CENÁRIO NUTRICIONAL DO APL LÁCTEO DO OESTE GOIANO

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10250131457


Matheus Gomes Pereira Gibrann
Gabriel Oliveira Cesário
Klayto José Gonçalves dos Santos


Resumo

A bovinocultura leiteira, apresenta-se como uma das principais atividades do agronegócio goiano, o grande desafio, tem sido a busca de uma produção mais equilibrada economicamente com o cenário do mercado lácteo, onde diminui-se o custo de produção, e eleva-se os lucros obtidos. O Centro de Biotecnologia em Reprodução Animal (BIOTEC), tem prestado assistência a algumas propriedades do APl lácteo do Oeste goiano, onde através de dados coletados nos 24 (vinte e quatro) municípios, e mais de 200 (duzentas) propriedades, observou-se o manejo nutricional dos rebanhos assessorados. Objetivou-se assim, obter um cenário geral do manejo nutricional dos rebanhos, buscando dados das propriedades assistidas, e suas atividades.

Palavra-chave: Nutrição animal, produção leiteira, bovinocultura leita

Abstract

Dairy cattle, presents itself as one of the main activities of the agribusiness of Goiás, the great challenge, has been the search for a more economically balanced production with the scenario of the dairy market, where the cost of production is reduced, and the profits obtained are increased. The Center for Biotechnology in Animal Reproduction (BIOTEC), has provided assistance to some properties of the APl dairy of the West of Goiás, where through data collected in the 24 (twenty-four) municipalities, and more than 200 (two hundred) properties, the nutritional management of the advised herds was observed. The objective was thus to obtain a general scenario of the nutritional management of the herds, seeking data on the assisted properties, and their activities.

Palavra-chave: Animal nutrition, dairy production, dairy cattle

Introdução

A pecuária leiteira é uma das principais atividades do agronegócio brasileiro. Segundo dados publicados pelo MilkPoint, o Brasil é o quinto maior produtor de leite do mundo, produzindo mais de 36,4 bilhões de litros de leite por ano, se estendendo por 98% do território nacional, tendo como principais produtores, a agricultura familiar e pequenas propriedades.

O estado de Goiás, apresenta-se como um dos grandes produtores de leite do cenário nacional. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que no ano de 2022, o estado de Goiás produziu mais de 2.999.571.000 (dois bilhões, novecentos e noventa e nove milhões, quinhentos e setenta e um mil) litros de leite (IBGE – Censo 2022), ou seja, 8,70% da produção nacional, o que mostra e prova seu papel indispensável ao cenário nacional.

Um dos principais desafios enfrentados pela bovinocultura leiteira, encontra-se no manejo nutricional, visto que cerca de 80% do custo de produção com a atividade leiteira, concentra-se na dieta dos animais. Tornando-se assim, indispensável o planejamento nutricional, para que se forneça aos animais, as exigências nutricionais, ao menor custo possível aumentando a produtividade e diminuindo os gastos, gerando assim mais lucro.

Tendo em vista os desafios nutricionais do centro-oeste goiano, foi realizado um levantamento de dados das propriedades dos 24 municípios que foram assistidos pelo Centro de Biotecnologia em Reprodução Animal (BIOTEC). Sendo assim, levou-se em consideração, realizar uma pesquisa a respeito do manejo nutricional de cada propriedade, observado a dieta dos animais, considerando as pastagens, forragens, tipos de solo, fonte de água, suplementação mineral e as raças utilizadas em cada propriedade levando em conta ainda, o nível do sistema de produção.

1.     Metodologia

Foram entrevistados cerca de 200 produtores do APL LÁCTEO DO OESTE GOIANO, espalhados pelos 24 (vinte e quatro) municípios que foram assistidos pelo BIOTEC, concentrando-se em sua grande maioria, em propriedades de pequeno porte (agricultura familiar), sendo caracterizadas pela presença de vacas leiterias que em sua maioria são mestiças.

A pesquisa foi realizada com visitas tecnicas (presenciais), nas propriedades, onde os produtores foram entrevistados com base em um questionário que perguntava a cerca do manejo alimentar, reprodutivo, produtivo e sanitário, além de, é claro, obter informações gerais da propriedade, tais como: tamanho da propriedade, quantidade de animais, raças ultlizadas, nome do produtor, se havia ou não funcionário, entre outras.

