REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7932957
Paula Rodrigues da Costa1, Lara Cândida de Sousa Machado2, Milena Yuki Moreira Kurose3, Bianca de Carvalho Prini4, Satie Andretta Vigiato Kosin Gamarra5, Ronis Medeiros Ferreira Junior6, Amanda August de Oliveira7, Sâmella Cotrim dos Reis8, Vinícius Polinski Garcia9, Larissa Maria Ferreira de Souza10, Hátila Marques Eterno Bernardo11, Larissa Stefani Santos12
OBJETIVO: O presente estudo tem como principal objetivo avaliar a prevalência da varíola do macaco no cenário nacional e internacional. MÉTODO: Trata-se de um estudo transversal, descritivo, observacional de abordagem quantitativa do Cenário Nacional e Internacional da Varíola Do Macaco. Utilizou-se para a pesquisa dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde. As variáveis analisadas foram: casos confirmados de varíola do macaco em 2022. Foram excluídos da pesquisa os casos de varíola do macaco não notificados e registrados no boletim epidemiológico, os casos registrados nos anos anteriores a 2022. RESULTADO E DISCUSSÃO: No mundo, seis países se apresentam com o maior número de casos confirmados, condizendo com 75% dos casos notificados no mundo: Estados Unidos (26.723), Brasil (8.147), Espanha (7.209), França (4.043), Reino Unido (3.654) e Alemanha (3.640). Ademais, o perfil predominante entre o sexo masculino, referiu-se em 97,4% de casos, entre a faixa etária de 18 a 44 anos, correspondendo a 79%. No Brasil, A distribuição regional de eventos confirmados e prováveis apresenta maior concentração na região sudeste, com 68%, e centro-oeste, com 12,2%. Tendo em vista, a maior concentração desses registros no estado de São Paulo, com 46,5%, e Rio de Janeiro, com 14%, apresentando, assim, um mesmo padrão de distribuição do cenário mundial. CONCLUSÃO: O panorama apresentado demonstra a circunstância epidêmica que o vírus monkeypox obtém no mundo, tornando clara sua predominância frente aos indivíduos contaminados, como também, sua forma de transmissão. No entanto, observa-se uma carência diante estudos atualizados sobre esse MPV, que proporcione uma maior base de dados sobre essa atual patologia, principalmente no Brasil.
Palavras-chave: Mundo; Brasil; Monkeypox virus.
OBJECTIVE: The main objective of this study is to evaluate the prevalence of monkeypox in the national and international scenario. METHOD: This is a cross-sectional descriptive, observation study with a quantitative approach to the National and International Scenario os Monkeypox. Data drom the Epidemiological Bulletin of the Ministry of Health were used for the research. The variables analyzed were: confirmed cases of monkeypox in 2022. Unreported cases of monkeypox were excluded from the study and recorded in the epidemiological bulletin, the cases recorded in the years prior to 2022. RESULT AND DISCUSSION: In the world, six countries have the highest number of confirmed cases, corresponding to 75% of the cases reported in the world: United States (26.723), Brazil (8.147), Spain (7.209), France (4.043), United Kingdom (3.654) and Germany (3.640). Furthermore, the predominant profile among males, was reported in 97.4% of cases, between the age group of 18 and 44 years, corresponding to 79%. In Brazil, the regional distribution of confirmed and probable events presents the highest concentration in the southeast region, with 68%, and Midwest, with 12.2%. Considering the highest concentration of these records in the state of São Paulo, with 46.5% and Rio de Janeiro, with 14%, presenting, thus, the same pattern of distribution on the world stage. CONCLUSION: The panorama presented demonstrales the epidemic circumstance that the Monkeypox virus obtains in the world, making clear its predominance in relation to infected individuals, as well as, its form of transmission. However, there is a lack of update studies on this MPV, which provide a larger database on this current pathology, especially in Brazil.
Keywords: World; Brazil; Monkeypox virus.
