MARKETING OF FISH IN THE MUNICIPALITY OF LARANJAL DO JARI, AMAPÁ, BRAZIL
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202501031307
Welington Fidelis Duarte¹;
Samuel de Carvalho Andrade².
Resumo
A pesca é o alicerce da economia na região amazônica, este buscar analisar a comercialização das espécies de pescado na cidade de Laranjal do Jari, e quais se destaca em relação às demais regiões brasileiras pela riqueza de espécies exploradas. A pesca garante renda e subsistência para uma boa parte da população, sendo uma das atividades mais tradicionais no Brasil, rendendo importantes divisas para o país e a produção do pescado, dos estados do Amapá e Pará. O pescado cada vez vem se tornando um dos principais alimentos na mesa do amapaense, dentre as espécies mais consumidas estão a Pirapitinga, Tambaqui, Tucunaré, Filhote, Dourada, Traíra, Acará, Pescada, Acari e o tamuatá. Através de uma coleta de dados, ele buscar traçar o perfil da comercialização e da fiscalização do pescado no município de Laranjal do Jari. A compra e venda promove e gira a economia municipal porem com pouca atenção no manejo e conservação do alimento até o consumidor final, ou seja, o cliente laranjalense, de forma objetiva será analisada quais peixes são os mais procurados, qual a sua procedência, se é de viveiro, do rio Jari, ou de cidades próximas, quais as dificuldades dos vendedores que enfrentam no dia a dia para a comercialização dessas espécies.
Palavras-chaves: Pesca, comercio, peixe.
ABSTRACT
Fishing is the cornerstone of the economy in the Amazon region, which stands out compared to other Brazilian regions due to the richness of the species exploited. Fishing ensures income and subsistence for a significant portion of the population and is one of the most traditional activities in Brazil, generating important revenue for the country and for fish production in the states of Amapá and Pará. Fish has increasingly become one of the main foods on the table of the people of Amapá, with the most consumed species including Pirapitinga, Tambaqui, Tucunaré, Filhote, Dourada, Traíra, Acará, Pescada, Acari, and Tamuatá. Through data collection and using the inductive method, we aim to outline the profile of fish commercialization and inspection in the municipality of Laranjal do Jari. Buying and selling promote and drive the local economy, but with little attention to the handling and conservation of the product until it reaches the final consumer, that is, the customer in Laranjal. The analysis will objectively examine which fish are most sought after, their origin whether from fish farms, the Jari River, or nearby cities along with the challenges faced by vendors in their daily work to market these species.
Keywords: fishing, commerce, fish.
INTRODUÇÃO
De acordo com o Código Ambiental do município de Laranjal do Jari – AP, lei 237 CAP. VI art. 25, a pesca é definida como todo ato de captura ou extração de organismos vivos animais ou vegetais que tenham na água seu mais frequente meio de vida, sejam eles de ambientes naturais ou de criadouros (PMLJ, 2006). Para (Barthem, 1995), a pesca é o alicerce da economia na região amazônica, que se destaca em relação às demais regiões brasileiras pela riqueza de espécies exploradas, como também pela quantidade de pescado capturado anualmente. De acordo com os levantamentos realizados, estima-se a existência de 1.300 a 2.500 espécies de peixes, embora apenas 200 espécies estejam entre aquelas exploradas com fins comerciais e de subsistência (BARTHEM, 1995; ROUBACH et al., 2003).
Em relação a comercialização do pescado em Laranjal do Jari, as feiras livres possuem grande importância para o desenvolvimento e atraem consumidores de outras localidades, movimentando a economia local. Neste cenário, pode-se observar na feira de peixes, diversos problemas que envolvem desde a infraestrutura até a destinação dos resíduos. Neste contexto, seria interesse pesquisar por meio deste trabalho, como é realizada a comercialização do pescado na feira do peixe no município de Laranjal do Jari, estado do Amapá, bem como verificar como é realizada a fiscalização pelos órgãos públicos competentes. O Amapá corresponde aproximadamente 50.000 km2 de plataforma. O litoral amazônico possui vocação natural para a pesca extrativista, mais especificamente os estados do Amapá e Pará (SUFRAMA, 1999).
