COLOSTROTHERAPY: AN INNOVATIVE APPROACH IN THE NEONATAL INTENSIVE CARE UNIT
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10674035
Rian Barreto Arrais Rodrigues de Morais1
Wendryus William De Lima2
Leonardo Torres Camurça3
Carlos Henrique Rodrigues de Paulo4
Janaína Antunes dos Santos5
João Sá Ferreira Ramos6
Aressa Naisa Furlan Fontana7
Roberta Cristiane Oliveira da Silva8
Christopher Boventura o Couto Ferreira9
Giseli Nobres da Silva Freitas10
Karla Raissa Pires11
RESUMO
A internação na unidade de terapia intensiva neonatal ocorre em mais de 30% das crianças prematuras e de baixo peso, essa internação demonstra um alto índice de mortalidade e um prejuízo na qualidade de vida dessas crianças, quando entram em contato com patógenos e ficam distantes do aleitamento materno. Como proposta para intervir nessa questão a colostroterapia se apresenta como ferramenta ideal para o desenvolvimento imunológico, neuropsicomotor e nutritivo para o prematuro. Diante disso, nosso objetivo foi analisar o impacto da colostroterapia na unidade de terapia intensiva neonatal. Para isso utilizamos como metodologia a revisão integrativa de literatura, para incluir o máximo de conhecimento ao alcance, foram utilizadas as bases de dados PUBMED, LILACS e MEDLINE, os descritores utilizados como critério de inclusão foram: “Leite humano”, “Aleitamento Materno”, “Recém-nascido prematuro” e “Colostro”. Os estudos pontuaram que a terapia, a princípio, tem resultados nutritivos que serão fundamentais para o correto crescimento do prematuro, mas esse não é o objetivo principal. Sendo o estímulo orofaríngeo responsável por facilitar a colonização do trato gastrointestinal, higiene e o desenvolvimento da mucosa, além de estimular os receptores sensitivos da região, que não poderiam ser feitos pela alimentação enteral. Portanto, indica-se o uso da colostroterapia, com base na revisão dos artigos estudados e é necessária a implementação de um protocolo específico para a maior eficiência na terapia pelo país.
Palavras-Chave: Leite humano. Aleitamento Materno. Recém-nascido prematuro. Colostro
ABSTRACT
Admission to the neonatal intensive care unit occurs in more than 30% of premature and low birth weight children, this hospitalization demonstrates a high mortality rate and a loss in the quality of life of these children, when they come into contact with pathogens and are far from the breastfeeding. As a proposal to intervene in this issue, colostrum therapy presents itself as an ideal tool for immunological, neuropsychomotor and nutritional development for premature babies. Therefore, our objective was to analyze the impact of colostrum therapy in the neonatal intensive care unit. For this, we used an integrative literature review as a methodology, to include as much knowledge as possible, the PUBMED, LILACS and MEDLINE databases were used. The descriptors used as inclusion criteria were: “Human milk”, “Breastfeeding” , “Premature newborn” and “Colostrum”. The studies pointed out that the therapy, in principle, has nutritional results that will be fundamental for the correct growth of the premature baby, but this is not the main objective. As the oropharyngeal stimulus is responsible for facilitating the colonization of the gastrointestinal tract, hygiene and development of the mucosa, in addition to stimulating the sensory receptors in the region, which could not be done by enteral feeding. Therefore, the use of colostrum therapy is indicated, based on the review. of the articles studied and it is necessary to implement a specific protocol for greater efficiency in therapy across the country.
Keywords: Human milk. Breastfeeding. Premature newborn. Colostrum.
