COMPARAÇÃO DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO BRASILEIRO DA SÍNDROME DE BURNOUT ANTES E APÓS A PANDEMIA DA COVID-19

COMPARISON OF THE BRAZILIAN EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF BURNOUT SYNDROME BEFORE AND AFTER THE COVID-19 PANDEMIC

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10249051622


Allana Bandeira Carrilho¹
Aline Tenório Lins Carnaúba²
Vitória Maria Ferreira da Silva³
Tainá de Carvalho Gonçalves4


RESUMO

Burnout é uma síndrome psicológica desencadeada por um estresse crônico no trabalho, caracterizada pela exaustão emocional, despersonalização e redução da realização profissional. Diante das modificações que ocorreram na pandemia da COVID-19, os trabalhadores foram afetados consideravelmente, acarretando um esgotamento físico, mental e emocional. Sendo assim, o presente estudo busca comparar o perfil epidemiológico e demográfico brasileiro em relação aos casos da Síndrome de Burnout antes e após a pandemia do COVID-19. Trata-se de um estudo epidemiológico, cujas informações sobre os casos são provenientes da base de dados do SINAN, através da plataforma do DATASUS. A população estudada foi a classe trabalhadora acometida pela Síndrome de Burnout, no período de 2018 a 2022, considerando do período pré-pandêmico ao pós-pandêmico. Com referência aos dados encontrados no SINAN, ao analisar o número de casos da síndrome de Burnout, é possível identificar que houve um aumento significativo no período em estudo. Foi avaliado que o perfil epidemiológico e demográfico das classes profissionais na pandemia da COVID-19 e após esta teve um aumento importante do número de casos de Síndrome de Burnout no Brasil, ressaltando a intensa vulnerabilidade dos trabalhadores a condições extremas de estresse. Além disso, a sobrecarga enfrentada tem impactado negativamente a saúde mental dos trabalhadores em geral, principalmente no período pós-pandêmico.

PALAVRAS-CHAVE: Síndrome de Burnout. Pandemia. COVID-19. Saúde mental ocupacional.

ABSTRACT

Burnout is a psychological syndrome triggered by chronic work-related stress, characterized by emotional exhaustion, depersonalization, and reduced professional accomplishment. The changes that occurred during the COVID-19 pandemic significantly affected workers, leading to physical, mental, and emotional exhaustion. Therefore, the present study seeks to compare the epidemiological and demographic profile of Burnout Syndrome cases in Brazil before and after the COVID-19 pandemic. This is an epidemiological study, with data on cases sourced from the SINAN database via the DATASUS platform. The studied population comprised the working class affected by Burnout Syndrome from 2018 to 2022, covering the pre-pandemic to post-pandemic periods. Analyzing the SINAN data on Burnout Syndrome cases, it is evident that there was a significant increase in the number of cases during the study period. The epidemiological and demographic profiles of professional classes during and after the COVID-19 pandemic show a marked increase in Burnout Syndrome cases in Brazil, highlighting the intense vulnerability of workers to extreme stress conditions. Furthermore, the burden faced by workers has negatively impacted their mental health, particularly in the post-pandemic period.

KEY WORDS: Burnout syndrome. Pandemic. COVID-19. Occupational Mental Health.

1 INTRODUÇÃO

A pandemia da COVID-19, desencadeada pelo coronavírus e decretada, em março de 2020, pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como emergência em saúde pública, impactou profundamente a saúde mental de toda a sociedade brasileira, devido ao seu trágico cenário, que não apenas trouxe consigo desafios clínicos, mas também desencadeou repercussões significativas no bem-estar psicológico dos indivíduos (BUFFON et al., 2023).

Diante das modificações que ocorreram na época, os trabalhadores foram afetados consideravelmente, acarretando um esgotamento físico, mental e emocional. Visto que o descontentamento com o tempo no trabalho, devido à carga horária intensificada, ao afastamento de familiares e ao medo constante do contágio, contribuiu-se para uma exaustão global, sendo exacerbada no teletrabalho pela dificuldade de compatibilizar o novo cenário com a vida familiar (SALAZAR-BOTELLO et al., 2021)

A necessidade de adaptação rápida e a convivência com a incerteza, exacerbaram as pressões já existentes no ambiente de trabalho, agravadas pelas condições excepcionais vivenciadas. Gerando impotência e insegurança no processo do exercício da profissão e aumentando o risco de adoecimento psíquico, contribuindo no desenvolvimento de diversos transtornos mentais, inclusive Burnout (NASCIMENTO et al., 2021).

Burnout é uma síndrome psicológica desencadeada por um estresse crônico no trabalho, caracterizada pela exaustão emocional, despersonalização e redução da realização profissional. No qual o trabalhador perde o sentido da sua relação com o trabalho, reagindo com indiferença, e caracterizando suas atribuições como inúteis (SOARES et al., 2021).