Diante disso, o que sobra para os pescadores da região são as atividades da pesca artesanal, bem como da aquicultura, de forma precária, sem infraestrutura que possibilite o beneficiamento e agregação de valores ao pescado regional e local, como no município de Laranjal do Jari. Também a fiscalização é precária devido à falta de infraestrutura dos órgãos competentes, assim como de uma legislação discutida com a comunidade e célere nas suas decisões e penalidades.
A importância e relevância deste projeto repousa por ter como objetivo descrever a colônia de pescadores existente e analisar como é feito a comercialização do pescado na feira do peixe no município de Laranjal do Jari-AP, bem como a fiscalização pelos órgãos públicos competentes.
O presente trabalho pode trazer informações no processo de gestão do pescado na cidade, se o poder público tiver acesso as informações e arrecadar recursos para a comercialização e valorização do profissional, a questão dos resíduos e na qualidade do pescado.
Este estudo pretende responder a seguinte pergunta: Quais são os pescados consumidos e como é realizada a comercialização na feira do peixe no município de Laranjal do Jari no Estado do Amapá?
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA
1 A pesca artesanal
De acordo com a literatura pesquisada, não há um consenso teórico sobre o significado de pesca artesanal ou de pequena escala, sendo que sua definição está baseada contrapondo ao que seria a pesca em larga escala. A pescaria em larga escala se define como aquela que utiliza tecnologias sofisticadas, pesados investimentos em que apenas os grandes capitalistas têm acesso. Em oposição a isso temos então as comunidades pesqueiras que são desprovidas dessas características. Portanto, a pesca artesanal não possui tecnologias e investimentos na sua atividade e isso traz como consequência a baixa produtividade e baixa taxa de rendimento e subsistência. (FAO,1975 in: EMBRAPA, 2014).
A pesca artesanal brasileira em geral, possui numerosas e complexas especificidades devido a diversos fatores sociais, políticos, institucionais, econômicos e ambientais de cada localidade, possuindo uma força econômica muito dinâmica e pratica se ajustando rapidamente às mudanças ambientais. O trabalhador da pesca artesanal tem como meios de produção petrechos, embarcações e estratégias, para a sua atividade pesqueira, em meio aos poucos recursos, conflitos sociais e mudanças constantes. Uma característica dessa atividade é que ela é considerada nos locais onde se desenvolve, um fator de qualidade ambiental, considerada como importante estratégia para a conservação dos produtos pesqueiros. (CATELLA et al, 2012 in: EMBRAPA, 2014).
De acordo com o Código Ambiental do município de Laranjal do Jari – AP, lei 237 CAP. VI art. 25, define-se como pesca todo ato tendente a capturar ou extrair organismos vivos animais ou vegetais que tenham na água seu normal ou mais frequente meio de vida, sejam eles de ocorrência natural ou provenientes de criadouros (Prefeitura Municipal de Laranjal do Jarí, 2006), englobando, portanto, tanto a pesca artesanal como a pesca de grande escala.
Importância econômica
Segundo a EMBRAPA (2014), desde 1950 as estatísticas da FAO registraram um crescimento promissor da pesca mundial, porém na década de 1980 registrou uma estabilidade desse crescimento e a partir de 1995 declinou 5% nessa produção com um volume de 90 milhões de toneladas e com uma projeção de futuro para no máximo 105 milhões de toneladas em todo o mundo.
A pesca possui uma importância econômica muito grande para a região amazônica, que se destaca em relação às demais regiões brasileiras pela riqueza de espécies exploradas, assim como pela quantidade de pescado capturado anualmente. Segundo os levantamentos realizados, estima-se a existência de 1.300 a 2.500 espécies de peixes, embora apenas 200 espécies estejam entre aquelas exploradas com fins comerciais e de subsistência (BARTHEM, 1995; ROUBACH et al., 2003).
O principal ponto a ser considerado no tocante a sustentabilidade do setor pesqueiro está na redução dos estoques e demais efeitos negativos que se abatem sobre a ictiofauna, que não advêm exclusivamente da pesca, mas de impactos negativos do entorno, como a derrubada das matas ciliares, a destruição de nascentes, o assoreamento, a poluição e o represamento de rios (SANTOS et al., 2005). É importante salientar que devem ser levadas em consideração as particularidades de cada setor prejudicado pela implantação de um projeto como esse, pois os impactos sociais e ambientais causam consequências a todos os envolvidos principalmente aos ribeirinhos que vivem próximo ao local e vivem exclusivamente da pesca, ainda que seja feito o estudo destes impactos de forma correta e verdadeira os efeitos positivos não compensam os negativos.
