CINESIOTERAPIA NO TRATAMENTO CONSERVADOR DA SÍNDROME FEMOROPATELAR UTILIZANDO O MÉTODO PILATES

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202505301030


Janaína Fernandes de Lima Santos; Luciana Aparecida Teixeira; Luciana Tavares Grangeiro; Tiara Porto Peluzzi; Viviane Aparecida Navarro Pieroni; Laura de Moura Rodrigues; Fabrício Vieira Cavalcante;
Prof. Laura de Moura Rodrigues


RESUMO

A síndrome da dor femoropatelar (SDFP) corresponde a 25% das lesões acometidas na área das articulações, o que a torna uma das causas mais comuns de dor de progressão lenta, dado às suas características fisiológicas inerentes, formada pela justaposição entre a tróclea do fêmur e a patela, que tem como função o movimento de extensão e flexão. Para mitigar e reverter às consequências da SDFP, estudos apontam que a prática do método Pilates mostra ser eficiente, visto que é uma abordagem que utiliza a interação corpo-mente-espírito e se concentra na melhoria da estabilidade, controle e força muscular, flexibilidade, respiração e postura. Deste modo, o objetivo deste artigo é o de confirmar os benefícios do método Pilates e a atuação da fisioterapia na redução das dores causadas pela SDFP através da revisão de literatura, análise de tabelas, formulação de fluxogramas e revisão bibliográficas.

A revisão de literatura foi realizada por meio da análise de artigos científicos disponíveis nas bases de dados PubMed e Uniceplac, entre os meses de agosto e setembro de 2024. A seleção abrangeu estudos publicados no período de 2019 a 2024. Foram incluídos artigos disponibilizados na íntegra, de forma gratuita, nos idiomas português e inglês, que apresentassem estratégias compatíveis com o tema proposto. Foram excluídos estudos que abordavam temáticas distintas e suas respectivas patologias, artigos pagos, capítulos de livros, teses e dissertações.

Conforme os critérios de elegibilidade estabelecidos, foram selecionados 11 estudos para compor esta pesquisa. Os achados indicam que o método Pilates possui significativa relevância no tratamento de diversas patologias de caráter musculoesqueléticas, promovendo o restabelecimento da força muscular, do controle motor, da mobilidade funcional e da consciência corporal de maneira integrada. Os movimentos podem ser adaptados às necessidades individuais, evidenciando seus benefícios e sendo recomendados como protocolo eficaz e seguro de reabilitação para pacientes acometidos por disfunções. Nesse sentido, o método se mostra eficaz nas causas da Síndrome da Dor Femoropatelar (SDFP).

Palavras-chave: Dor anterior noJoelho, Dor Femoropatelar, Cinesioterapia, Exercícios terapêuticos e Pilates.

ABSTRACT

Patellofemoral pain syndrome (PFPS) accounts for 25% of injuries in the joint area, making it one of the most common causes of slowly progressive pain, given its inherent physiological characteristics, formed by the juxtaposition between the trochlea of the femur and the patella, which has the function of extension and flexion movements. To mitigate and reverse the consequences of PFPS, studies indicate that the practice of the Pilates method is efficient, since it is an approach that uses the body-mind-spirit interaction and focuses on improving stability, control and muscle strength, flexibility, breathing and posture. Thus, the objective of this article is to confirm the benefits of the Pilates method and the role of physical therapy in reducing pain caused by PFPS through a literature review, table analysis, formulation of flowcharts and bibliographic review. The literature review was conducted by analyzing scientific articles available in the PubMed and Uniceplac databases between August and September 2024. The selection included studies published between 2019 and 2024. Articles made available in full, free of charge, in Portuguese and English, and presenting strategies compatible with the proposed theme were included. Studies that addressed different themes and their respective pathologies, paid articles, book chapters, theses, and dissertations were excluded. According to the established eligibility criteria, 11 studies were selected to compose this research. The findings indicate that the Pilates method has significant relevance in the treatment of several musculoskeletal pathologies, promoting the restoration of muscle strength, motor control, functional mobility and body awareness in an integrated manner. The movements can be adapted to individual needs, demonstrating their benefits and being recommended as an effective and safe rehabilitation protocol for patients suffering from dysfunctions. In this sense, the method has proven effective in the causes of Patellofemoral Pain Syndrome (PFPS).

