REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th102412241131
Hernando Javier Paez1
Natália Oliveira Firmo2
Damião Evangelista Rocha3
Resumo
Este artigo analisou a esquizofrenia por meio de uma revisão literária, abordando suas comorbidades e prognóstico. A esquizofrenia é um transtorno psicótico multifatorial que rompe com a realidade e causa sofrimento ao indivíduo, com fatores genéticos e ambientais contribuindo para seu desenvolvimento. O conceito foi desenvolvido por Eugen Bleuler (1857-1939) com contribuições de Emil Kraepelin (1856-1926). Os sintomas incluem categorias positivas, como delírios, alucinações e transtornos de pensamento, e negativas, como embotamento emocional, perda de interesse e déficit afetivo. Também há comprometimento cognitivo significativo. No campo neurológico, destaca-se a hipótese dopaminérgica, que aponta uma hiperatividade cerebral em regiões como o mesolímbico, tálamo e hipocampo. O método de pesquisa foi realizada com base em fontes primárias e secundárias, como livros, artigos científicos e documentos de bases acadêmicas confiáveis, incluindo Scielo, Google Acadêmico e Pepsic.com, além de relatórios oficiais, como os do Ministério da Saúde. Os termos utilizados na busca foram: “Comorbidades”, “Esquizofrenia”, “Saúde mental” e “Psicologia”. O estudo teve como objetivo elencar as características dos sintomas e destaca a relevância de compreender as múltiplas dimensões da esquizofrenia para aprimorar sua abordagem clínica e terapêutica. Os resultados apontam para algumas problemáticas que tendem a dificultar as ações que possam produzir uma melhora no paciente, como os estigmas criadas pela sociedade, levando a excluir estes indivíduos, porém, um tratamento multidisciplinar tem dados bons resultados.
Palavras chaves: Esquizofrenia; Comorbidades; Psicologia; Saúde Mental.
- Introdução
As histórias que evocam o surgimento da Psicologia, remontam tempos antigos, que instigaram homens para as questões que prevaleceram e impulsionaram para o desenvolvimento do estudo da mente do homem. A construção da Psicologia como ciência, a simples vista pode parecer antiga, mas, tem uma história relativamente recente, porém, com uma imensa gama de conhecimentos teóricos e práticos Hothersall (2019).
Segundo David Hothersall (2019) descreve que em comparação com as ciências já estabelecidas como a astronomia, a anatomia, a física, a química e a fisiologia, a Psicologia tem de fato, uma história curta, mas como observou Ebbinghaus, a curta história foi complementada por um passado longo, muitas das suas questões e preocupações podem ser rastreadas até o mundo do Antigo Egito, da Grécia e da Roma. (Hothersall, 2019). Isso evidencia que a Psicologia já se manifestava há tempos, uma vez que, desde épocas remotas, a subjetividade despertava intenso interesse e atenção.
Sua evidência pode ser atestada na presença, em quase todas as línguas, da primeira pessoa do singular (eu); na reflexividade operada pelo pensamento de Descartes ao concluir que, não podendo duvidar de que duvidava, haveria um “eu” que pensa, fazendo aparecer uma noção de sujeito que se torna o primeiro princípio da realidade; e nas teologias, filosofias e metafísicas que divinizaram e tornaram absolutos o sujeito e a subjetividade (João e Ribeiro, 2019).
Para isso é necessário ter em mente que “psicologia” é um termo composto, de raiz grega, que envolve os substantivos psykhé e logos, ambos frequentemente utilizados na Grécia antiga (Araujo, 2021). Desde então a Psicologia aparece como uma nova ciência que visa a mente. Essa questão aponta para a raiz da palavra Psicologia. Saulo de Oliveira Araujo (2021) sintetiza que num sentido mais geral, então, o termo “psicologia” remete a duas coisas: à psykhé e ao seu estudo.
Ao longo da história da Psicologia, surgiram progressivamente métodos, estratégias e abordagens voltadas para pesquisar, observar e estudar o comportamento humano, com o objetivo de desenvolver intervenções que beneficiassem os pacientes de maneira comparável à Medicina, utilizando soluções cuja eficácia fosse cientificamente comprovada (João, Ribeiro, 2019).
Nas ciências humanas e sociais, a concepção de sujeito foi muitas vezes obliterada. No caso da psicologia, chegou a ser substituída por estímulos, respostas e comportamentos. Na história, foi desconsiderada pelos determinismos sociais. Na antropologia, foi enterrada pelo estruturalismo (João e Ribeiro, 2019).