A comercialização e Fiscalização
A produção de pescado comercializado no Amapá tem como principal porto de desembarque no município de Santana de onde é feita a distribuição para todo o estado, sendo que esse pescado é oriundo dos municípios paraenses e do baixo e médio Amazonas (Santarém, Óbidos, Monte Alegre, Alenquer, Prainha, etc) e em menor proporção do porto de Macapá e Laranjal do Jari. Ainda segundo a EMBRAPA (2014), o aumento dos incrementos tecnológicos das últimas três décadas introduzidos na região, poucas influências tiveram na atividade pesqueira do Amapá. (EMBRAPA, 2014).
Quanto as vendas, os produtos da atividade piscicultora podem ser classificados em vendas diretas e indiretas. A venda direta é a venda realizada a dois tipos de consumidores: o final, que consome diretamente o produto; e o consumidor corporativo, que usa o produto como fonte de renda. O corporativo ou processa, ou industrializa e revende esse pescado processado ou in natura, (restaurantes cujo cardápio são peixes em diversos tipos de receitas). Sobre a comercialização ela pode ser informal ou formal. A venda informal acontece em portos, diretamente nas pontes ou às margens do rio, feita pelos próprios pescadores. Aquicultores podem vender diretamente na sua propriedade ou em feiras a partir de uma cadeia produtiva integrada.
Quanto as vendas indiretas o atacado ou o varejo são os responsáveis por essas vendas. As vendas realizadas em feiras, peixarias e supermercados são exemplos desse tipo, quando o consumidor adquire o produto, mas o consome em outro local. Há os “atravessadores”, que também comercializam peixes de forma indireta e prejudicam o comércio de peixes, potencializando a informalidade e causando impacto no preço dos produtos. A comercialização do pescado nas feiras livres, portanto, são vendas indiretas e possuem grande importância para o desenvolvimento e atraem consumidores de outras localidades o que movimenta a economia local. Diante deste cenário obtiveram-se na feira de peixes, diversos problemas que envolvem desde a infraestrutura até a destinação dos resíduos. Neste contexto objetivou-se través desse estudo descrever a colônia de pescadores e analisar como é feito a comercialização do pescado na feira do peixe no município de Laranjal do Jari no Estado do Amapá, e verificar a ocorrência de fiscalização pelos órgãos públicos competentes. O desembarque do pescado e sua destinação têm de ser avaliados pelos profissionais da inspeção, a fim de assegurar as boas condições higiênicas sanitárias dos peixes capturados (GERMANO & GERMANO, 2001). Apesar de haver a fiscalização do comércio do pescado é preciso mais rigor dos órgãos competentes uma vez que de acordo com relatos dos entrevistados, só ocorre na época da desova dos peixes. Como também, a vigilância sanitária deveria ter mais rigor e exigir tanto da associação quanto do governo meios para que os feirantes façam uso adequado dos objetos manipulados por eles, bem como a conservação adequada do pescado. A vigilância sanitária atua no âmbito do comércio varejista, venda ao público, zelando pela qualidade higiênico-sanitária dos produtos colocados a disposição dos consumidores (GERMANO et al., 1998).
Piracema
Iniciou o período de defeso dia 15 de novembro de 2024 de 21 espécies de peixes, as quais, a pesca fica proibida até 15 de março de 2025. A medida busca proteger as espécies que vivem em rios e lagos do estado durante os 4 meses de piracema, momento em que os animais se reproduzem. A determinação segue as normativas estabelecidas em portarias da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A secretaria e os demais órgãos de fiscalização ambiental atuarão na repressão da pesca, do transporte, da comercialização, do beneficiamento e da industrialização ilegal das espécies de pescado protegidas. (GEA, 2024).
Conforme o defeso fica proibida a pesca, transporte, comercialização, beneficiamento e a industrialização dos peixes: Aracu, Piau, Curimatã, Jeju, Pacu, Traíra, Tamoatá, Apaiarí, Pirapitinga, Piranha, Anujá (Cachorro de Padre), Branquinha, Matrinxã, Mapará, Sardinha, Aruanã, Pescada-branca, Curupeté, Cumaru, Trairão e Pirapema nas bacias dos rios Amazonas, Araguari, Flexal, Cassiporé, Cunani, Uaçá e seus respectivos tributários. (GEA, 2024).