Keywords: Anterior Knee Pain, Patellofemoral Pain, Kinesiotherapy, Therapeutic Exercises and Pilates.

1. INTRODUÇÃO

A síndrome da dor femoropatelar (SDFP) corresponde 25% das lesões acometidas na área das articulações, atingindo 22,7% a 28,9% em adolescentes e adultos com menos de 60 anos, sendo esta uma das causas mais comuns de dor, caracterizada por dor irradiada, insidiosa e de progressão lenta, localizada na parte anterior do joelho. Possui uma maior incidência em pessoas do sexo feminino que não portaram alterações estruturais ou alterações patológicas na cartilagem articular, onde seu diagnóstico pode ser difícil e, historicamente, pode ser baseado em uma avaliação subjetiva e objetiva, conforme testes especializados, incluindo testes de compressão patelofemoral, palpação da patela e resistência a extensão do joelho (Tramontano et al., 2020; Luza, Luza, Santos, 2020; Vito Pavone et al., 2022).

A articulação do joelho, denominada patelofemoral, formada pela junção entre a tróclea do fêmur e a patela tem como função o movimento de extensão e flexão do joelho. A patela é um osso sesamóide e sua principal função consiste em otimizar o que chamamos de mecanismo extensor do joelho, aumentando a potência do quadríceps. O ligamento patelofemoral, ligamento patelotibial medial, retináculo medial, ligamento oblíquo lateral, ligamento patelotibial, o ligamento patelar epicondilar e o retináculo lateral estabilizam a articulação (Gaitonde, Ericksen, Robbins, 2019).   

A força do músculo quadríceps é mensurada através do ângulo formado pela espinha ilíaca anterossuperior desde o centro da patela até o tubérculo tibial, conhecido como ângulo Q, no qual se dá há aproximadamente 14 graus para homens e 17 graus para mulheres. Quanto maior o ângulo Q, maiores são as forças de lateralização da patela, sobrecarregando a articulação, resultando em desequilíbrio, perda de força muscular e disfunção da articulação no momento da extensão e flexão do joelho. A SDFP é causada por uma disfunção biomecânica da patela, onde o músculo Vasto Medial Obliquo (VMO) atua em relação ao músculo Vasto Lateral (VL), porém de forma inadequada, atrasando no recrutamento do VMO em relação ao VL, ocasionando a lesão (Gaitonde, Ericksen, Robbins, 2019; Emamvirdi, Letafatkar, Khalegi Tazji, 2019; Ishrat & Saira, 2021; Hyun-Joong, Juchul, Seungwon, 2022).

Sendo o maior osso sesamóide do corpo, a patela funciona como uma roldana que melhora a potência mecânica do quadríceps. A patela não se articula com os côndilos femorais quando o joelho está totalmente estendido, pois falta congruência articular, o que permite seu deslize mais livremente. Quando o joelho é flexionado em aproximadamente 20-30°, a faceta patelar inferior entra em contato com o côndilo femoral.

A congruência entre a patela e os côndilos femorais melhora com o aumento da flexão, alcançando a maior área de contato em aproximadamente 60-90º. Portanto, com o aumento da flexão, eleva substancialmente a carga compressiva na articulação patelofemoral (APF). Estudos anteriores indicaram que a carga na APF pode ultrapassar 1,3 vezes o peso corporal (PC) durante a caminhada normal, 3,3 x PC ao subir escadas, 5,6 x PC durante a corrida e até 7,8 x PC durante o agachamento profundo. (Dhinu, Holshouser, Mcmurray, 2020).

