CIRURGIA GUIADA E TECNOLOGIA DIGITAL NA IMPLANTODONTIA: REVISÃO DE LITERATURA SOBRE VANTAGENS E LIMITAÇÕES

GUIDED SURGERY AND DIGITAL TECHNOLOGY IN IMPLANTOLOGY: LITERATURE REVIEW ON ADVANTAGES AND LIMITATIONS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202412051215


Giseli Vieira de Aguiar1
Laís do Couto Barros2
Amanda de Oliveira Fontenelles3
Rafael Gonçalves Ribeiro Rodrigues4


Resumo: A cirurgia guiada tem revolucionado a implantodontia ao integrar tecnologias digitais, como tomografia computadorizada Cone Beam e softwares CAD/CAM, ao planejamento e execução de tratamentos reabilitadores. Essa abordagem permite maior precisão na colocação de implantes, redução de complicações cirúrgicas e melhor previsibilidade estética e funcional, promovendo resultados satisfatórios para pacientes e profissionais. O objetivo deste estudo foi avaliar, por meio de revisão de literatura, as vantagens, limitações, indicações e impacto clínico da cirurgia guiada. A metodologia consistiu na análise de artigos publicados nos últimos 10 anos, disponíveis em bases de dados como SCIELO, PubMed e Google Acadêmico, utilizando descritores específicos. Foram incluídos estudos originais, revisões e relatos de caso relacionados à aplicação da técnica em implantodontia. Os resultados evidenciaram que a cirurgia guiada apresenta benefícios significativos, como procedimentos menos invasivos, preservação de tecidos moles, otimização do tempo cirúrgico e integração entre as etapas protéticas e cirúrgicas. Limitações como custo elevado, necessidade de treinamento especializado e dependência de imagens de alta qualidade foram identificadas. A conclusão reforça que a cirurgia guiada representa um avanço importante, contribuindo para maior eficiência e segurança nos tratamentos odontológicos, embora desafios técnicos e econômicos ainda precisem ser superados para sua adoção ampla e acessível. O contínuo desenvolvimento de tecnologias digitais tende a consolidar essa abordagem como prática padrão na implantodontia moderna. 

Palavras-chave: planejamento digital. tomografia computadorizada. cad/cam. prototipagem rápida. reabilitação estética.

Área Temática: Implantodontia e Tecnologias Digitais

Abstract: Guided surgery has revolutionized implantology by integrating digital technologies, such as Cone Beam computed tomography and CAD/CAM software, into the planning and execution of rehabilitation treatments. This approach allows for greater precision in implant placement, reduced surgical complications, and improved aesthetic and functional predictability, promoting satisfactory results for patients and professionals. The objective of this study was to evaluate, through a literature review, the advantages, limitations, indications, and clinical impact of guided surgery. The methodology consisted of analyzing articles published in the last 10 years, available in databases such as SCIELO, PubMed, and Google Scholar, using specific descriptors. Original studies, reviews, and case reports related to the application of the technique in implantology were included. The results showed that guided surgery has significant benefits, such as less invasive procedures, preservation of soft tissues, optimization of surgical time, and integration between prosthetic and surgical stages. Limitations such as high cost, need for specialized training, and dependence on high-quality images were identified. The conclusion reinforces that guided surgery represents an important advance, contributing to greater efficiency and safety in dental treatments, although technical and economic challenges still need to be overcome for its widespread and accessible adoption. The continuous development of digital technologies tends to consolidate this approach as standard practice in modern implantology.

Keywords: digital planning. computed tomography. cad/cam. rapid prototyping. aesthetic rehabilitation.