A exaustão emocional consiste no esgotamento físico e mental devido ao excesso de estresse que traz prejuízo a sua vida pessoal e profissional. O ser social começa apresentar um quadro clínico de esgotamento de energia para realizar suas tarefas habituais, levando-o a se sentir insatisfeito em seu local de trabalho e na sua realização pessoal. A despersonalização pode ser caracterizada como uma insensibilidade emocional, o indivíduo se distancia mentalmente do trabalho começa a levar a vida como algo automático. Já a baixa realização pessoal é um conjunto de sentimentos de negativismo sobre si e sobre sua eficácia profissional, afetando assim, suas relações pessoais e profissionais (BORGES et al., 2021).

Uma maneira de elucidar o significativo da síndrome de burnout é através da música “Construção” de Chico Buarque. A composição da música tem o intuito de narrar o cotidiano exaustivo de um operário de construção civil que resultou em um desfecho trágico. Fazendo uma analogia com tema do estudo, o trabalhador da música é confinado a uma rotina estressante, assim como os indivíduos com Burnout, que se sentem aprisionados a um meio de sobrecarga e pressão, que leva a desmotivação no trabalho, configurando assim a um desfecho adverso, semelhante ao destino do operário na canção de Chico Buarque.

Além de doença mental, a condição também foi classificada como doença ocupacional, pela OMS, na Classificação Internacional de Doenças em sua versão 11 (CID-11) a partir de 2022. Sendo assim, ela deve ser vista como questão de saúde pública que implica na deterioração da qualidade de vida do trabalhador. Nesse período pandêmico, os trabalhadores tornaram-se vulneráveis ao desenvolvimento da síndrome, devido às exigências pessoais e profissionais que a pandemia impôs por tempo indeterminado (BUFFON et al., 2023).

Apesar da síndrome de burnout não constar no DSM-V, suas características estão mais associadas ao capítulo de “Transtornos Relacionados a Traumas e Estressores”. Isso se deve ao fato de que o conceito da CID-11 afirma que a síndrome é resultante de estressores crônicos no local de trabalho. Contudo, suas definições ainda são inconclusivas, dificultando assim o diagnóstico (LIZOT; ALVES, 2021).

Diante disso, essa abordagem torna-se relevante na possibilidade de identificar se esse novo cenário, com exigências de mudanças nos sistemas de saúde e nas relações de trabalho, contribuiu no desenvolvimento do transtorno psíquico, traçando o perfil dos trabalhadores e os fatores contribuintes. Sendo assim, o presente estudo busca comparar o perfil epidemiológico e demográfico brasileiro em relação aos casos da Síndrome de Burnout antes e após a pandemia do COVID-19.

2 MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se de um estudo epidemiológico, cujas informações sobre os casos são provenientes da base de dados do Sistema de Informação de Agravo de Notificações (SINAN), através da plataforma do Departamento de Informação e Informática do Sistema Único de Saúde – DATASUS.

A população estudada foi a classe trabalhadora acometida pela Síndrome de Burnout, no período de 2018 a 2022, considerando que o período pré-pandêmico foi representado por 2018 e 2019 e o pós-pandêmico por 2021 e 2022. O ano de 2020 foi um período de transição, pois no segundo trimestre a OMS decretou a pandemia da COVID-19. A seleção das variáveis foi realizada de acordo com o objetivo da pesquisa. Analisou-se o número de casos novos, a faixa etária, o sexo e a ocupação mais acometidos pela doença.

Em seguida, os dados foram organizados e tabulados utilizando o programa Microsoft Excel 2022, de acordo com as informações obtidas no site do SINAN. Por utilizar dados secundários de acesso aberto, não foi necessária a submissão deste estudo para apreciação pelo Comitê de Ética em Pesquisa.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

            Com referência aos dados encontrados no SINAN, ao analisar o número de casos da síndrome de Burnout, é possível identificar que houve um aumento estatístico significativo no período em estudo. O período pré-pandêmico teve uma média de 53 casos ao ano. Com isso, a condição aumentou consideravelmente após o início da pandemia, visto que em 2021 os casos triplicaram em comparação a média dos anos anteriores, sendo ainda maior em 2022, com 227 casos ao ano, como está demonstrado na figura 1.

Araújo et al. (2021) também destaca um aumento na incidência da Síndrome de Burnout. Segundo os autores, a pandemia de COVID-19 afetou diretamente todas as categorias profissionais, amplificando a vulnerabilidade psicológica. Esse aumento na síndrome resultou das severas condições de trabalho impostas pela crise sanitária, econômica e social, além das restrições de confinamento enfrentadas por muitos profissionais no Brasil.