1 INTRODUÇÃO
Os vírus referentes a família Poxviridae, contém a subfamília Chordopoxvirinae agrega 18 gêneros, dentre eles o monkeypox vírus – MPXV, agente causador da varíola do macaco (KREUTZ, et al. 2022). Em 1958 em Copenhagen, Dinamarca, o MPXV foi observado em um grupo de macacos (Macaca fascicularis) importados de Singapura que mostraram lesões cutâneas similares à varíola (VON MAGNUS et al., 1959). Após duas décadas, o primeiro diagnóstico da infecção da varíola do macaco em humanos foi descrito em 1970, na República Democrática do Congo, em um menino de nove meses (MCCOLLUM & DAMON, 2013).
A transmissão da doença acontece pelo contato direto pessoa a pessoa (pele, secreções) e exposição próxima e prolongada com gotículas e outras secreções respiratórias. A presença de úlceras, lesões ou feridas na boca também podem ser infectantes, denotando que o vírus pode se propagar por meio da saliva. A infecção também pode seguir do contato com objetos recentemente contaminados, como roupas, toalhas, roupas de cama (BRASIL, 2022).
Com período de incubação média entre seis e 13 dias, caracteriza-se pela presença de zero a cinco dias de febre, cefaleias, linfadenopatia, astenia e mialgias, seguido de erupções cutâneas cerca de um a três dias após o aparecimento de febre. Tais erupções cutâneas tendem a ser mais localizadas na região da face e extremidade, podendo se apresentar também nas mucosas orais, genitais, conjuntivas e córneas. Geralmente autolimitada, tende à solução em duas a quatro semanas (SOUSA, et al. 2022).
Nesse ínterim, em 18 de maio de 2022, 14, 7 e 13 casos de infecção por MPV foram relatados em Portugal, Espanha e Canadá, respectivamente. Já em 19 de maio de 2022, Bélgica, Suécia e Itália confirmaram seus primeiros casos de MPV. Por conseguinte, 20 de maio, a Austrália relatou dois casos. Um era de Melbourne e um segundo de Sydney. Dando assim, início a um efeito exponencial de contaminação entre diversos países do mundo nos quais indivíduos contaminados confirmaram sua presença nos locais primariamente infectados (KUMAR, et al. 2022).
Diante disso, em 26 de maio, um total cumulativo de 257 casos confirmados em laboratório e cerca de 120 casos suspeitos foram relatados à OMS (WHO, 2022). Desse modo, se apresentando um importante fator de risco que necessita de controle e supervisão, por meio de ações em saúde visando a informar a população sobre as formas de contágio, como também, conter a disseminação entre os grupos de risco.
Nessa perspectiva, o presente estudo tem como principal objetivo avaliar a prevalência da varíola do macaco no cenário nacional e internacional, além disso avaliar a prevalência da faixa etária, em adultos, e o sexo que a doença mais afeta e onde a doença mostra maior prevalência. Por isso, nota-se a necessidade da implementação de medidas de contenção e proteção dos indivíduos contaminados, buscando minimizar os possíveis efeitos à saúde que essa endemia pode acarretar.
2 MÉTODOS
Trata-se de um estudo transversal, descritivo, observacional de abordagem quantitativa do Cenário Nacional e Internacional da Varíola Do Macaco. Utilizou-se para a pesquisa dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde.
Mediante a isso, foram computados para análise, o número de casos da varíola do macaco em 2022, no Brasil e no mundo, notificados e registrados no DATASUS TABNET. Foram considerados como critérios de inclusão, estar notificado no boletim epidemiológico e possuir caso confirmado da varíola do macaco, com base nas normas do Sistema de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde.
As variáveis analisadas foram: casos confirmados de varíola do macaco em 2022. Foram excluídos da pesquisa os casos de varíola do macaco não notificados e registrados no boletim epidemiológico, os casos registrados nos anos anteriores a 2022.
