicas (HC-UFG/ EBSERH)
E-mail: paulajaquelinepeixoto@hotmail.com