COMPARAÇÃO DO GRAU DE SATISFAÇÃO E EFEITOS ADVERSOS EM TRATAMENTO COM CLORIDRATO DE SIBUTRAMINA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10148653


Nathalia Pedroso da Veiga
Profª. Ms. Priscila Ferreira dos Santos


RESUMO

No Brasil o percentual de pessoas obesas em idade adulta em 2019 era de 26,8%, e a proporção da população adulta com excesso de peso era de 61,7%, representando quase dois terços dos brasileiros. (IBGE 2020). A obesidade também está associada a doenças como: diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares. Entre as medicações utilizadas para tratamento de obesidade encontra-se o Cloridrato de Sibutramina, que exerce ação nos inibidores da recaptação de noradrenalina, serotonina e dopamina, aumentando seus níveis na fenda sináptica, apresentando redução do apetite e indução da saciedade. (SILVA 2011), (CLORIDRATO DE SIBUTRAMINA MONOIDRATADO 2020), (CRUZ, 2020).

O Cloridrato de Sibutramina por mais eficaz que seja, apresenta muitos efeitos adversos, como insônia, boca seca, cefaleia, constipação, aumento da frequência cardíaca e aumento da pressão arterial (hipertensão), náuseas, delírios, tonturas, ansiedade e pensamentos suicidas. O estudo Sibutramine Cardiovascular Outcomesalerta que houve um aumento do risco de doenças cardiovasculares em usuários do Cloridrato de Sibutramina e que pacientes com depressão, arritmia cárdia e insuficiência cardíaca não devem fazer uso da medicação. (SILVA 2011), (CLORIDRATO DE SIBUTRAMINA MONOIDRATADO 2020), (SCHEEN, 2011). A

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) adotou novas medidas para controle da prescrição da medicação, remanejando a medicação da lista C1 (outras substâncias sujeitas a controle especial) para a lista B2 (psicotrópicas), para aumentar o controle da comercialização da medicação.

Palavras-chave: obesidade, cloridrato de sibutramina, efeitos adversos, segurança.

ABSTRACT

In Brazil, the percentage of obese people in adulthood in 2019 was 26.8%, and the proportion of the adult population with overweight was 61.7%, representing almost two thirds of Brazilians. (IBGE 2020). Obesity is also associated with diseases such as: Type 2 diabetes mellitus, high blood pressure, cardiovascular diseases. Among the medications used to treat obesity is Sibutramine Hydrochloride, which acts on noradrenaline, serotonin and dopamine reuptake inhibitors, increasing their levels in the synaptic cleft, reducing appetite and inducing satiety. (SILVA 2011), (SIBUTRAMINE CHLORIDATE MONOHYDRATE 2020), (CRUZ, 2020). Sibutramine

Hydrochloride, as effective as it is, has many adverse effects, such as insomnia, dry mouth, headache, constipation, increased heart rate and increased blood pressure (hypertension), nausea, delirium, dizziness, anxiety and suicidal thoughts. The Sibutramine Cardiovascular Outcomes study warns there was an increased risk of cardiovascular disease in users of Sibutramine Hydrochloride and that patients with depression, cardiac arrhythmia and heart failure should not use the medication. (SILVA 2011), (SIBUTRAMINE CHLORIDATE MONOHYDRATE 2020), (SCHEEN,

2011). The Brazilian Health Regulatory Agency (Anvisa) adopted new measures to control medication prescription, moving medication from list C1 (other substances subject to special control) to list B2 (psychotropics), to better control the medication marketing.

Keywords: obesity, sibutramine hydrochloride, adverse effects, safety.

1. INTRODUÇÃO

A obesidade se caracteriza pelo excessivo acúmulo de gordura corporal, sendo considerada uma doença crônica universal, com aumento progressivo nas últimas décadas. No Brasil o percentual de pessoas obesas em idade adulta em 2019 era de 26,8%, e a proporção da população adulta com excesso de peso era de 61,7%, representando quase dois terços dos brasileiros. (IBGE 2020).

A obesidade também está associada a doenças como: diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, intolerância à glicose, síndrome metabólica, dislipidemia, esteatose hepática, e as taxas de morbimortalidade. (FRANCO; COMINATO; DAMIANI, 2014).