A Psicologia hoje está bem estabelecida como ciência e profissão, e os psicólogos são proeminentes em muitas áreas da vida contemporânea (Hothersall, 2019). A Psicologia não tem apenas um objeto de estudo, mas uma infinidade de perspectivas. Desta forma a Psicologia vai se consolidando e se constituindo como uma ciência de extrema relevância que tem como objeto de estudo o comportamento humano e as ações da mente na qual interfere na saúde mental.
A saúde mental tem uma influência profunda e abrangente na nossa qualidade de vida. Muitas pessoas ainda não compreendem completamente o que é saúde mental e como ela é crucial para o bem-estar geral. Entender a saúde mental como algo que envolve o corpo, as emoções e a forma como interagimos ajuda a ver que todos têm um papel importante em cuidar do bem-estar de todos, cuidando de nós mesmos e apoiando uns aos outros (Brasil, 2024).
Afeta praticamente todos os aspectos do nosso dia a dia, desde como nos sentimos sobre nós mesmos até como interagimos com os outros e lidamos com os desafios.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde é definida como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas como a ausência de doença ou enfermidade. Segundo Gaino et al. (2018), essa definição, apresentada em 1946, foi inovadora e ambiciosa, pois ampliou o conceito tradicional de saúde ao incluir dimensões físicas, mentais e sociais, oferecendo uma visão mais abrangente e holística. Ter uma boa saúde mental não significa ausência de transtornos ou dificuldades emocionais, mas sim a habilidade de gerenciar esses desafios de forma adaptativa.
Segundo o Ministério de Saúde (2024) A saúde mental não é algo isolado, é também influenciada pelo ambiente ao nosso redor. Isso significa que se deve considerar que a saúde mental resulta da interação de fatores biológicos, psicológicos e sociais. A todo instante esta interação ela e consistente que permeia o indivíduo e de acordo ao cenário exposto a saúde mental ou pode ser positivo ou pode ser negativo.
No atual processo de globalização, cada vez mais diversas atividades exigem um enorme esforço mental e físico dos seres humanos, o que reflete diretamente na saúde mental de cada indivíduo (Pollis, et al, 2019). Portanto, tendo em consideração o quão importante e de como isso influencia no bem-estar do indivíduo se faz necessário compreender as suas demandas, entender especificamente os transtornos de personalidade que interfere na saúde mental.
Dentre os diversos transtornos de personalidades existentes, será destacada as comorbidades associadas à esquizofrenia e do seu prognostico, e como esses processos afetam no individual e no social. O conceito da esquizofrenia passou diversas mudanças por intermédio de estudos, pesquisas, análises até sustentar-se como e conhecida na contemporaneidade. A esquizofrenia, enquanto condição mental, possui um histórico longo e complexo, sendo considerada um transtorno crônico e grave.
De acordo com o manual, os transtornos dessa categoria apresentam em comum alterações em um ou mais dos cinco domínios: presença de delírios, de alucinações, pensamento e discurso desorganizado, comportamento motor grosseiramente desorganizado ou anormal e sintomas negativos (alterações cognitivas, na volição, humor e outros déficits) (Silva e Faria, 2023).
Está associada à perda da lógica na linguagem e a crenças irracionais, caracterizando-se por distorções no pensamento, nas percepções e nas emoções. No passado, gerou grande repercussão e preconceito entre a sociedade e desafio para os profissionais da época. O que entendemos por esquizofrenia hoje é o resultado de um conceito que passou por muitas transformações ao longo do tempo.
É possível citar alguns cientistas que se destacaram ao se dedicarem aos estudos sobre doenças mentais, como demência e esquizofrenia, entre eles Emil Kraepelin (1856-1926) e Eugen Bleuler (1857-1939), além de outros que contribuíram significativamente para o amplo espectro da esquizofrenia como o psicólogo soviético, Lev Vygotsky (1896-1934), foi um dos primeiros a tentar buscar uma explicação para a esquizofrenia (Costa e Peres, 2018).
Mas foi psiquiatra suíço, Eugen Bleuler quem introduziu o termo e o conceito de esquizofrenia. Em sua crítica à descrição do fenômeno como uma “demência precoce”, Bleuler considerou os fatores psicológicos e sociais junto com os processos neurobiológico (Costa e Peres, 2018).