1. INTRODUÇÃO
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) cerca de 1,7 milhões de mortes nos primeiros 28 dias de vida poderiam ser evitadas, caso houvesse condições adequadas de serviços de saúde e cuidados corretos no período periparto (OMS, 2018). Cerca de 80% dessas mortes ocorrem em recém-nascidos de baixo peso (RNBP), que necessitam de cuidados especiais, muitas vezes, de internamento na unidade de terapia intensiva neonatal, para o correto suporte nutritivo e imunológico. A ciência mostrou a importância da correta maturação intrauterina, tanto relacionada ao desenvolvimento neuropsicomotor, quanto à maturidade imunológica própria, já que quanto mais imaturo for o recém-nascido maior a chance de mortalidade, devido a infecções virais e bacterianas. (KOCISZEWSKA-NAJMAN et al, 2020)
Portanto, é fato que os recém-nascidos pré-termo e de baixo peso, principalmente, pela imaturidade imunológica, possuem maior chance de internamento em UTI’s neonatais, o que lhes impõem um alto risco de infecções, seja pelo ambiente, seja pela quantidade de procedimentos invasivos, que fragilizam o RNBP, intensificando, ainda mais, a situação em caso de existência de doenças base e de não-aleitamento correto. (SNYDER et al, 2017)
Por isso, é necessária a coleta de dados para evidenciar a importância da colostroterapia nas unidades de terapia intensiva neonatais. Os estudos mostram a eficácia inquestionável do aleitamento materno, tanto para o recém-nascido, que obterá os nutrientes, os anticorpos necessários para sua proteção e o desenvolvimento neurocomportamental, quanto para a nutriz, equilibrando seu sistema endócrino e trazendo sensação de satisfação e de aceitação da nova realidade (HEINE et al, 2021). O aleitamento é recomendado já na primeira hora de vida, para proporcionar defesa imunológica ao recém-nascido, que, em contato com o ar ambiente, estará exposto aos mais diversos antígenos. Os estudos mostram que o colostro presente no leite materno é rico em proteínas, gorduras, vitaminas e, principalmente, em fatores protetivos como as imunoglobulinas. (COLONETTI et al, 2022)
Como efeito da imaturidade, os RNPT e RNBP não possuem desenvolvimento gastrointestinal suficiente para o metabolismo de certas substâncias e para a proteção contra patógenos presentes no meio, por isso, os estudos mostram a eficácia da administração orofaríngea do colostro materno (colostroterapia), como fator protetivo para o desenvolvimento do arranjo intestinal e para a proteção contra a maior parte dos patógenos que aumentam a taxa de mortalidade nesse público-alvo (CHEN et al, 2021). A terapia consiste na administração em pequenas doses (0,1 ml) do colostro materno na região interna de cada bochecha do recém-nascido de três em três horas por um período de cinco dias, não com finalidade nutritiva, mas sim como terapia imune, para a consolidação da mucosa gastrointestinal, pela absorção de oligossacarídeos e citocinas na superfície epitelial, criando uma barreira defensiva contra os antígenos presentes no ambiente. (BAYRAKTAR et al, 2022).
Apesar da comprovação científica, a adesão da colostroterapia ainda é baixa nas unidades de saúde, seja pela fragilidade protocolar dessa medida, seja pela falta de acesso a essa tecnologia por meio da equipe de saúde. (NASCIMENTO et al, 2020)
2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
O objetivo desse trabalho é revisar o efeito da colostroterapia nos recém-nascidos prematuros e de baixo peso que necessitam de internação em unidades de terapia intensiva.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
– Avaliar o impacto da colostroterapia no desenvolvimento do recém-nascido;
– Avaliar a comparação do efeito da colostroterapia em recém-nascidos prematuros e de baixo peso;
– Analisar a indicação da colostroterapia em prematuros internados em unidades de terapia intensiva neonatais;
3. METODOLOGIA
Esse trabalho utiliza como abordagem a revisão integrativa da literatura com uma abordagem descritiva exploratória do tipo qualitativa, o objetivo dessa metodologia é incluir o máximo possível de trabalhos, dentro dos critérios, favorecendo uma maior análise de estudos para potencializar os resultados sobre o fenômeno alvo. Como organizador estrutural desse trabalho foi utilizada a estratégia Pico (SOUSA et al, 2018), que integra uma população de interesse (P), fenômeno de interesse (I) e contexto (co), sendo P: recém-nascidos prematuros; I: uso da colostroterapia; co: durante a internação em unidades de terapia intensiva neonatais.
O procedimento de coleta de registros foi realizado em fontes similares e confiáveis com uma abordagem qualitativa, a fim de correlacionar os dados com a temática em questão. Os resultados obtidos foram sintetizados com identificação, periódico, tipo de estudo, objetivo e principais achados em uma tabela organizada de forma decrescente, conforme o ano de publicação.
Foram utilizados como critérios de inclusão os artigos relacionados com a questão norteadora: colostroterapia em recém-nascidos prematuros nas unidades de terapia intensiva neonatais. Os trabalhos tem marco temporal de publicação nos últimos 5 anos, sem restrição quanto ao tipo de estudo. A busca no acervo médico foi realizada no mês de setembro de 2022, sem restrições de linguagem, as bases de dados usadas foram: PUBMED, LILACS e MEDLINE. Os descritores utilizados como critério de inclusão foram escolhidos com base nos descritores em ciências da saúde (Decs): “Leite humano”, “Aleitamento Materno”, “Recém-nascido prematuro” e “Colostro”.
A busca da bibliografia específica teve como etapas: busca de descritores condizentes com a pergunta norteadora, seguido de busca de trabalhos que abordassem os descritores e, por fim, artigos publicados nos últimos 5 anos. Foram identificados um total de 34 artigos nas bases de dados, dos quais 15 estavam repetidos, ficando 19 artigos selecionados após os critérios. O fluxograma 1 mostra o processo de seleção dos trabalhos.