Os principais tratamentos para obesidade visam a perda de peso, por meio de medidas como cirúrgicas, farmacológicas ou exercícios físicos e dietas. Entre as medicações utilizadas para tratamento de obesidade encontra-se o Cloridrato de Sibutramina, inicialmente desenvolvido para tratamento de depressão no final dos anos 80, devido a sua ação no Sistema Nervoso Central, pois exerce ação através de seus metabólitos amino secundário (M1) e primário (M2), que são inibidores da recaptação de noradrenalina, serotonina e dopamina, aumentando seus níveis na fenda sináptica, porém durante os ensaios clínicos a medicação apresentou eficiência na redução do apetite e indução da saciedade, além de aumentar a termogênese, o que também contribui com o emagrecimento. (SILVA 2011), (CLORIDRATO DE SIBUTRAMINA MONOIDRATADO 2020), (CRUZ, 2020)

O Cloridrato de Sibutramina por mais eficaz que seja, apresenta muitos efeitos adversos, como insônia, boca seca, cefaleia, constipação, aumento da frequência cardíaca e aumento da pressão arterial (hipertensão), náuseas, delírios, tonturas, ansiedade, pensamentos suicidas e suicídios. O estudo SibutramineCardiovascularOutcomesalerta que houve um aumento do risco de doenças cardiovasculares em usuários do Cloridrato de Sibutramina e que pacientes com depressão, arritmia cardíaca e insuficiência cardíaca não devem fazer uso da medicação. (SILVA 2011), (CLORIDRATO DE SIBUTRAMINA MONOIDRATADO 2020), (SCHEEN, 2011).

De acordo com o Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados, entre os anos de 2014 e 2018 foram vendidas 9.465.285 unidades da medicação em farmácias e drogarias privadas, sendo 99,95% prescritos por médicos, 1.969 prescrições de dentistas 3.690 prescrições de médicos veterinários. (CRUZ, 2020).

No Brasil a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) adotou novas medidas para controle da prescrição da medicação, remanejando a medicação da lista C1 (outras substâncias sujeitas a controle especial) para a lista B2 (psicotrópicas), além da proibição na comercialização de alguns anorexígenos, a prescrição do Cloridrato de Sibutramina passou a ser feita mediante termo de responsabilidade do prescritor. (FRANCO; COMINATO; DAMIANI, 2014) (SOARES CAMPOS, L. et al, 2014).

2. JUSTIFICATIVA

O cloridrato de sibutramina foi retirado do mercado em alguns países como Estados Unidos, Austrália e países da Europa após resultado de estudos comparando a eficácia e segurança da medicação a longa prazo, que relataram aumento do risco de doenças cardiovasculares e diabetes/mellitus nos usuários da medicação. Sendo assim uma avaliação relacionada aos efeitos adversos e satisfação dos usuários do Cloridrato de Sibutramina é necessária para reavaliar a prescrição, liberação e segurança da medicação baseando-se em novos relatos dos usuários. (CRUZ 2020)

3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo geral

Investigar os efeitos adversos e comparar com o grau de satisfação de usuários de Cloridrato de Sibutramina, analisando o perfil dos usuários.

3.2. Objetivo específico

  • Aplicar o questionário para analisar os efeitos adversos do cloridrato de sibutramina.
  • Verificar a segurança e eficácia da administração da medicação através da análise dos efeitos adversos e resultados obtidos.
  • Revisar as medidas adotadas pela ANVISA para controle da medicação.

4. METODOLOGIA

4.1. Casuística

    O questionário será aplicado para 150 usuários do Cloridrato de Sibutramina, sendo os critérios de inclusão, participantes alfabetizados e orientados em espaço e tempo, com idade entre 18 e 40 anos e que tenham utilizado o Cloridrato de Sibutramina por no mínimo 2 meses. Os critérios de exclusão serão, participantes que não concordaram com o termo de consentimento livre e esclarecido, menores de 18 anos, maiores de 40 anos e participantes que fizeram uso por menos de 2 meses.

    4.2. Métodos

    Será aplicado um questionário realizado na plataforma Google Forms, com 10 perguntas relacionadas a idade, gênero, efeitos adversos da medicação e formas de aquisição da medicação e satisfação com a medicação. O questionário será divulgado de forma online e será aplicado para usuários do Cloridrato de Sibutramina.

