HOW THE MAINTENANCE THAT IS CARRIED OUT CAN INFLUENCE THE COSTS OBSERVED IN THE AMAN’S ORDNANCE SUBSECTION, IN VEHICLES 3/4 TON, IN THE 1st HALF OF THE YEARS 2021 AND 2022
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8249816
Izaiane Lima Alves
RESUMO
Grande parte das manutenções de viaturas, da região de parques da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), ocorre na Sub Seção de Material Bélico (SSMB). Especificamente, a pesquisa consistirá na comparação dos custos das manutenções realizadas nas viaturas ¾ Ton na SSMB. Para a realização deste trabalho utilizou-se uma pesquisa bibliográfica, onde foram pesquisados manuais do Exército Brasileiro, livros e sites da internet condizentes com o tema. Portanto, buscou-se reunir dados e informações com o propósito de responder ao seguinte problema de pesquisa: como o tipo de manutenção que é realizada pode influenciar nos custos observados na Sub Seção de Material Bélico da AMAN? Esta pesquisa justifica-se para otimizar os processos de manutenção ofertados pela Sub Seção de Material Bélico da AMAN. Logo, a identificação dos custos atuais das manutenções feitas pela Seção durante o primeiro semestre dos anos de 2021 e 2022, poderão auxiliar no planejamento das rotinas de revista das viaturas, contribuindo na redução de gastos, visando o custo mínimo em compra e reparo de peças. Diante do exposto, com esta pesquisa, foi possível inferir que a falta de manutenção adequada apresenta-se como a principal responsável por maiores gastos com compra de peças, pois os componentes das viaturas, quando monitorados adequadamente podem ter sua vida útil prolongada.
Palavras-chave: Manutenção. Custo. Viatura.
ABSTRACT
A large part of the vehicle maintenance in the Agulhas Negras Military Academy (AMAN) park region takes place in AMAN’s Ordnance Subsection (SSMB). Specifically, the research will consist of comparing the costs of maintenance carried out on ¾ Ton vehicles at SSMB. To carry out this work, a bibliographical research was used, where manuals of the Brazilian Army, books and websites consistent with the theme were searched. Therefore, we sought to gather data and information with the purpose of answering the following research problem: How can the type of maintenance that is carried out influence the costs observed in AMAN’s Ordnance Subsection? This research is justified to optimize the maintenance processes offered by the AMAN’s Ordnance Subsection. Therefore, the identification of the current costs of maintenance carried out by the Section during the first half of 2021 and 2022, may help in the planning of vehicle inspection routines, guaranteed to reduce expenses, observing the minimum cost in purchasing and repairing parts. In view of the above, with this research, it was possible to infer that it is the lack of adequate maintenance that is the main reason for the higher expenses with the purchase of parts, since the components of the vehicles, when properly monitored, can have their useful life extended.
Keywords: Maintenance. Cost. Vehicles.
1. INTRODUÇÃO
A duração dos combatentes em ação é garantida por diversos meios e aspectos. Um deles é a qualidade dos veículos utilizados. Seja em atividades de campanha ou nas rotinas diárias de serviço, as viaturas após serem submetidas ao contato com água, terra e até mesmo, o ar, ficam prejudicadas pelas reações desses elementos com o material do que é feito a viatura, tais reações como exemplo a oxidação, danificam várias peças em vários níveis, tendo como nível mais grave a inutilização da mesma.
A manutenção de viaturas, especialmente a preventiva, é feita para garantir que elas estejam aptas para realizar as operações com eficácia e segurança. Identificar falhas ocultas é essencial para garantir a confiabilidade do processo e bons resultados. Em sistemas complexos, essas operações só podem ser realizadas por pessoal da área de manutenção, com treinamento e qualificação da tarefa (GOUVEA, 2015, p. 1).
Toda Organização Militar (OM) é dotada de maquinário e ferramental os quais necessitam de manutenção e isso não é diferente na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN). Atualmente, tem-se constatado um elevado gasto financeiro na aquisição de peças para manutenção corretiva na SSMB da AMAN. Grande parte das manutenções de viaturas da AMAN ocorre na Sub Seção de Material Bélico. Portanto, buscou-se reunir dados e informações com o propósito de comparar os custos das manutenções realizadas, com ênfase nas viaturas ¾ toneladas (Ton) na SSMB.
Esta pesquisa justifica-se para otimizar os processos de manutenção oferecidos pela SSMB da AMAN, visando o custo mínimo na compra de peças e reparo de viaturas. Assim, a identificação dos custos atuais nas manutenções feitas durante o primeiro semestre dos anos de 2021 e 2022, poderão auxiliar no planejamento dos trabalhos de manutenção realizados nesses tipos de viaturas, contribuindo na redução de gastos e sugerindo melhorias para o setor, prezando sempre pela segurança e o prolongamento da utilização das viaturas.
Portanto, buscou-se reunir dados e informações com o propósito de responder ao seguinte problema de pesquisa: como o tipo de manutenção que é realizada pode influenciar nos custos observados na Sub Seção de Material Bélico da AMAN?
Nos próximos capítulos, seguimos a metodologia de pesquisa adotada, com ênfase no referencial teórico e metodológico. No referencial teórico, realizamos uma pesquisa bibliográfica por meio da análise de manuais do Exército Brasileiro, livros e trabalhos científicos, bem como sites relacionados ao tema, a fim de obter os conceitos necessários para a nossa pesquisa. Em particular, abordamos a logística militar, funções logísticas de manutenção, escalonamento de manutenção, categorias, métodos, custos e princípios de manutenção e o papel do responsável pela manutenção. Delimitamos o escopo de nossa pesquisa para a compreensão da manutenção em viaturas ¾ ton.