Figura 1 – Número de casos de Síndrome de Burnout no Brasil de acordo com o ano

Fonte: Autores (2024).

Em relação ao perfil dos indivíduos acometidos pela doença, 377 casos foram do sexo feminino e 151 casos do sexo masculino durante todo período em estudo, como ilustrado na figura 2. O índice de mulheres acometidas prevaleceu superior em todos os anos avaliados neste estudo, mantendo uma proporção média de 2:1.

Com base nos dados analisados, observa-se que a pandemia não teve um impacto significativo nas taxas de síndrome de burnout entre os sexos ao longo do período estudado. A prevalência da síndrome foi mais evidente no sexo feminino, mesmo antes da pandemia. No entanto, é notório que o adoecimento mental tem uma prevalência mais alta entre as mulheres.

Figura 2 – Número de casos de Síndrome de Burnout no Brasil de acordo com sexo

Fonte: Autores (2024).

            As mulheres, em geral, são mais sensíveis e suscetíveis aos transtornos psíquicos, inclusive na síndrome de Burnout, visto que existem fatores que contribuem para o desenvolvimento da síndrome, como: As várias responsabilidades com trabalho, os cuidados maternos e os deveres doméstico; contato próximo e constante com a enfermidade; a ausência de reconhecimento profissional e dentre outros (SOARES et al., 2022).

            Apesar dos profissionais de etnia parda apresentarem uma prevalência maior de sintomas ansiosos e depressivos do que os brancos (SANTOS et al., 2021). Na síndrome de burnout, de acordo com os resultados avaliados, a etnia branca ficou em dominância com 311 casos, seguido de 132 pardas e 41 pretas, com a relação mantendo-se constante durante os períodos pré, durante e pós-pandemia. Não foram encontrados outros estudos que investigassem o perfil racial dos indivíduos afetados pela síndrome de burnout, o que torna a análise presente neste estudo inédita nesse aspecto.

Em relação à idade dos avaliados na pesquisa, a faixa etária mais acometida em todos os períodos foi a de 35 a 49 anos com 292 casos, seguido de 20 a 34 anos com 145 casos. A faixa etária de 50-64 anos manteve-se menor que as outras duas apresentadas, em todos os anos, porém vale ressaltar que no período pós-pandêmico, de 2021 a 2022, os casos triplicaram, como demonstrado na figura 3, aumentando de 16 para 50 casos.

Figura 3 – Análise por faixa etária dos indivíduos acometidos por Burnout nos períodos pré, durante e pós-pandêmico

Fonte: Autores (2024).

Segundo a Associação Brasileira de Estudos do Trabalho (ABET), a classe trabalhadora no Brasil possui idade entre 16 e 80 anos. Com isso, observa-se que a condição da síndrome de Burnout é presente em todas as idades da classe trabalhadora, não havendo isenção de nenhuma faixa etária, tornando suscetível todo o indivíduo que esteja exercendo trabalho. Visto que estes profissionais estão expostos diariamente aos fatores estressores, além que os níveis de estresse e sinais de esgotamento dependem do significado pessoal que o indivíduo atribui aos eventos enfrentados (PERNICIOTTI, Patrícia et al.,2020).

Dentre as ocupações dos acometidos pela síndrome de Burnout, foi observado que o assistente administrativo teve um destaque significativo com o maior número de notificações, apresentando-se com 31 casos. Vale destacar, que os profissionais de enfermagem, técnicos e enfermeiros, juntos contabilizam um total de 52 casos, como demonstrado na figura 4. A enfermagem é classificada pela Health Education Authority como a quarta profissão mais estressante, em razão do intenso ritmo de trabalho, da escassez de pessoal e das dificuldades na conciliação entre a vida profissional e pessoal (PEREIRA et al., 2022).

Figura 4 – Análise por ocupação dos indivíduos acometidos por Burnout nos períodos pré, durante e pós-pandêmico

Fonte: Autores (2024).

Assim como os resultados apresentados, os profissionais na área da enfermagem tiveram destaque em relação ao desenvolvimento da síndrome, com sintomas de inquietação e tristeza, além de experimentar um esgotamento mais acentuado em comparação com outras áreas profissionais, visto o percurso laboral dessa categoria, uma vez que esses colaboradores frequentemente enfrentam jornadas extensas devido à escassez de mão de obra, períodos de descanso reduzidos, níveis elevados de pressão e uma proximidade intensa com os pacientes, o que pode resultar em fadiga física e desgaste emocional, indicativos da patologia em questão (SOARES et al., 2022).

Segundo Paes, Garcia e Aramaio (2022), 80% dos profissionais de saúde que estiveram na linha de frente durante a pandemia apresentaram sintomas da síndrome, sugerindo um possível aumento na taxa de incidência durante esse período. A análise do autor também aponta que o número crescente de profissionais afastados e contaminados resultou em uma carga de trabalho excessiva, o que, por sua vez, causou um esgotamento psicológico significativo na equipe.