Vale ressaltar conforme elenca Antônio Henrique Ferreira Melo e Fernando Freitas (2023) que o termo “Esquizofrenia” foi cunhado com base nas pesquisas e estudos de Bleuler em 1911, ao descrever a divisão que ocorre na mente, anteriormente denominada “demência precoce” nos estudos de Kraepelin.
Kraepelin Ao longo das sucessivas edições da sua obra seminal, ele reconheceu que colocou sob o termo dementia praecox uma diversidade de quadros clínicos articulados sob nove diferentes ‘formas clínicas’. Então, apesar da pluralidade dessas formas clínicas, para Kraepelin, elas compartilhavam alguns aspectos fundamentais que justificavam o conceito da dementia praecox como única entidade nosológica, sendo tais aspectos o déficit cognitivo e a disfunção executiva (Melo e Freitas, 2023)
Tais estudos, corroboraram para uma compreensão ainda mais especifica sobre as comorbidades da esquizofrenia e à medida em que os estudos avançavam observavam-se mais detalhes nas comorbidades.
Até que Schneider em 1887 auxiliou na identificação de sinais para a elaboração do diagnóstico classificando-os em sintomas de primeira ordem (SPO), sendo: ouvir os próprios pensamentos soando alto; escutar vozes sob a forma de argumento e contra-argumento; escutar, com comentários, vozes que acompanham as próprias atividades; ter roubo do pensamento e outras formas de influência do pensamento; ter percepção delirante, entre outros sintomas (Junior, et al, 2021).
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) define a esquizofrenia dentro de uma categoria nomeada de “transtornos do espectro da esquizofrenia e outros transtornos psicóticos” entre outros transtornos psicóticos e transtorno (da personalidade) esquizotípica. E ressalta que esses transtornos são definidos por anormalidades em um ou mais dos cinco domínios a seguir: delírios, alucinações, pensamento (discurso) desorganizado, comportamento motor grosseiramente desorganizado ou anormal (incluindo catatonia) e sintomas negativos.
Vale ressaltar que o prognóstico da esquizofrenia varia amplamente de pessoa para pessoa. Segundo Queiroz, et al (2018) o quadro clínico é bastante heterogéneo, complexo e nem sempre facilmente perceptível. E depende de fatores como a gravidade dos sintomas, a resposta ao tratamento e a presença de suporte social. Muitos pacientes podem apresentar surtos psicóticos recorrentes, períodos de remissão parcial ou total, ou uma combinação de ambos.
As alucinações e delírios, sintomas clássicos do espectro da esquizofrenia, podem prejudicar significativamente a interação social, levando ao isolamento e à marginalização. Além disso, o estigma social associado à esquizofrenia muitas vezes exacerba o sofrimento psicológico, prejudicando ainda mais a autoestima e o bem-estar emocional.
Segundo Ailton Pereira da Silva, et al, (2019) Sabe-se que, no campo da atenção às pessoas com transtornos mentais, a rotulação de louco e a exclusão ao longo dos anos trouxeram repercussões negativas a este grupo considerado incapaz de desenvolver hábitos e atitudes sociáveis.
Segundo a OMS (Organização Mundial das Nações) e um transtorno que afeta aproximadamente 1% da população mundial, apresentando um impacto significativo no prognóstico e na qualidade de vida dos indivíduos acometidos. A OMS ainda enfatiza que dados importantes sobre a quantidade da população afetada ao longo do tempo devem ser evidenciada.
Embora a prevalência da doença seja de aproximadamente 1% nos estados unidos, os esquizofrênicos ocupam 25% de todos os leitos dos hospitais e representam 50% de todas as internações hospitalares. Segundo Ministério de saúde (2024) são cerca de 1,6 milhão de brasileiros que, além da doença, sofrem com o estigma.
O diagnóstico de esquizofrenia é, muitas vezes, difícil, já que para além de ser longitudinal assenta principalmente na história clínica e na observação psicopatológica (Queiroz, et al, 2018). Por outro lado, a detecção precoce e o tratamento adequado, incluindo medicação antipsicótica e intervenções psicossociais, podem melhorar o prognóstico, reduzindo a gravidade dos sintomas e a frequência dos surtos.
Esta pesquisa tem como objetivo traçar um panorama geral sobre a esquizofrenia e seus estudos iniciais, além de apresentar e discutir novas perspectivas de tratamento e sua disseminação. O intuito é incentivar futuros trabalhos que busquem desenvolver tratamentos integrados, conclusivos e adequados para essa condição.