No referencial metodológico, apresentamos o tipo de pesquisa adotada, que foi realizada por meio do método indutivo. Descrevemos os métodos utilizados durante a pesquisa e identificamos o processo de manutenção, avaliamos os insumos e coletamos dados por meio de entrevistas com militares que trabalham na SSMB.
No capítulo de resultados e discussão, realizamos uma pesquisa documental quantitativa, utilizando documentos do sistema interno emitidos pelo Sistema de Controle Físico do Exército (SISCOFIS). Empregamos a quantificação na coleta de dados para o cálculo de custos, com base nos preços dos insumos e peças adquiridas, conforme levantamento de dados no SISCOFIS. Utilizamos o método de Custeio Baseado em
Atividades (Activity-based costing – ABC).
Por fim, nas Considerações Finais, destacamos a importância do conhecimento e aplicação da manutenção preventiva pelo usuário e observamos os benefícios da manutenção preventiva como meio de preservar o material e reduzir os custos associados a uma manutenção eficiente.
Além disso, para uma melhor compreensão do tema abordado, destacamos alguns conceitos importantes sobre a manutenção, tais como suas definições atuais e os diferentes tipos existentes, como a preventiva, corretiva e preditiva, ressaltando suas características e objetivos específicos. Assim, encerramos o estudo de forma clara e objetiva, sintetizando as principais conclusões e conceitos abordados.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 LOGÍSTICA
A logística é o processo de planejamento, implementação e controle eficiente e efetivo do fluxo de mercadorias, serviços e informações, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender às demandas dos clientes de forma econômica e satisfatória. Envolve a coordenação de várias atividades, como transporte, armazenagem, embalagem, manuseio de materiais, controle de inventário e gerenciamento da cadeia de suprimentos (FLEURY, 2000).
2.2 LOGÍSTICA MILITAR
Segundo o Manual doutrina de logística militar terrestre “Logística Militar é o conjunto de atividades relativas à previsão e à provisão dos recursos e dos serviços necessários à execução das missões das Forças Armadas” (BRASIL, 2022).
2.3 LOGÍSTICA MILITAR TERRESTRE
De acordo com a Doutrina Militar Terrestre, a Logística Militar Terrestre deve seguir certos princípios, os quais incluem não só aqueles estabelecidos na Doutrina de Logística Militar do Ministério da Defesa, mas também Antecipação, Integração, Resiliência, Responsividade e Visibilidade. Portanto, a concepção da logística militar terrestre deve levar em consideração a gestão de informações, distribuição, precisão e agilidade do ciclo logístico, bem como a formação constante dos recursos humanos (BRASIL, 2022).
2.4 FUNÇÕES LOGÍSTICAS
Segundo o Manual doutrina de logística militar “Função Logística é a reunião, sob uma única designação, de um conjunto de atividades logísticas afins, correlatas ou de mesma natureza” (BRASIL, 2016a, p. 23-40). As funções logísticas são: recursos humanos, saúde, suprimento, manutenção, engenharia, transporte e salvamento.
2.4.1 Função logística manutenção
A função logística manutenção está associada a ações destinadas a manter o material em condições de funcionamento durante todo o seu ciclo de vida. Além disso, quando há algum dano, retornar ao seu estado operacional o mais rápido possível. Pode-se dizer que as atividades deste grupo funcional estão intimamente relacionadas aos requisitos esperados pelo sistema analisado. A logística manutenção está associada a uma variedade de atividades, incluindo gestão de recursos, contratação de peças de reparo e serviços profissionais (BRASIL, 2016a).
Segundo o Manual de Ensino e Gerenciamento da Manutenção, manutenção é a “combinação de ações técnicas, administrativas e de supervisão, destinadas a manter ou recolocar um equipamento em condições de desempenhar, eficazmente, as funções para as quais foi projetado” (BRASIL, 2017, p. 3-1). Esse conceito faz referência a preservação e restauração do material de forma a continuar desempenhando aquela função para o qual foi criado.
A manutenção segue quatro preceitos: escalonamento, que concentra os serviços profissionais nas de OM de Manutenção; descentralização seletiva, que adianta as operações de manutenção mais complexas para dar suporte às tropas apoiadas; a busca pelo menor tempo de retenção, substituindo diretamente o conjunto danificado para priorizar correções rápidas; e a gestão técnica da manutenção baseada na escrituração, na obtenção e análise de dados (BRASIL, 2022).
2.4.2 Atividades da função logística manutenção
As características do equipamento de um processo de produção moderno definem diferentes critérios para a escolha da atividade da função logística manutenção a ser utilizado (EMANUEL, 2012). A manutenção inclui atividades relacionadas à solução de problemas – detecção, reparo, investigação da causa raiz e desenvolvimento de contramedidas para sua recorrência.
A seguir, serão abordadas seis atividades da função logística manutenção: o levantamento das necessidades, manutenção corretiva, manutenção preventiva, manutenção preditiva, manutenção modificadora e assistência técnica.
2.4.2.1 Levantamento das necessidades
Realizar o levantamento das necessidades de manutenção envolve a elaboração de um planejamento que identifica as demandas, capacidades e deficiências em relação às instalações, pessoal, material e ferramentas necessárias para executar as atividades de manutenção em uma situação específica. Essa prática permite que os custos sejam quantificados e fornece maior previsibilidade ao processo de manutenção. O levantamento das necessidades é conduzido em todos os níveis da logística na Força Terrestre, seguindo as diretrizes e normas específicas dos comandos logísticos correspondentes (BRASIL, 2022).
