COMO TORNAR A LEITURA DOS CLÁSSICOS ATRAENTE NO ENSINO FUNDAMENTAL

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202501131408


Ereni Barbosa Agemina; Socorro Elis De Oliveira Pereira; Suely Do Socorro Barbosa Ferreira; Orientadora: Profra. Ma. Malena Vidal dos Santos.


RESUMO    

Este projeto de pesquisa tem como principal objetivo buscar entender e sugerir técnicas de ensino possam despertar o interesse e a curiosidade dos alunos de uma determinada escola, pelos clássicos da literatura e ajudem a compreender a função da literatura em promover o desenvolvimento cultural, emocional e moral. Ao mesmo tempo, os alunos serão capacitados a aumentar seu vocabulário e desenvolver seu pensamento crítico. A relevância desta pesquisa é científica por causa da tendência geral de subestimar o papel da literatura nas escolas. Acreditamos que a literatura pode tornar o processo de aprendizado muito mais significativo para os alunos.

PALAVRAS-CHAVE: Literatura Clássica; Aprendizado; Técnicas;

1. INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO TEMÁTICA

É através da literatura que somos capazes de explorar as nossas próprias emoções, lidar com dilemas morais, enriquecemos histórica e culturalmente, além disso, estimula nosso cérebro a desenvolver o senso crítico e também estimula a imaginação e a criatividade, a literatura contribui significativamente para que possamos desenvolver habilidades linguísticas como a interpretação, a compreensão e a reflexão.

Zilberman (1991, p. 9), relata que o desafio de enfrentar a concorrência dos meios de comunicação de massa que, embora tenham uma maior capacidade de captar uma audiência, não conseguem, nem mesmo em termos relativos, alcançá-la. A literatura ou qualquer outro material dependente da transmissão escrita é incapaz de atingir esse objetivo.   

Ou seja, introduzir a leitura dos clássicos literários e torna-los atrativos para os estudantes do ensino fundamental, pois é algo bastante desafiador, pois nos deparamos com diversos meios de entretenimento virtual, como jogos, redes sociais, plataformas de streaming, aplicativos de músicas, entre vários outros.   

1.2 ASPECTOS CONTEXTUAIS/CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA   

Este pré-projeto de pesquisa, visa buscar formas de estimular os alunos do Ensino Fundamental II, pertencentes a Escola Pública X (a ser definida), praticarem letramento literário dentro da sala de aula.   

O tipo de pesquisa utilizada será a pesquisa de campo interventiva , pois é o método que segundo Spink (2003, p. 36) não “vamos” ao campo quando fazemos pesquisa de campo. Como estamos familiarizados com o assunto, já estamos em operação. O objetivo é nos aproximar psicossocialmente e geograficamente das interseções e interfaces críticas do campo-tema onde as práticas discursivas se confrontam e se tornam mais identificáveis.    

1.3 PROBLEMATIZAÇÃO DA PESQUISA   

O maior desafio para tornar a leitura dos clássicos atraente para os alunos, sem dúvidas é falta de interesse por parte deles mesmos por obras literárias, principalmente as clássicas, além disso, Zilberman (1991, p. 9), ressalta que “[…] o Estado precisa prover os leitores com livros, equipando bibliotecas e escolas; o professor deve fazer com que os alunos leiam e gostem; aos editores compete baratear o preço das obras publicadas […]”.    

A falta de estratégias que sejam eficazes para que os clássicos da literatura possam se tornar mais atrativos para esse público mais jovem, a não adequação do próprio material didático, e preconceitos em relação a essas obras, também são grandes desafios a serem enfrentados no decorrer desta pesquisa.    

É importante ressaltar também que alguns alunos têm barreiras com os clássicos, porque as vezes até mesmo os próprios professores possuem essas barreiras, pois como Cosson (2009, p. 20), citou ter ouvido em um recente encontro de pesquisadores e alunos de pós-graduação da área de Letras “[…] as imagens hoje são muito mais importantes do que as palavras e literatura, com seus romances e poemas, deveria ser substituída como objeto de estudo por filmes, telenovelas e outros artefatos mais significativos culturalmente.”   

