REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8062003
Alessandra Silva1
Marta Gomes2
Maura Santos3
Janaina Silva4
Terezinha Brasil5
Cristiano Fernandes6
RESUMO
O conceito de pulsão tem o papel fundamental dentro da teoria psicanalítica, pois faz considerar a relação entre o corpo e o psiquismo. Para Freud 1915 a pulsão é ainda um impulso traduzido em desejo e que a satisfação total por ela almejada já foi obtida na história de cada sujeito, de modo que ao longo da vida tentamos reencontrar essa satisfação um dia já vivida e experimentada. Essa busca em muitos casos nos leva a transtornos de variados tipos e origens, aqui apresentamos sobre Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP). Apesar de classificado como um transtorno alimentar, o transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP) é uma categoria diagnóstica recente e os seus critérios diagnósticos foram incluídos no apêndice B da DSMIV.1 A delimitação do conceito do TCAP mostrou-se de grande utilidade clínica, diferenciando um subgrupo de pacientes obesos com características psicopatológicas específicas. As opiniões divergem quanto às definições, as causas e os tipos de tratamento, mas uma constante é a investigação da origem do transtorno.
PALAVRAS-CHAVE: Transtornos Alimentares, Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica, Compulsão Alimentar, Obesidade.
ABSTRACT
The concept of drive plays a fundamental role within psychoanalytic theory, as it considers the relationship between the body and the psyche. For Freud 1915, the drive is still an impulse translated into desire and that the total satisfaction sought by it has already been obtained in the history of each subject, so that throughout life we try to find that satisfaction once lived and experienced. This search in many cases leads us to disorders of various types and origins, here we present about Periodic Eating Compulsion Disorder (TCAP). Despite being classified as an eating disorder, binge eating disorder (BED) is a recent diagnostic category and its diagnostic criteria were included in appendix B of the DSMIV.1 The delimitation of the BED concept proved to be of great clinical utility, differentiating a subgroup of obese patients with specific psychopathological characteristics. Opinions differ as to the definitions, causes and types of treatment, but one constant is the investigation of the origin of the disorder.
KEYWORDS: Eating Disorders, Binge Eating Disorder, Binge Eating, Obesity.
1. INTRODUÇÃO
O interesse das pesquisas recentes concentra-se em “medir” e “avaliar” a imagem corporal em suas diferentes dimensões, sem que haja um maior interesse em questões conceituais. Se traçarmos um breve histórico sobre o conceito, veremos que foi Paul Schilder que nos anos de 1930 a 1950, dominou quase solitariamente o campo de estudo da imagem corporal.
Pioneiro no estudo que era chamado de conhecimento do próprio corpo focou nas bases neurológicas da imagem corporal, mas também buscou explorar a estrutura libidinal da mesma, acenando para os fenômenos inconscientes que poderiam levar a mudança de perspectiva do corpo, tanto na forma como no seu funcionamento. (NUNES, [et al] 2006).
O assunto certamente não é novo, mas ao mesmo tempo ainda desafia a comunidade científica, parece ser um tema comum, abordado de diversas formas em vários meios de comunicação por as mais variadas abordagens e aéreas profissionais, mais ainda demanda grande quantidade de estudo e pesquisa no campo especificamente para a TCAP.
O transtorno de compulsão alimentar periódica que foi apresentado no DSM –IV-TR (Apêndice B) como uma proposta para estudos adicionais, foi validado e incorporado em 2013 no DSM –V – como Transtorno alimentar específico devido a sua utilidade clínica.
A imagem corporal a aparência muitas vezes influencia a forma em que o indivíduo se vê e se apresenta no meio social, profissional e afetivo e familiar, também a forma como os outros o vêem traz um grande impacto em sua vida. A sociedade contempla a busca frenética por um desejado corpo, por meio das mais avançadas tecnologias da medicina, das academias, dos centros de estética, de produtos de beleza, mesmo que o acesso a esse resultado instantâneo seja para o indivíduo o sacrifício da saúde.