2.4.2.2 Manutenção Corretiva
Destina-se à reparação ou recuperação do material danificado para repô-lo em condições de uso. É a manutenção mais básica e é caracterizada por um ciclo, ou seja, os reparos são realizados após a falha do equipamento. A manutenção corretiva é a forma mais cara de manutenção do ponto de vista de todo o sistema (GOUVEA, 2015, p. 1). Considerada uma Manutenção de Emergência se pode ser classificada como planejada e não planejada.
2.4.2.2.1 Manutenção corretiva planejada
Baseia-se no rastreamento preditivo que corrige o desempenho abaixo do esperado por meio de decisões técnicas. Permite estender a operação até que ocorra uma falha. Esse tipo de manutenção planejada permite intervenções mais baratas, seguras e rápidas (CARREIRA; SILVA; CANEIRA, 2010, p. 6).
Ramos (2012) destaca que a construção de um sistema de manutenção planejada inclui: manutenção de rotina de acordo com a situação, melhoria para aumentar a expectativa de vida em serviço, controle de peças de reposição, análise de falhas e prevenção de recorrências.
Costa (2015) assevera que as vantagens deste tipo de manutenção são: Compatibilidade dos requisitos de manutenção com os requisitos de produção, as falhas deixam de representar um risco para o pessoal ou serviço de instalação e planejamento.
2.4.2.2.2 Manutenção corretiva não planejada
A manutenção corretiva não planejada inclui a correção de falhas que ocorrem aleatoriamente quando não há tempo para se preparar para o serviço. Muitas vezes, isso significa maiores custos de manutenção e perdas operacionais.
Quando a correção de falhas acontece de forma aleatória, não há tempo para preparação do serviço, o que infelizmente ainda é mais realizado do que deveria. Essa manutenção pode acarretar: altos custos, perda de produção, perda de qualidade e altos custos indiretos de manutenção, além de falhas aleatórias que podem ter sérias consequências para os equipamentos (COSTA, 2015). 2.4.2.3 Manutenção preventiva
Consiste na base do sistema de manutenção da Força Terrestre (F Ter) e consiste em procedimentos regulares, geralmente de baixa complexidade técnica, destinados a reduzir ou prevenir a degradação do desempenho, degradação do material ou danos. Inclui procedimentos de rotina para inspeção, ajuste, limpeza, lubrificação, substituição de peças, calibração e reparo de componentes e equipamentos. Essa abordagem é conhecida como manutenção baseada em tempo e é aplicada independentemente da condição do equipamento. Considera-se esta aplicação essencial quando o fator de segurança se sobrepõe a outros fatores (EMANUEL, 2012, p. 1).
2.4.2.4 Manutenção preditiva
Manutenção preditiva está inserida na manutenção preventiva e inclui um conjunto de controles diagnósticos baseados em técnicas de confiabilidade e parâmetros estatísticos. Trata-se de um tipo de manutenção preventiva que prevê o momento mais adequado para realizar as atividades de manutenção para chegar o mais próximo possível do fim da vida útil de um componente, otimizando o trinômio custo operação-manutenção. O objetivo dessa alteração é evitar falhas no equipamento ou no sistema, monitorando determinados parâmetros. Essa prática ajuda a máquina a funcionar continuamente pelo maior tempo possível (GOUVEA, 2015, p. 1). Este processo envolve custos adicionais, incluindo mão de obra especializada e compra de equipamentos de medição.
2.4.2.5 Manutenção modificadora
Conforme o Manual de Ensino e Gerenciamento da Manutenção a manutenção modificadora “consiste nas ações destinadas a adequar o equipamento às necessidades ditadas pelas exigências operacionais e melhorar o desempenho de equipamentos existentes” (BRASIL, 2017, p. 3-13), este tipo de manutenção é a mais complexa entre as já mencionadas, pois as ações de reconstrução, modernização/modificação requerem equipamentos específicos e pessoal civil ou militar tecnicamente mais capacitados.
As aplicações da manutenção modificadora incluem a análise de dados coletados e arquivados usando o sistema da manutenção preditiva e fazendo recomendações com o objetivo de melhoria contínua para melhorar a confiabilidade, disponibilidade, manutenibilidade e segurança (MOURA, 2009).
É o conjunto de atividades que permite que a confiabilidade seja aumentada e a disponibilidade garantida. É deixar de ficar consertando, convivendo com problemas crônicos, melhorar padrões e sistemáticas, desenvolver a manutenibilidade, dar feedback ao projeto e interferir tecnicamente nas compras. Significa perseguir benchmarks (referenciais de excelência), aplicar técnicas modernas de manutenção e estar nivelado com a manutenção de Classe Mundial. (MOURA, 2009, p. 60).
2.4.2.6 Assistência técnica
A assistência técnica consiste em uma série de procedimentos executados pelo fabricante/fornecedor do Material de Emprego Militar (MEM) ou pela Organização Militar (OM) de manutenção, visando beneficiar os usuários do equipamento ou das OM apoiadas. A assistência técnica tem como objetivos principais: prover treinamento para os recursos humanos operarem, utilizarem e realizarem manutenção em MEM recentemente adquiridos; oferecer orientação técnica para planejar e executar atividades de manutenção; e instruir sobre procedimentos de manutenção em novas situações (BRASIL, 2022).
2.4.3 Categorias de manutenção
“São os graus ou amplitudes de responsabilidade atribuídas a um comando, visando à execução de determinadas atividades de manutenção” (BRASIL, 2017, p. 3-3) Classificadas na (Quadro 1):
Quadro 1 – Escalões e Categorias de Manutenção
Fonte: BRASIL (2017)
2.4.3.1 Orgânica
Realizada em duas fases, a primeira pelo detentor ou operador do equipamento sendo realizada antes, durante e após a sua utilização e a segunda fase é realizada nas oficinas da OM seja por ocasião das revisões periódicas de maior complexidade seja para a realização de pequenas reparações. Ela abrange as atividades de manutenção preventiva e corretiva buscando manter as melhores condições de apresentação e emprego do material (BRASIL, 2017).