Desse modo, é necessário promover uma forma de abordagem que seja mais inclusiva e diversificada, para poder atender as diferentes formas de realidade e até mesmo de interesse dos alunos, pois é valido ressaltar que existem diferenças individuais de um aluno para outro.   

1.4 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA

Podemos dizer que a literatura leva o leitor a mundos imaginários, despertando nele sensações de sentimentos, como: prazer, alegria, raiva, a literatura é arte das palavras, e nos arriscamos a dizer que ela e uma das manifestações artística do ser humano, pois ela representa a comunicação, linguagem e criatividade, a literatura nos permite expressar nossos pensamentos e sentimentos através da escrita, da leitura ,da música e dança , nos permite criar,  Cosson em “Letramento Literário” fala sobre esse papel humanizador da leitura, especificamente da leitura literária:   

“Na leitura e na escritura do texto literário encontramos o senso de nós mesmos e da comunidade a que pertencemos. A literatura nos diz o que somos e nos incentiva a desejar e a expressar o mundo por nós mesmos. E isso se dá porque a literatura é uma experiência a ser realizada. É mais que um conhecimento a ser reelaborado, ela é a incorporação do outro em mim sem renúncia da minha própria identidade. No exercício da literatura, podemos ser outros, podemos viver como os outros, podemos romper os limites do tempo e do espaço de nossa experiência e, ainda assim, sermos nós mesmos. É por isso que interiorizamos com mais intensidade as verdades dadas pela poesia e pela ficção.” (COSSON, 2009, p. 17)    

Ou seja, só a literatura nos permite viver experiências incríveis, a literatura precisar ter um lugar especial nas escolas e ser vista com outros olhos, e de suma importância que nossos alunos tenham acesso a literatura.   

Mostrar os clássicos literários para os alunos é importante para promover o desenvolvimento intelectual, cultural e humano deles, oferecendo-lhes uma base sólida para a apreciação e compreensão da literatura em sua vida.   

Em se tratando do meio social, a contribuição da leitura de clássicos agrega de forma positiva aos que a praticam com frequência, e podemos citar diversas as contribuições positivas, que vai desde o primeiro contato com as letras no nas séries iniciais até mesmo o desempenho em uma jornada de trabalho de muitos anos de experiência. Seja em qual for o meio interação social, a prática de leitura apresenta a sua parcela de contribuição, leva as informações e conhecimentos adquiridos e, assim, enriquece quem ler.    

1.5 OBJETIVOS/PROPÓSITOS DA PESQUISA.    

1.5.1 Objetivo Geral:     

Desenvolver estratégias de forma criativa e adaptá-las às necessidades e interesses específicos dos alunos, para que que possa tornar a leitura das obras clássicas mais atrativa e enriquecedora para os estudantes.   

1.5.2 Objetivos Específicos:

  • Propor prática de letramento literário dentro de sala de aula;   
  • Investigar as práticas de letramento existentes na escola;   
  • Indicar atividades de letramento literário a partir dos autores ou obras que sejam de interesse dos alunos.   

1.6 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO DA PESQUISA (FORTUNA CRÍTICA)

Escolhemos três autores principais, para nos nortear ao longo desta pesquisa, sendo o primeiro Rildo Cosson, que é doutor em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais. Foi professor da Universidade Federal do Acre, Universidade Federal de Pelotas, Universidade Federal de Minas Gerais e do Programa de Pós-Graduação do Centro de Formação, Treinamento e Aperfeiçoamento da Câmara dos Deputados (Cefor/CD). Atualmente, é pesquisador do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita e professor visitante da Universidade Federal da Paraíba. A obra que utilizaremos para esta pesquisa foi publicada pela editora Contexto, e tem o título de: “Letramento literário: teoria e prática”, onde Cosson cita que a literatura só será humanizadora quando a escola deixar de distorce-la. Mas, lamentavelmente, é o que acontece nas escolas, pois no ensino fundamental, Cosson diz que os textos precisam ser curtos e além disso também precisam ser modernos e divertidos, e já no ensino médio, a leitura do texto literário é posta de lado, dando lugar apenas à parte histórica da literatura brasileira, onde exige-se somente que o aluno memorize autores, estilos bem como datas, ou seja, o ensino da literatura é falha, pois os textos literários aparecem no ensino escolar em sua maioria de forma fragmentadas e apenas para comprovar algumas características dos períodos literários.   