1. INTRODUÇÃO 

A evolução da implantodontia tem transformado significativamente a prática odontológica ao longo das últimas décadas. Carvalho et al. (2006) destacaram que, com o desenvolvimento de implantes osseointegráveis, tornou-se possível realizar reabilitações orais com maior eficiência, enquanto o avanço das tecnologias digitais elevou a precisão e a previsibilidade dos tratamentos. A introdução da cirurgia guiada, aliada ao uso de softwares especializados e imagens tridimensionais obtidas por tomografia computadorizada Cone Beam (CBCT), permite aos cirurgiões-dentistas planejar e executar tratamentos complexos com segurança, como apontado por Veríssimo et al. (2021). Essa técnica atende de maneira integrada às demandas funcionais e estéticas dos pacientes. 

A cirurgia guiada fundamenta-se no planejamento reverso, que segundo Amoroso et al. (2012), possibilita ao profissional determinar previamente a posição ideal dos implantes levando em conta as características anatômicas e protéticas específicas de cada caso. Esse planejamento virtual detalhado proporciona uma abordagem menos invasiva, reduz o tempo operatório e favorece uma recuperação pós-cirúrgica mais rápida (Lima, 2020). Essas inovações têm elevado os padrões da implantodontia tornando-a uma especialidade altamente dependente de ferramentas digitais. De acordo com Panassolo (2018), o planejamento reverso facilita a comunicação entre a equipe odontológica e melhora a experiência do paciente, que por sua vez pode visualizar os resultados esperados antes mesmo do início do tratamento. 

Souza et al. (2021) apresentaram uma técnica protética para o planejamento reverso, que integra o uso de guias cirúrgicos e análise digital. Essa técnica aumenta a previsibilidade e facilita a comunicação entre o cirurgião e o protesista. 

A utilização de guias cirúrgicos confeccionados por técnicas CAD/CAM potencializa a precisão das intervenções, como observado por Crepaldi (2019), ao transferir com exatidão as informações do planejamento virtual para o ato cirúrgico. Mesmo que essa técnica enfrente desafios como o custo elevado e a necessidade de treinamento especializado, avaliar de forma crítica suas vantagens, limitações e indicações a torna indispensável, especialmente em termos de segurança, previsibilidade e acessibilidade dos procedimentos.  

A relevância desta pesquisa reside na necessidade de consolidar o conhecimento sobre as inovações tecnológicas aplicadas à implantodontia e como elas podem transformar a prática clínica. O tema é justificado pela crescente adoção da cirurgia guiada como técnica de escolha para reabilitações orais, o que exige uma análise crítica de sua aplicabilidade em diferentes contextos clínicos. A pesquisa contribui para a formação de um embasamento científico robusto, capaz de orientar profissionais no uso consciente e eficaz dessas ferramentas. 

2. OBJETIVOS 

Objetivo Geral 

Avaliar a contribuição da cirurgia guiada, integrada às tecnologias digitais, na implantodontia, destacando suas vantagens, limitações, indicações e impacto clínico, com o intuito de promover maior segurança, eficiência e previsibilidade nos tratamentos reabilitadores. 

Objetivos Específicos 

  • Analisar as principais vantagens da cirurgia guiada em relação às técnicas convencionais na colocação de implantes dentários. 
  • Identificar as limitações e desafios associados ao uso de guias cirúrgicos e tecnologias digitais na implantodontia. 
  • Examinar as indicações clínicas específicas para o uso da cirurgia guiada em diferentes cenários de reabilitação oral. 

3. METODOLOGIA 

A metodologia deste estudo foi estruturada como uma revisão de literatura narrativa, abrangendo artigos científicos que discutem a aplicação da cirurgia guiada na implantodontia, com ênfase em suas vantagens, limitações, indicações e impacto clínico. A pesquisa foi realizada nas bases de dados SCIELO, PubMed, Google Acadêmico e ScienceDirect, devido à ampla disponibilidade de artigos científicos de relevância nessas plataformas. A seleção dos artigos seguiu critérios rigorosos de inclusão e exclusão, garantindo a relevância e atualidade das informações analisadas. 