2.4.3.2 De campanha
É composta pelas atividades de manutenção corretiva e visa à reparação dos MEM indisponíveis ou parcialmente disponíveis, trazendo de volta a plena capacidade operativa (BRASIL, 2017).
2.4.3.3 De retaguarda
Comporta as atividades de manutenção modificadora que são realizadas pelas OM Log Mnt e/ou por empresas civis selecionadas. Busca a completa recuperação dos MEM. Essa categoria envolve ações altamente complexas e demoradas (BRASIL, 2017).
2.4.4 Escalonamento da manutenção
Escalão de manutenção (Quadro 2) é o grau ou amplitude de trabalho exigido em uma atividade de manutenção, dependendo da complexidade do serviço a ser executado. Qualquer escalão de manutenção deve ser capaz de realizar tarefas de manutenção atribuídas a escalões inferiores (BRASIL, 2022). A atual estrutura de manutenção do Exército está dividida em 4 escalões, onde a complexidade das tarefas a serem desempenhadas determina seu porte, conforme a seguir:
Quadro 2- Escalões de Manutenção na Força Terrestre
Fonte: BRASIL (2022)
2.5 DISPONIBILIDADE
A disponibilidade é uma métrica crucial no âmbito da manutenção, uma vez que representa a capacidade de um sistema estar apto a operar no momento em que se faz necessário. É de suma importância manter a disponibilidade dos equipamentos e sistemas, haja vista que isso garante a eficácia e a segurança das funções a serem desempenhadas, bem como evita interrupções inesperadas. Nesse sentido, o objetivo primordial da manutenção é assegurar a disponibilidade dos ativos, viabilizando seu uso confiável e com custos adequados (BRASIL, 2017).
Os indicadores de disponibilidade são os seguintes: Confiabilidade ou disponibilidade operacional e Mantenabilidade.
2.5.1 Confiabilidade ou disponibilidade operacional
Refere-se à probabilidade de um equipamento operar normalmente sob condições esperadas por um tempo ou após um determinado período de operação ainda estar em condições de funcionamento. Freitas (2016) define como objetivo um aumento desse indicador, que representa um aumento na capacidade de um dispositivo de desempenhar sua função dentro de um intervalo de tempo definido. É tida por meio do chamado MTBF (Mean Time Between Failure) ou TMEF (Tempo médio entre falhas) o qual representa o tempo médio desde a ocorrência de uma falha até a próxima falha, também representa o tempo de funcionamento da máquina ou equipamento voltado para produção até a próxima falha (NETTO, 2008, p. 27).
2.5.2 Mantenabilidade
Indica a probabilidade de que um item danificado possa ser restaurado ao seu estado operacional dentro de um tempo predeterminado, quando mantido sob condições especificadas e de acordo com os meios e procedimentos estabelecidos (NETTO, 2008, p. 28). É tida por meio da MTTR (Mean Time To Repair) ou TMPR (Tempo médio para reparo).
Essa métrica mostra o tempo que uma equipe de manutenção leva para reparar uma máquina ou equipamento e disponibilizá-la para um sistema de produção. Durante este período, seja a equipe de compras, o laboratório ou qualquer outra equipe de trabalho, todas as ações estão envolvidas no reparo (NETTO, 2008, p. 28). Segundo Freitas (2016), o objetivo é reduzir seus índices, mostrando que os reparos corretivos estão tendo menos impacto na manutenção.
2.6 CUSTO DE MANUTENÇÃO
De acordo com Figueiredo (2017), esse é um dos principais indicadores da atividade de manutenção. Para fins de controle e planejamento do departamento de manutenção, os custos podem ser divididos em três grandes categorias: a primeira são os custos diretos de manutenção, que são as despesas incorridas para manter os equipamentos e máquinas de produção em funcionamento, por exemplo, os custos de inspeção regular, custo de manutenção do sistema, custo de reparo de avaria e o custo de ajuste da máquina (BRASIL, 2017).
A segunda, por sua vez, são os custos indiretos de manutenção que são os associados às estruturas de gestão e suporte administrativo, por exemplo, custos de engenharia de manutenção, como estudos e análises de melhoria, supervisão, etc (BRASIL, 2017).
Por fim, temos o custo de perda de produção, que são os custos devido à falha, quebra ou mau desempenho dos principais equipamentos (BRASIL, 2017).
2.7 PRINCÍPIOS DA MANUTENÇÃO
Os princípios da manutenção seguem a estruturação a partir de cinco fatores, para o seu funcionamento adequado, a fim de maximizar seus resultados são eles: pessoal, ferramental, insumos, documentação técnica e infraestrutura, esses fatores se encontram na chamada estrela da manutenção (Figura 1) (BRASIL, 2016b).
Figura 1 – Estrela da Manutenção
Fonte: BRASIL (2022)
Respeitar os princípios de manutenção é de grande importância, pois desta maneira é possível reduzir os custos e tempo destinados a manutenções mais complexas, além de reduzir também o tempo que a viatura permanece indisponível. Nessa linha de raciocínio os procedimentos, as ferramentas adequadas, um local condizente, e um plano de manutenção eficiente entre outros fatores são indispensáveis para realizar uma manutenção de qualidade.
2.7.1 O usuário, responsável pela manutenção.
O motorista militar é o usuário da viatura, responsável pelo seu correto funcionamento. Conforme o MANUAL DE ENSINO E GERENCIAMENTO DA MANUTENÇÃO EB60-ME-22.401 (2017, p. 5-1):
Todo militar é diretamente responsável pelo equipamento a ele distribuído para uso pessoal, pelo equipamento sob sua guarda ou cuidados e pelo equipamento que lhe cabe operar. Ao militar responsável pelo equipamento cabe a execução da manutenção preventiva antes, durante e após sua utilização. Compete, ainda, ao usuário do equipamento, indicar à manutenção corretiva, os sintomas das falhas e/ou anormalidades observadas no emprego do material.
