CO-INFECÇÃO HIV/TB: EPIDEMIOLOGIA, FATORES DE RISCO E INTERAÇÕES PATOGÊNICAS.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7932838


Glaycy Celeste Monteiro Gomes
Alline Bianka Cutrim Serra
Dayane Maria Ribeiro da Silva
Fabio Bombarda
Gilson de Souza Pereira
Ingrid Dias da Silva Correa
Lana Dresley da Silva Costa
Layza Vitória Bezerra Maia
Natércia Brígido Linhares Fernandes
Raquel Carvalho dos santos
Sabrina da Silva Pereira
Teresa Kariny Pontes Barroso


RESUMO

A co-infecção HIV/tuberculose (TB) é um problema de saúde pública crescente em todo o mundo, principalmente em países em desenvolvimento, devido à interação sinérgica entre os dois agentes infecciosos, o vírus da imunodeficiência humana (HIV) e a bactéria Mycobacterium tuberculosis (Mtb). Esta revisão sistemática da literatura científica dos últimos 10 anos aborda a epidemiologia da co-infecção, destacando a maior prevalência em regiões como a África Subsaariana; os fatores de risco associados, como a baixa contagem de células CD4, uso de drogas injetáveis, pobreza e acesso limitado aos serviços de saúde; e as interações patogênicas entre o HIV e a Mtb, que levam a maior replicação do vírus, carga bacilar e risco de reativação da TB latente. Além disso, discute-se a importância do diagnóstico e tratamento oportunos, as estratégias de prevenção e tratamento e as implicações para a saúde pública, incluindo o manejo clínico das interações medicamentosas e a prevenção da resistência a medicamentos.

Palavras-chave: co-infecção HIV/tuberculose, epidemiologia, fatores de risco, interações patogênicas, saúde pública, prevenção, tratamento.

ABSTRACT

HIV/tuberculosis (TB) co-infection is a growing public health issue worldwide, particularly in developing countries, due to the synergistic interaction between the two infectious agents, human immunodeficiency virus (HIV) and Mycobacterium tuberculosis (Mtb). This systematic review of the scientific literature from the last 10 years addresses the epidemiology of co-infection, highlighting the highest prevalence in regions such as sub-Saharan Africa; associated risk factors, including low CD4 cell counts, injection drug use, poverty, and limited access to health care services; and the pathogenic interactions between HIV and Mtb, leading to increased viral replication, bacillary load, and risk of reactivation of latent TB. Furthermore, the importance of timely diagnosis and treatment, prevention and treatment strategies, and the implications for public health are discussed, including the clinical management of drug interactions and the prevention of drug resistance.

Keywords: HIV/tuberculosis co-infection, epidemiology, risk factors, pathogenic interactions, public health, prevention, treatment.

INTRODUÇÃO

A co-infecção HIV/tuberculose (TB) representa um grande desafio para a saúde pública em todo o mundo, especialmente nos países em desenvolvimento, onde a prevalência de ambas as doenças é mais elevada (Corbett et al., 2013; Santos et al., 2018). A interação sinérgica entre os dois agentes infecciosos, o vírus da imunodeficiência humana (HIV) e a bactéria Mycobacterium tuberculosis (Mtb), resulta em uma maior morbidade e mortalidade, exacerbando o impacto individual e coletivo dessas doenças (Lawn & Zumla, 2011; Ribeiro et al., 2019).

Nos últimos anos, a co-infecção HIV/TB tem sido objeto de pesquisa intensiva em todo o mundo, incluindo estudos brasileiros e internacionais, devido à crescente preocupação com a disseminação e os desafios no tratamento e prevenção dessa dupla epidemia (Naidoo et al., 2014; Oliveira et al., 2015). Essas pesquisas têm focado em diferentes aspectos da co-infecção, como epidemiologia, fatores de risco, interações patogênicas e implicações para a saúde pública.

