COMO MITIGAR FALHAS NAS GESTÃO DE EMPRESAS USANDO AUDITORIAS FINANCEIRAS E CONTÁBEIS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10797161


Autor: Thalita M. Camargo13;
Co-Autores: Fábio Eiras Padrão, Camila Sousa Dias.


Keywords: Gestão empresarial; Controle financeiro; Auditoria; Gestão Eficaz.

A palavra “auditoria” tem suas raízes no termo latino “audire”, que significa “ouvir”¹. A auditoria é um procedimento que envolve a análise de todas as atividades de uma empresa, independentemente do seu tamanho, para garantir que estejam em conformidade com as normas internas da empresa, bem como as regras e regulamentos contábeis. Isso aumenta a confiabilidade das informações para os usuários. Conforme Crepaldi (2019), a auditoria é definida como o exame sistemático das transações, procedimentos, operações, rotinas e demonstrações financeiras de uma entidade².

O estudo da auditoria abrange a verificação de documentos, livros e registros contábeis para garantir a precisão e a integridade das informações patrimoniais e financeiras, tanto para uso interno quanto externo³. Com base nestes conceitos, pode-se entender que a auditoria é uma análise minuciosa das atividades e demonstrações de uma empresa, com o objetivo de assegurar a correção desses procedimentos. 

No Brasil, o desenvolvimento da prática de auditoria teve início em 1972, quando o Banco Central estabeleceu normas oficiais para fiscalizar o sistema financeiro. A obrigatoriedade da realização de auditorias foi introduzida na Bolsa de Valores através da Lei 6.385/764, após a regulamentação da Lei 6.404/76, também conhecida como Lei das Sociedades Anônimas5. Atualmente, as empresas buscam a auditoria não apenas por uma questão de exigência legal para auditar suas demonstrações contábeis, mas também pela segurança das informações que a auditoria proporciona aos seus gestores e investidores6.

A importância das auditorias financeiras e contábeis na gestão empresarial é incontestável. Essas ferramentas representam pilares fundamentais para a manutenção da saúde financeira das organizações, oferecendo diagnósticos precisos e contribuindo para a tomada de decisões estratégicas mais seguras e assertivas. No cenário empresarial atual, onde a competitividade é acirrada e os desafios são constantes, as auditorias desempenham um papel crucial na identificação e mitigação de falhas7. Através de uma análise minuciosa das demonstrações financeiras, dos livros contábeis e demais documentos, é possível detectar fraudes, erros e irregularidades que poderiam comprometer a estabilidade e o crescimento da empresa8

De acordo com a pesquisa conduzida por Molina e Braz (2021) em um laboratório de análises clínicas em Goiás, Brasil, foi possível compreender a rotina e os procedimentos da auditoria interna. O estudo teve como objetivo investigar o processo utilizado pelo setor de auditoria interna no laboratório e avaliar como essa prática influencia na qualidade do serviço prestado. Os resultados revelaram que, mesmo com um sistema de qualidade estabelecido e auditorias frequentes, podem ocorrer erros nos procedimentos. No entanto, a existência de normas de controle interno e a realização de auditorias internas possibilitam a identificação e correção eficiente desses erros, contribuindo para a gestão administrativa, contábil e organizacional do laboratório, além de oferecer maior confiabilidade aos gestores nas tomadas de decisões9.

Crepaldi (2013) destaca os diversos benefícios que a auditoria oferece à gestão empresarial. O autor ressalta que, ao exercer seu papel de fiscalização dos controles internos, a auditoria promove a precisão dos registros contábeis, emite parecer sobre a adequação das demonstrações financeiras e dificulta desvios de ativos e pagamentos indevidos de despesas. Além disso, auxilia na identificação de omissões no registro de receitas, garante a realização de créditos no momento adequado e assegura a liquidação oportuna de débitos. Outro aspecto relevante é sua contribuição para a obtenção de informações mais precisas sobre a verdadeira condição econômica, patrimonial e financeira das empresas, além da identificação de falhas na organização administrativa e nos mecanismos de controle interno10.