    5. CRONOGRAMA

    O cronograma do trabalho está descrito na Tabela 1 a seguir.

    Tabela 1 – Cronograma de atividades

    Fonte: Acervo pessoal

    6. DESENVOLVIMENTO

    A obesidade é uma condição de saúde que afeta milhares de pessoas no mundo, é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, com causas multifatoriais, podendo estar ligada a genética, estilo de vida, fatores metabólicos e ambiente, sendo considerada uma doença crônica universal. (Souza AKA, Araújo ICR, Oliveira FS, 2021)

    A obesidade pode ser associada a diversas doenças como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, hipertensão, apneia do sono, alguns tipos de câncer, além de distúrbios psicológicos, como depressão e ansiedade, podendo afetar também o estilo de vida da pessoa causando limitações físicas e sociais. (Souza AKA, Araújo ICR, Oliveira FS, 2021)

    No Brasil o percentual de pessoas obesas em idade adulta em 2019 era de 26,8%, e a proporção da população adulta com excesso de peso era de 61,7%, representando quase dois terços dos brasileiros. (IBGE 2020).

    Os tratamentos para combater a obesidade são multifatoriais, sendo um deles a abordagem farmacológica, o tratamento farmacológico é indicado quando o Índice de Massa Corpórea (IMC) for maior ou igual a 30 kg/m2 ou quando o IMC for maior ou igual a 25 ou 27 kg/m² (1.7), uma das medicações utilizadas é o Cloridrato de Sibutramina que age inibindo a recaptação de noradrenalina e de serotonina no Sistema Nervoso. Seus metabólitos ativos bloqueiam os receptores serotonérgicos 5-HT, adrenérgicos (β), dopaminérgicos, histamínicos (H1). (ALVES, MIRANDA, 2022)

    A noradrenalina tem como alguns dos efeitos a elevação do metabolismo, aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, sendo assim o cloridrato de sibutramina acaba aumentando o gasto energético ao inibir a recaptação da noradrenalina. (Campos, L. et al, 2014)

    A serotonina, por sua vez, age promovendo a vasoconstrição, regulação do sono e apetite, sendo assim o cloridrato de sibutramina ao inibir a recaptação da serotonina, age aumentando a saciedade e diminuindo o apetite. Além do aumento dos níveis desses neurotransmissores no cérebro, o cloridrato de sibutramina pode aumentar a taxa metabólica basal, o que significa que o corpo queima mais calorias em repouso. (Campos, L. et al, 2014)

    Os estudos de Souza AKA, Araújo ICR, Oliveira FS (2021) e Padwal R, Li SK, Lau DC (2004) afirmam que a diminuição de peso causada pelo uso do cloridrato de sibutramina é discreta e que pode ser revertida após a suspensão do uso do medicamento. Além disso, as pesquisas indicam que os efeitos benéficos a longo prazo e a segurança da medicação ainda não estão bem estabelecidos e permanecem incertos.

    A Nota técnica nº 01 / 2010 lançada pelo conselho federal de farmácia aponta que a redução de peso ao utilizar o cloridrato de sibutramina é modesta e seu uso está associado a efeitos adversos significativos, principalmente relacionados a questões cardiovasculares.

    O estudo Da-Cunha, T. M. M., et al. (2021) mostrou que o uso abusivo da medicação pode gerar tolerância, o que exige maiores doses para atingirem o efeito desejado, podendo gerar também dependência física e psicológica, fator que inviabiliza o uso a longo prazo.

    No estudo de Dutra, J. R. Da-Fonseca-Souza., Sonia-Maria., Peixoto, M. C. (2015), os usuários da medicação sentiram diminuição do apetite e maior saciedade por mais tempo, porém 50% dos usuários relataram efeitos adversos como: taquicardia, boca seca, insônia, irritabilidade e dor de cabeça.

    O estudo de VARGAS, M. A. (2018), refere-se ao cloridrato de sibutramina como um fármaco com capacidades importantes para causar efeitos adversos em seus usuários. Os efeitos adversos mais graves apresentados pelos pacientes foram relacionados a doenças cardiovasculares, como taquicardia, infarto agudo do

    miocárdio, morte cardiovascular, acidente vascular encefálico, entre outros. Com relação aos efeitos adversos gastrointestinais as principais queixas citadas pelo artigo são: náusea, constipação e boca seca.