Estudos mostram que os fatores de risco estabelecidos para SDPF incluem: sexo feminino, devido ao valgo dinâmico ser mais comum; atividades como correr, agachar e subir e descer escadas; a diminuição da força do quadríceps podendo levar à instabilidade patelar; outras etiologias de instabilidade patelar, como entorses do joelho; o valgo dinâmico, no qual o joelho colapsa medialmente devido ao valgo excessivo, à rotação interno-externa ou a ambos, pois aumenta a força lateral na patela contribuindo para o mau alinhamento. Anormalidades do pé, como eversão do retropé e pé pronado, levam à rotação interna da tíbia, o que também pode contribuir para o valgo dinâmico. (Gaitonde, Ericksen, Robbins, 2019).

O método Pilates é uma abordagem que utiliza a interação corpo-menteespírito e se concentra na melhoria da estabilidade, controle e força muscular, flexibilidade, respiração e postura. Os atletas têm usado o Pilates para melhorar a aptidão funcional. O método também tem sido usado por pessoas com problemas médicos, como dor lombar e artrite nos joelhos, para melhorar a força, o equilíbrio e a flexibilidade (Azab et all, 2022).

Estudos demonstraram que o Pilates é uma atividade que atua de forma global, contribuindo com o aumento de força, flexibilidade, amplitude de movimento, consciência corporal, diminuição da dor, melhora da postura, auxílio no tratamento de depressão, ansiedade e estresse. Por ser uma atividade extremamente adaptável, percebeuse que o Pilates pode ser indicado para os mais diversos públicos, trabalhando na prevenção de doenças ou na reabilitação (Bezerra, Araújo, Alves, 2020).

Pilates é um método de desenvolvimento físico e mental que aborda força, alongamento, flexibilidade e equilíbrio tendo o abdômen como centro de força, realizando poucas repetições e visando qualidade de movimento, considerando as três curvaturas coluna, cervical, toráxica e lombar. Dentre suas vantagens, estimula a circulação cardiovascular, melhora o condicionamento físico, a flexibilidade, amplitude de movimento, melhor postura, melhora os níveis de consciência corporal, coordenação motora, previne lesões, proporciona alívio do quadro de dor, promove bem-estar e melhor qualidade de vida (Gonzáles-Gálvez et al., 2012; Martins, 2012 apud Melo et al, 2021).

Dentre suas múltiplas variações de exercícios, o Pilates pode ser executado por pessoas que expõe determinadas patologias ou cirurgias musculoesqueléticas, indispensável para sua reabilitação, assim como atletas que buscam a melhora de sua performance (Gonzáles-Gálvez et al., 2012 apud Melo et al, 2021).

A fisioterapia desempenha um papel crucial como tratamento conservador da SDPF. O tratamento geralmente concentra-se no controle da dor e no fortalecimento muscular (Azab et al, 2022).

A escolha do método Pilates como intervenção no tratamento da SDFP é justificada pela sua capacidade de promover a reabilitação funcional, fortalecimento muscular, corrigir a postura e aumentar e a estabilidade patelar. Esses fatores, aliados ao tratamento individualizado e à base científica que sustenta sua eficácia, tornam o Pilates uma opção relevante no contexto da fisioterapia e reabilitação (Bezerra et al, 2020).

Considerando os fatores causadores da SDFP, os benefícios do método pilates e atuação do fisioterapeuta, esse estudo tem como objetivo avaliar a eficácia do método Pilates analisando seu impacto na redução da dor, na melhora da funcionalidade e na qualidade de vida dos pacientes.

2. METODOLOGIA

2.1 Características do Estudo

Trata-se de uma pesquisa baseada pelo método de revisão de literatura, definida como uma metodologia sistemática, acessível e reprodutível, no qual permite identificar, avaliar e sintetizar as pesquisas realizadas por pesquisadores, acadêmicos e especialistas em bases de dados cientificas, possibilitando a realização de buscas científicas referente a temática proposta.

Desta forma, a pesquisa evidencia a revisão literária através de artigos científicos disponíveis na base de dados Pubmed e Uniceplac realizada entre agosto e setembro de 2024, no qual envolve estudos publicados em um espaço temporal datado de 2019 a 2024. 