Este trabalho não abordará os campos médico, clínico e nem estéticos que a compulsão alimentar e obesidade fazem parte de forma multidisciplinar.
Neste trabalho abordaremos a forma de padecimento psíquico que a compulsão alimentar e as pulsões trazem para o indivíduo com transtorno de compulsão alimentar periódica TCAP. Utilizando-nos de pesquisa literária disponível sobre a temática por meio de livros, trabalhos e estudos sobre TCAP. Nosso principal objetivo é elencar as principais as principais causas e os maiores efeitos do Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica, bem como, promover um maior estudo sobre este tema.
O objetivo do presente trabalho: Estudar sobre a Compulsão Alimentar no viés psicanalítico para compreender o sofrimento decorrente da patologia.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 O conceito de pulsão: e o caminho para o transtorno de compulsão alimentar periódico TCAP
Como sendo o limite entre o somático e o psíquico, considerando que separação entre os dois seria impossível, desta maneira Freud identifica a pulsão como representante psíquico. A pulsão dentro da teoria psicanalítica tem enorme abrangência nas questões referentes à obesidade. O conceito de pulsão tem o papel fundamental dentro da teoria psicanalítica, pois faz considerar a relação entre o corpo e o psiquismo. Freud em 1915 descreve a pulsão dos estímulos corporais que alcançam a mente.
Para a psicanálise, a pulsão é responsável pela busca incessante da satisfação e que na tentativa de alcançá-la dirige-se a determinado objeto. Considerando que a pulsão trata-se de uma força constante que nunca cessa, podemos aqui entender que não há satisfação total por parte dela. Outra característica da pulsão é que ela não tem um objeto assim entende-se que a pulsão não pode ser plenamente satisfeita.
Para Freud (1915) a pulsão é ainda um impulso traduzido em desejo e que a satisfação total por ela almejada já foi obtida na história de cada sujeito, de modo que ao longo da vida tentamos reencontrar essa satisfação um dia já experienciado. Na obesidade o que se percebe é que não se come apenas por necessidade fisiológica, do contrário o excesso de comida não seria tão maléfico à saúde, mas come-se sim por uma espécie de desejo, desejo esse que nunca está satisfeito. Considerando esse princípio, podemos aqui identificar uma relação entre obesidade e pulsão.
Essa busca por atender o desejo traz prazer e está relacionada com a redução da tensão ou evitação de um desprazer, por isso a busca pelo alimento, também está associada a necessidade do alívio de uma sensação desagradável.
Freud nos diz ainda que a pulsão é composta por dois representantes, sendo eles o afetam e a ideia. No seu artigo o “Inconsciente” (1915), o autor conclui que ‘uma pulsão nunca pode se tornar objeto de consciência – só a ideia que a representa “(p.182), ele destaca que mesmo no inconsciente a pulsão pode ser tratada por uma ideia. Freud utilizava a palavra pulsão na acepção de uma espécie de organizador biológico, em torno do qual os estímulos endógenos circulam. Estes estímulos, ao chegarem à psique, se transformam em imagens representações carregadas de afeto, as quais são os representantes pulsionais, e que se fixaram na memória. Junto a estímulos exógenos formarão os complexos de ideias que compõem o psiquismo.
“… conceito situado na fronteira entre o mental e o somático, como representante psíquico dos estímulos que se originam dentro do organismo e alcançam a mente, como uma medida da exigência feita à mente no sentido de trabalhar em consequência de sua ligação com o corpo.” (FREUD, 1915- p.142)
De modo geral, para a psicanálise o corpo se faz presente em diversas expressões, tais como as somatizações, as doenças psicossomáticas. Sendo assim podemos dizer que a obesidade seria uma forma que o sujeito encontrou para satisfazer essa pulsão de maneira que seja suportável a consciência.
2.2 O Transtorno De Compulsão Alimentar Periódica (TCAP)
Os principais pontos apresentados pelo DSM-S, com informações importantes sobre compulsão alimentar. Trata-se de um transtorno, porém não muito conhecido, quando comparado a anorexia e bulimia.