- REFERENCIAL TEORICO
2.1 Aspecto geral da Esquizofrenia
“A esquizofrenia é um transtorno mental grave e incapacitante que tem como critérios diagnósticos sintomas positivos, negativos, discurso e pensamento desorganizado ou catatônico” (Tostes, et al, 2020) o que afeta a qualidade de vida dos pacientes. E sempre um desafio compreender o seu desdobramento, na evolução e no fator desencadeante da esquizofrenia no aspecto comportamental, social e biológico.
Seus sintomas iniciais podem ser graduais ou agudo. Porém, em boa parte das pessoas, o desfecho é lento e com vários sinais e sintomas, podendo ou não ser precedido ou desencadeado por fatores estressantes. (Junior, et al, p. 22628, 2021).
Cabe elencar as ações fisiológicas da esquizofrenia. Biologicamente as funções cerebrais passam por uma total desordem o que interfere no comportamento. Conforme trás Tostes et al, (2021) “A heterogeneidade dos sintomas psicóticos pode estar relacionada ao envolvimento de diversas regiões cerebrais que se interconectam”.
Estas funções nas vias cerebrais, dão um panorama do que ocorre fisiologicamente. Na “fisiopatologia da doença, a teoria mais aceita até então, é a hiper dopaminérgica” (Junior, et al, 2021). Segundo essa teoria, o cérebro apresenta uma atividade intensa do hormônio da dopamina (D2) que foi comprovada mediante resultados realizados por estudos neurobiológicos.
Isso porque a disfunção na esquizofrenia é eminentemente dopaminérgica. Sendo assim, boa parte dos sintomas esquizofrênicos são resultante do estado de hiperatividade dopaminérgica cerebral, isso em uma visão neurobiológica. (Junior, et al, p. 22628, 2021).
Esta dinâmica das vias cerebrais altera justamente o sistema mesolímbico, essencial para o processamento de recompensa, motivação, emoções e aprendizado. “Em conformidade com essa hipótese, entende-se que o excesso de liberação de dopamina na via mesolímbica está fortemente associado a sintomas positivos da doença” (Tostes, et al, 2020). A estrutura cerebral composta pelo sistema límbico tem também o Hipocampo e o Tálamo que são diretamente afetados por essa hiperatividade em função da dinâmica dopaminérgica.
A disfunção nas conexões entre hipocampo e o tálamo e a hiperativação desta região, bem como entre o estriado e o hipocampo, tem sido associada às alucinações auditivas. Com isso, a conexão disfuncional tálamo-cortical, principalmente com o hipocampo, pode dificultar representações internas ou externas do processo auditivo. (Amad, et al, 2014, apud, Tostes, et al, p. 106, 2020).
Esta hiperatividade dopaminérgica compromete de forma acentuada seu aprendizado, as emoções e suas motivações, Tostes et al, (2020) enfatiza que “o excesso de liberação de dopamina na via mesolímbico está fortemente associado a sintomas positivos da doença.” que são responsáveis pelos sintomas de alucinações e delírios quando em uma ação disfuncional.
Por outro lado, alterações em outras vias de neurotransmissão dopaminérgica, que comumente se associam a diminuição da motivação, aprendizado e busca por recompensas, caracterizam os sintomas negativos. Essa desregulação dopaminérgica associada aos sintomas negativos já pode estar presente antes mesmo do início dos sintomas psicóticos emergirem, como demonstram alguns estudos. (Stepnicki, Kondej, & Kaczor, 2018, apud Tostes, et al, p. 106, 2020).
Os desafios referentes as comorbidades da esquizofrenia perduram até os dia atuais. As suas comorbidades inclusive podem ser associadas com outras patologias, “É importante salientar que todos os sintomas e sinais da esquizofrenia são também encontrados frequentemente noutras patologias psiquiátricas e neurológica”. (Queirós, et al, 2019).
A esquizofrenia tem sido relatada como uma enfermidade complexa e multifatorial que engloba transtornos com etiologias heterogêneas, sendo identificada em todas as classes sociais e raças, em toda a população mundial sendo mais incidente no sexo masculino (Cadilho et al, p.102, 2023).