Fluxograma 1. Critérios de busca bibliográfica
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os trabalhos analisados, com excessão de Anish Pillai, et al 2022, mostraram por diversas abordagens diferentes o fato de que a colostroterapia é fundamental para o desenvolvimento do neonato, principalmente em recém-nascidos pré-termo de muito baixo peso (RNMBP) e de baixo peso (RNBP), de modo que quanto menos desenvolvido, mais benefícios essa terapia trará (NASCIMENTO et al, 2020). Todos os estudos utilizaram o protocolo já sistematizado de colostroterapia orofaríngea, com aplicação de 0,1 ml na face interna de cada bochecha do recém-nascido, para o contato da mucosa com os componentes imunológicos do composto.
Os estudos mostraram que, nas UTI’s neonatais, a falta de um protocolo bem estabelecido, mostrando fatores de elegibilidade e conduta, é o principal entrave que dificulta a aplicabilidade da colostroterapia, mas esses mesmos estudos mostraram que o uso dessa ferramenta tem se mostrado eficaz para o desenvolvimento de fatores protetivos contra patógenos, presentes, muitas vezes, na própria unidade de terapia intensiva e nas terapias invasivas, aumentam a taxa de aleitamento materno exclusivo dada a estimulação orofaríngea pelo composto (HEINE et al, 2021), diminuindo as chances de desenvolver intolerância alimentar, síndromes metabólicas e atuando no desenvolvimento da maturidade gastrointestinal.
A maioria dos recém-nascidos pré-termo, necessitam de um acompanhamento na unidade de terapia intensiva até que seu desenvolvimento seja suficiente para se adequar aos cuidados maternos (HEINE et al, 2021), no entanto, esse período de “reclusão” até a maturidade, muitas vezes afasta o recém-nascido do leite materno, seja pela presença de uma patologia associada como a enterocolite necrosante, sepse, displasia broncopulmonar, comprometimentos do neurodesenvolvimento entre outras. Esse afastamento, priva o recém-nascido dos benefícios do contato com todas as substâncias presentes no leite materno, que são fundamentais para o desenvolvimento específico daquele bebê. Snyder, et al 2017, mostra que mesmo nesses cenários, onde a nutrição enteral nem sempre é possível e a imaturidade gastrointestinal impede ingestão oral do alimento, a colostroterapia é eficaz como proposta protetora tanto para aumentar o aleitamento exclusivo, quanto para melhora no prognóstico do recém-nascido. Além disso, Carmel et al, 2019, mostra que o uso de suplementação com ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa no período perinatal, estudada a décadas, não é suportada.
Isso ocorre porque, segundo o colostro atua como agente imunomodulador, com o aumento de IgA, IgM, lactoferrina, citocinas, fatores anti-inflamatórios e antioxidantes trazendo uma ativação imune protetiva para o desenvolvimento do recém-nascido, promovendo resistência à infecção bacteriana e viral, principalmente contra o rotavírus e vírus sincicial respiratório. (CIVRA et al, 2021)
Alguns estudos compararam os fatores componentes do colostro em situações de parto pré-termo, a termo, de mães com diferentes perfis clínicos e diferentes tipos de parto (normal e cesariana), não mostrando diferenças significativas no número de gorduras e nutrientes e evidenciando que no colostro pré-termo há mais componentes celulares, responsáveis pela maturação do prematuro, de maneira proporcional (SANTIAGO et al, 2018). Esses estudos também asseguraram a necessidade de colostroterapia independente do tipo de parto, de perfil materno e de maturação neonatal. ( KAINGADE et al, 2017).
Quadro 1. Descrição da bibliografia revisada.
Os estudos analisados contribuíram para reforçar a evidência de resposta positiva ao uso da colostroterapia nas primeiras semanas de nascimento, principalmente nas unidades de terapia intensiva, quando haverá maior necessidade de adaptabilidade do corpo do recém-nascido para o desenvolvimento dos sistemas corporais, para a defesa imunológica e para determinar o bem-estar futuro desse indivíduo, já que a colostroterapia favorece a maior adesão ao aleitamento exclusivo e consequentemente, estimulando o correto desenvolvimento neuropsicomotor, metabólico e imune. (MOREIRA, 2019)
Os estudos pontuaram que a terapia, a princípio, tem resultados nutritivos que serão fundamentais para o correto crescimento do prematuro, mas esse não é o objetivo principal. Sendo o estímulo orofaríngeo responsável por facilitar a colonização do trato gastrointestinal, higiene e o desenvolvimento da mucosa, além de estimular os receptores sensitivos da região, que não poderiam ser feitos pela alimentação enteral. Ainda quanto aos componentes nutritivos. (ÜNVER KORGALI et al, 2019)
4. CONCLUSÃO
O trabalho conclui que é indispensável a realização de colostroterapia na unidade de terapia intensiva neonatal, uma vez que a bibliografia demonstra valores positivos e praticidade na implementação dessa medida, além de não oferecer risco aos recém-nascidos. Fica, no entanto, a necessidade de estudos maiores que demonstrem a correlação de dosagem e efetividade para cada situação, facilitando o manejo dos diferentes perfis de pacientes prematuros. Por fim, é necessária a implementação de um protocolo nacional para a colostroterapia nas unidades de terapia intensiva neonatais.
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