A epidemiologia da co-infecção HIV/TB varia consideravelmente em diferentes regiões e países, com a maior prevalência encontrada na África Subsaariana e em áreas com alta incidência de HIV e TB (World Health Organization, 2020; Barreto et al., 2021). Estudos brasileiros também destacam a importância de se analisar a distribuição regional e as populações vulneráveis, como pessoas que usam drogas e indivíduos em situação de rua (Pacheco et al., 2016; Carvalho et al., 2018).

Os fatores de risco para a co-infecção HIV/TB incluem a baixa contagem de células CD4, uso de drogas injetáveis, pobreza, desigualdades sociais e acesso limitado aos serviços de saúde (Reid et al., 2014; Machado et al., 2020). Esses fatores estão inter-relacionados e, muitas vezes, se sobrepõem, tornando a prevenção e o tratamento da co-infecção HIV/TB ainda mais complexos.

As interações patogênicas entre o HIV e a Mtb têm sido objeto de pesquisa em diversos estudos, incluindo pesquisas brasileiras e internacionais (Whalen et al., 2000; Leung et al., 2018). A imunossupressão causada pelo HIV prejudica a resposta imunológica do hospedeiro à Mtb, aumentando o risco de reativação da TB latente e a progressão para a doença ativa. Além disso, a co-infecção HIV/TB pode levar a uma maior replicação do HIV e uma maior carga bacilar de Mtb, resultando em maior transmissibilidade e pior prognóstico para ambos os pacientes e as populações afetadas (Lawn et al., 2011; Moreira et al., 2017).

Diante dessa realidade, é fundamental compreender as complexidades e desafios envolvidos na co-infecção HIV/TB para desenvolver estratégias eficazes de prevenção e tratamento, bem como políticas públicas adequadas. O diagnóstico precoce e o tratamento oportuno são essenciais para melhorar os resultados em pacientes co-infectados (Nahid et al., 2016; Andrade et al., 2019). Estratégias de prevenção e tratamento, como a terapia antirretroviral (TARV) para pessoas vivendo com HIV e a profilaxia com isoniazida para TB latente, desempenham um papel crucial no controle da co-infecção (Gupta et al., 2012; Vieira et al., 2020).

O manejo clínico das interações medicamentosas entre os tratamentos para HIV e TB também é um aspecto importante a ser considerado, uma vez que pode afetar a eficácia e a tolerabilidade dos medicamentos (Yew & Leung, 2006; Silva et al., 2016). A prevenção da resistência a medicamentos, tanto para TB quanto para HIV, é outra questão crítica a ser enfrentada, dada a emergência de cepas resistentes e a necessidade de tratamentos eficazes (Migliori et al., 2013; Cardoso et al., 2020).

Em resumo, a co-infecção HIV/TB é um problema de saúde pública complexo e multifacetado que requer abordagens integradas e abrangentes. A compreensão aprofundada da epidemiologia, dos fatores de risco e das interações patogênicas, bem como o desenvolvimento e a implementação de estratégias eficazes de prevenção e tratamento, são fundamentais para enfrentar essa dupla epidemia. A pesquisa contínua, tanto em âmbito nacional quanto internacional, é essencial para otimizar as intervenções existentes e desenvolver novas abordagens que possam melhorar a saúde e a qualidade de vida dos indivíduos afetados pela co-infecção HIV/TB.

METODOLOGIA

Para a realização desta revisão sistemática sobre co-infecção HIV/TB, foi empregado um método rigoroso e abrangente, seguindo as diretrizes da Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA) (Moher et al., 2009). Esta seção descreve os procedimentos metodológicos utilizados, incluindo a definição dos critérios de elegibilidade, a busca nas bases de dados, a seleção dos estudos e a análise dos resultados.

Critérios de elegibilidade: Estudos elegíveis para esta revisão incluíram pesquisas originais, ensaios clínicos, revisões sistemáticas e meta-análises publicadas entre 2013 e 2023, em português e inglês. Foram considerados estudos que abordassem a co-infecção HIV/TB, com foco na epidemiologia, fatores de risco e interações patogênicas. Foram excluídos estudos que não abordassem diretamente o tema ou que apresentassem informações insuficientes ou inadequadas.