Para a busca dos estudos, foram utilizados descritores como “cirurgia guiada”, “implantodontia”, “tomografia computadorizada Cone Beam”, “guia cirúrgico”, “planejamento reverso”, “CAD/CAM” e “reabilitação protética”, em português e inglês. Os descritores foram combinados com operadores booleanos, como “AND” e “OR”, para refinar os resultados e garantir a abrangência da pesquisa. Os critérios de inclusão abrangeram artigos publicados nos últimos 10 anos, priorizando estudos originais, revisões sistemáticas, relatos de casos clínicos e artigos de periódicos indexados que apresentassem informações relacionadas ao tema proposto. 

Foram excluídos estudos que não abordavam diretamente o tema da cirurgia guiada ou que apresentavam dados incompletos e sem relevância clínica para a discussão dos objetivos da pesquisa. Os artigos incluídos passaram por uma análise crítica detalhada, na qual foram avaliados o delineamento metodológico, a qualidade das evidências apresentadas e a pertinência dos resultados. 

RESULTADOS E DISCUSSÃO 

A cirurgia guiada em implantodontia representa uma abordagem tecnológica avançada, possibilitando maior previsibilidade e segurança no tratamento de pacientes com perdas dentárias. Inicialmente o conceito de planejamento reverso revolucionou a prática odontológica ao permitir que as necessidades protéticas fossem consideradas desde a etapa inicial do planejamento. Villaplana (2018) descreveu que a utilização de guias cirúrgicos feitos a partir de modelos diagnósticos acrílicos garantiu maior previsibilidade na colocação dos implantes marcando o início dessa evolução técnica. 

Com o desenvolvimento da tomografia computadorizada Cone Beam (CBCT), foi possível realizar uma avaliação tridimensional das estruturas anatômicas do paciente, o que tornou os procedimentos mais seguros e menos invasivos. Formighieri (2010) destacou que a CBCT, além de reduzir a exposição à radiação em comparação às tomografias convencionais, possibilita identificar com precisão estruturas nobres como o canal mandibular e os seios maxilares. Essa tecnologia ampliou a eficiência no planejamento e na execução das cirurgias guiadas. 

Silva et al. (2020) destacaram que o emprego de tecnologia CAD/CAM na confecção de guias cirúrgicos melhora a precisão do planejamento garantindo maior estabilidade durante o procedimento e melhores resultados funcionais e estéticos. Sesma et al. (2014) discutiram a relevância do planejamento protético pré-cirúrgico em casos de correção de sorriso gengival. A integração entre a análise estética e a cirurgia guiada permite resultados mais harmônicos e previsíveis. Soares Vaz e Marques Machado (2019) realizaram uma revisão de literatura sobre a cirurgia guiada, apontando que essa técnica reduz as complicações intraoperatórias e melhora a segurança do procedimento, especialmente em regiões anatômicas críticas. 

A aplicação dos guias cirúrgicos estereolitográficos, produzidos por meio de softwares CAD/CAM foi descrita como um dos avanços mais significativos na odontologia digital. Segundo Rodrigues et al. (2019), esses guias oferecem maior fidelidade ao planejamento virtual permitindo transferir para o campo cirúrgico informações exatas sobre a posição, angulação e profundidade dos implantes. As vantagens clínicas da cirurgia guiada foram amplamente relatadas. Lima (2020) observou que o uso de guias cirúrgicos em cirurgias sem retalho reduz a inflamação e o desconforto pós-operatório, proporcionando melhor cicatrização e preservação dos tecidos moles. Esses benefícios são particularmente relevantes em áreas estéticas onde a precisão na colocação dos implantes é essencial para alcançar resultados protéticos harmoniosos. 