Adiante, utilizaremos a obra: A leitura e o ensino da literatura, de Regina Zilberman, Licenciada em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Doutorada em Romanística pela Universidade de Heidelberg, na Alemanha. É professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, onde leciona Teoria da Literatura e Literatura Brasileira. Dirigiu a Faculdade de Letras, entre 2002 e 2004, e coordenou o programa de Pós-Graduação em Letras, entre 1985 e 2004. Entre  1987 e 1991, dirigiu o Instituto Estadual do Livro, Instituição ligada à Secretaria de Cultura, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. É autora de vários livros e colabora em jornais e revistas como consultora nas áreas de Letras, Comunicação e Literatura para crianças e jovens. Zilberman (1991, p. 20), afirma que   

“Pensar a questão da formação do leitor não significa, portanto, constatar tãosomente uma crise de leitura; o tema envolve, antes de mais nada, uma tomada de posição relativamente ao significado do ato de ler, já que se associa a ele um elenco de contradições, originário, de um lado, da organização especifica da sociedade brasileira, de outra, do conjunto da sociedade burguês e capitalista”    

Portanto, é na escola onde aprendemos a ler e a escrever, conhecemos a literatura e desenvolvemos o gosto por ela, então é de extrema importância que a literatura seja abordada dentro das salas de aula.   

E por fim, Marisa Lajolo, que é pesquisadora, crítica literária, autora de literatura juvenil e professora universitária. Ministrou aula na Unicamp e hoje é professora na Universidade Presbiteriana Mackenzie.    

No livro Do mundo da leitura para a leitura do mundo, a autora apresenta uma discursão sobre a prática da leitura na escola, avaliando pressupostos e equívocos. Para Marisa Lajolo (1993,p.59):   

“Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. É, a partir do texto, ser capaz de atribuir-lhe significado, conseguir relacionálo a todos os outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que seu autor pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a esta leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo outra não prevista.”    

Para que se possa ter sucesso nas aulas de literatura clássica, é preciso rever a forma com que está sendo ensinado e até mesmo as formas de incentivo utilizadas, para que os alunos pratiquem leitura, pois o que vem sendo observado é que a leitura nas escolas está sendo praticada somente com o intuito de resolver atividades com questões previamente elaboradas    

1.7 HIPÓTESES DE PESQUISA ou RESULTADOS

O nosso objetivo, ao término desta pesquisa, é  que os clássicos se tornem atraentes para os alunos do ensino fundamental, mesmo sabendo de todas as dificuldades a serem enfrentadas, o resultado esperado é que ao final da pesquisa, consigamos fazer que pelo menos 50% dos alunos de uma turma da escola X, demonstrem interesse pela leitura dos clássicos, utilizando  formas lúdicas, que possam atrair a atenção dos estudantes, é essencial destacar também que, uma forma de estimulo, sem dúvidas, é levar em consideração os interesses dos estudantes, para assim sejam selecionados clássicos que eles tenham interesse, e consecutivamente, eles terão mais engajamento em suas leituras.    

Ler e ouvir histórias e nos dedicar a surpreender os alunos com as histórias contadas e estar sempre querendo ouvir mais e mais, pois, isso também ensina e é nesse momento que se forma o pequeno leitor, dessa forma, a leitura ganhará um espaço na vida do aluno e isso o ajudará na sua vida escolar.    

Vale ressaltar que, os professores e a escola devem estar sempre engajados em desenvolver trabalhos que a leitura esteja inserida, pois, muitos acham que a leitura não tem tanta importância, e que um momento na semana já basta, mas não podemos pensar assim a leitura completa e auxilia no currículo escolar, adicionando melhorias em todos os sentidos.   

2. PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS

2.1. DESCRIÇÃO DO OBJETO DE PESQUISA

A presente pesquisa tem como objetivo de estudo investigar e analisar o motivo dos alunos do ensino fundamental II, não mostrarem tanto interesse pela leitura literária dos clássicos. Nossa  intenção é realizar a pesquisa na Escola Municipal Piauí, localizada no bairro Fortaleza, no município de Santana – AP, atualmente atende cerca de 620 alunos do ensino regular e EJA, escolhemos uma turma de 8º ano para trabalharmos, pois sabe se que muitos alunos não gostam de aulas que envolvam a leitura, justamente por exigir maior dedicação para se ter êxito, e para lidar com essas dificuldades e para que se tenha o maior envolvimento por parte dos estudantes, é necessário que o professor esteja disposto a fazer acontecer, ou seja, para formar leitores, é preciso que o educador se apresente à turma, como um leitor atualizado e participante. Ele precisa mostrar a importância da leitura para o desenvolvimento intelectual, crítico e criativo. Sabemos que o incentivo à leitura precisa vir de casa, da família, porem para muitos, a escola tem sido a única oportunidade que o aluno tem de entrar em contato com a leitura e de conhecer as literaturas clássicas, e segundo Lajolo (1993, p.14) “O texto, em sala de aula, é geralmente objeto de técnicas e de análise remotamente inspiradas em teorias literárias de extração universitária.”, ou seja, na maioria das vezes a leitura em sala de aula se torna “chata” por ser uma leitura engessada, apenas lendo o livro para cumprir uma rotina previamente estabelecida.     

2.2 DESCRIÇÃO DO TIPO DE PESQUISA

O tipo de pesquisa utilizada será a o estudo de campo interventivo, pois segundo Gil (2002, p. 52) “[…] o estudo de campo procura […] mais aprofundamento das questões propostas do que a distribuição das características da população segundo determinadas variáveis […]”, ou seja, como o intuito deste trabalho é procurar descobrir o motivo pelo qual a leitura literária não é tão atraente para os alunos do ensino fundamental II, o tipo de pesquisa escolhido, ajudará a entender melhor o meio a ser estudado, Gil (2002, p. 53), diz ainda que: “[…] a pesquisa é desenvolvida por meio da observação direta das atividades do grupo estudado e de entrevistas com informantes para captar suas explicações e interpretações do que ocorre no grupo. Esses procedimentos são geralmente conjugados com muitos outros, tais como a análise de documentos, filmagens e fotografias.” A pesquisa poderá nos permitir enquanto pesquisadoras, realizar coleta de dados, para que possamos conhecer a realidades dos alunos envolvidos, bem como suas características, assim seremos capazes de entender qual leitura se encaixará melhor com o perfil de cada aluno da turma.    

2.3. DESCRIÇÃO DAS ETAPAS, FERRAMENTAS/SUPORTES E TÉCNICAS DE PESQUISA     

Nossa pesquisa será dividida em etapas, conforme descreveremos abaixo: Etapa 1: estudo de campo para melhor entender o panorama dos alunos da turma; Etapa 2: investigar os temas de interesses dos alunos; Etapa 3: identificar quais obras literárias poderão se encaixar na proposta de atividade interventiva, conforme os interesses dos alunos Etapa 4: indicar atividades de letramento literário a partir dos autores ou obras que sejam de interesse dos alunos.    

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA   

O referencial teórico deste projeto busca fortalecimento em obras e autores que procuram compreender os motivos que levam os alunos a obterem um interesse por literatura, principalmente a literatura clássica.    

Rildo Cosson, é o teórico que em sua obra “Letramento literário: teoria e prática” (2009), cita que a literatura só será humanizadora quando a escola deixar de distorcela, e diz ainda que os textos precisam ser curtos e além disso também precisam ser modernos e divertidos, ou seja, o ensino da literatura é falho, pois os textos literários aparecem no ensino escolar em sua maioria de forma fragmentadas e apenas para comprovar algumas características dos períodos literários.   