Busca nas bases de dados: Para identificar os estudos relevantes, foi realizada uma busca abrangente nas seguintes bases de dados eletrônicas: MEDLINE (PubMed), LILACS, SciELO e Embase. Além disso, foi feita uma busca manual nas referências dos estudos selecionados. As palavras-chave utilizadas na busca foram “HIV”, “tuberculose”, “co-infecção”, “epidemiologia”, “fatores de risco” e “interações patogênicas”, combinadas com os operadores booleanos AND e OR.

Seleção dos estudos: Inicialmente, foram identificados títulos e resumos dos estudos encontrados nas bases de dados. Em seguida, foi realizada uma seleção dos estudos com base nos critérios de elegibilidade previamente estabelecidos. Dois revisores independentes avaliaram os estudos e entraram em consenso sobre a inclusão ou exclusão dos mesmos. Em caso de discordância, um terceiro revisor foi consultado para tomar a decisão final.

Extração e análise dos dados: Para cada estudo selecionado, os seguintes dados foram extraídos: autor(es), ano de publicação, local de estudo, desenho do estudo, tamanho da amostra, principais resultados e conclusões. A análise dos dados foi realizada de forma qualitativa e narrativa, considerando a heterogeneidade dos estudos e a diversidade de aspectos relacionados à co-infecção HIV/TB. Os resultados foram organizados em três categorias principais: epidemiologia, fatores de risco e interações patogênicas.

Esta metodologia permitiu uma revisão abrangente e rigorosa da literatura disponível sobre co-infecção HIV/TB, contribuindo para uma compreensão mais aprofundada e atualizada do tema. Além disso, possibilitou a identificação de lacunas no conhecimento e a indicação de áreas prioritárias para futuras pesquisas.

REVISÃO DA LITERATURA

Epidemiologia da co-infecção HIV/TB

A co-infecção HIV/TB é um problema crescente, tanto em nível global quanto no Brasil. Estima-se que aproximadamente 1,2 milhão de pessoas no mundo sejam co-infectadas por HIV e TB (Menzies et al., 2016). No Brasil, a taxa de co-infecção varia entre as regiões, sendo mais alta nas áreas com alta incidência de HIV e TB (Santos et al., 2018). A co-infecção afeta desproporcionalmente populações vulneráveis, como indivíduos em situação de rua, usuários de drogas, populações indígenas e afrodescendentes (Bastos et al., 2018; Oliveira et al., 2020).

A co-infecção HIV/TB apresenta implicações significativas para o controle das duas doenças, uma vez que o HIV aumenta o risco de reativação da TB latente e de progressão para TB ativa (Lawn et al., 2011). Além disso, a TB é uma das principais causas de mortalidade entre as pessoas vivendo com HIV, sendo responsável por um terço das mortes relacionadas à AIDS em todo o mundo (WHO, 2020). No Brasil, estudos recentes mostram que a mortalidade por TB em pessoas vivendo com HIV ainda é alta, apesar dos avanços no tratamento e na prevenção (Barreto et al., 2021).

Fatores de risco para co-infecção HIV/TB

Vários fatores de risco estão associados à co-infecção HIV/TB, incluindo fatores socioeconômicos, demográficos e comportamentais. Baixa renda, falta de moradia, baixa escolaridade e acesso limitado aos serviços de saúde são fatores que contribuem para a vulnerabilidade à co-infecção (Moraes et al., 2016). Além disso, estudos mostram que a co-infecção HIV/TB está associada a comportamentos de risco, como uso de drogas injetáveis, práticas sexuais desprotegidas e consumo excessivo de álcool (Pacheco et al., 2016).

No contexto brasileiro, fatores específicos, como a desigualdade social, a marginalização de grupos vulneráveis e a falta de integração entre os programas de controle de HIV e TB, também contribuem para a persistência da co-infecção (Fonseca et al., 2019). Além disso, a resistência a medicamentos, tanto para TB quanto para HIV, é um fator de risco adicional para a co-infecção, uma vez que dificulta o tratamento e aumenta a probabilidade de transmissão das duas doenças (Cardoso et al., 2020).