O transtorno de compulsão alimentar foi primeiramente descrito por Stunkard (1959) em um estudo que tinha como propósito definir padrões distintos de comportamento alimentar. O TECAP foi elevado à categoria de diagnóstico, entretanto, somente em 1994, ao entregar o apêndice B do DSM-IV (American Psychiatric Association 1994). Atualmente ele compõe o capítulo sobre alimentação e transtorno alimentares do DSM-S (American Psychiatric Association, 2013). Na base do diagnóstico estão os episódios recorrentes de compulsão alimentar que envolve duas características, principalmente, uma objetiva e outra subjetiva: o excesso alimentar, e a sensação de perda de controle. Comer rapidamente, sentir-se saciado, e comer mesmo estando sem fome.
Muitas vezes o indivíduo se sente angustiado pela ingestão de alimentos demasiadamente. Para caracterizar o diagnóstico, esses episódios ocorrem duas ou três vezes por semana, levando o indivíduo da provação ao desespero, em relação a aumento de peso e ao mesmo em por crises de ansiedade, que levaram o indivíduo a provação de vômito, uso de laxantes, entre outros. Diversos estudos abordaram a prevalência do transtorno, Spitzer et al (1992) avaliaram a presença de TCA na população americana e encontraram 2% na população, 30% em programas para perda de peso,71% nos comedores compulsivos anônimos.
Já no Brasil Apolíneo, Coutinho e Pavoc (1995), Coutinho (1999) encontraram uma prevalência entre 15% e 32%, em pacientes que procuraram tratamento para emagrecer. As mulheres são mais afetadas como o TCA, talvez por desenvolverem mais ansiedade do que os homens. As pessoas que desenvolveram TC, apresentaram auto estima mais baixas e maiores preocupações com a forma física. Há possibilidades de estudo sobre TCAP e bulimia pois as mesmas podem ser confundidas por apresentar quase os mesmos sintomas.
A princípio pacientes com TCAP, ficam muito confusos quando sentem essas mudanças patológicas no seu dia a dia, incluindo mal humor, mudanças de comportamento, ansiedade e dificuldade no controle de alimentação. Haja visto que para falar em TCAP é preciso que o episódio de compulsão alimentar, aconteça com frequência, de 3 vezes por semana durante seis meses, ocorrendo episódios sem controle, ainda não se tem um diagnóstico preciso para a TCAP.
Freud, no decorrer de sua obra fez poucas referências a compulsão alimentar, mais aponta a existência de processos psíquicos, quando descrevem a “ a sintomatologia clínica da neurose de angústia “ Freud citou os ataques de fome avassaladora como um dos sintomas próprios da neurose de angústia.
Muitas vezes, a compulsão alimentar pode parecer tola e absurda, mas é possível que, posteriormente, no discurso da análise, o sujeito elabore pela via de falar, um relato acerca dela mesmo no seu cotidiano, analisando–lhe o sentido. Isso remete o indivíduo a tornar possível na medida em que a compulsão está relacionada uma vez que a compulsão está muitas vezes associada com conflito inconsciente e submetida do regime simbólica da fala.
É possível afirmar que a compulsão está diretamente ligada ao pensamento e que por isso seus efeitos emergem apenas na esfera psíquica. A repetição de ações compulsivas, leva a constituições de cerimônias, os quais são destacados por Freud (1907) no texto atos obsessivos e práticas religiosas, onde se aproxima os cerimoniais neuróticos dos religiosos.
A compulsão como um todo inclui comportamentos emocionais, mental, efeitos físicos e os efeitos psicológicos propriamente ditos.
2.3 Características e Tratamento Da TCAP
Dieta realizada de forma errada, dieta muito rígida há o risco de a pessoa desenvolver o TCAP transtorno de compulsão alimentar. Muitos especialistas afirmam que estas dietas deixam as pessoas deprimidas e privadas de diversos alimentos e que isso aumenta o desejo por comida que elas não poderiam comer. Além disso, estudos apontam que as dietas muito rígidas levam ao impulso por comer, sentimento de desânimo e incapacidade de parar de comer quando saciado.