Os guias multifuncionais, conforme Cremonini et al. (2015), representam um avanço adicional ao integrarem as necessidades cirúrgicas e protéticas em um único dispositivo. Esses guias auxiliam na estabilização das próteses provisórias e na manutenção das dimensões verticais oferecendo previsibilidade desde a fase cirúrgica até a reabilitação final. A utilização desse recurso, segundo Pereira et al. (2019), é essencial para reduzir desvios entre o implante planejado e o instalado especialmente em áreas críticas. A precisão da técnica de cirurgia guiada foi avaliada por Santos (2011), que relatou desvios mínimos em comparação às técnicas convencionais. A análise indicou que mesmo com a tecnologia avançada fatores como o deslocamento dos guias e a resiliência dos tecidos moles em pacientes edêntulos podem comprometer a exatidão do procedimento. A estabilização dos guias por mini-implantes é uma alternativa eficiente para minimizar essas variações. 

Santos (2011) avaliou a precisão da técnica de cirurgia guiada, destacando que embora desvios mínimos possam ocorrer, eles são significativamente menores em comparação às técnicas convencionais. A utilização de tomografias de alta resolução é fundamental para alcançar esses resultados. Woitchunas (2008) realizou uma análise sobre a transferência do planejamento digital para a prática clínica, observando que a prototipagem rápida e o uso de guias aumentam a eficiência do procedimento, especialmente em pacientes edêntulos totais. 

Nunes (2006) relatou que a cirurgia guiada é uma abordagem eficaz para pacientes edêntulos totais, promovendo maior conforto e segurança. O uso de guias personalizadas melhora a estabilidade dos implantes e reduz o tempo cirúrgico. Boff et al. (2019) descreveram a utilização de guias em reabilitações dento-gengivais, destacando que a técnica oferece resultados mais previsíveis em termos estéticos e funcionais. Tenório et al. (2015) concluíram que a prototipagem rápida é uma tecnologia essencial para a cirurgia guiada, permitindo a reprodução precisa das estruturas anatômicas e reduzindo as margens de erro. 

Embora as vantagens sejam significativas, desafios importantes permanecem. Brito et al. (2021) apontaram que o custo elevado dos equipamentos e softwares de planejamento digital é uma barreira que dificulta a popularização da técnica, especialmente em contextos de menor poder aquisitivo. A curva de aprendizado para dominar os softwares e equipamentos é um desafio adicional para muitos profissionais, conforme relatado por Aguiar e Oliveira (2017).  

O impacto da tecnologia digital no diagnóstico e planejamento foi enfatizado por Coachman et al. (2021), que descreveram o uso do Digital Smile Design (DSD) como um recurso valioso para harmonizar aspectos funcionais e estéticos do tratamento. O DSD permite prever os resultados antes mesmo da intervenção cirúrgica promovendo maior confiança entre o profissional e o paciente aumentando a previsibilidade dos resultados e a satisfação do paciente. 

A precisão do planejamento depende da qualidade das imagens adquiridas. Silva et al. (2020) destacaram que as radiografias bidimensionais são insuficientes para avaliar a espessura óssea e as estruturas nobres, reforçando a necessidade de tecnologias tridimensionais como a CBCT. A manipulação das imagens por softwares especializados é outro ponto crítico, pois erros nessa etapa podem comprometer todo o tratamento. A combinação entre tomografia computadorizada e guias estereolitográficos foi considerada essencial para casos complexos. Tenório et al. (2015) observaram que a prototipagem rápida, ao criar biomodelos anatômicos em escala real, permite ao cirurgião visualizar com precisão as estruturas antes da cirurgia. Isso é particularmente útil em situações de suporte ósseo precário, onde margens de erro mínimas são aceitáveis. 

A técnica de carga imediata associada à cirurgia guiada também foi amplamente discutida. Veríssimo et al. (2021) descreveram que essa abordagem reduz o tempo total de tratamento permitindo ao paciente receber a prótese definitiva em um período mais curto. Essa técnica é altamente eficiente quando bem planejada.  

Os desafios relacionados à estabilidade dos guias cirúrgicos em pacientes edêntulos totais foram descritos por Santos (2011). A resiliência dos tecidos moles nesses casos pode comprometer a posição do guia durante a cirurgia, aumentando os desvios. A utilização de miniimplantes para estabilização foi sugerida como uma solução viável para esse problema. 