Zilberman (1991) também é uma referência para o desenvolvimento desde projeto, ela ressalta que “[…] o Estado precisa prover os leitores com livros, equipando bibliotecas e escolas; o professor deve fazer com que os alunos leiam e gostem; aos editores compete baratear o preço das obras publicadas […]”.    

Outra autora importante para esse projeto, é Marisa Lajolo, em seu livro “Do mundo da leitura para a leitura do mundo”, ela apresenta uma discursão sobre a prática da leitura na escola, avaliando pressupostos e equívocos. Segundo Lajolo (1993) “O texto, em sala de aula, é geralmente objeto de técnicas e de análise remotamente inspiradas em teorias literárias de extração universitária.”, ou seja, na maioria das vezes a leitura em sala de aula se torna “chata” por ser uma leitura engessada, apenas lendo o livro para cumprir uma rotina previamente estabelecida.   

No artigo “A hora e a vez da literatura: a formação de leitores nos últimos anos do ensino fundamental”, de Angela Poz, et al, é analisado como a educação visa a cidadania, bem como a formação de leitores, desse modo é feita uma análise de forma sucinta, especificamente nos últimos anos do Ensino Fundamental – 6º ao 9º ano, destacando as contribuições das literaturas infantojuvenil e clássica.   

Outro artigo bem importante que fala sobre o assunto é “Entre a leitura dos clássicos e suas adaptações: processos de hibridização presentes na literatura infantojuvenil do PNLD literário” de Betty Bastos Lopes Santos, trazendo questionamentos de Ítalo Calvino com relação à necessidade e à importância da leitura dos clássicos que nos instigaram a algumas provocações. Tais questionamentos nos fazem refletir sobre as formas de adaptação de obras da literatura brasileira para Histórias em Quadrinhos, e se elas  atendem às expectativas de leitura dos clássicos.   

Jean Foucambert, na obra “A leitura em questão” (1994), fala que em uma sociedade organizada de acordo com as classes sociais, onde a distribuição desigual dos métodos para acessar bens simbólicos reforça e revitaliza as características que excluem essa sociedade.    

É importante lembrar do artigo “Literatura infantil e formação do leitor: a utilização dos clássicos adaptados no Ensino Fundamental I e II”, de Rita de Cássia Olivério Couto et al, mencionar a positiva sobre a maneira de pensar a forma de se trabalhar obras clássicas da literatura universal, permitir que o aluno desde cedo tenha contato e amadureça em relação as mesmas.   

Além dos citados acima, utilizamos como norteadores teóricos como Piaget, que em sua obra “A construção do saber” (1950), busca explorar a teoria do desenvolvimento cognitivo, dando ênfase em como as crianças podem construir de forma ativa com conhecimento por intermédio da interação com o ambiente, ele ainda descreve os estágios do desenvolvimento intelectual e como os alunos podem abordar a leitura de livros clássicos, conforme o seu próprio nível de desenvolvimento cognitivo.   

Em “A Importância do ato de ler”, Freire (2006), afirma que o mundo é lido antes da palavra, então a leitura da palavra não pode ser interrompida pela leitura do mundo anterior. A realidade e a linguagem estão intimamente ligadas. A leitura crítica precisa ser feita para entender o texto. Isso requer entender as relações entre o texto e o contexto.   

Para que se tenha um melhor entendimento sobre o assunto em questão, é necessário também estudar um pouco sobre a literatura infantil, e para tal norteamos este trabalho em “Problemas da literatura infantil” de Meireles (1951), que cita que muitas pessoas pensam que a literatura é um passatempo, mas na verdade ela é uma nutrição. Se a crítica existisse para livros infantis, ela não deveria discriminar as qualidades de formação humana que os livros apresentam para que as crianças possam manuseá-los. Ninguém deve ser iludido pelo fato de uma criança ao pegar um livro, folheá-lo e olhar para algumas páginas.     

