REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7406723
Andréia Cristina da Silva Ribeiro1
Luciany Barbosa da Silva Fernandes2
RESUMO:
OBJETIVOS: Melhorar a capacidade de vigilância, alerta e resposta às Emergências em Saúde Pública (ESP); alertar gestores e profissionais de saúde do estado para o risco de ocorrência de surto de sarampo no Maranhão. METODOLOGIA: Utilizar a comunicação de risco como ferramenta de apoio para divulgação oportuna e efetiva de informações à gestores, profissionais de saúde e população em geral sobre sarampo. Possibilitando assim o acesso às informações fidedignas que possam fortalecer diálogos para tomada de medidas de proteção e controle em situações de surto de sarampo. RESULTADOS: Todo caso suspeito/confirmado de sarampo deve ser notificado imediatamente à vigilância epidemiológica do município para proceder à investigação em até 48 horas; Toda notificação de caso suspeito de sarampo deverá ser realizada na Ficha de Investigação de Doenças Exantemáticas Febris Sarampo/Rubéola do SINAN; Notificar também à Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão (Programa de Vigilância das Exantemáticas e ao Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde -CIEVS/MA); Identificar e monitorar todas as pessoas que tiveram contato com caso suspeito ou confirmado durante todo o período de transmissibilidade (seis dias antes e quatro dias após o início do exantema) para que as medidas de controle sejam realizadas de forma oportuna. Intensificar a divulgação das campanhas de vacinação visando atingir todo o público-alvo, conforme recomendação do PNI. Intensificar vacinação de rotina na população, principalmente nas áreas de baixa cobertura, de acordo com os calendários do PNI; Realizar, de forma integrada (Atenção Primária e Vigilância Epidemiológica), busca ativa de casos suspeitos na comunidade com identificação da área de transmissão; Monitorar todos os contatos do caso suspeito por 30 dias e notificar aqueles que apresentarem sinais e sintomas de sarampo; Intensificar as ações de Educação em Saúde através dos meios de comunicação locais e redes sociais dos municípios.
ABSTRACT:
OBJECTIVES: To improve surveillance, alert and response capacity to Public Health Emergencies (PHE); alert managers and health professionals in the state to the risk of measles outbreaks in Maranhão. METHODOLOGY: Use risk communication as a support tool for timely and effective dissemination of information to managers, health professionals and the general population about measles. Thus enabling access to reliable information that can strengthen dialogues for taking protection and control measures in situations of measles outbreak. RESULTS: Every suspected/confirmed case of measles must be immediately notified to the epidemiological surveillance of the municipality to proceed with the investigation within 48 hours; All reports of suspected cases of measles must be made on the Investigation Form for Febrile Measles/Rubella Diseases of SINAN; Also notify the State Department of Health of Maranhão (Exanthematicus Surveillance Program and the Center for Strategic Information on Health Surveillance -CIEVS/MA); Identify and monitor all people who had contact with a suspected or confirmed case during the entire transmissibility period (six days before and four days after the onset of the rash) so that control measures are carried out in a timely manner. Intensify the dissemination of vaccination campaigns aimed at reaching the entire target audience, as recommended by the PNI. Intensify routine vaccination in the population, especially in areas with low coverage, in accordance with the PNI calendars; Perform, in an integrated manner (Primary Care and Epidemiological Surveillance), active search for suspected cases in the community with identification of the transmission area; Monitor all contacts of the suspected case for 30 days and notify those who show signs and symptoms of measles; Intensify Health Education actions through the local means of communication and social networks in the municipalities.