Importante destacar que os sintomas positivos e sinais negativos, que afetam o comportamento do paciente, tornam-se evidentes em função da constante mudança no estado de humor, do desinteresse pelas atividades diárias, do lazer, da socialização.
Tiago Queirós, et al, (2019) descrevem que classicamente podemos dividir os sintomas da esquizofrenia em sintomas positivos, negativos e em outros sintomas (cognitivos e afetivos). Os sintomas positivos ou produtivos estão associada aos delírios e alucinações.
sintomas positivos (também designados por sintomas produtivos) são os sintomas presentes de forma mais visível nas fases de descompensação aguda da doença e incluem classicamente os delírios e as alucinações. São também incluídas neste conjunto outras alterações do pensamento, discurso ou comportamento. Genericamente os delírios são definidos como uma crença individual falsa que é irredutível perante argumentação lógica, não partilhada por um grupo de pessoas da mesma cultura e de conteúdo implausível. (Queirós, et al, p. 71, 2018).
Os sinais positivos são uma característica clássica da esquizofrenia. Os delírios mais comuns nos doentes com esquizofrenia são o delírio persecutório (Queirós, et al, 2018). Estes delírios afetam a ponto de terem uma crença irracional de uma percepção disfuncional, “ideias de prejuízo contra si” além do persecutório outras características também aparecem.
Portanto os sintomas positivos são associados a alucinações, auditivas, olfativas, visuais, táteis e somáticas e sinais negativos, alogia, pobreza de fala, pobreza de conteúdo de fala, bloqueio de pensamento (Cadilho, et al, p. 2023).
No artigo revisado, é feita uma distinção entre sintomas positivos, que incluem experiências como alucinações e delírios, e sintomas negativos, “Classicamente os sintomas negativos são um conjunto de sintomas que representam a perda ou diminuição das funções normais” (Queirós, et al, 2019). Caracterizados por déficits como embotamento afetivo e falta de iniciativa. Tiago Queirós, et al, (2019) acrescenta que “Os sintomas negativos podem ser primários (resultantes da própria evolução da esquizofrenia)”.
sintomas negativos, incluindo baixa motivação e expressão verbal e não verbal diminuídas, além de comprometimento cognitivo. Além da sintomatologia citada, também é possível ocorrer discurso e comportamento desorganizados, bem como catatonia ou agitação. (Tostes, et al, p. 105, 2020).
“Geralmente são os sintomas positivos que levam o paciente a procurar tratamento”, elenca Jorge Gelvane Tostes, et al (2020). Para o tratamento e preciso uma ação de prevenção, Artur Gevásio Lira da Silva e Mariana Gonçalves Farias (2023) destacam que “Devido a sua cronicidade, não há possibilidade de cura”. Baseado nisso, as intervenções deverão ser realizadas tanto em um tratamento psicofármaco como em psicoterapia entre outros.
logo as intervenções frente a esquizofrenia visam a melhoria da qualidade de vida e a estabilização dos sintomas positivos e negativos, o que envolve o uso de psicofármacos, psicoterapia e abordagens de cunho psicossocial (Barlow e Durand, 2008, apud, Silva e Farias, p.63, 2023).
Os tratamentos psicofármacos são essenciais para a esquizofrenia, pois, “boa parte dos sintomas esquizofrênicos são resultante do estado de hiperatividade dopaminérgica cerebral” (Junior, et al, 2021). Os resultados se mostram favoráveis, pois regulam os sintomas positivos e negativos.
Nesse sentido, com os resultados da observação da melhora dos sintomas esquizofrênicos com uso dos neurolépticos, que bloqueia os receptores dopaminérgicos (D2) que estão localizados nas áreas límbicas, neocorticais e núcleos da base do cérebro que se válida a teoria hiper dopaminérgica. (Junior, et al, p. 22629, 2021).
Outro ponto a ser destacado e o fato de que, além dos sintomas positivos e negativos a cognição e afetada de forma mais acentuada e consistente. Isso implica em uma disfunção severa e o indivíduo passa a ter limites nas suas habilidades no conhecimento.
Ainda que os sintomas positivos e negativos oscilem no curso da doença, os déficits cognitivos persistem e podem estar ligados à perda funcional e não obrigatoriamente aos sintomas clínicos. (Pek, et al, 2019, apud, Tostes, et al, 2020).