Isentos da proibição
Segundo os órgãos que regulamentam o defeso, ficam excluídas das proibições a pesca de caráter científico autorizada pelo órgão ambiental competente, a que for praticada por pescadores amadores devidamente licenciados com limite de cinco quilos e mais um exemplar, a de subsistência das populações ribeirinhas, sendo até dez quilos de peixe por dia. Neste período, é permitido, ainda, todo o processo que envolve o pescado proveniente de pisciculturas devidamente licenciadas ou procedentes de locais com época de defeso diferenciado, desde que, esteja acompanhado do devido comprovante de origem do pescado e de nota fiscal ou Documento Auxiliar de Nota Fiscal. Nesses casos, a Sema, emitirá o Documento de Origem do Pescado (DOP) visando possibilitar a comercialização. (GEA, 2024).
2 METODOLOGIA
Tipo de pesquisa
O presente trabalho tem como base uma busca de coleta de dados através de questionários em uma entrevista aberta estruturada com abertura caso necessário a semiestruturada, ou seja, não planejada, o foco foi traçar o perfil da comercialização e consumo do pescado no município de Laranjal do Jari. As coletas de dados que foi apurado na feira livre do peixe que está localizada na Rua Tancredo Neves e Vitória Regia, e também com vendedores ambulantes que desenvolvem seu trabalho ao longo da avenida Tancredo Neves. Foram aplicados os questionários com perguntas abertas, conversa informal. Foi realizado cinco visitas às sedes das associações dos pescadores, como também foi feito um levantamento da quantidade de feirantes e pescadores associados, os dados obtidos foram feitos através de pesquisa e análise ao ambiente comercial e o manuseio da venda do pescado.
Quanto aos objetivos esta pesquisa é classificada como pesquisa qualiquantitativa, considerando a finalidade desse estudo, o presente trabalho parte de uma revisão, ainda que breve, acerca da pesquisa qualitativa expondo sua importância no cenário da pesquisa científica e suas características. Faz-se presente, também, uma discussão teórica sobre a técnica análise de conteúdo, apresentando sua sistematização, conforme (Bardin, 2011). A partir de tais constatações, passou-se a adotar com maior frequência a pesquisa qualitativa em educação, uma vez que esta envolve a obtenção de dados descritivos; o contato direto do pesquisador com a situação; enfatiza mais o processo que o produto e retrata a perspectiva dos participantes (LÜDKE; ANDRÉ, 1986). Com estas características a abordagem qualitativa tem adquirido maior valorização e status nas pesquisas voltadas para a área de educação, perante a complexidade e dinâmica dos fenômenos envolvidos e as dificuldades na manipulação de variáveis. Entretanto, numa pesquisa científica, os tratamentos quantitativos e qualitativos dos resultados podem ser complementares, enriquecendo a análise e as discussões finais (MINAYO, 1997).
Conforme (Flick, 2009), nos últimos anos vários pesquisadores de diversas áreas enfatizam em suas pesquisas as relações, combinações possíveis e também as distinções entre a pesquisa quantitativa e a qualitativa. Para (Bryman ,1992), citado por (Flick, 2009), a lógica da triangulação, ou seja, da combinação entre diversos métodos qualitativos e quantitativos, visa a fornecer um quadro mais geral da questão em estudo. Nesta perspectiva, a pesquisa qualitativa pode ser apoiada pela pesquisa quantitativa e vice-versa, possibilitando uma análise estrutural do fenômeno com métodos quantitativos e uma análise processual mediante métodos qualitativos.
Dos Questionários e visitas
Utilizamos questionário com perguntas abertas com o foco nas seguintes informações: tempo de serviço, procedência do peixe, higiene do ambiente, forma de transporte, método de conservação do pescado (fresco, congelado, salgado), com o intuito de identificar a disponibilidade de pescado no comércio local.
Foi realizado entrevistas abertas estruturadas aplicadas entre 10 comerciantes que vendem o pescado dentro e fora da feira, sendo 08 feirantes associados, assim como entrevistas com 02 vendedores ambulantes. Também foi realizada uma análise da estrutura do local, abastecimento de água, armazenamento dos pescados e manejo dos resíduos. Os dados coletados foram digitados em planilha eletrônica do Excel, sendo analisadas as respostas individualmente por entrevistado considerando as respostas mais relevantes para cada pergunta e aferindo literaturas científicas afins.