1. INTRODUÇÃO:
O sarampo é uma doença infecciosa aguda, viral, transmissível, extremamente contagiosa e muito comum na infância. Os sintomas iniciais apresentados pelo doente são: febre acompanhada de tosse persistente, irritação ocular e corrimento do nariz. Após estes sintomas, geralmente há o aparecimento de manchas avermelhadas no rosto, que progridem em direção aos pés, com duração mínima de três dias. Além disso, pode causar infecção nos ouvidos, pneumonia, convulsões, lesão cerebral e morte. Posteriormente, o vírus pode atingir as vias respiratórias, causar diarréias e até infecções no encéfalo. Acredita-se que estas complicações sejam desencadeadas pelo próprio vírus do sarampo que, na maior parte das vezes, atinge mais gravemente os desnutridos, os recém-nascidos, as gestantes e as pessoas portadoras de imunodeficiências (PEREIRA, et al).
A transmissão ocorre diretamente, de pessoa a pessoa, geralmente por tosse, espirros, fala ou respiração, por isso a facilidade de contágio da doença.
Além de secreções respiratórias ou da boca, também é possível se contaminar através da dispersão de gotículas com partículas virais no ar, que podem perdurar por tempo relativamente longo no ambiente, especialmente em locais fechados como escolas e clínicas. A doença é transmitida na fase em que a pessoa apresenta febre alta, mal-estar, coriza, irritação ocular, tosse e falta de apetite e dura até quatro dias após o aparecimento das manchas vermelhas. (ROCHA HAL, et al).
A suscetibilidade ao vírus do sarampo é geral, e a única forma de prevenção é a vacinação. Apenas os lactentes cujas mães já tiveram sarampo ou foram vacinadas possuem, temporariamente, anticorpos transmitidos pela placenta, que conferem imunidade geralmente ao longo do primeiro ano de vida. Com o reforço das estratégias de vacinação, vigilância e demais medidas de controle que vêm sendo implementadas em todo o continente americano desde o final dos anos 90, o Brasil e os demais países das Américas vêm conseguindo manter suas populações livres da doença. Atualmente, há o registro de casos importados que, se não forem adequadamente controlados, podem resultar em surtos e epidemias. Os principais grupos de risco são as pessoas de seis meses a 39 anos de idade. Dentre os adultos, os trabalhadores de portos e aeroportos, hotelaria e profissionais do sexo apresentam maiores chances de contrair sarampo, devido à maior exposição a indivíduos de outros países que não adotam a mesma política intensiva de controle da doença. As crianças devem tomar duas doses da vacina combinada contra rubéola, sarampo e caxumba (tríplice viral): a primeira, com um ano de idade; a segunda dose, entre quatro e seis anos. Os adolescentes, adultos (homens e mulheres) e, principalmente, no contexto atual do risco de importação de casos, os pertencentes ao grupo de risco, também devem tomar a vacina tríplice viral ou dupla viral (OPAS; 2019).
Não existe tratamento específico para eliminar o vírus do Sarampo, o tratamento serve então para aliviar os sintomas e deve incluir: repousar e tomar água (repousar bastante para que o corpo possa recuperar e combater o vírus e beber muita água, chá ou água de côco é muito importante para uma boa recuperação, ajudando também a prevenir a desidratação); tomar medicamentos (o médico pode indicar o uso de remédios para o alívio da febre e da dor como Paracetamol e/ou Ibuprofeno desde que não contenham ácido acetilsalicílico em sua composição e por isso estão contra indicados medicamentos como AAS, Aspirina, Doril ou Melhoral . A suplementação de vitamina A pode ser útil para as crianças com sarampo por reduzir o risco de morte, sendo indicada em caso de carência desta vitamina que pode ser vista num exame de sangue ou quando a taxa de mortalidade devido ao sarampo é alta. A dose deve ser tomada e repetida após 24 horas e depois de 4 semanas. Os antibióticos não são indicados para o tratamento do sarampo, porque não são capazes de melhorar os sintomas causados pelos vírus, mas podem ser indicados se o médico observar que existe alguma infecção bacteriana associada ao quadro viral causado pelo vírus do Sarampo); usar compressas frias (o sarampo pode causar conjuntivite e os olhos podem ficar avermelhados e muito sensíveis à luz e produzindo muita secreção. Para melhorar estes sinais e sintomas pode-se limpar os olhos com compressa fria molhada em soro fisiológico, sempre que houver secreção e o uso de óculos escuro pode ser útil mesmo dentro de casa. As compressas frias também podem ser úteis para baixar a febre e para isso deve-se colocar uma gaze molhada com água fria na testa, nuca ou axilas para diminuir naturalmente a temperatura do corpo); e umidificar o ar (para fluidificar as secreções e facilitar a sua retirada pode-se umidificar o ar, colocando uma bacia com água no cômodo onde o doente está. Este cuidado ajuda também a manter a laringe menos irritada, aliviando o desconforto da garganta. (SÃO PAULO, 2019).