Além disso, o militar é responsável pela manutenção preventiva da sua viatura, ação que realiza mediante a verificação dos itens de manutenção preventiva do veículo que constam nos manuais de Manutenção Preventiva das Viaturas Automóveis do Exército (T92810), no manual da viatura e na Ficha de Ordem de Serviço da viatura (Anexo A). O motorista é apto também a realizar além das verificações alguns outros procedimentos como exemplo: a troca de óleo e filtros, corrigir vazamentos, lubrificar os pontos de lubrificação, dentre outros (BRASIL, 1979).
2.8 VTNE ¾ TON AGRALE MARRUÁ AM21
A viatura ¾ Ton Agrale Marruá (Figura 2) é uma viatura do tipo VTNE, ou seja, Viatura de Transporte Não Especializado. A Portaria Nº 992, do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército estabelece que viatura de transporte “veículo destinado à movimentação de pessoal e/ou material, sendo classificadas em viatura de transporte de pessoal, de transporte não especializado e transporte especializado” (BRASIL, 2012).
Figura 2 – Viatura Militar AM21- VTNE ¾ Ton
Fonte: AGRALE (2019)
Desenvolvida para aplicações militares, a família de veículos Agrale Marruá concluiu o processo de homologação e adoção pelo Exército Brasileiro e de testes e padronização pela Marinha do Brasil em 2007. As equipes de engenharia da montadora e das forças armadas passaram quatro anos trabalhando e desenvolvendo uma nova linha de produtos nacionais para o segmento de defesa (AGRALE, 2008).
O desenvolvimento do veículo para aplicações militares começou em 2003, quando a Agrale empreendeu o projeto Jeep para atender aos Requisitos Operacionais Básicos do Exército (ROB). O veículo foi submetido a rigorosos testes do Centro de Avaliação do Exército que levaram à sua aprovação e adoção pelo Exército Brasileiro, onde, além da avaliação técnica, foram realizados diversos testes operacionais em condições extremas em diferentes localidades do território nacional (AGRALE, 2008).
Hugo Zattera, presidente da Agrale, afirmou que o desempenho desses veículos é excelente, por serem versáteis, muito robustos, de fácil manutenção, de baixo custo operacional e tem despertado o interesse das Forças Armadas em desenvolver diferentes modelos para diversas aplicações específicas. As viaturas Agrale Marruá estão aptas a trafegar em qualquer terreno e transportar pessoal, garantindo um bom desempenho em operações militares.
A linha de veículos Agrale Marruá é produzida na montadora da empresa em Caxias do Sul (RS) e segue as especificações das Forças Armadas (AGRALE, 2008). A atenção da viatura também está relacionada às suas capacidades técnicas conforme a ficha técnica (Figura 3):
Figura 3 – Ficha técnica da viatura ¾ Ton Agrale Marruá
Fonte: AGRALE (2019)
3. REFERENCIAL METODOLÓGICO
3.1 TIPO DE PESQUISA
Em um primeiro momento, com o objetivo de estabelecer as bases práticas para a pesquisa, foram realizadas leituras preliminares para aprofundamento do tema acerca da definição de manutenção, tipos de manutenção e os procedimentos que influenciam na preservação do material.
Procedemos com uma pesquisa exploratória que assumiu caráter de pesquisa bibliográfica, para coletar dados acerca das características dos tipos de manutenção realizados em viaturas ¾ ton. Identificaram-se, inicialmente, os manuais do Exército Brasileiro: Manual de campanha Logística Militar Terrestre EB70-MC-10.238 (2022) e o Manual de Ensino e Gerenciamento da Manutenção EB60-ME-22.401 (2017), que desenvolveram os conceitos necessários a nossa pesquisa.
Em seguida, procedeu-se com o levantamento dos conceitos relacionados aos princípios de manutenção, por meio da leitura de livros e de trabalhos científicos, bem como pesquisas em fontes digitais disponíveis na internet relacionados ao tema. Esses dados foram tabulados por meio de fichamento em fichas resumo, que constam informações, como exemplo: tipos de manutenção, benefícios e consequências da execução de cada tipo de manutenção, a fim de ampliar o grau de conhecimento na área e, dessa forma, fazer uma breve comparação entre elas.
Dando continuidade, foi feito um levantamento com coleta de dados por meio de entrevista não-estruturadas, ou seja, uma conversa informal, com militares que trabalham na SSMB. As perguntas feitas continham dados relacionados a frequência de manutenção das viaturas sobre rodas na Sub Seção, onde foi definido a amostra a ser pesquisada, viatura ¾ Ton Agrale Marruá, a fim de que os resultados obtidos pudessem ser generalizados para todo o conjunto.
Como forma de utilizar uma fonte primária de dados, foi feita uma pesquisa documental quantitativa, usando de documentos do sistema interno, como exemplo, o inventário de almoxarifado da SSMB emitido pelo Sistema de Controle Físico do Exército SISCOFIS, permitindo o emprego da quantificação, tanto na coleta dos dados para futuro cálculo de custo, quanto no tratamento das variáveis, por meio de técnicas estatísticas, como: percentual, média, moda e mediana, procurando garantir a precisão dos resultados.
Dando prosseguimento, foi realizado um segundo levantamento por meio de entrevista, com o objetivo de coletar dados que não puderam ser encontrados em registros e fontes documentais e que puderam ser fornecidos pelos militares que trabalham diretamente com a administração da manutenção realizada na SSMB. Exemplo disso: a mão de obra indireta usada na Sub Seção para manutenção.