    7. RESULTADOS

    Foram avaliados 153 voluntários através do questionário online sobre o uso do Cloridrato de Sibutramina, sendo 65,4% são do gênero feminino e 34,6% do gênero masculino. Em relação à faixa etária dos voluntários durante o uso da medicação, 21,6% têm entre 18 e 23 anos, 34% têm entre 24 e 29 anos, 28,8% têm entre 30 e 35 anos e 15,7% têm entre 36 e 40 anos.

    Sobre o tempo de uso da medicação, pode se notar que, 45,8% dos voluntários utilizaram a medicação de 3 a 6 meses, 35,3% utilizaram durante 7 a 10 meses, 17% entre 10 e 12 meses e 2% dos voluntários utilizaram por mais de 12 meses.

    Ao serem questionados sobre a indicação para utilização da medicação, 54,2% dos voluntários utilizaram por indicação médica, 17,6% utilizaram por indicação de amigos, 6,5% por indução nas redes sociais e 35% dos usuários utilizaram por conta própria.

    Com relação aos efeitos adversos, 49,7% dos usuários adquiriram insônia, 38,6% tiveram aumento da pressão arterial, 46,4% sentiram palpitações / taquicardia, 54,9% passaram por náuseas, 55,6% apresentaram cefaleia, 47,1% sentiram tonturas, 47,1% sofreram com crises de ansiedade, 20,3% apresentaram pensamentos suicidas e apenas 1,3% dos usuários não tiveram efeitos adversos, conforme apresentado na tabela abaixo.

    Sobre todos esses sintomas apresentados, os voluntários foram questionados sobre como estes afetam negativamente suas vidas, dessa forma os resultados foram que 24,8% relataram que os efeitos afetaram absurdamente, 31,4% que afetou muito, 26,1% que afetou pouco, 14,4% que afetou muito pouco e apenas 3,3% dos voluntários sentiram que os efeitos adversos não afetaram suas vidas de forma negativa.

    Aos que apresentaram algum tipo de sintoma, foi questionado sobre a necessidade de interromper a medicação e 32,7% dos voluntários precisaram interromper a medicação, por conta dos efeitos adversos.

    Ao serem questionados sobre melhora no quadro, apenas 26,8% dos usuários atingiram o resultado desejado.

    Analisando o grau de satisfação com o uso da medicação 51% dos voluntários ficaram satisfeitos de alguma forma, sendo 35,3% pouco satisfeito, 12,4% satisfeito e 3,3% muito satisfeito e 49% dos voluntários ficaram insatisfeitos com o uso da medicação.

    Foi questionado sobre a necessidade de utilizar a medicação novamente se houvesse necessidade e 60,1% dos usuários não tomariam a medicação novamente.

    Ao cruzar os dados dos voluntários que apresentaram náuseas e grau de incômodo na qualidade de vida, 50,3% dos voluntários relataram que esse efeito adverso afeta absurdamente suas vidas de forma negativa.

    Foi analisado que dos usuários que não obtiveram o resultado desejado, 45,5% voltariam a tomar a medicação caso houvesse necessidade.

    8. ANÁLISE ESTATÍSTICA

    A distribuição T de Student é um estudo de probabilidade estatística que tem como objetivo padronizar uma variável aleatória normal, onde a média populacional (µ) e o desvio padrão (σ) sejam conhecidos.

    Neste estudo, iremos comparar dois grupos independentes avaliados por meio de uma variável quantitativa. Iremos utilizar o gênero dos usuários da medicação como variável de agrupamento e fazer as seguintes análises:

    • Analisar se existe diferença significativa no nível de satisfação do uso da medicação entre homens e mulheres.
    • Analisar se existe diferença significativa no número de efeitos colaterais observados pelos homens e mulheres que participaram do estudo.

    Por fim, iremos repetir as análises acima para outro grupamento, neste segundo caso a variação de grupamento será mulher de até 30 anos de idade e com mais de 30 anos de idade. Nosso objetivo com este teste estatístico é identificar o nível de satisfação e número de efeitos colaterais observados possuem relação com a idade e gênero do usuário.