Interações patogênicas entre HIV e TB

A co-infecção HIV/TB envolve interações patogênicas complexas que influenciam a progressão e o desfecho das duas doenças. O HIV compromete o sistema imunológico, aumentando a suscetibilidade à infecção por Mycobacterium tuberculosis e a progressão para TB ativa (Lawn et al., 2011) A imunossupressão causada pelo HIV também afeta a resposta imunológica à TB, levando a manifestações clínicas atípicas e aumento da gravidade da doença (Kwan et al., 2015). Por outro lado, a infecção por TB pode acelerar a progressão do HIV ao aumentar a replicação viral e a ativação imunológica (Toossi et al., 2017). Além disso, a inflamação sistêmica causada pela TB pode contribuir para a disfunção imunológica e a persistência de reservatórios virais, mesmo em pacientes em terapia antirretroviral (ART) (Esmail et al., 2018).

A co-infecção também apresenta desafios no diagnóstico e tratamento das duas doenças. A imunossupressão causada pelo HIV pode levar a resultados falso-negativos nos testes de tuberculina e interferon-gama (Moreira et al., 2017). Além disso, a co-infecção pode aumentar o risco de toxicidade medicamentosa e interações entre os medicamentos antirretrovirais e antituberculose (Yew et al., 2006; Silva et al., 2016).

O manejo clínico da co-infecção HIV/TB é complexo e requer uma abordagem integrada, incluindo o tratamento precoce da TB, o uso de terapia antirretroviral e a adoção de medidas preventivas, como a terapia preventiva com isoniazida (Nahid et al., 2016; Gupta et al., 2012). No entanto, a implementação dessas estratégias enfrenta desafios relacionados ao acesso aos serviços de saúde, à resistência aos medicamentos e à adesão dos pacientes (Vieira et al., 2020; Migliori et al., 2013).

DISCUSSÃO

Esta revisão sistemática abordou a co-infecção HIV/TB, focando na epidemiologia, dos fatores de risco e nas interações patogênicas entre os dois agentes infecciosos. Através da análise da literatura disponível, foi possível identificar aspectos relevantes e lacunas no conhecimento sobre o tema, o que pode contribuir para o desenvolvimento de estratégias eficazes de prevenção e controle.

A epidemiologia da co-infecção HIV/TB reflete a interação entre os dois agentes infecciosos e os fatores contextuais que afetam a transmissão e a progressão das doenças (Menzies et al., 2016). No Brasil, as disparidades regionais e a vulnerabilidade de populações específicas, como indivíduos em situação de rua e usuários de drogas, são aspectos importantes que devem ser considerados no planejamento das ações de controle da co-infecção (Bastos et al., 2018; Oliveira et al., 2020).

Os fatores de risco para a co-infecção HIV/TB incluem tanto determinantes socioeconômicos e demográficos, quanto comportamentais. Nesse sentido, é fundamental desenvolver estratégias de intervenção que abordem esses fatores de risco de forma integrada, considerando as especificidades do contexto brasileiro (Fonseca et al., 2019). A resistência aos medicamentos, tanto para TB quanto para HIV, também deve ser abordada de maneira abrangente, através do fortalecimento dos sistemas de vigilância e do aprimoramento das terapias disponíveis (Cardoso et al., 2020).

As interações patogênicas entre o HIV e a TB têm implicações importantes para o manejo clínico da co-infecção. Os desafios no diagnóstico e tratamento, como a possibilidade de resultados falso-negativos em testes imunológicos e as interações medicamentosas, demandam uma abordagem integrada e baseada em evidências (Moreira et al., 2017; Yew et al., 2006; Silva et al., 2016). Nesse contexto, a implementação de terapias preventivas, como a terapia com isoniazida, e a melhoria da integração entre os programas de controle do HIV e da TB são estratégias-chave para enfrentar a co-infecção (Nahid et al., 2016; Gupta et al., 2012).

Entretanto, é importante destacar que a adesão aos tratamentos e o acesso aos serviços de saúde ainda representam desafios no controle da co-infecção HIV/TB, especialmente em populações vulneráveis (Vieira et al., 2020; Migliori et al., 2013). Dessa forma, é necessário investir em políticas públicas e estratégias de intervenção que promovam a equidade e o acesso universal à saúde, a fim de reduzir as disparidades e melhorar os desfechos para os indivíduos co-infectados.