Segundo a Organização Mundial da Saúde, diferentes países em todas as regiões do mundo reportaram 59.553 casos de sarampo em 2021. O Brasil, em 2016, recebeu da OPAS/OMS e do Comitê Internacional de Peritos (CIE) para a Eliminação do Sarampo e Rubéola o certificado de eliminação do sarampo, pois os últimos casos de sarampo no país foram registrados em 2015, no Ceará e em Pernambuco. Porém, a partir de 2018, com a confirmação de novos casos da doença, o país vem registrando casos contínuos, perdendo a certificação de “país livre do vírus do sarampo” no ano de 2019, com ocorrência de novos surtos em quase todos os estados. O número de casos caiu em 2020, quando foram confirmados 8.448 casos e 10 óbitos pela doença. No ano de 2021, o país registrou 668 casos da doença em seis estados (Amapá, Pará, Alagoas, São Paulo, Ceará e Rio de Janeiro). Em 2022, até a semana epidemiológica 13, o Brasil notificou 14 casos em dois estados (13) Amapá e (1) São Paulo. (BRASIL,2022).
2. OBJETIVOS:
Melhorar a capacidade de vigilância, alerta e resposta às Emergências em Saúde Pública (ESP;
Alertar gestores e profissionais de saúde do estado para o risco de ocorrência de surto de sarampo no Maranhão.
3. METODOLOGIA:
Utilizar a comunicação de risco como ferramenta de apoio para divulgação oportuna e efetiva de informações à gestores, profissionais de saúde e população em geral sobre o sarampo. Possibilitando assim o acesso às informações fidedignas que possam fortalecer diálogos para tomada de medidas de proteção e controle em situações de surto de sarampo.
4. RESULTADOS:
4.1. Definição de caso/surto :
# Caso suspeito: entende-se como todo paciente que apresentar febre e exantema maculopapular, acompanhados de um ou mais dos seguintes sinais e sintomas: tosse e/ou coriza e/ou conjuntivite, independente da idade e da situação vacinal. Soma- se a este grupo todo indivíduo suspeito com história de viagem para locais com circulação do vírus do sarampo, nos últimos 30 dias, ou de contato, no mesmo período, com alguém que viajou para local com circulação viral.
# Caso confirmado: entende-se como todo caso suspeito comprovado por critério laboratorial ou vínculo epidemiológico. Obs: Todo caso suspeito deve ser comunicado à Secretaria Municipal da Saúde e à Secretaria Estadual da Saúde dentro das primeiras 24 horas e investigado em até 48 horas. Além disso, a notificação deve ser registrada no Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN.
4.2. Critérios laboratoriais :
Os primeiros casos de sarampo devem ser confirmados com resultados de sorologia e/ou biologia molecular, contudo, em locais onde se tenha evidência da circulação do vírus do sarampo, os demais casos poderão ser confirmados mediante uma das opções abaixo:
a) Detecção de anticorpos IgM específicos do sarampo em um laboratório aprovado ou certificado, exceto se o caso tiver recebido a vacina tríplice viral ou tetra viral, conforme as datas de EAPV, podendo ser necessária a realização da genotipagem para diferenciar o vírus selvagem do vacinal; ou
b) A soroconversão ou aumento na titulação de anticorpos IgG. Exceto se o caso tiver recebido a vacina tríplice viral ou a tetra viral, conforme as datas de EAPV, podendo ser necessária a realização da genotipagem para diferenciar o vírus selvagem do vacinal. Os soros pareados devem ser testados em paralelo; ou
c) Biologia molecular (RT-PCR em tempo real do vírus do sarampo) para identificação viral, a fim de se diferenciar o vírus selvagem do vacinal, e caracterização genômica, para se conhecer o genótipo do vírus e diferenciar o caso autóctone de um importado.