Consequentemente foi visitado duas associações de pescadores (SINDEPESCA, ASSOPESCA) no intuito de saber os números de associados dentre elas, temas como seguro defeso, piracema e fiscalização foram abordados. Em seguida visitamos na prefeitura do município a secretaria de vigilância sanitária para aprofundarmos no conhecimento dos termos das preconizações previstas em lei dos procedimentos de inspeção e fiscalização de pescado e quais medidas devem ser adotadas e as ações necessárias para o uso do comercio pesqueiro. Realizamos uma entrevista aberta a dois pescadores esportista que desde a adolescência pescam na região do vale com relatos dos anos antes da construção da usina hidrelétrica da cachoeira de Santo Antônio, quais os males que ela trouxe, impactos, estiagem, floresta, e especialmente quais os peixes que haviam antes e pós chegada da usina.
Das perguntas aos entrevistados nas feiras a primeira foi quais os dez peixes mais vendidos no seu estabelecimento? De forma que sem exceção todos afirmaram a pirapitinga (Piaractus brachypomus), como primeira opção, depois vem os demais peixes.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS
O levantamento de campo, por sua vez, foi realizado de forma a caracterizar diferentes ciclos das águas (cheia, enchente, vazante e seca) e em pontos acima e abaixo da Cachoeira de Santo Antônio. Esta distribuição dos pontos de coleta serviu para analisar uma questão central deste estudo: o papel da cachoeira de Santo Antônio como uma barreira natural para os peixes. O que se observou neste sentido foi que a região acima da Cachoeira de Santo Antônio, inserida na região do “Escudo das Guianas”, é dominada por ambientes característicos de rios montanhosos. Já na parte abaixo da Cachoeira, dominam ambientes de planície típicos da planície amazônica (RIMA, relatório de impacto ambiental UHE Santo Antônio do Jari, 2009).
Com esses dados comprova-se que a cachoeira de forma negativa influenciou a pesca no rio Jari, em entrevista aberta informal com um pescador esportista nato da cidade de laranjal do Jari contou que antes da UHE Santo Antônio do Jari ser instalada no vale do Jari as espécies de peixes eram mais abundantes e seus tamanhões eram maiores e que o fluxo de peixe eram maior para subida do rio para desova dos peixes, o entrevistado diz que pela falta de emprego na cidade levou a mais pessoas a pescar no rio Jari, causando uma falta maior de peixes consideravelmente grandes e uma procura maior do pescado artesanal, com a instalação da usina não se observa algumas espécies na parte de cima da usina por causa da interrupção da desova como por exemplo o Surubim, Pirapitinga, e o Tucunaré, na parte baixa não se ver mais o Acará Açu, com a chegada da usina e mais a falta de chuva, o rio Jari está abaixo do seu nível, fato que preocupa o presidente do SINDPESCA (Sindicato dos pescadores e pescadoras artesanais do estado do Pará e Amapá,
Em entrevista com o presidente do SINDPESCA o mesmo mostra que há aproximadamente 2000 pescadores somando todos os sindicatos e colônias de pescadores do vale do Jari, alegou que algumas espécies sumiram da pesca no rio Jari da parte baixa exemplo o Trairão, Tambaqui e Piraíba, na parte acima da hidrelétrica pescava as espécies como o Pirarucu, Pirapitinga, Jutuarana, Curimatá, Tucunaré, Trairão e o Filhote. Hoje é difícil a pesca das mesmas, comprovando assim mais uma vez uma preocupação para os pescadores a problemáticas que a usina hidrelétrica na Cachoeira de Santo Antônio do Jari trouxe para o comercio do pescado da cidade de Laranjal do Jari.