Um dos principais benefícios das auditorias é a detecção de fraudes e erros, fornecendo mecanismos de controle interno essenciais para preservar a integridade das informações e proteger os ativos da empresa. Além disso, a prevenção de riscos e perdas é outra vantagem significativa, permitindo que a empresa se antecipe a potenciais problemas e adote medidas corretivas de forma proativa. 

Ademais, as informações obtidas por meio das auditorias melhoram a tomada de decisões, proporcionando uma visão clara e objetiva da situação financeira da empresa, embasando escolhas mais acertadas e alinhadas com os objetivos estratégicos da organização. Por fim, ao garantir a transparência das demonstrações financeiras, as auditorias aumentam a confiabilidade das informações, fortalecendo a credibilidade da empresa perante investidores, credores e órgãos reguladores, e reforçam sua governança corporativa, evidenciando o compromisso com a ética e a transparência nos negócios.

Existem diferentes tipos de auditoria que podem ser empregados para mitigar falhas na gestão empresarial, a auditoria interna e a auditoria externa:

  • A auditoria interna, realizada por profissionais internos da empresa, desempenha um papel crucial no monitoramento dos processos internos e na garantia da conformidade com as normas e procedimentos estabelecidos. Seu objetivo é auxiliar os gestores por meio de técnicas e procedimentos específicos de amostragem, contribuindo para o processo gerencial. Originada com o propósito de verificar e analisar os processos e atividades empresariais, tem como meta examinar se estas estão alinhadas com as normas previamente estabelecidas. Conduzida por um funcionário da empresa, a auditoria interna tem como principal objetivo atender às necessidades da administração. Sua revisão das operações e do controle interno visa principalmente desenvolver aperfeiçoamentos e induzir ao cumprimento de políticas e normas, sem estar restrita aos assuntos financeiros. O trabalho é subdividido em relação às áreas operacionais e às linhas de responsabilidade administrativa. O auditor interno concentra-se diretamente na detecção e prevenção de fraudes, sendo independente em relação às pessoas cujo trabalho ele examina, embora esteja subordinado às necessidades e desejos da alta administração. A revisão das atividades da empresa é contínua¹¹.
  • A auditoria externa é um processo independente de análise dos registros contábeis de uma empresa, conduzido por um profissional externo à organização. Seu propósito é certificar-se de que esses registros refletem com precisão a situação financeira e patrimonial da empresa, em conformidade com as normas contábeis estabelecidas. Diferentemente da auditoria interna, realizada por profissionais internos, a auditoria externa é conduzida por um auditor independente. Ambas têm o objetivo de assegurar a credibilidade das demonstrações contábeis, mas diferem em sua abordagem e escopo. A auditoria externa, sendo imparcial, é mais adequada para empresas de grande porte ou com complexidade financeira significativa. Conduzida por um profissional independente, a auditoria externa visa atender às necessidades de terceiros em relação à fidedignidade das informações financeiras. Sua revisão das operações e do controle interno é principalmente realizada para determinar a extensão do exame e a fidedignidade das demonstrações financeiras, subdividindo o trabalho em relação às contas do balanço patrimonial e da demonstração do resultado. O auditor externo incidentalmente se preocupa com a detecção e prevenção de fraudes, a não ser que haja possibilidade de substancialmente afetar as demonstrações financeiras. Ele deve ser independente em relação à administração, de fato e de atitude mental, e o exame das informações comprobatórias das demonstrações financeiras é periódico, geralmente semestral ou anual¹².

Para garantir a eficácia das auditorias, algumas recomendações são essenciais. É fundamental realizar auditorias regularmente, adequando sua periodicidade ao porte da empresa e à complexidade de seus negócios. Além disso, é imprescindível contratar auditores experientes e qualificados, que possuam expertise para realizar um trabalho de qualidade e confiabilidade. Por fim, a empresa deve se comprometer a implementar as medidas recomendadas na auditoria, corrigindo as falhas identificadas e prevenindo futuros problemas.