    A análise de significância é realizada através do valor-p do grupo amostral, o valor-p indica a probabilidade de se observar uma diferença significativa em relação à média populacional do estudo. De modo geral, considera-se que o valor-p menor ou igual a 0,05 indica que há diferenças significativas entre os grupos comparados.

    Para identificar o valor-p, primeiramente deve-se calcular o valor-t do Teste de Student, indicado pela fórmula abaixo:

    Onde,

    Calculado o valor-t, deve-se utilizar a tabela de distribuição de probabilidade do Teste T de Student para identificar a probabilidade caudal p (valor-p) e por fim, concluir se existe diferença significativa ou não.

    Comparação do grau de satisfação entre homens e mulheres



    n
    Média amostral (x̅ )Desvio Padrão
    Amostral (s)
    Valor-tValor- p
    Feminino1001,720000,877090,235480,8629
    Masculino531,660380,677760,418580,7568

    Tabela 1 – análise estatística comparando a satisfação entre homens e mulheres

    1 – Insatisfeito; 2 – Pouco Satisfeito; 3 – Satisfeito; 4 – Muito Satisfeito

    A média amostral de ambos os grupos independentes foi semelhante, ambos ficaram (em média) pouco satisfeitos com o resultado da medicação.

    Agrupando os usuários da medicação por gênero e aplicando o Teste T de Student, pode-se observar os valores de p foram maiores que 0,05, logo não podemos afirmar que existe diferença significativa na análise de gênero quanto ao nível de satisfação dos usuários com a medicação.

    Comparação dos efeitos adversos entre homens e mulheres



    n
    Média amostral (x̅ )Desvio Padrão
    Amostral (s)

    Valor-t

    Valor-p
    Feminino1003,620001,440960,175080,11606
    Masculino533,547171,551250,223400,14181

    Tabela 2 – análise estatística comparando os efeitos adversos entre homens e mulheres.

    Dentre um total de oito efeitos colaterais analisados (insônia, aumento da pressão arterial, palpitações/taquicardia, náusea, cefaleia (dores de cabeça), tontura, ansiedade e pensamentos suicidas), em média, os usuários tiveram quatro deles.

    Agrupando os usuários da medicação por gênero e aplicando o Teste T de Student, pode-se observar os valores de p foram maiores que 0,05, logo não podemos afirmar que existe diferença significativa na análise de gênero quanto a quantidade de efeitos colaterais relatados pelos usuários da medicação.

    Comparação da satisfação das mulheres com menos de 30 anos e mais de 30 anos



    n
    Média amostral (x̅ )Desvio Padrão Amostral (s)
    Valor-t

    Valor-p
    < 30571,701750,865301,591950,01051
    > 30431,744190,902191,757920,00817

    Tabela 3 – análise estatística comparando a satisfação das mulheres com menos de 30 anos e mais de 30 anos

    1 – Insatisfeito; 2 – Pouco Satisfeito; 3 – Satisfeito; 4 – Muito Satisfeito

    A média amostral de ambos os grupos independentes foi semelhante, ambos ficaram (em média) pouco satisfeitos com o resultado da medicação.

    Apenas entre as mulheres, agrupando por idade (até 30 anos e mais que 30 anos) e aplicando o Teste T de Student, pode-se observar os valores de p foram menores que 0,05, logo existe diferença significativa na análise estatística de gênero quanto ao nível de satisfação das mulheres de até 30 anos e com mais de 30 anos de idade.

    Comparação dos efeitos adversos das mulheres com menos de 30 anos e mais de 30 anos



    n
    Média amostral (x̅ )Desvio Padrão
    Amostral (s)

    Valor-t

    Valor-p
    < 30573,614041,319560,341280,07938
    > 30433,627911,603910,323270,08380

    Tabela 4 – análise estatística comparando os efeitos adversos das mulheres com menos de 30 anos e mais de 30 anos

    Dentre um total de oito efeitos colaterais analisados (insônia, aumento da pressão arterial, palpitações/taquicardia, náusea, cefaleia (dores de cabeça), tontura, ansiedade e pensamentos suicidas), em média, os usuários tiveram quatro deles.