2.2 Critérios e caracterização da busca

Foram utilizados os seguintes descritores: Síndrome da dor Patelofemoral OR Patellofemoral Pain Syndrome, AND Pilates, Contrologia, Princípios do Pilates, Benefícios do Pilates, Pilates e saúde”.

Mediante aos critérios de elegibilidade, a inclusão se deu por artigos disponíveis de forma integra e gratuita, em idioma inglês e português, evidenciando uma abordagem terapêutica e conservadora conforme o tema proposto. 

Foram excluídos estudos que abordassem como forma de tratamentos cirúrgicos e métodos invasivos, outras abordagens terapêuticas no tratamento da Síndrome da dor Patelofemoral, artigos pagos, capítulos de livros, teses e dissertações.

3. RESULTADOS

O fluxograma a seguir, ilustra um resumo da estratégia metodológica descrita, suas características e identifica os critérios de elegibilidade, conforme a triagem e seleção dos artigos selecionados.

Figura 1. Fluxograma: processo de triagem e seleção dos artigos.

Fonte: Elaborado pelos autores(2025).

Para caracterizar as evidências discutidas nesta pesquisa, a tabela a seguir apresenta os artigos que foram utilizados na elaboração desta revisão de literatura, organizados de acordo com seus critérios de inclusão e exclusão, a ordem dos trabalhos por autor e ano, além dos objetivos e considerações finais.

Tabela 1 – Características dos estudos analisados e discutidos.