Em conclusão, a co-infecção HIV/TB é um problema complexo e multifacetado que requer uma abordagem abrangente e integrada para sua prevenção e controle. Neste contexto, é fundamental considerar os aspectos epidemiológicos, os fatores de risco e as interações patogênicas entre os dois agentes infecciosos, além das particularidades do contexto brasileiro.

As políticas públicas e as intervenções devem focar na melhoria do acesso aos serviços de saúde, na identificação precoce da co-infecção e na implementação de terapias preventivas e tratamentos eficazes. Além disso, é necessário abordar os determinantes sociais e comportamentais que contribuem para a vulnerabilidade à co-infecção, a fim de reduzir as desigualdades e promover a saúde e o bem-estar das populações afetadas.

A pesquisa futura deve se concentrar em preencher as lacunas no conhecimento sobre a co-infecção HIV/TB e em desenvolver estratégias inovadoras para enfrentar os desafios associados ao diagnóstico, tratamento e prevenção. Além disso, é importante avaliar a eficácia das intervenções e políticas públicas implementadas e adaptá-las conforme necessário, com base nas evidências e nas necessidades das populações afetadas.

Em síntese, a co-infecção HIV/TB é um problema de saúde pública de importância global e nacional. Através de uma abordagem integrada e baseada em evidências, é possível enfrentar os desafios e melhorar os desfechos para os indivíduos co-infectados e suas comunidades.

CONCLUSÃO 

A co-infecção HIV/TB representa um desafio significativo para a saúde pública em nível global e nacional, sendo uma interação complexa e multifacetada entre duas doenças que afetam milhões de pessoas em todo o mundo. Esta revisão sistemática abordou aspectos epidemiológicos, fatores de risco e interações patogênicas entre HIV e TB, buscando fornecer um panorama mais completo sobre o tema e direcionar estratégias de prevenção e controle.

Com base na análise da literatura, é possível concluir que a compreensão da epidemiologia da co-infecção, incluindo as disparidades regionais e as populações vulneráveis, é fundamental para o planejamento e a implementação de políticas públicas e intervenções eficazes. Além disso, a identificação dos fatores de risco socioeconômicos, demográficos e comportamentais associados à co-infecção pode ajudar a direcionar estratégias de prevenção e controle específicas, adaptadas às necessidades das populações afetadas.

As interações patogênicas entre HIV e TB têm implicações importantes no diagnóstico, tratamento e prevenção da co-infecção, exigindo uma abordagem integrada e baseada em evidências. A implementação de terapias preventivas, como a terapia com isoniazida, e o fortalecimento da integração entre os programas de controle do HIV e da TB são estratégias-chave para enfrentar os desafios relacionados à co-infecção.

Entretanto, é importante considerar que a adesão aos tratamentos e o acesso aos serviços de saúde ainda representam obstáculos significativos no controle da co-infecção HIV/TB. Dessa forma, é crucial investir em políticas públicas e estratégias de intervenção que promovam a equidade e o acesso universal à saúde, a fim de reduzir as disparidades e melhorar os desfechos para os indivíduos co-infectados.

Para enfrentar efetivamente a co-infecção HIV/TB, é necessário continuar investindo em pesquisa e desenvolvimento, visando preencher as lacunas no conhecimento e criar estratégias inovadoras para lidar com os desafios associados ao diagnóstico, tratamento e prevenção. Além disso, é fundamental monitorar e avaliar a eficácia das intervenções e políticas públicas implementadas e adaptá-las conforme necessário, com base nas evidências e nas necessidades das populações afetadas.

Em resumo, a co-infecção HIV/TB é um problema de saúde pública complexo e de grande importância. Através de uma abordagem abrangente e integrada, é possível enfrentar os desafios e melhorar os desfechos para os indivíduos co-infectados e suas comunidades, promovendo saúde e bem-estar a longo prazo.

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