Em “A Formação Social da Mente”, de Lev Vygotsky, em 1934, que fala sobre a importância do contexto sociocultural no desenvolvimento cognitivo e na aprendizagem, outra obra relevante que pode quebrar tal barreira são as de literatura clássica. Portanto, essa teoria seria mais condizente à forma de apresentação que elas podem ter para os alunos, que permitem dar significado juntos e socialmente.   

Ainda em relação à teoria literária, nossa referência foi o livro de Terry Eagleton, de 1983, denominado “Teoria Literária: Uma Introdução”. Esse autor nos proporcionou uma visão bastante ampla do tema, em que o mesmo descreve quando e como surgiu o formalismo e posteriormente o marxismo, estruturalismo e pós-estruturalismo e também aborda elementos que podem ser utilizados no momento de escolher as obras a serem apresentadas aos alunos.    

Raimundo em “A mediação na formação do leitor” (2007), cita que o objetivo da escola é educar os alunos a ler, o professor é o principal executor do projeto e tem a responsabilidade de apresentar aos alunos o mundo da leitura. A forma como o professor executará essa tarefa será crucial para despertar o interesse na leitura, ou seja, é indispensável que o professor também seja um leitor, para que ele possa formar alunos leitores.    

Ainda, em Estética da Criação Verbal de Mikhail Bakhtin , a polifonia é abordada em seu conceito de muitas vozes, e várias perspectivas sobre as obras literária. Mesmo que Bakhtin  não se refira diretamente à leitura de clássicos no ensino fundamental, esses conceitos são a base para uma compreensão profunda da própria natureza da leitura e, consequentemente, para a interpretação de textos literários, especialmente clássicos.   

Finalmente usaremos “O prazer da leitura” 1975 de Michael Butor. Butor, M., neste livro, Butor fala sobre o prazer estético e emocional de ler, propõe que os textos literários podem ser do interesse dos leitores não só emocionalmente, responsavelmente, mas também do interesse o efeito imaginário, de modo a trazer a experiência significativa e tumultuada, para se referir à questão atraente e interessante.   

4. REFERÊNCIAS    

BUTOR, Michel. “O Prazer da Leitura” de Michel Butor. Editora: ÁTICA, 1975.   

BAKHTIN, Mikhail. “Estética da Criação Verbal” Editora: Martins Fontes, 2003.    

DE CÁSSIA OLIVÉRIO COUTO, Rita; CARVALHO AVELLAR, Gláucia. Literatura   Infantil e formação do leitor: a utilização dos clássicos adaptados no Ensino

Fundamental I e II. Dialogia, [S. l.], v. 8, n. 1, p. 27–34, 2009. DOI: 10.5585/dialogia.v8i1.1615. Disponível em:    https://periodicos.uninove.br/dialogia/article/view/1615. Acesso em: 19 abril. 2024.   

EAGLETON, Terry. “Teoria Literária: Uma Introdução”. Editora: Martins Fontes, 1983.   

FOUCAMBERT, Jean. A leitura em questão. Curitiba: Editora Artes Médicas, 1994.    

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 2006.    

MEIRELES, C. Problemas da literatura infantil. São Paulo, Summus, 1951.ZILBERMAN, R.; MAGALHÃES, L. C. Literatura infantil: autoritarismo e emancipação. São Paulo: Ática, 1987.______. A literatura infantil na escola. São Paulo: Global, 2003.   

POZ, Ângela; MENEZES, Beatriz Ferreira do Nascimento; LUCAS, Filiphe Chagas de; MOTA, Leidiani da Silva; CHAGAS, Theonila da Silva. A hora e a vez da literatura: a formação de leitores nos últimos anos do ensino fundamental.     

PIAGET, Jean. “A Construção do Saber”. Editora WMF Martins Fontes, 1950

RAIMUNDO, A. P. P. A mediação na formação do leitor. In: Celli – Colóquio de estudos linguísticos e literários, 3., 2007, Maringá. Anais… Maringá, 2007.   

VYGOTSKY, Lev. “A Formação Social da Mente” de Lev Vygotsky. Editora: Martins Fontes, 1934