Portanto, a esquizofrenia como uma condição psicótica considerada grave, outra consequência e que o indivíduo fique como que estagnado nos seus avanços do seu aprendizado. Tostes et al (2020) enfatiza que “A incapacidade funcional nesse transtorno pode abranger um conjunto de déficits adaptativos que se acumulam, resultando em uma diminuição da qualidade de vida.”
- Metodologia
Este trabalho baseou-se em pesquisa bibliográfica, com levantamento de fontes primarias e secundarias em livros, artigos científicos e documentos disponíveis em base de dados acadêmicas. Essa modalidade de pesquisa é adotada, praticamente, em qualquer tipo de trabalho acadêmico-científico, uma vez que possibilita ao pesquisador ter acesso ao conhecimento já produzido sobre determinado assunto. (Brito, Oliveira e Silva, 2021).
As fontes foram selecionadas a partir dos seguintes critérios, relevância para o tempo proposto, publicação nos últimos seis anos, indexação em bases de dados confiáveis, Scielo, Google Acadêmico, Pepsic.com. Sites oficiais, Ministério da Saúde para obtenção de relatórios com os dados estatísticos, dissertações, teses e livros, sendo utilizados os termos de busca: “Comorbidades”, “Esquizofrenia”, “Saúde mental”, “Psicologia”.
Desta forma, se obtém as fontes primarias que permitirá a construção da pesquisa. Já com relação à pesquisa qualitativa está possui referências de qualidade nas informações expostas. Se há a intenção de realização de um estudo com ênfase no conhecimento de determinados aspectos de natureza subjetiva, que não podem ser traduzidos em números, o tipo de abordagem será qualitativa. (Brito, Oliveira e Silva, 2021).
Assim, são estudos mais profundos que se concentra nas inúmeras possibilidades de se estudar os fenômenos que envolve o ser humano. Ademais, a pesquisa qualitativa apresenta como objetivo a descrição completa e detalhada do objeto de estudo.
- Resultados e Discussão
O presente estudo e diante do que foi exposto apresenta uma abordagem histórica e contemporânea sobre a esquizofrenia, enfatizando os avanços na compreensão, diagnóstico, e tratamento dessa condição mental complexa. A discussão ressalta os principais marcos históricos e as transformações no conceito da esquizofrenia, desde as primeiras descrições de Emil Kraepelin e Eugen Bleuler até as abordagens atuais que incluem perspectivas biológicas, psicológicas e sociais.
A compreensão da importância em analisar as comorbidades e o impacto social do espectro da esquizofrenia, faz parte de um processo histórico da humanidade, constituída de significados indissociáveis dentro dos parâmetros considerados relevantes para o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento.
A construção histórica da esquizofrenia demonstra o esforço contínuo da comunidade cientifica em definir e compreender a condição. A evolução do termo, desde a “demência precoce” até a esquizofrenia ilustra mudanças fundamentais no entendimento das bases neurobiológicas e psicossociais do transtorno.
Existem fatores que contribuíram negativamente para o enfrentamento ou para o tratamento da esquizofrenia. “Sabe-se que a esquizofrenia se apresenta como um problema de saúde pública, de evolução crônica e marcada pela desorganização dos processos mentais e pelo forte estigma social” (Silva, et al, 2019).
As consequências diante deste cenário foram de sofrimento, de falta de empatia, preconceito social, inclusive levando a ter pouca atenção das políticas públicas, dando um déficit relevante nos investimentos tanto financeiro quanto profissionais nesse setor da saúde pública, ou seja, o de se ter um olhar de compaixão.
Somente, após, intermediação por parte dos movimentos que foram sendo organizados chamando a atenção para o descaso na saúde mental por parte das autoridades políticas e por profissionais da saúde como médicos e psiquiatras que corroboraram para uma mudança significativa.
Durante décadas indivíduos que apresentavam as comorbidades da esquizofrenia sofriam com o transtorno em si, que ocasionou o estigma social, o afastamento do convivo social, por isso, deveriam de ser internado, mas, em hospitais psiquiátricos e manicômios, onde o trato era completamente desumanizado.
Embora os sintomas positivos sejam mais evidentes e frequentemente leve o paciente a buscar tratamento, os sintomas negativos e déficits cognitivos representam desafios contínuos, dificultando a reintegração social.
Dessa forma, o prejuízo cognitivo impacta significativamente as atividades da vida cotidiana dos portadores da doença, uma vez que, embora os sintomas psicóticos da esquizofrenia possam se apresentar episódicos, os prejuízos cognitivos podem ser estáveis por toda vida dos pacientes, independentemente da gravidade e fase do quadro clínico (Monteiro e Louzã, 2007, apud, Tostes, et al, 2020).