AUTOR / ANOOBJETIVORESULTADOS
Azab et al., 2022Avaliar como um programa de método de exercícios de fortalecimento do núcleo baseado em Pilates afetou a dor, a força muscular dos membros inferiores, o estado funcional e a qualidade de vida relacionada à saúde em adolescentes com síndrome da dor femoropatelar (SDPF).Com base nos achados clínicos do presente estudo, 12 semanas de treinamento de Pilates têm o potencial de aliviar a dor, aumentar a força dos membros inferiores, melhorar a capacidade funcional e promover a qualidade de vida quando incorporados ao protocolo de fisioterapia convencional de forma mais favorável do que a fisioterapia convencional isoladamente. No entanto, estudos adicionais sobre o papel do Pilates no tratamento de pacientes com SDPF nos ajudariam a estabelecer um maior grau de precisão sobre esse assunto.
Dhinu, Holshouser, Mcmurray, 2020  Apresentar as opções de mobilização da APF em posições que reproduzam mais de perto as posições de provocação de sintomas, de forma esforço para oferecer aos médicos diferentes estratégias de intervenção para a condição desafiadora da SDFP.Embora as prescrições apropriadas de exercícios possam frequentemente melhorar os resultados da SDFP, alguns indivíduos com SDFP apresentam inúmeras deficiências nos mecanismos periféricos e centrais da dor. A mobilização articular tem sido associada ao amortecimento dos mecanismos aberrantes da dor e, combinada com seus efeitos biomecânicos, pode servir como uma potente intervenção adjuvante no manejo da SDFP.
Emamvirdi, Letafatkar, Haleghi Tazji, 2019Concentrou na avaliação do efeito dos exercícios de instrução de controle em valgo (VCI) no desempenho e nos fatores cinéticos e cinemáticos associados à função da extremidade inferior na aterrissagem.O desempenho dinâmico melhorado do joelho e a redução do ângulo de valgo do joelho durante situações funcionais podem levar a uma melhora na proporção do torque excêntrico do abdutor para o adutor e na proporção do torque máximo do rotador externo e do rotador interno em pacientes com SDFP.
Gaitonde, Ericksen, Robbins, 2019O achado de exame físico mais sensível é a dor ao agachar. Examinar a marcha, a postura e o calçado de um paciente podem ajudar a identificar as causas contribuintes.o kinesiotaping melhorou a dor a curto prazo quando adicionado a exercícios e fisioterapia. No entanto, uma revisão subsequente da Cochrane descobriu que a evidência geral é insuficiente para recomendar o uso rotineiro de kinesiotaping.
Hyun-Joong, Juchul, Seungwon, 2022Investigar o efeito da intervenção do pé, mobilização da articulação talonavicular (TJM) e fortalecimento do núcleo do pé (FCS), na SDFP.Este estudo é uma nova abordagem para o impacto potencial das intervenções nos pés na dor femoropatelar. A intervenção nos pés, incluindo TJM e FCS, é eficaz para controle da dor e melhora da função em indivíduos com SDFP.
Ishrat e Saira, 2021Determinar os efeitos da mobilização da articulação tibiofemoral na dor e amplitude de movimento em pacientes com síndrome da dor femoropatelar.As mobilizações da articulação tibiofemoral com exercícios de alongamento e fortalecimento do quadril e do joelho foram mais eficazes na redução da dor e no aumento da amplitude de movimento, bem como no limiar da dor à pressão.
Luza¹, Luza², Santos, 2020Comparar a distribuição da pressão plantar e a cinemática do retropé na fase de apoio de indivíduos com ou sem síndrome da dor femoropatelarA pressão nas seis regiões plantares permaneceu e a magnitude do ângulo máximo de eversão do retropé durante a marcha em superfície plana não se mostrou diferente nos sujeitos com SDPF. No entanto, sujeitos com SDPF demonstraram, dentro do ciclo da marcha, ângulo máximo de eversão do retropé mais cedo do que sujeitos do grupo controle, e permaneceram menos tempo com o retropé em eversão. O SDPF parece estar relacionado à alteração no padrão temporal na cinemática do retropé.
Melo et al, 2021Verificar e comparar a percepção de qualidade de vida dos praticantes de Pilates de ambos os sexos de um projeto de extensão universitária, voluntários com faixa etária entre 19 e 67 anos e média de 41 anos.Entender a percepção de qualidade de vida dos sujeitos pode contribuir para uma intervenção profissional mais adequada e eficaz que leve em consideração aspectos que podem influenciar, de maneira positiva, a percepção do indivíduo sobre a vida e suas necessidades.
   Bezerra et al, 2020Melhorar a mobilidade que envolvem aspectos como a redução da dor, melhora na concentração, postura, respiração, alívio de quadros álgicos, sendo extremamente importantes para a concentração e o fortalecimento muscular.Por ser uma atividade tremamente adaptável, percebeuse que o Pilates pode ser indicado para os mais diversos públicos, atuando tanto na prevenção de doenças quanto na reabilitação
Tramontano et al., 2020Investigar o efeito do OMTh na redução da dor em pacientes com SDPF.Diferenças significativas nas pontuações VAS foram encontradas entre os grupos OMTh e placebo. Esses achados destacam como o OMTh pode levar à redução da dor em pacientes com SDPF.
Vito Pavone et al., 2022é avaliar a incidência e o surgimento da SDFP em jovens atletas do sexo feminino e compará-la com indivíduos saudáveisSDFP é uma patologia comum; o desequilíbrio muscular e o uso excessivo podem exacerbar a dor e o desconforto em atletas jovens. Nossos achados mostram que o alto tipo e nível de atividade esportiva não estão relacionados ao aumento da frequência de sintomas clínicos relacionados à SDFP.

Fonte: Elaborada pelos autores (2025)

4. DISCUSSÃO

De acordo com os estudos realizados, os exercícios do método Pilates mostrou-se eficaz na prevenção de lesões musculoesquelética, inclusive na síndrome da dor femoropatelar (SDFP), proporcionando o reequilíbrio corporal, flexibilidade e manutenção de força muscular. As evidências deste estudo mostram que a incorporação dos exercícios do método Pilates aos protocolos de tratamento convencional da fisioterapia, traz uma redução significativa favorável na intensidade da dor e melhora a força muscular, o estado funcional e a qualidade de vida. Azab et al., 2022, retrata em seu estudo que o programa de exercícios baseado na metodologia Pilates foi eficaz para a melhora da dor, para ganho de força muscular dos membros inferiores e principalmente na qualidade de vida de pessoas com Síndrome da dor femoropatelar (SDFP). Foi possível observar esses resultados em um período de 12 semanas de treinamento do método o ganho de capacidade funcional que somados ao tratamento convencional de fisioterapia obteve resultados positivos.