A comparação entre cirurgias guiadas e técnicas convencionais foi realizada por Souza et al. (2021), que concluíram que a técnica guiada apresenta maior previsibilidade e segurança, embora exija maior preparo e investimentos iniciais. Os autores ressaltaram que a adoção dessa abordagem depende de um equilíbrio entre custo-benefício e treinamento profissional.  

A necessidade de integração multidisciplinar no planejamento e execução dos tratamentos foi destacada por Carvalho et al. (2006). O trabalho conjunto entre implantodontistas e protesistas é essencial para garantir que o planejamento cirúrgico esteja alinhado com as necessidades protéticas, especialmente em casos estéticos. 

O uso de guias cirúrgicos personalizados foi associado a uma maior precisão na reabilitação de áreas anteriores. Lima (2020) ressaltou que a fabricação de guias personalizados é especialmente relevante em situações onde a margem de erro estética é mínima, como na região anterior da maxila. A abordagem menos invasiva da cirurgia guiada foi descrita como um diferencial importante por Crepaldi (2019). A redução da necessidade de retalhos cirúrgicos não apenas melhora o conforto do paciente, mas também acelera a recuperação e reduz o risco de complicações pós-operatórias. 

Embora a técnica seja amplamente elogiada, há limitações inerentes. Rodrigues et al. (2019) destacaram que o planejamento digital não elimina completamente os desvios, especialmente em pacientes com suporte ósseo comprometido. Nesses casos, a experiência do cirurgião é determinante para o sucesso do procedimento. Nunes (2006) afirmou que mesmo em situações desafiadoras, como a reabilitação de arcos edêntulos totais, a técnica proporciona resultados mais previsíveis e satisfatórios do que as abordagens convencionais. 

Os benefícios da técnica são potencializados pelo uso de tecnologias avançadas, como a impressão 3D para confecção de guias. Segundo Boff et al. (2019), a precisão proporcionada por esses dispositivos é um divisor de águas na prática clínica, permitindo que profissionais alcancem níveis de excelência antes inatingíveis.  

A cirurgia guiada representa uma evolução significativa na implantodontia. Entretanto, sua implementação requer um investimento inicial significativo e treinamento especializado, fatores que podem limitar sua adoção em larga escala, conforme observado por Brito et al. (2021). O alinhamento entre as necessidades clínicas e os avanços tecnológicos continua sendo o foco central para o futuro da técnica. Com a evolução constante dos softwares e dispositivos digitais, a tendência é que a cirurgia guiada se torne cada vez mais acessível e eficiente. 

Carvalho et al. (2006) discutem que essa abordagem promove um planejamento mais detalhado permitindo que as etapas cirúrgicas e protéticas sejam alinhadas, resultando em maior segurança para o paciente e previsibilidade no tratamento. Veríssimo et al. (2021) relataram que a técnica de carga imediata associada à cirurgia guiada é eficaz em casos unitários, reduzindo o tempo de tratamento. Martins et al. (2020) analisaram a eficácia dos implantes imediatos em casos unitários, observando que a cirurgia guiada reduz o tempo de tratamento e melhora a adaptação do paciente à prótese definitiva.   

Amoroso et al. (2012) enfatizaram a importância do planejamento reverso na implantodontia, ressaltando que ele é essencial para alinhar o resultado protético ao posicionamento dos implantes. Esse método é particularmente relevante em reabilitações complexas, onde a previsibilidade é fundamental. Lima (2020) destacou o papel das tecnologias digitais, como a tomografia computadorizada Cone Beam, que proporciona uma análise tridimensional detalhada das estruturas anatômicas. Essa tecnologia, aliada aos softwares CAD/CAM, otimiza o planejamento e a execução da cirurgia, oferecendo maior precisão no posicionamento dos implantes. 