3.2 MÉTODOS
De modo geral, esta pesquisa se realizou por meio do método indutivo, que é baseado na generalização de propriedades comuns a certo número de casos observados, através do qual se chega a uma conclusão geral por intermédio da observação de certo número de casos particulares.
3.2.1 Identificação do processo de manutenção
Para comparar os custos referentes à manutenção realizada na viatura ¾ Ton Agrale Marruá, será necessário conhecer os processos que envolvem a manutenção, desde a chegada da viatura até sua saída. Nesse sentido, foi realizada uma entrevista com os integrantes da Sub Seção de Material Bélico.
3.2.2 Avaliação dos insumos
Será necessário levantar os tipos de materiais que são adquiridos com intuito de realizar as manutenções, sendo que esses materiais estarão limitados aos que são necessários para a realização da manutenção de 2º e 3º escalões, os quais são realizados pela SSMB da AMAN, visando manter as viaturas em boas condições de uso, apresentação e perfeito funcionamento, englobando tarefas mais simples das atividades de manutenção preventiva e corretiva, com ênfase na conservação do material.
3.2.3 Coleta de dados
Para coletar os dados foram utilizados documentos fornecidos pela Sub Seção de Material Bélico da AMAN, como exemplo a ficha de serviço das viaturas e a relação de material carga emitida pelo Sistema de Controle Físico do Exército (SISCOFIS), a qual permite o controle físico e o gerenciamento informatizado de todo o material existente no Exército.
Dos tipos de materiais selecionados, com base na relação de material de consumo fornecida pelo SISCOFIS, foram separados os materiais, ferramentas e insumos mais frequentemente utilizados para a realização da manutenção de 2º e 3º escalões do tipo preventiva e corretiva.
3.2.4 Custos
Os custos relacionados ao tipo de manutenção foram calculados somando-se os preços dos insumos e das peças adquiridas, conforme levantamento de dados realizado no
SISCOFIS. O método utilizado para o cálculo foi o ABC que, segundo o Manual de Ensino e Gerenciamento da Manutenção, o método ABC consiste em “análise e alocação de custos aos processos da empresa, visando melhor gerenciar a lucratividade. É a metodologia que melhor permite uma efetiva mensuração dos custos e benefícios da implantação das estratégias” (BRASIL, 2017).
3.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Serão realizadas a tabulação dos quantitativos, o tratamento estatístico e a análise comparativa dos dados apurados referentes ao primeiro semestre dos anos de 2021 e 2022.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir da consulta aos 3 mapeamentos de processos de manutenção que ocorrem na SSMB, foi possível identificar quais partes do processo geram custos, que são relevantes, a serem analisados por meio do método ABC.
4.1 INSUMOS
Foi fornecida pela SSMB e identificadas as peças ou insumos que têm se desgastado com mais frequência ou com maior intensidade que os demais, os quais necessitam ser substituídos (alta taxa de mortalidade) na realização de manutenção (Quadro 3).
Quadro 3 – Insumos com alta taxa de mortalidade
MANUTENÇÃO PREVENTIVA |
FILTRO ÓLEO |
FILTRO AR PRIMÁRIO |
FILTRO COMBUSTÍVEL |
PALHETAS LIMPADOR PB |
PASTILHAS DE FREIO |
LONAS DE FREIO |
CORREIAS |
BUCHAS DA SUSPENSÃO |
MANUTENÇÃO CORRETIVA |
LÂMPADAS FAROL |
ESPELHO RETROVISOR |
ROLAMENTO RODA D. |
CRUZETA CARDAN |
CILINDRO EMBR. PRIM. |
CILINDRO MESTRE FREIO |
Usando essa tabela como base e empregando os valores tabulados no SISCOFIS (Tabela 1) no primeiro semestre de 2021 e 2022, foi observado o seguinte: na manutenção preventiva o custo total gasto com insumos em 2021 foi de R$ 23.649,13 enquanto que na manutenção corretiva foi gasto R$ 17.869,84. Em 2022, por sua vez, na manutenção preventiva o custo total gasto com insumos foi de R$ 12.259,21 e na manutenção corretiva R$ 12.807,87.
Em seguida, foi calculado o valor unitário, por meio da média entre o valor total gasto com insumos e a quantidade total de insumos em manutenção preventiva e corretiva durante esse período, sendo que em 2021 foi de R$ 87,30 na manutenção preventiva, enquanto que na manutenção corretiva foi gasto R$ R$ 88,9. Já em 2022, na manutenção preventiva o valor unitário gasto com insumos foi de R$ 66,6 e na manutenção corretiva R$ 78,6.
Tabela 1 – Valores tabulados no SISCOFIS
Fonte: AUTOR (2023)
Observando a (Tabela 4), foi confeccionado o (Gráfico 1), referente ao ano de 2021 e o (Gráfico 2), referente ao ano de 2022, os quais representam, de forma simples e objetiva, a comparação entre os gastos com insumos na manutenção corretiva bem como na preventiva.
Foi constatado que tanto em 2021, onde o valor total gasto com manutenção preventiva foi maior do que o valor total gasto com manutenção corretiva, quanto em 2022, onde o gasto com manutenção preventiva foi menor, ficou evidenciado que o valor médio unitário por manutenção permaneceu maior na corretiva. Dessa forma, conclui-se que a manutenção corretiva gerou mais gastos com insumos para a SSMB em comparação com a manutenção preventiva.