Os autores, Emamvirdi, Letafatkar, Haleghi Tazji, 2019, trouxeram a análise dos fatores cinéticos e cinemáticos associados a função da extremidade inferior na aterrissagem, através da avaliação do controle em valgo, no qual obtiveram um resultado dinâmico melhorado do joelho e a redução do ângulo de valgo, através da modalidade do Pilates, a fim de levar uma melhora funcional na proporção do torque excêntrico do abdutor para o adutor em pacientes com SDFP. Hyun-Joong, Juchul, Seungwon, 2022, seu estudo foi investigar os efeitos de intervenção do pé, mobilização articular talonavicular e o fortalecimento do núcleo do pé na SDPF. Por se tratar de uma nova abordagem feita pelos autores, os resultados foram eficazes, associados a metodologia Pilates, tanto para o controle da dor, quanto para a melhora na função nos pacientes com SDFP. Desta forma, Ishrat e Saira, 2021, analisaram os efeitos da mobilização da articulação tibiofemoral na dor e na amplitude de movimento em pacientes com SDFP. Foi constatado em seu estudo que através do fortalecimento do quadril e do joelho foram eficazes na redução da dor, assim como através do Pilates houve aumento na amplitude de movimento e com o limiar da dor. Já os estudos de Melo et al, 2021, verificou e comparou a percepção da qualidade de vida em praticantes de Pilates, ambos os sexos, com faixa etária entre 19 e 67 anos. Os estudos comprovaram que através da metodologia Pilates, associada a percepção dos pacientes sobre a vida e suas necessidades, contribuem para resultados satisfatórios e mais eficazes, considerando aspectos que podem influenciar positivamente na qualidade de vida também nas dores causadas pela SDFP.

Conforme Bezerra et al, 2020, os estudos analisados demonstraram que o referido método pode ser utilizado com diferentes grupos, pois suas sessões são traçadas de acordo com as necessidades e limites individuais de cada aluno, trazendo uma liberdade ao instrutor para adaptar e modificar os exercícios de acordo com os objetivos a serem alcançados, seja eles de reabilitação, manutenção ou prevenção. O resultado direto do conjunto de exercícios da Contrologia produz uma estrutura harmoniosa que reflete a boa forma física pela coordenação e pelo equilíbrio da união de três partes: corpo, mente e espírito.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A literatura evidencia que a síndrome da dor femoropatelar (SDFP) é considerada como a causa mais comum de dor anterior do joelho, atingindo adolescentes, jovens e adultos, que é representada por dor peripatelar e retropatelar, no qual é afetada pelo desequilíbrio muscular e outras intercorrências. Com base nos achados clínicos do presente estudo, o método Pilates têm o potencial de aliviar a dor, aumentar a força muscular de forma global, melhorar a capacidade funcional e promover a qualidade de vida quando incorporados ao protocolo de fisioterapia convencional de forma mais favorável do que a fisioterapia convencional isoladamente. A pesquisa mostrou a importância do treinamento com os exercícios do Pilates como método de tratamento para a SDFP confirmando os efeitos positivos, visando o equilíbrio, manutenção da força muscular e mobilidade funcional. Os exercícios podem ser ajustados de acordo com as necessidades de cada paciente, evidenciando seus benefícios e sugeridos como método para um protocolo de reabilitação eficaz e segura para pacientes comprometidos pela SDFP. 

No entanto, estudos adicionais sobre o papel do Pilates no tratamento de pacientes com SDPF nos ajudariam a estabelecer maior grau de precisão sobre esse assunto.

6.  REFERÊNCIAS

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