Crepaldi (2019) observou que o uso de guias cirúrgicos estereolitográficos, produzidos por prototipagem rápida, reduz a necessidade de ajustes transoperatórios. Isso melhora a eficiência do procedimento, garantindo maior estabilidade e precisão na colocação dos implantes. Guerra (2017) relatou que a cirurgia guiada é particularmente vantajosa em casos de baixa densidade óssea, permitindo ao cirurgião avaliar previamente a necessidade de enxertos ósseos ou implantes específicos. Essa avaliação reduz o risco de falhas e promove maior previsibilidade no resultado. 

Formighieri e Salvi (2010) discutiram os benefícios da cirurgia guiada para a qualidade de vida dos pacientes na terceira idade, destacando que essa técnica proporciona reabilitações mais confortáveis e menos invasivas. A preservação dos tecidos moles e a redução do desconforto pós-operatório são vantagens que aumentam a adesão dos pacientes ao tratamento. Rodrigues et al. (2019) introduziram o conceito de guias prototipados como uma solução inovadora para transferir o planejamento digital ao campo cirúrgico. Essa abordagem é fundamental para casos complexos, garantindo que a posição planejada dos implantes seja reproduzida com alta precisão. 

Kumlehn (2016) descreveu um caso clínico no qual a cirurgia assistida por computador foi determinante para o sucesso da reabilitação. Ele destacou que a técnica reduz o tempo cirúrgico e promove uma recuperação mais rápida, fatores que aumentam a satisfação do paciente. Aguiar e Oliveira (2017) reforçaram que o uso de guias multifuncionais é essencial para integrar as necessidades cirúrgicas e protéticas. Esses dispositivos permitem uma reabilitação mais previsível, especialmente em casos estéticos, onde a precisão na colocação dos implantes é crucial. 

Dal Piva et al. (2018) discutiram os avanços recentes na cirurgia guiada, destacando a importância de protocolos bem definidos para minimizar desvios e otimizar os resultados. A integração de novas tecnologias, como a realidade aumentada, foi citada como uma tendência promissora. Brito et al. (2021) relataram que o planejamento digital é essencial para garantir a precisão na colocação dos implantes, especialmente em casos de reabilitação total. A técnica reduz o risco de erros e melhora a experiência do paciente durante o tratamento. Deus Panassolo (2018) enfatizou a importância do planejamento reverso na confiança do paciente e na segurança do cirurgião. Ele destacou que essa abordagem permite prever o resultado final antes mesmo da cirurgia, promovendo maior tranquilidade para ambas as partes. 

Pereira et al. (2019) discutiram casos clínicos nos quais a cirurgia guiada foi empregada com sucesso, ressaltando que a técnica melhora a relação entre o planejamento e a execução, especialmente em casos complexos.  

Vantagens Da Cirurgia Guiada 

A cirurgia guiada em implantodontia oferece um planejamento tridimensional preciso permitindo a colocação de implantes dentários com maior previsibilidade. Segundo Veríssimo et al. (2021), essa técnica reduz significativamente os desvios de posição, angulação e profundidade em comparação às técnicas convencionais. Esse controle é essencial para alcançar resultados estéticos e funcionais de alta qualidade. A possibilidade de minimizar complicações cirúrgicas é outra vantagem destacada. Lima (2020) descreveu que a técnica guiada reduz o risco de danos a estruturas nobres, como nervos e seios maxilares. Isso torna a abordagem mais segura, especialmente em casos complexos ou em áreas anatômicas desafiadoras. 

A redução do tempo cirúrgico e do desconforto pós-operatório é um benefício significativo. De acordo com Santos (2011), a utilização de guias estereolitográficos permite procedimentos menos invasivos, com menor necessidade de incisões e retalhos. Essa abordagem resulta em uma recuperação mais rápida e confortável para o paciente. Os guias cirúrgicos multifuncionais também representam uma vantagem importante, pois integram aspectos cirúrgicos e protéticos em um único dispositivo. Cremonini et al. (2015) destacaram que esses guias auxiliam na estabilização da prótese provisória, garantindo a manutenção da dimensão vertical e facilitando a reabilitação final. 