Gráfico 1 – Valor médio unitário em manutenção 2021
Fonte: AUTOR (2023)
Gráfico 2 – Valor médio unitário em manutenção 2022
Fonte: AUTOR (2023)
Prosseguindo na comparação dos custos, utilizando o método ABC, seguimos os quatro passos: No primeiro foram identificadas as atividades relevantes de cada departamento. Nesse caso, os departamentos usados foram o Depósito e a Garagem. Como atividades relevantes de cada departamento, elencamos a compra de insumos realizada no Depósito e a manutenção realizada na Garagem (Quadro 4).
Quadro 4 – Atividades relevantes de cada departamento
Departamento | Atividade |
Depósito | Compra de insumos |
Garagem | Manutenção |
No segundo foram atribuídos custos às atividades (Tabela 2), para isso utilizamos como custo direto a soma das remunerações dos militares que trabalham em cada departamento, sendo que no Depósito trabalham 2 soldados com salário de R$1.800,00 e 2 cabos com salário de R$2.500,00. Na Garagem trabalham 8 soldados, com a mesma remuneração acima mencionada.
Tabela 2 – Custos das atividades de cada departamento
Departamento | Atividade | Custos diretos |
Depósito | Compra de insumos | R$ 8.600,00 |
Garagem | Manutenção | R$ 14.400,00 |
No terceiro passo foi efetuado o levantamento dos direcionadores das atividades (Quadro 5), que, nesse caso, foram a quantidade de manutenção preventiva realizada no ano de 2021 (271) e corretiva (201). Em 2022 foram realizadas 184 manutenções preventivas e 163 corretivas.
Quadro 5 – Direcionadores das atividades de cada departamento
Departamento | Atividade | Direcionadores de atividades |
Depósito | Compra de insumos | Quantidade de manutenção |
Garagem | Manutenção | Tempo de manutenção |
Para obter o tempo de manutenção foi realizada uma entrevista com o militar chefe da oficina de viaturas da SSMB, 2º tenente (Ten) Fontana, o qual afirmou que as manutenções preventivas de 2º escalão, consideradas mais simples, duram cerca de meia jornada, equivalente a quatro horas de trabalho, enquanto que na manutenção corretiva o tempo gasto fica em torno de 3 jornadas de trabalho, o que equivale a 24 horas.
Sendo assim, diante dessas informações, foi multiplicada a quantidade de manutenção pelas horas de trabalho equivalente à manutenção corretiva e a preventiva (Tabela 3).
Tabela 3 – Cálculo da quantidade de horas de trabalho 2021 e 2022
Fonte: AUTOR (2023)
Por último, buscou-se realizar a análise dos resultados obtidos (Tabela 4), referente ao ano de 2021 e a (Tabela 5), referente ao ano de 2022. Em seguida, foi feito um resumo de todos os custos da manutenção (Tabela 6) e foram incluídos os valores encontrados por atividade, que é o real objetivo da metodologia ABC.
Tabela 4 – Análise dos resultados obtidos em 2021
Fonte: AUTOR (2023)
Tabela 5 – Análise dos resultados obtidos em 2022
Fonte: AUTOR (2023)
Tabela 6 – Resumo de todos os custos da manutenção em 2021 e 2022
2021 | CORRETIVA | PREVENTIVA | TOTAL |
Compra de insumos | 3.662,74 | 4.937,26 | 8.600 |
Manutenção | 11.757,60 | 2.642,40 | 14.400 |
Valor total de insumos | 17.869,84 | 23.649,12 | 41.518,96 |
Custo total | 33.290,18 | 31.228,78 | 64.518,96 |
2022 | CORRETIVA | PREVENTIVA | TOTAL |
Compra de insumos | 4.039,42 | 4.560,58 | 8.600 |
Manutenção | 12.120,48 | 2.279,52 | 14.400 |
Valor total de insumos | 12.807,87 | 12.259,21 | 25.067,08 |
Custo total | 28.967,77 | 19.099,31 | 48.067,08 |
Ao final de todo o processo, foi verificado que o custo total de manutenção preventiva em 2021 foi de R$ 31.228,78 e da manutenção corretiva foi de R$ 33.290,18. Já em 2022 o custo total de manutenção preventiva foi de R$ 19.099,31 e da corretiva foi de R$ 28.967,77.
Portanto, não resta dúvida que os custos relacionados à manutenção corretiva são superiores aos gastos com a preventiva.
Sintetizando o que foi supramencionado, o relato do 1º sargento (Sgt) Renato, mecânico da oficina de viaturas da SSMB, foi de fundamental importância para reforçar a conclusão do presente trabalho científico. O referido militar, que é especialista em mecânica, disse que recentemente uma viatura ¾ Ton Agrale Marruá teve o rolamento da roda traseira totalmente danificada, tendo assim que passar por uma manutenção corretiva para reparar seus danos. De acordo com o 1º Sgt Renato, o dano na viatura ocorreu devido a falta de manutenção preventiva, pois uma simples conferência da folga dos rolamentos das rodas traseiras poderia ter evitado o estado final da viatura e, além disso, não seria necessário a substituição da peça, a qual, conforme consta no SISCOFIS, custa em torno de R$113,41, gasto que poderia ter sido evitado caso a manutenção preventiva tivesse sido realizada.
Diante do exposto, observa-se que nesse caso a manutenção preventiva é essencial para manter o conjunto de rolamentos das rodas funcionando perfeitamente, haja vista que por exercer a função de movimentar a roda com o menor atrito possível, os rolamentos merecem bastante atenção dos usuários. Para o 1º Sgt Renato, na verdade, é difícil afirmar que exista uma quilometragem específica para a substituição dos componentes, pois, tal fato, depende de várias condições, como por exemplo, o tipo de solo no qual o veículo trafega, a maneira de dirigir do motorista, o funcionamento correto de outros componentes de suspensão, dentre outros.