- Comer mais rápido que o normal;
- Comer quando não está com fome;
- Continuar comendo mesmo quando esteja saciado;
- Comer sozinho ou em segredo;
- Sentir-se triste ou culpado por comer demais.
Existem três classes de medicamentos mais utilizados no tratamento TCAP.O tratamento mais frequente feito com antidepressivos especialmente os inibidores seletivos de recaptação da serotonina (ISRS) que também servem para tratar os mais prováveis transtornos associados (depressão, ansiedade e TOC). Os ISRS (fluoxetina, fluvoxamina, sertralina e o citalopram) têm sido descritos capazes de reduzir significativamente o comportamento do TCAP e o peso. Mais recentemente a subitramina um agente antiobesidade e o topiramato, um agente neuroterapeutico também demonstraram sua eficácia em teste para esse tratamento.
2.4 Obesidade: Um dos Sintomas Da Compulsão Alimentar Periódica
A obesidade vem crescendo em todos os países, a ponto de se considerar uma epidemia de grande proporção. Na última década do século XX ocorreu claramente no Brasil nos adultos e principalmente em adolescentes. Entre os fatores que têm sido associados ao aumento da obesidade, destaca-se o consumo de alimentos industrializados e a disponibilidade de uma ampla variedade de produtos com alto índice calórico e preços acessíveis aos consumidores, e com o baixo índice de realização de exercícios físicos na sociedade moderna.
A pesquisa do Ministério da Saúde mostra que 18,9% da população acima de 18 anos das capitais brasileiras é obesa. O porcentual é 60,2% maior que no obtido na primeira vez que o trabalho foi realizado, em 2006. Naquele ano, 11,8% dos entrevistados estavam com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 30. Embora bastante elevado, sobretudo quando comparado com outros países da América do Sul, os indicadores são os mesmos obtidos em 2015.
Na psicanálise a obesidade só é classificada como um sintoma, a partir do momento que incomoda o próprio sujeito.
Apesar de Freud nunca ter discutido o tema da obesidade em seus escritos, a psicanálise tem grande potencial para contribuir no estudo e tratamento da obesidade, Hilde Brush em seu trabalho (1973), já levantava a possibilidade de a obesidade ser trazida para o terreno da psicoterapia alimentar. E outros autores como Hermam e Mimerbo (1998) indiretamente discutiram a questão do tema da moralidade no comer enquanto causadora de perturbações alimentares, Berg 2008, em sua pesquisa de mestrado, articula a questão da obesidade no desenvolvimento humano como conceitos Freudianos.
Essa articulação entre o corpo foi possível a partir do momento que a oposição entre corpo representado e corpo biológico, permitiu a Freud inserir a questão da sexualidade como elemento circulante entre esse campo na produção de sintomas. Muitos autores utilizam a teoria freudiana para construir suas hipóteses teóricas sobre as patologias alimentares segundo Jeammet (URRIBARRI, 1999) as perturbações alimentares ocupam uma posição de cruzamento infância e a idade adulta, entre os psíquicos e o somático entre o indivíduo e o social. Desses cruzamentos e dificuldades o que obriga o sujeito a usar o recurso comportamental, a iniciação comportamental, para dar vazão às emoções.
Freud (1905) retorna a questão alimentar em seus estudos sobre a sexualidade infantil, no qual o comer surge como uma necessidade de nutrição do bebê, essa necessidade se articula com o prazer de sugar o dedo. (1895) no artigo científico já havia um discurso freudiano de que os movimentos dos organismos estão em jogo diferentes tipos de energia, sendo o movimento principal do organismo a desencadear das excitações, no qual Freud considerou a existência de duas excitações diferentes; natureza bioquímica, um auto conservador e a outra especificamente sexual.
Entendendo então com Freud, que o nosso sistema nervoso, que controla nossas necessidades, funciona como um exterminador de estímulos, ou seja, ele vai sempre resolver o querer resolver o que chega. Quando esses estímulos são externos, as respostas são aprendidas e transmitidas naturalmente, de forma hereditária.