Em visita na secretaria de vigilância em saúde de Laranjal do Jari tive uma conversa com o Agente de vigilância responsável pela as vistorias das feiras livres do comercio do pescado, o mesmo relatou que as vistorias são feito a cada três meses com base nas preconizações da ANVISA (Agência nacional de vigilância sanitária) Resolução Nº216, 15 de setembro de 2004 no qual estabelece as boas práticas de serviços de alimentação e as condições sanitárias dos alimentos, o mesmo diz e que são fiscalizado o ambiente que é instalado a estrutura do comercio, estado geral de limpeza, conservação, armazenamento, na questão do peixe observa-se o olho e a guelra, também o cheiro para saber se está estragado, qual está sendo o fim dos resíduos como as escamas, guelras, o bucho e as barbatanas dos peixes, o meio de conservação mais utilizado são freezers e cubas com gelo.
A respeito da piracema citou que é respeitado todos os peixes que entram na piracema e que os peixes que são vendidos são de origem dos criadouros e que os demais eles conservam em freezers até a passagem da piracema que é em torno de quatro meses, o qual no decorrido ano no Amapá iniciou dia 15 de novembro de 2024 e vai até dia 15 março de 2025.
Já em visitas nas feiras dos peixes, visitamos feiras em diferentes endereços, na rua Vitória Regia, e na Tancredo Neves, entrevistamos dez peixeiros no qual perguntamos de onde era vindo os peixes que são comercializados em seu estabelecimento, no qual disse que são provenientes de várias cidades do Pará e algumas do Amapá, exemplos Gurupá, Santarém, Monte alegre, Prainha, Almeirim e Santana. Os peixes chegam em cubas com gelo a cada quinzena nos quais chegam pelos barcos e carros que fazem o frete até nas feiras de destinos. Em observação vimos ambientes limpos cubas com bastantes gelos, freezers limpos com sacolas nos peixes os separando para o melhor manuseio, o chão e pias higienizadas, os resíduos sãos doados para criadores de suínos e aves para servir de ração,
Perguntamos qual era os peixes que mais são vendidos e absolutamente todos os dez peixeiros responderam que o primeiro peixe que mais sai é a Pirapitinga, seguido do Aracu, Dourada, Tambaqui, Filhote, Pacu, Tucunaré, Jutuarana, Curimatã, Surubim, Pirarucu, Acará, Pescada, Jaraqui, Acari, Tamuatá, Jejum, Branquinha, e o Mapará. De forma que todos os peixeiros já tem uma longa carreira na venda do pescado, pude notar os dez peixes mais citados e quais eram mais comuns ser os primeiros a ser mencionado no qual obtive os seguintes dados que demostra no gráfico a seguir.
Os dados coletados foram digitados em planilha eletrônica do Excel, sendo analisadas as respostas individualmente por entrevistado considerando as respostas mais relevantes para cada pergunta e aferindo literaturas científicas afins. Fica claro que a Pirapitinga é a mais vendida seguida do Aracu, Dourada, Tambaqui, Filhote, Pacu e o Tucunaré.
4 CONCLUSÃO
O impacto ambiental da UHE da cachoeira de Santo Antônio está evidente para o pescado e para todo o vale do Jari assim como também a estiagem e o assoreamento do rio, as espécies de peixes do rio Jari estão sendo atingida tento a necessidade de mais pesquisas na área de preservação do rio Jari, sabendo que é de grande importância para a economia uma vez que a grande empresa que movimentava a economia local a empresa Jari faliu, e agora somente algumas empresas e a prefeitura da cidade sustenta a economia. Por isso é certo que o pescado e o comercio do peixe tem grande valor para a economia de Laranjal do Jari. A analise é que a maioria do pescado são provenientes de fora da cidade, porem os laranjalense procuram muito o consumo do peixe resultando no bom comercio do pescado, a respeito do ambiente e do manejo o peixe é manuseado com toda higiene possível, também é respeitado a época da piracema, a vigilância sanitária contribui com vistorias nas feiras e indicações de bons hábitos de manuseio do pescado. Os peixeiros relatam que há pouca preocupação para com o profissional da pesca por parte da gestão local e tiveram poucas capacitações ou cursos para com o manuseio e higienização do pescado.
REFERÊNCIAS
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¹Discente do Curso Superior de Licenciatura em Ciências Biológicas do Instituto Federal do Amapá Campus Laranjal do Jari. e-mail: dirgeral.jari@ifap.edu.br
²Docente do Curso Superior de Licenciatura em Ciências Biológicas do Instituto Federal do Amapá. Mestre e Doutor em Entomologia (PPGMAD/UNIR). e-mail: samuel.andrade@ifap.br