Em síntese, as auditorias financeiras e contábeis representam ferramentas indispensáveis na mitigação de falhas na gestão de empresas. Ao oferecerem um diagnóstico preciso da saúde financeira da organização e identificarem possíveis irregularidades, as auditorias possibilitam a prevenção de riscos e a otimização de processos. A detecção de fraudes e erros, a prevenção de perdas financeiras, a melhoria na tomada de decisões estratégicas e o aumento da confiabilidade das informações são apenas algumas das vantagens oferecidas por essas práticas. Além disso, ao implementar recomendações resultantes das auditorias e realizar esses processos de forma regular, as empresas reforçam sua governança corporativa e demonstram comprometimento com a transparência e a ética nos negócios. Em suma, investir em auditorias financeiras e contábeis é essencial para garantir a sustentabilidade e o sucesso das organizações, proporcionando uma base sólida para uma gestão eficaz e responsável.


¹REIS, Graciela Mendes Ribeiro. O rodízio de auditores independentes e a análise se existe ou não impactos no gerenciamento de resultados das empresas auditadas. 2009. 160 f. Dissertação (Mestrado em Contabilidade) – Faculdade de Ciências Contábeis, Universidade Federal da Bahia, Salvador.
²CREPALDI, Silvio Aparecido; Auditoria Contábil – Teoria e Prática. 11. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2019.
³ATTIE, William. Auditoria Conceitos e Aplicações, 7. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2018.
4BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Brasília, DF: Casa Civil, 1976.
5BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17 dez. 1976. Seção 1, p. 18952.
6OLIVEIRA, Denise Silva; FONTOURA GOMES, Gilson Freire da. A importância da Auditoria Interna no processo de gestão das organizações em um ambiente globalizado e cada vez mais competitivo. Revista de Ciências Gerenciais, Valinhos, Anhanguera Educacional, vol. 1, nº. 1, ano 2012. ISSN: [inserir ISSN, se disponível].
7MARTINS, Yasmin Silva.; DA SILVA, Carlos.. Risk and ISO 9001: a systematic literature review. International Joint conference on Industrial Engineering and Operations Management. Springer, Cham, p. 257-269, 2018.
8SILVA, Érica Cristiane Oliveira; LEITÃO, Luciana de Lima; ROCHA, Clarice Branco. (2023). A importância da auditoria interna como ferramenta de gestão para as empresas. Administração, Edição 127 OUT/23 SUMÁRIO, p. 17, 10 de outubro de 2023. DOI: 10.5281/zenodo.10012111.
9MOLINA, Daniely Aparecida; BRAZ, Juliana Ribeiro. A importância da auditoria interna na gestão das organizações. Trabalho de Curso (Ciências Contábeis) – Instituto Universitário UNA de Catalão. Orientação da Prof.a M.a Simone Hilário Brasileiro. Catalão, 2021.
10CREPALDI, Silvio Aparecido. Auditoria contábil: Teoria e prática. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
¹¹MOLINA, Daniely Aparecida; BRAZ, Juliana Ribeiro. A importância da auditoria interna na gestão das organizações. Trabalho de Curso (Ciências Contábeis) – Instituto Universitário UNA de Catalão. Orientação da Prof.a M.a Simone Hilário Brasileiro. Catalão, 2021.
¹²CREPALDI, Silvio Aparecido. Auditoria contábil: teoria e prática. 4ª edição. São Paulo: Atlas, 2007.


¹³Thalita M. Camargo: Profissional experiente em gestão financeira, com passagens de sucesso como Gerente Financeira no Império Equipamentos de Segurança e Analista Administrativo Financeiro na Minas France Veículos. Possui habilidades notáveis em organização, liderança e comunicação, participou do curso de economia na educaweb e empreendeedorismo para o Mercado Finando financeiro. Aprimorou sua educação com cursos relevantes, incluindo Finanças para Gestores pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Gestão Financeira pelo Sebrae. Além disso, investiu em seu desenvolvimento linguístico com um curso de Inglês como Segunda Língua (ESL). Comprometida com a excelência na gestão financeira e dedicada a buscar oportunidades na área.