Dentre os grupos historicamente excluídos desse sistema, têm-se as pessoas com transtornos mentais e comportamentais que, por vezes, foram negligenciadas pelas políticas públicas de saúde, mediante abordagens e práticas marcadas pelo isolamento social. (Silva, et al, p. 02, 2019).
Isso tem gerado, ao longo da história, um enorme sofrimento tanto para os familiares quanto para os próprios indivíduos que convivem com o transtorno psiquiátrico. Portanto, a esquizofrenia não afeta apenas a saúde mental do indivíduo, mas também sua interação social e qualidade de vida.
Sabe-se que, no campo da atenção às pessoas com transtornos mentais, a rotulação de louco e a exclusão ao longo dos anos trouxeram repercussões negativas a este grupo considerado incapaz de desenvolver hábitos e atitudes sociáveis (Silva, et al, p. 02, 2019).
A inclusão de fatores psicológicos e sociais nas descrições de Bleuler representou um avanço ao expandir o conceito de esquizofrenia para além dos processos puramente neurobiológicos.
As intervenções terapêuticas incluem uso de medicamentos antipsicóticos, que bloqueiam os receptores dopaminérgicos, e abordagens psicossociais, como psicoterapia e reabilitação psicossocial. Esses tratamentos visam estabilizar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
No entanto, o estudo enfatiza a necessidade de terapias integradas que considerem as múltiplas dimensões da esquizofrenia, incluindo fatores, biológicos, psicológicos e sociais. O estudo ainda destaca a importância da detecção precoce e do manejo adequado do transtorno, com foco em estratégias que reduzam o impacto dos déficits cognitivos e promovam a funcionalidade do indivíduo.
- Considerações Finais
A esquizofrenia permanece como um dos maiores desafios na psiquiatria contemporânea, dada a sua complexidade e impacto abrangente na vida dos indivíduos. Este artigo reforça a relevância de uma abordagem multidimensional para o estudo e manejo do transtorno integrando avanços históricos neurocientíficos e psicossociais.
A esquizofrenia, que foi conceituada por Eulen Bleuger (1911), apresentam sintomas negativos e positivos, sendo associada a alterações dopaminérgicas e prejuízo nas funções cognitivas, emocionais e sociais além do comportamento alterado.
No entanto o estigma e a exclusão social ainda constituem barreiras significativas ao tratamento e à reintegração desses indivíduos. Geralmente nestes tratamentos incluem realizar tarefas simples como uma exposição gradativa nos ambientes externos onde haja presença de outras pessoas, lazer, estimular um aprendizado lúdico, atividades físicas e em virtude dos efeitos colaterais das medicações que afetam a coordenação motora, predispõe ao aumento de peso, ao sedentarismo, e consequentemente podem ter infarto agudo do miocárdio (IAM), desenvolver diabetes, portanto o portador da esquizofrenia tem de ser um tratamento multidisciplinar.
O aprofundamento no entendimento da esquizofrenia e suas comorbidade assim como seu prognostico é fundamental para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas mais eficazes e para redução do estigma associado a condição.
O manejo da esquizofrenia embora complexo, tem avançado com a introdução de psicofármacos, psicoterapias e abordagens sociais, visando à estabilização dos sintomas e à melhoria da qualidade de vida dos pacientes (Silva e Farias, 2023).
Com base na pesquisa realizada, e enfatizado a importância de investigações contínuas que ampliem a compreensão sobre a esquizofrenia e explorem as abordagens integradas e inovadoras.
A interdisciplinaridade no tratamento e a disseminação de informações sobre a saúde mental são essenciais para reduzir preconceitos e melhorar o cuidado com os pacientes, assim este trabalho reforça o papel da Psicologia como ciência fundamental para compreender e transformar a realidade humana.
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1 Graduando em Psicologia pelo Centro Universitário São Roque. E-mail: hernandopaez041@gmail.com
2 Graduanda em Psicologia pelo Centro Universitário São Roque. E-mail: nataliaoliveira2122@outlook.com
3 Mestre em Psicogerontologia pelo Instituto Educatiehoog de Ensino e Pesquisa. Docente de Graduação no Centro Universitário São Roque. E-mail: damiao.rocha@unisaoroque.pro.br