Contudo, a falta da manutenção preventiva, tais como: falta de alinhamento, verificação e troca de pneus em mau estado, verificação e troca de amortecedores com problemas, são fatores que podem sobrecarregar o rolamento causando danos irreversíveis. Nesse sentido, o 2º Ten Fontana, experiente militar da SSMB, assegura que a manutenção preventiva do rolamento deve constar em uma inspeção da viatura Marruá a cada 20 mil km rodados (Anexo B) e a troca dos componentes aos 100 mil km.
Figura 4 – Fotos da ¾ Ton Agrale Marruá danificada
Fonte: AUTOR (2023)
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados obtidos em relação às comparações de manutenções realizada na SSMB, na VTNE Agrale Marruá AM21, caracterizam que, do ponto de vista econômico, a manutenção preventiva, inicialmente é mais onerosa que a manutenção corretiva, pois as peças e componentes são substituídos antes de atingirem o fim de sua vida útil. Todavia, se considerarmos o tempo maior gasto em manutenção, além do gasto com o próprio insumo, o custo total da manutenção corretiva passa a ser maior.
Nesse contexto, foi verificada que a manutenção preventiva é uma atividade que deve ser realizada com frequência para que seja possível obter um bom desempenho da viatura e, ao mesmo tempo, possibilitar que seja detectada qualquer falha e assim aumentar a sua vida útil, oferecendo à OM um bom rendimento. Por conseguinte, incutir a mentalidade pela prática da manutenção e a correta aplicação de seus princípios também contribuirá para o aumento da vida útil da viatura Marruá.
Ao longo da presente pesquisa foi possível compreender a importância dos princípios da manutenção empregados na viatura ¾. Ton Agrale Marruá, os quais são fundamentais para manter a operacionalidade, pronto emprego e disponibilidade do material, diminuindo assim seu desgaste e probabilidade de pane. Foi observado, também, que aplicar corretamente estes princípios, além de proporcionar vantagens operacionais, trazem uma série de vantagens econômicas ao reduzir custos nos trabalhos de manutenção e aumentar a disponibilidade das viaturas. Entretanto, o maior problema identificado na SSMB durante a realização da pesquisa, foi a falta de alguns dos princípios da manutenção, sendo eles: a falta de insumos, ferramental e pessoal.
Por conta disso, sugere-se que, em relação a otimização da manutenção, existe a necessidade de um maior assessoramento ao escalão superior quanto a disponibilidade de insumos. Para isso, deve ser realizado um minucioso levantamento das necessidades da SSMB para o melhor cumprimento de sua missão, contribuindo, assim, no processo de aquisição de suprimento, bem como na sua distribuição. Dessa forma, resolveria o maior óbice em relação à manutenção preventiva, pois, como foram levantados na entrevista, os fornecedores de insumos da SSMB não são da cidade de Resende, sendo em sua maioria da cidade de São Paulo ou Rio de Janeiro, o que dificulta a obtenção rápida de insumos.
Quanto ao ferramental, foi levantado que não existe recurso financeiro destinado para sua renovação periódica. Assim, conforme informou o 2º Ten Fontana, seria necessário a previsão de recurso financeiro para que, em média, a cada 5 anos, o ferramental seja renovado.
Em relação a falta de pessoal, tendo em vista que a SSMB tem que realizar manutenção preventiva e corretiva em 430 viaturas diversas, incluindo 65 marruás, e considerando que existe atualmente apenas 20 militares mecânicos, correspondente a 50 % do efetivo total necessário, é imprescindível o recompletamento do efetivo de mecânicos para suprir essa demanda.
Por fim, como forma de racionalizar o processo de manutenção preventiva: diminuindo os custos de uma possível manutenção corretiva e, consequentemente, reduzindo o tempo de indisponibilidade da VTNE Agrale Marruá, os profissionais que fazem parte do sistema de manutenção, devem aperfeiçoar o fluxo de informações sobre a manutenção preventiva da referida viatura, sob o enfoque dos cinco princípios que integram a estrela da manutenção: pessoal, insumos, ferramental, infraestrutura e documentação técnica.
Concluindo o presente trabalho científico, é importante rememorar que o seu objetivo principal foi, à partir da comparação dos custos dos tipos de manutenção empregados na Sub Seção de Material Bélico da AMAN, nas VTNE Agrale Marruá, inferirmos como o enfoque em determinado tipo de manutenção pode influenciar nos custos observados na SSMB da AMAN.
Nessa direção, foram abordados de forma abrangente conceitos, definições e ferramentas necessárias para otimizar a manutenção, e junto com elas suas características e objetivos, para a melhor compreensão dos princípios de manutenção, que são conhecimentos indispensáveis para verificar quais os benefícios obtidos ao se priorizar a manutenção preventiva e, além disso, correlacionando com a proposta de garantir a disponibilidade das viaturas por maior tempo, evitando gastos desnecessários e contribuindo com o êxito das missões da AMAN.
Por fim, a constante análise e estudo dos meios viáveis de otimização da manutenção constituem uma atividade crucial para o aperfeiçoamento da gestão do patrimônio público. Em razão disso, é possível que novos estudos sejam desenvolvidos com o propósito de investigar e estabelecer estratégias ainda mais efetivas a fim de maximizar a disponibilidade dos equipamentos, mitigar despesas e elevar a confiabilidade dos sistemas. Sendo assim, tais investigações têm a capacidade de contribuir de modo significativo para a evolução e aprimoramento do campo de manutenção, consequentemente, para uma melhor gestão dos recursos públicos.
REFERÊNCIAS
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ANEXO A: Ficha de Ordem de Serviço
Fonte: Sub Seção de Material Bélico da AMAN
ANEXO B: Extrato de Revisão da Viatura Marruá
Fonte: Sub Seção de Material Bélico da AMAN
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