    Apenas entre as mulheres, agrupando por idade (até 30 anos e mais que 30 anos) e aplicando o Teste T de Student, pode-se observar os valores de p foram maiores que 0,05, logo não podemos afirmar que existe diferença significativa na análise de gênero quanto a quantidade de efeitos colaterais relatado por mulheres de até 30 anos e com mais de 30 anos de idade.

    9. DISCUSSÃO

    O cloridrato de sibutramina é uma medicação muito utilizada na diminuição da gordura corporal, porém é notório a infinidade de efeitos adversos provocados pela mesma.

    O estudo de Moreira, et. al (2021) afirma que o gênero é crucial para o desenvolvimento da obesidade, porque as mulheres têm menos atividade metabólica ou muscular do que os homens.

    O estudo de OLIVEIRA (2020) analisa a quantidade de vendas da medicação para homens e mulheres nos anos de 2018 e 2019, onde 84% das vendas do cloridrato de sibutramina foram destinadas a mulheres e 16% aos homens. Da-Cunha, T. M. M., et al. (2021) também afirmam que entre os brasileiros, a maior taxa de obesidade é observada entre as mulheres, dado que essa condição está relacionada à forma e à distribuição do tecido adiposo, resultando em mudanças no sistema circulatório e hormonal, o que corrobora com nosso estudo onde 65,4% dos voluntários são do gênero feminino e 34,6% do gênero masculino.

    O mesmo também afirma que faixa etária de mulheres com maior procura pela sibutramina está 30 e 39 anos, o que corresponde a 44% dos usuários do sexo feminino, com relação ao sexo masculino, a faixa etária de maior procura também está entre 30 e 39 anos, que representam 34% do total.

    Em nosso estudo, a faixa etária com maior índice de utilização foi de 24 a 29 anos, sendo um total de 34% dos usuários, sendo 33 mulheres e 19 homens, como apresentado na tabela abaixo.

    Gênero X Faixa Etária

    Tabela 5 – comparação entre gênero e faixa etária dos voluntários

    CRUZ (2020) afirma que a prescrição da medicação deve ser feita apenas por médicos e a ANVISA exige que a prescrição do Cloridrato de Sibutramina seja feita mediante termo de responsabilidade do prescritor, além de constar na lista de medicamentos controlados enquadrados na portaria SVS/MS nº 344/98 (Anvisa RDC 13/2010), porém em nosso estudo 56,1% dos voluntários utilizaram a medicação sem ser com indicação médica, o que destaca a falta de fiscalização e acesso facilitado a medicações desse tipo.

    Um ponto muito discutido atualmente é o conceito de qualidade de vida dos pacientes, a Organização Mundial de Saúde descreve a obesidade como uma epidemia global que pode levar à redução significativa da qualidade e da expectativa de vida, além de estar associada a um maior efeito na qualidade de vida com implicações na autoestima, imagem corporal e relacionamento com outros. Neste estudo quando questionados se a os efeitos adversos afetam de forma negativa a qualidade de vida dos voluntários, 24,8% afirmaram que os efeitos adversos afetam absurdamente a qualidade de vida, este número é bastante expressivo visto que a obesidade já é um fator que afeta a qualidade de vida da população.

    Em relação aos efeitos adversos neste estudo. 54,9% dos voluntários relataram sofrer com náuseas e 47,1% relataram sentir tonturas, durante o uso da medicação, o que corrobora com o estudo CRUZ (2020) e a bula, que relatam a náusea e tonturas como efeitos adversos comuns nos usuários do cloridrato de sibutramina.

    O estudo, de SILVA, (2011), afirma que o uso da medicação pode ocasionar aumento da pressão sanguínea e taquicardia, neste estudo, 38,6% dos voluntários relataram aumento da pressão arterial durante o uso da medicação e 46,4% relataram taquicardia. É válido ressaltar que a obesidade também está associada a doenças como: hipertensão arterial e doenças cardiovasculares.

    Em nosso estudo o efeito adverso de maior frequência foi cefaleia, sendo relatada por 55,6% dos voluntários, o que corrobora com o estudo de Franco RR., Cominato L., Damiani D. (2014), onde efeito adverso de maior frequência foi cefaléia, relatado por 6,8% dos pacientes.