Vale destacar que as equipes de enfermagem são predominantemente compostas por mulheres, o que pode explicar a maior incidência de síndrome de burnout observada no sexo feminino. A presença majoritária de mulheres na equipe de enfermagem pode levar a uma maior exposição ao estresse e sobrecarga emocional, resultando em uma prevalência mais alta da síndrome entre essas profissionais (DA COSTA et al., 2021).

De acordo com o SINAN, o estado mais acometido pela síndrome de Burnout, em todo período da pesquisa, foi São Paulo com 204 casos. Seguido de Minas Gerais com 74 casos e os demais estados com um total inferior a 37 casos. É possível notar que apesar do período pós pandêmico ter uma maior incidência, alguns estados obtiveram redução no número de casos neste período, como Sergipe e Rio Grande do Norte que apresentaram declínio em cerca de 50%, como ilustrado na figura 5.

Figura 5 – Análise por estado dos indivíduos acometidos por Burnout nos períodos pré, durante e pós-pandêmico

Fonte: Autores (2024).

Pode-se observar também, que há estados em que não possuíam casos da Síndrome de Burnout notificados antes da pandemia da COVID-19, como Acre, Goiás, Paraná e Mato Grosso do Sul. Assim como, o estado de menor prevalência, que foi Maranhão com o total de uma notificação por acometimento da síndrome de Burnout, realizada no período após a pandemia, no ano de 2022.

Ferreira et al. (2024), em seu estudo realizado nesse mesmo período, de 2018 a 2022, corrobora com os dados informados, referindo que os indivíduos que residem em grandes centros urbanos possuem estilos de vida mais estressantes, o que aumenta o risco de Burnout nessas regiões. Além do tempo prolongado no trânsito, ocasionando fadiga e exaustão, há também o alto custo de vida, que induz os trabalhadores a obterem mais horas trabalhadas ou aceitar empregos insatisfatórios. Este mesmo estudo afirma que o isolamento social nas grandes cidades favorece para o aumento do estresse e do risco de desenvolvimento de um Burnout. Embora tenha mais recursos disponíveis de saúde mental, o acesso é muitas vezes dificultado por empecilhos financeiros e sociais.

4 CONCLUSÃO

Dado que as repercussões da pandemia persistiram e a exposição contínua dos profissionais a esse ambiente desafiador pode resultar em consequências prolongadas, compreender os fatores associados ao burnout torna-se imprescindível. Tal entendimento viabiliza a implementação de estratégias direcionadas para prevenir o burnout entre esses profissionais, possibilitando a elaboração de intervenções adequadas e eficazes.

Neste estudo, observou-se que o perfil epidemiológico e demográfico dos casos de Síndrome de Burnout no Brasil sofreu mudanças significativas antes e após a pandemia da COVID-19. No período pós-pandêmico, houve um aumento expressivo no número de casos, especialmente entre profissionais de saúde e outros trabalhadores submetidos a altas cargas de estresse. Este aumento é atribuído, em grande parte, à sobrecarga enfrentada durante a pandemia, que impactou negativamente a saúde mental desses profissionais.

A pandemia de COVID-19 destacou a intensa vulnerabilidade dos trabalhadores brasileiros a condições extremas de estresse, evidenciando a necessidade de um entendimento mais aprofundado dos fatores que contribuem para o desenvolvimento do Burnout. Compreender essas mudanças no perfil epidemiológico e demográfico é crucial para a implementação de medidas de prevenção eficazes, que promovam um ambiente de trabalho mais seguro e humano. Tais medidas, como a prevenção quinquenária, são essenciais não apenas para melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores, mas também para assegurar a viabilidade e produtividade das organizações, especialmente em tempos de crise prolongada.

REFERÊNCIAS

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¹Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário Cesmac, Maceió, AL. ORCID: 0000-0001-5972-3797. E-mail: allanabandeira@hotmail.com;

²Docente do Centro Universitário Cesmac, Maceió, AL. ORCID: 0000-0003-4100-6866 E-mail: aline.lins@cesmac.edu.br;

³Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário Cesmac, Maceió, AL. ORCID: 0009-0006-3579-8069. E-mail: rosivaniaenei@gmail.com;

4Graduação em Medicina pela Universidade Federal de Alagoas, Psiquiatra pela Universidade Federal de Alagoas, Mestranda em Ensino em Saúde pela Universidade Estadual de Ciências em Saúde, UNCISAL. Professora Efetiva de Psiquiatria da Universidade Federal de Alagoas. ORCID: 0009-0007-3361-1210.  E-mail: taina_c.g@hotmail.com