4.3. Ações a serem realizadas:
Todo caso suspeito/confirmado de sarampo deve ser notificado imediatamente à vigilância epidemiológica do município para proceder à investigação em até 48 horas;
Toda notificação de caso suspeito de sarampo deverá ser realizada na Ficha de Investigação de Doenças Exantemáticas Febris Sarampo/Rubéola do SINAN;
Notificar também à Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão (Programa de Vigilância das Exantemáticas e ao Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde -CIEVS/MA);
Identificar e monitorar todas as pessoas que tiveram contato com caso suspeito ou confirmado durante todo o período de transmissibilidade (seis dias antes e quatro dias após o início do exantema) para que as medidas de controle sejam realizadas de forma oportuna.
Intensificar a divulgação das campanhas de vacinação visando atingir todo o público-alvo, conforme recomendação do PNI.
Intensificar vacinação de rotina na população, principalmente nas áreas de baixa cobertura, de acordo com os calendários do PNI;
Realizar, de forma integrada (Atenção Primária e Vigilância Epidemiológica), busca ativa de casos suspeitos na comunidade com identificação da área de transmissão;
Monitorar todos os contatos do caso suspeito por 30 dias e notificar aqueles que apresentarem sinais e sintomas de sarampo;
Intensificar as ações de Educação em Saúde através dos meios de comunicação locais e redes sociais dos municípios.
5. CONCLUSÃO:
A circulação sustentada do vírus do sarampo no Brasil nos últimos anos, teve como principal razão a baixa cobertura vacinal de sua população. Mesmo tendo genótipos importados como a principal ameaça, um expressivo número de pessoas suscetíveis permitiu que a situação de disseminação do vírus tomasse proporção extremamente preocupantes. Sendo assim, é fundamental que todos os municípios fortaleçam as vigilâncias ativas e mantenham a imunidade da sua população através da vacinação.
REFERÊNCIAS:
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico.Vigilância Epidemiológica do Sarampo no Brasil semanas epidemiológicas 1 a 52 de 2022. Vol. 53.
Organização Pan-americana da Saúde, Organização Mundial da Saúde. Sarampo [Internet]. Brasília (DF): OPAS; 2019.
PEREIRA JPC , et al. Negligência à vacinação: o retorno do Sarampo ao Brasil .
ROCHA HAL, et Factors associated with non – vaccination against measles in northeastern Brazil: Clues about causes of the 2015 outbreak . Vaccine, 2015; 33 ( 38): 4969–4974. al.
SÃO PAULO. Sarampo. Boletim Epidemiológico.VOL.3.Nº1. http://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia epidemiologica/areas-de-vigilancia/doencas-de-transmissao respiratoria/sindrome-da-rubeola-congenitasrc/doc/2022/sarampo18jan22_1boletim.pdf
SÃO PAULO. Prefeitura do Município de São Paulo. Secretaria Municipal da Saúde. Coordenadoria de Vigilância em Saúde. COVISA. Biossegurança no atendimento de pacientes com sarampo nos estabelecimentos assistenciais de saúde. Informe Técnico. 06/DVE/2019, 15 de julho 2019.
1 ENFERMEIRA, ESPECIALISTA EM UTI, ESPECIALISTA EM OBSTETRÍCIA, MESTRE EM ENFERMAGEM.
2 ENFERMEIRA, ESPECIALISTA EM SAÚDE DA FAMÍLIA, ESPECIALISTA EM ONCOLOGIA.
1 Enfermeira, Especialista em UTI, Especialista em Obstetrícia, Mestre em em Enfermagem
2 Enfermeira, Especialista em Saúde da Família, Especialista em Oncologia.