A comunicação entre a equipe multidisciplinar é otimizada com o uso de planejamento digital. Coachman et al. (2021) relataram que softwares como o Digital Smile Design (DSD) permitem alinhar as expectativas do paciente com as etapas do tratamento, promovendo maior confiança e previsibilidade. A preservação dos tecidos moles e a redução da inflamação são benefícios associados à técnica sem retalho. Segundo Lima (2020), a cirurgia guiada promove uma melhor cicatrização e preserva o perfil de emergência protético, melhorando a estética e a saúde periodontal ao redor dos implantes. 

A possibilidade de fabricar guias personalizados por tecnologias CAD/CAM aumenta a precisão do procedimento. Rodrigues et al. (2019) afirmaram que esses dispositivos transferem informações do planejamento digital para o campo cirúrgico com alta fidelidade, minimizando erros e otimizando os resultados. A técnica de carga imediata, frequentemente associada à cirurgia guiada, reduz o tempo total de tratamento, permitindo a instalação da prótese definitiva em um curto período. Veríssimo et al. (2021) destacaram que essa abordagem aumenta a satisfação do paciente ao combinar eficiência e resultados estéticos imediatos. 

A acessibilidade crescente a tecnologias como a tomografia Cone Beam tem ampliado a utilização da cirurgia guiada. Formighieri (2010) relatou que a CBCT oferece imagens tridimensionais precisas com menor exposição à radiação, tornando o procedimento mais seguro e viável. A previsibilidade dos resultados finais é um dos maiores benefícios relatados. Segundo Panassolo (2018), a possibilidade de visualizar o resultado esperado antes mesmo da cirurgia aumenta a confiança do paciente e contribui para a aceitação do tratamento, além de facilitar a execução por parte do profissional. 

Desvantagens da Cirurgia Guiada 

A principal desvantagem da cirurgia guiada está relacionada ao custo elevado de sua implementação. Brito et al. (2021) destacaram que a necessidade de softwares especializados, equipamentos de alta precisão e guias personalizadas pode tornar a técnica inacessível para muitos profissionais e pacientes, especialmente em contextos com recursos financeiros limitados. O processo de planejamento digital exige treinamento especializado. Aguiar e Oliveira (2017) apontaram que a curva de aprendizado para operar softwares e manipular imagens tridimensionais é significativa, o que pode limitar a adoção da técnica por profissionais menos experientes. 

A dependência de imagens de alta qualidade também é um desafio. Silva et al. (2020) ressaltaram que falhas na aquisição ou interpretação das imagens podem comprometer o planejamento e, consequentemente, o resultado final do tratamento. Isso torna essencial o uso de equipamentos modernos e a capacitação adequada do profissional. A técnica apresenta limitações em pacientes edêntulos totais, devido à falta de estruturas rígidas para estabilizar o guia cirúrgico. Santos (2011) observou que, nesses casos, a resiliência dos tecidos moles pode provocar desvios na posição planejada dos implantes, comprometendo o sucesso do procedimento. 

A transferência de dados entre o planejamento digital e a confecção dos guias pode ser complexa. Rodrigues et al. (2019) descreveram que imprecisões na fabricação dos guias ou erros na interpretação dos dados podem resultar em desvios na instalação dos implantes, exigindo maior atenção durante todas as etapas. A exposição do paciente à radiação, embora menor com a tomografia Cone Beam, ainda é superior à de radiografias convencionais. Formighieri (2010) destacou que essa exposição deve ser considerada com cautela, especialmente em casos onde múltiplos exames são necessários. 