Já os estímulos pulsionais -pulsão- são originais em nosso próprio organismo, e daí que surgir relação do ser humano com ele, perpassando pelos sentimentos da sociedade física e emocional que se confundem. Na psicanálise. Freudiana indica que a obesidade pode ser vista como um sistema psíquico que se mostra no corpo, de uma busca pela satisfação através da comida. Como na fase da primeira infância o bebê na fase oral, na relação entre o bem-estar e a boca, o ato de comer e o prazer associado também à atenção que recebe o afeto, ele lembra da gratificação recebida e no ato de amamentar, seja no peito ou na mamadeira. Estilos são gerados de prazer e calma.
Leva em consideração que a psicanálise pode ser parte essencial do processo de tratamento da obesidade, a partir de uma aproximação das causas por trás do ato de comer em excesso, quem sofre dessa doença geralmente vive constantes frustrações seja no. Convívio familiar, ou social, ou em outros aspectos emocionais, o que acaba se tornando um círculo vicioso, já que a pressão gera tensão que encontra um pseudo-alívio na comida, que gera ansiedade pela sensação de incapacidade de não se controlar.
2.5 Ansiedade e Depressão: NA TCAP
Segundo a OMS, desde 1993, a depressão é um transtorno mental universal e pode ser leve, moderada ou grave caracterizada por alteração de humor, busca por isolamento, dificuldades de concentração, baixa autoestima, aumento das ideias pessimistas e é claro, em casos extremos o suicídio. Embora seja bem mais frequente em mulheres, esse transtorno manifesta-se em ambos os sexos e tem na adolescência ou no início da vida adulta o período onde ocorrem os primeiros episódios (APA,1995).
Já a ansiedade trata-se de um aspecto emocional, um aspecto normal da personalidade humana, ela passa de aspecto para patologia quando é desproporcional à situação responsável por desencadeá-la ou quando não existe um objeto específico ao qual se direcione (GORESTEIN E ANDRADE, 1998.apud CHAVES, 2010, p. 33).
Os estudos e pesquisas em torno dos TCAP apontam a presença de um ciclo de problemas emocionais como raiva, desgosto, estresse, sentimento de culpa, baixa autoestima descontrole e impulsividade, depressão e ansiedade dentro da sintomatologia do TCAP.
De acordo com Chaves (2010, p. 34) descreve que:
Conforme observado por Costa e Biaggio (1998), alterações significativas entre obesidade e as variáveis ansiedade-traço, ansiedade-estado e raiva foram evidenciadas ao comparar pacientes obesos e não obesos, em fase inicial de tratamento em uma clínica de emagrecimento. Mauro et al. (2002) observaram uma alta frequência de TCAP, sintomas depressivos graves e ansiedade em pacientes com obesidade severa: 100% dos pacientes avaliados apresentavam sintomas depressivos, 70% ansiedade-traço, 54% ansiedade-estado.
Associando os sintomas de ansiedade e depressão em comparação a obesidade e TCAP nota-se, que a sintomatologia se equipa, havendo poucas diferenças entre um diagnóstico e outro mas em se tratando de TA a raiva e o desgosto são aspectos de alto risco para o desenvolvimento desta patologia.
Em um número considerável de estudos, a associação entre TCAP a ansiedade e a depressão implicam ainda mais no quadro do paciente pois implica diretamente sua capacidade laboral, reduz a sua qualidade de vida bem como o aumento de mortalidades e co-morbidades.
3. MÉTODO
O método foi uma pesquisa bibliográfica. “A pesquisa bibliográfica é o meio de formação por excelência e constitui o processo básico para os estudos monográficos, pelos quais se busca o domínio do estado da arte sobre determinado tema, como trabalho científico que constitui a pesquisa propriamente dita”. CERVO, [et al]. p. 61, 2007.
A coleta de dados se deu, primeiramente, por descritores de busca a respeito do tema nas plataformas Scielo, Google Acadêmico e Pepsic.