2.     Resultados e discussões

2.1 Sistema de produção

Acerca do sistema de produção adotado em cada propriedade, a pesquisa mostrou, que cerca de 64,6% dos produtores trabalham com sistema extensivo, sendo este o mais usado pelos produtores, enquanto 32,1% trabalham com sistema semi-intensivo, já o sistema intensivo, restringiu-se a 1,4% dos produtores, conforme observado no gráfico a seguir.

2.2  Solo e Pastagens

A análise, observou ainda, o tipo de solo e pastagens fornecidas ao rebanho. Dessa forma, em grande parte das propriedades, observou-se um solo argiloso (47,4%), enquanto solos arenosos representaram cerca de 9,6% e 43% de solos foram classificados como mistos ou não especificados.

Em relação aos manejos de pastagens (se havia, e se sim quais eram utilizados), constatou-se que 59,7% das pastagens eram formadas, enquanto 20,1% tinham presença significativa de pragas e 20,1% eram mistas, ou seja, presença de pastagens formadas e presença de pragas. Os produtores que não realizam nenhum tipo de manejo, somaram-se em 44,6%. Já os que realizaram algum tipo de manejo de pastagem, somaram-se em 55,4% dos produtores pesquisados. Os manejos adotados, variam entre rotação, aplicação de herbicidas, calagens, adubação e limpeza manual, conforme as proporções demonstradas no gráfico abaixo.

Das pastagens mais utilizadas, a brachiaria spp. destacou-se. No entanto além dela, observou-se o uso de outras forrageiras tais como: Panicum spp.(Mombaça, Colonião, Massai e Zuri) Cynodon spp.(Tifton 85), Pennisetum spp.(Quicuio) e Andropogon spp. (Andropolo).

Em contrapartida, um trabalho realizado pela Embrapa no ano de 2006, liderado pelo pesquisador Jonas Bastos da Veiga, mostra a importância da manutenção das pastagens disponíveis ao rebanho. Segundo Veiga, na Zona Bragantina, por exemplo, a principal forragem utilizada para formação de pastagens é o quicuio-da-amazônia (Brachiaria humidicola), estando presente em 90% das propriedades da região. Como trata-se de uma de uma região ao norte, e com solos apresentando características de deficiência mineral, segundo ele, essa gramínea é caracterizada por sua rusticidade, agressividade, adaptação a solos ácidos e pouco férteis apresentando uma excelente cobertura do solo, embora o seu valor nutritivo seja relativamente baixo. A segunda gramínea mais representativa na região é o braquiarão (Brachiaria brizantha cv. Marandu).

A pesquisa mostrou ainda, que a limpeza da área, o preparo do solo, a adubação adequada, o plantio bem feito, o ínicio de pastagem (ou seja, colocar o gado na hora certa), o controle de plantas invasoras, adubação e recuperação das pastagens, são indispensáveis para quem adota o sistema extensivo como meio de produção. manejos com estes, elevam a produção de pastagens pela área, fazendo com que o rebanho consuma alimentos mais adequados a suas exigências, e aumente a produção.

2.3  Fornecimento de Volumosos

Em relação ao fornecimento de volumosos, 57,15% fazem o uso de volumosos o ano todo, enquanto 42,9% não fornecem aos animais durante todo o ano. A Silagem é o principal volumoso fornecido pelos produtores, com 67,5%, enquanto 32,5% forcem outros tipos de volumosos(Cana de açúcar e Capiaçu). Dos 67% de silagem, 54,3% são silagem de milho. O gráfico abaixo, mostra quais são os volumosos mais fornecidos. É válido dizer, que cerca de 70% da silagem fornecida pelos produtores, é cultivada na própria propriedade, os outros 30%, são comprados.

Uma pesquisa feita no estado do Paraná, em 2010, liderada pelo pesquisador Valmir da Cunha Vieira, mostrou que segundo dados IBGE, 2008, a produção de leite, aumenta em relação a média de produção nacional, quando traz presente o fornecimento de silagem, ainda mais nas épocas mais exigentes do ano. Segundo o censo, a produção de leite por vaca ficou em média de 17,2 litros, a mínima de 5 litros e a máxima de 29,7 litros, sendo os dados obtidos superiores a produtividade média Paranaense, que é de 5,5 litros/vaca/dia, e também superior à média nacional, que é de 4,37 litros/vaca/dia. Ou seja, aos produtores que fazem o fornecimento adequado de uma silagem bem produzida, elevaram seus níveis produtivos, fazendo valer a importância do manejo nutricional de forrageiras ao rebanho.