A realização de cirurgias sem retalho, característica comum da técnica guiada, pode limitar a visualização direta do osso subjacente. Belao (2020) descreveu essa abordagem como “cirurgia cega”, o que pode ser um risco em situações onde a densidade óssea ou outras condições não foram devidamente avaliadas. As limitações financeiras associadas à aquisição de tecnologia avançada também afetam a acessibilidade do tratamento para pacientes. Panassolo (2018) relatou que, mesmo em consultórios equipados, os custos adicionais dos guias cirúrgicos e do planejamento digital podem ser proibitivos para alguns pacientes. 

A manutenção e atualização dos softwares utilizados no planejamento digital também representam um custo contínuo. Aguiar e Oliveira (2017) observaram que a necessidade de renovar licenças e acompanhar as evoluções tecnológicas pode sobrecarregar profissionais e clínicas, especialmente em mercados competitivos. Embora a técnica seja amplamente elogiada por sua precisão, desvios mínimos ainda podem ocorrer. Souza et al. (2021) ressaltaram que fatores como movimentação do paciente durante o exame, instabilidade do guia ou limitações do equipamento podem influenciar negativamente o resultado, exigindo sempre a presença de um profissional experiente para minimizar riscos. 

CONCLUSÕES 

A análise realizada neste trabalho permitiu avaliar a cirurgia guiada em implantodontia, conforme proposto nos objetivos, destacando suas vantagens, limitações, indicações e impacto clínico. O estudo confirmou que a integração entre tecnologia digital e planejamento tridimensional oferece benefícios significativos como maior precisão na colocação dos implantes, redução de complicações cirúrgicas, melhor preservação dos tecidos moles e maior previsibilidade dos resultados finais. Essas vantagens estão alinhadas ao objetivo geral de investigar o papel da cirurgia guiada como uma ferramenta para otimizar os tratamentos reabilitadores, promovendo segurança e eficiência. 

Entre as principais vantagens identificadas está a possibilidade de realizar procedimentos menos invasivos, com redução do tempo cirúrgico e recuperação mais confortável para o paciente. A integração entre planejamento cirúrgico e protético, possibilitada por guias multifuncionais e softwares especializados, também foi um destaque, garantindo maior alinhamento entre as fases do tratamento e resultados mais satisfatórios, tanto estéticos quanto funcionais. A tecnologia digital, como a tomografia Cone Beam e a prototipagem CAD/CAM, demonstrou ser indispensável para atingir a precisão e previsibilidade esperadas. 

O estudo também abordou as limitações da técnica, que incluem o custo elevado associado à aquisição de equipamentos e softwares, a necessidade de treinamento especializado e os desafios relacionados à estabilização dos guias em pacientes edêntulos totais. Esses fatores representam barreiras que limitam a adoção ampla da cirurgia guiada, especialmente em contextos com recursos financeiros e estruturais reduzidos. Além disso, a dependência de imagens de alta qualidade e a possibilidade de desvios mínimos durante a execução do procedimento destacam a importância de protocolos rigorosos e profissionais capacitados. 

Embora a técnica ofereça vantagens inegáveis, seu uso eficaz depende de um equilíbrio entre investimentos em tecnologia, capacitação profissional e o manejo adequado de suas limitações. Alcançar esse equilíbrio é essencial para maximizar os benefícios da cirurgia guiada e consolidá-la como uma prática padrão na implantodontia moderna. O cumprimento dos objetivos deste estudo reforça a relevância da técnica, ao mesmo tempo que sugere a necessidade de novas pesquisas para superar as barreiras identificadas e ampliar seu impacto positivo na prática clínica. 

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1Acadêmica de Odontologia da UNIBRAS Gama – DF email: giseliodontoaguiar@gmail.com
2Acadêmica de Odontologia da UNIBRAS Gama – DF email:  laistsbbarros@gmail.com
3Enfermeira e Docente da UNIBRAS Gama – DF email: amanda.fonteneles@braseducacional
4Cirurgião-dentista e Docente da UNIBRAS Gama – DF email: rafaelga98@gmail.comrea Temática: Implantodontia.