Segundo Bardin (2011), o material é organizado, compondo o corpus da pesquisa. Escolhem-se os documentos, formulam-se hipóteses e elaboram-se indicadores que norteiam a interpretação final, porém é fundamental observar algumas regras: (i) exaustividade, sugere-se esgotar todo o assunto sem omissão de nenhuma parte; (ii) representatividade, preocupa-se com amostras que representem o universo; (iii) homogeneidade, nesse caso os dados devem referir-se ao mesmo tema, serem coletados por meio de técnicas iguais e indivíduos semelhantes; (iv) pertinência, é necessário que os documentos sejam adaptados aos objetivos da pesquisa; e (v) exclusividade, um elemento não deve ser classificado em mais de uma categoria.
3.1 Procedimento de Coleta
As plataformas mais visitadas foram do Google acadêmico, incluindo sites do Scielo e Pepsic. Quanto aos descritores, foi realizada a busca com os descritores: Transtornos Alimentares, Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica, Compulsão Alimentar; Obesidade.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
O Transtorna da compulsão Alimentar Periódica é assunto que certamente não é tão novo, ao mesmo tempo ainda enfrentamos grandes desafios enquanto comunidade científica, aparentemente nos leva crer em algo comum e sem grandes consequências, mas quando nos aprofundamos ao tema nos surpreendemos com a complexidade dos casos diagnosticados e o sofrimento de quem traz consigo tal patologia.
Freud, no seu artigo “Inconsciente” (1915), nos diz que a pulsão é composta por dois representantes, sendo eles o afetam e a ideia. O indivíduo que sofre com a TCAP direciona para a comida a ideia de satisfação, estes estímulos ao chegarem à psique, se transformam em imagens representações carregadas de afeto, as quais são os representantes pulsionais, e que se fixaram na memória, o que o leva a comer de forma bem mais que exagerada.
Muitas vezes o indivíduo se sente angustiado pela ingestão de alimentos demasiadamente, esses episódios ocorrem duas até três vezes por semana, levando o indivíduo da provação ao desespero, primeiramente os indivíduos com TCAP, passam por extrema confusão, principalmente quando começam a sentir as mudanças de corriqueiro para patológicos os episódios de compulsão no seu dia a dia, seguida de mal humor, mudanças de comportamento, ansiedade e dificuldade no controle de alimentação.
Vale salientar que para caracterizar em TCAP é preciso que o episódio de compulsão alimentar, aconteça com frequência, de 3 vezes por semana durante seis meses, mesmo ocorrendo episódios sem controle, ainda não se tem um diagnóstico preciso para a TCAP.
As origens dessa patologia podem estar inseridas ainda na primeira infância, mas a TCAP pode se manifestar em qualquer momento da vida a obesidade é mais como uma consequência desse transtorno, pois a TCAP pode ocorrer em pessoas obesas ou não.
Em um número considerável de estudos, a associação entre TCAP a ansiedade e a depressão implicam ainda mais no quadro do paciente pois implica diretamente sua capacidade laboral, reduz a sua qualidade de vida bem como o aumento de sua incapacidade de lidar com o problema.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Certamente o TCAP é uma das patologias de nosso tempo que precisa ser estudada em grande quantidade de trabalhos e pesquisas neste campo. Precisa ser abordada de diversas formas em vários meios de comunicação pelas mais variadas abordagens e áreas profissionais, muito ainda demanda para que o TCAP seja melhor diagnosticado e tratado na sua forma específica.
REFERÊNCIAS
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CERVO, Amado L., BERVIAN Pedro A. & DA SILVA, Roberto METODOLOGIA CIENTÍFICA– 6° ed São Paulo Editora, PEARSON, 2007
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FREUD, SIGMUND (1915) Os Instintos e suas Vicissitudes. Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud: edição standard brasileira. Volume XIV. Rio de Janeiro, Editora Imago.
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GONZAGA, A.P; WEINBERG, C. Psicanálise de Transtornos alimentares: Primavera Editorial, São Paulo, 2010.
NUNES, M, A. [et al]. Transtornos Alimentares e Obesidade: Artmed, 2ºed.Porto Alegre, 2006.