2.4  Suplementação

A respeito da suplementação fornecida ao rebanho, a pesquisa mostrou que 79% dos produtores, fornecem algum tipo de suplementação ao rebanho durante o ano. Sendo que, 92% fornecem a suplementação mineral. As categorias suplementadas, podem ser vistas a seguir, no gráfico.

Um exemplo da importância da suplementação em rebanhos leiteiros, pode ser visto na pesquisa publicada em 2015 pela Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia – UFVJM, onde diz que “Os bovinos que recebem suplementação podem ingerir quantidades variáveis de minerais através dos alimentos pois, as concentrações de minerais oscilam e nem sempre atendem totalmente suas necessidades. No início da lactação, segundo Barcelos et. al. (2007), as exigências de Ca são elevadas, pois, uma vaca que produz 10 kg de colostro eliminará 23 g de Ca em uma única ordenha, o que representa nove vezes mais do que a quantidade de Ca circulante no organismo.”, ou seja, o fornecimento de minerais, torna-se essencial à produção e a lucratividade da atividade.

2.5  Tipo de Aguada

Em relação ao fornecimento de água, observou-se o seguinte:

Ou seja, dentre os fornecimento de água, predomina córrego, manilha e represa.

Ainda em relação ao tipo de aguada, Pinheiros (2021), destaca a importância do fornecimento de uma aguada de qualidade, elevando o bem estar animal e consequentemente os índices produtivos.

CONCLUSÃO

Diante dos resultados apresentados, podemos concluir que: Cerca de 64,3% dos produtores entrevistados, adotam o sistema extensivo como sistema de produção. Além disso, concluí-se que a braquiaria apresenta-se como a principal forragem ultilizada, e dos volumosos o mais ultilizado, é a silagem de Milho estando presente em cerca de 87% das propriedades. Conclui-se ainda, que grande parte dos produtores, ainda utilizam Fonte de aguada natural , sendo que o uso de córregos, nascentes e represas, representam praticamente a metade do número total das respostas.

Sendo assim, é válido salientar que o manejo nutricional, é sem sombra de dúvidas, a maior preocupação da atividade leiteira, sendo nele, concentrado o maior custo de produção, e as maiores dificuldades de atendimento das exigências. Nota-se ainda, que o problema não consiste apenas no sistema adotado (intensivo, semi-intensivo ou extensivo) mas sim, na falta do uso da tecnologia, quando se

adota, por exemplo, sistemas mais baratos de produção, como é o caso do sistema extensivo.

AGRADECIMENTOS

Apoio financeiro dos Colégios Tecnológicos do Estado de Goiás (COTEC), Universidade Federal de Goiás (UFG), Centro de Educação, Trabalho e Tecnologia (CETT) da UFG, Fundação Rádio e Televisão Educativa e Cultural (FRTVE), em parceria com a Secretaria de Estado da Retomada (SER) e Governo do Estado de Goiás, através do Convênio no 01/2021 – SER (Processo no.202119222000153) por meio do Edital de Pesquisa COTEC/CETT/SER No 01/2022.

 

REFERÊNCIAS

Mapa                     do                     Leite.                     Disponível                              em:

<https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/producao-animal/mapa-do-leite#:~:text

=O%20Brasil%20%C3%A9%20o%20terceiro>.

HOTT,          M.          et           al.          [s.l:          s.n.].          Disponível                    em:

<https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/237659/1/Producao-de-leite-na

-mesorregiao-sul-goiano..pdf>. Acesso em: 11 dez. 2023.

Tabela 74: Produção de origem animal, por tipo de produto (ibge.gov.br)

Relatório   destaca   números   da   produção   de   leite   mundial.                Disponível               em:

<https://www.milkpoint.com.br/noticias-e-mercado/giro-noticias/quem-e-o-maior-prod utor-mundial-o-top5-o-maior-exportador-descubra-aqui-233550/>.                                                                                     Acesso   em: 11 dez. 2023.

DA VEIGA, Jonas Bastos. Formação e manutenção de pastagem. 2006.

VIEIRA, Valmir da Cunha et al. Caracterização da silagem de milho, produzida em propriedades rurais do sudoeste do Paraná. Revista Ceres, v. 58, p. 462-469, 2011.

TOKARNIA, Carlos H.; DÖBEREINER, Jürgen; PEIXOTO, Paulo V. Deficiências minerais em animais de fazenda, principalmente bovinos em regime de campo. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 20, p. 127-138, 2000.

PINHEIRO, Glebson Freitas. Importância de promover o bem-estar animal na produção de bovinos leiteiros. 2021.