    A bula da medicação relata a insônia como reação muito comum, ocorrendo em uma frequência >1/10, em nosso estudo a insônia foi o terceiro efeito adverso mais relatado, afetando 49,7% dos voluntários.

    Nota técnica nº 01 / 2010 lançada pelo conselho federal de farmácia, alerta que o uso do cloridrato de sibutramina está associado a depressão, incluindo ideação e tentativa de suicídio, em nosso estudo 20,3% dos voluntários relataram ter pensamentos suicidas durante o uso da medicação.

    Cruz (2020) cita que grande parte dos pacientes obesos sofrem de ansiedade, a bula da medicação considera a ansiedade como reação comum, acometendo (> 1/100 e < 1/10) dos pacientes, em nosso estudo 47,1% dos voluntários relataram sofrer com ansiedade.

    Os estudos de Souza AKA, Araújo ICR, Oliveira FS (2021) e Padwal R, Li SK, Lau DC (2004) afirmam que a diminuição de peso causada pelo uso do cloridrato de sibutramina é discreta, Nota técnica nº 01 / 2010 lançada pelo conselho federal de farmácia também aponta que a redução de peso ao utilizar o cloridrato de sibutramina é modesta, o que corrobora com nosso estudo pois 73,2% dos voluntários não obtiveram melhora do quadro.

    No estudo de SOARES, et al. (2011) 57,6% estavam satisfeitas com a perda de peso. No mesmo estudo, dos 45,5% indivíduos que apresentaram perda de peso de 5kg a 10kg e 42,4% ainda estavam insatisfeitos.

    Ao cruzar os dados de todos os voluntários que atingiram o resultado desejado, apenas 59% ficaram satisfeitos, sendo assim, 41% dos voluntários ficaram insatisfeitos com o tratamento, isso pode estar diretamente relacionado aos efeitos adversos apresentados durante o tratamento e o quanto isso afetou a vida dos pacientes de forma negativa.

    Quando questionado aos voluntários que não obtiveram o resultado desejado, se fariam uso da medicação novamente, 29,7% das mulheres e 15,8% dos homens afirmaram que voltariam a utilizar a medicação novamente, o que pode estar relacionado ao desejo por atingir o padrão de peso e corpo ideal, imposto pela sociedade, o que influencia no uso de medicações para emagrecer.

    10. CONCLUSÃO

    Atualmente a busca pelo padrão de imagem corporal tem um grande impacto nas escolhas relacionadas à perda de peso, podendo levar as pessoas a iniciarem o uso de medicamentos. Ao analisar os resultados obtidos em nosso estudo, podemos concluir que o grupo que mais fez uso do cloridrato de sibutramina foi de mulheres entre 24 e 29 anos, porém o grupo que mais atingiu o resultado desejado foi de mulheres entre 18 e 23 anos, nesse caso a idade tem grande interferência devido a ação do metabolismo e suas mudanças fisiológicas que ocorrem ao longo da vida.

    Com relação ao resultado da medicação, podemos concluir que a mesma tem baixa eficácia pois 73,2% dos voluntários não obtiveram o resultado desejado e os voluntários que obtiveram resultado, apenas 15,7% ficaram satisfeitos, são números relevantes tendo em vista todos os efeitos adversos que a medicação pode proporcionar.

    Os dados obtidos nos fazem concluir que a segurança da administração da medicação é incerta, pois efeitos adversos como ansiedade e pensamentos suicidas são de grande relevância e os mesmos são relatados em 47,1% e 20,3% dos voluntários respectivamente, analisando também o aumento da pressão arterial relatada por 38,6% dos voluntários e a medicação que é destinada a pacientes obesos onde os mesmos já apresentam doenças cardiovasculares como aumento da pressão arterial, sua administração traz maiores riscos a esses pacientes.

    Concluímos também que as medidas adotadas pela ANVISA para controle da medicação são ineficientes, visto que 56,1% dos voluntários adquiriram a medicação sem receituário / indicação médica, o que se torna preocupante pois o cloridrato de sibutramina está ligado a efeitos adversos consideráveis e requer uma administração mais segura e acompanhamento médico durante o uso, para melhor controle das reações.

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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