A análise de dados foi feita e organizada em gráficos, a partir do software Microsoft Excel®, contendo as quantidades de casos da varíola do macaco no Brasil e no mundo, mas considerando casos de todo o período delimitado. Isso foi feito para em um segundo momento descrever em forma de texto uma comparação em porcentagem dos principais anos em que ocorreram oscilações nos números de casos em todo o Brasil e no mundo. No que concerne às normas éticas de pesquisa, não se aplica para um estudo ecológico.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Mundo
Segundo a Organização Mundial de Saúde, entre 1˚ de janeiro e 6 de outubro de 2022, notificaram-se 71.237 casos laboratorialmente confirmados, 1097 casos prováveis e 26 mortes. Tais óbitos se dividem em 12 países: Nigéria, Gana, Brasil, Camarões, Espanha, Estados Unidos, Bélgica, Cuba, República Tcheca, Equador, Índia e Sudão. A tabela 1, demonstrada no Ministério da Saúde, ilustra os eventos confirmados, prováveis e óbitos, segundo as regiões da OMS (BRASIL, 2022). Conforme um artigo publicado na revista Signal Transduction and Targeted Therapy, de 2022, ao analisar a epidemiologia, patogênese, tratamento e prevenção do vírus monkeypox corrobora sobre a ocorrência desse surto como uma circunstância que requer atenção, devido à presença de riscos à saúde pública (HUANG et al. 2022). Desse modo, constatando o cenário epidêmico enfrentado por essa doença.
Nesse ínterim, seis países se apresentam com o maior número de casos confirmados, condizendo com 75% dos casos notificados no mundo: Estados Unidos (26.723), Brasil (8.147), Espanha (7.209), França (4.043), Reino Unido (3.654) e Alemanha (3.640). Visto que esses dados avaliados correspondem de 2 a 8 de outubro, exceto o Brasil, que condiz com dados até dia 6 de outubro. Além disso, uma redução global de 10,07% na incidência de casos notificados foi observada na semana epidemiológica 40, de 2 a 8 de outubro, em relação a semana epidemiológica 39, de 25 de setembro a 1 de outubro, como ilustrado na figura 5, pelo Ministério da Saúde. Em concordância com esse contexto, a pesquisa publicada na revista Virologica Sinica, em 2022, os episódios da varíola do macaco aconteceram em diversos países do mundo, provocando um estado de alerta entre cientistas de vários países (GONG et al. 2022). Diante disso, hoje, a adoção de estratégias e ações de contenção do avanço dessa mazela demonstra seus efeitos positivos frente do controle desse surto (BRAISL, 2022).
FIGURA 1 – Casos confirmados de monkeypox, segundo data de notificação e média móvel, considerando os últimos sete dias, 2022 (n=71.220).
Ademais, o perfil predominante entre o sexo masculino, referiu-se em 97,4% de casos, entre a faixa etária de 18 a 44 anos, correspondendo a 79%. Ante o exposto, nota-se uma prevalência entre indivíduos em idade sexual ativa, evidenciando que a principal via de contaminação relatada foi a sexual, segundo a figura 6 elaborada pelo Ministério da Saúde. Em harmonia com isso, uma pesquisa publicada na revista Virologica Sinica, em 2022, a maior parte dos casos aconteceram em homens que fazem sexo com homens, que possuíam lesões genitais (GONG et al. 2022).
A maior parte dos casos exibiu sintomas leves, contudo, o vírus apresenta determinados grupos de risco, como crianças, gestantes e imunossuprimidos, podendo gerar maiores complicações (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2022).
FIGURA 2 – Casos globais confirmados de monkeypox, segundo sexo e faixa etária, 2022 (n=37.237)
Dentre os principais sinais e sintomas manifestados da monkeypox no mundo foram: erupção cutânea, com 83,4%, seguido de febre, com 57,6% (BRASIL, 2022). Segundo o artigo Analysis Monkeypox virus: a reemerging threat to humans, de 2022, esse vírus é autolimitado e a severidade dessa patologia está associada ao nível de exposição ao MPV, o estado de saúde do indivíduo e a origem de suas complicações. Outrossim, expõe uma reduzida taxa de letalidade, entre 1% a 10%, com as ocorrências mais graves em crianças (GONG et al. 2022). Portanto, é possível analisar que apesar da condição epidêmica dessa doença, sua patogenicidade denotou-se branda, minimizando, assim, possíveis malefícios que tal circunstância poderia acarretar.
Contudo, segundo a OMS, esse surto ainda se institui uma emergência de saúde pública de importância internacional perante a incidência de notificação dessa mazela em 75 países desde o início do ano de 2022 (OPAS, 2022). Nessa perspectiva, viu-se necessária a elaboração de medidas temporárias para diferentes contextos epidemiológicos, transmissibilidade e competência de resposta, sendo separados em 4 grupos, cada um segundo um histórico de detecção e detecção do vírus monkeypox. Dessa maneira, buscando alternativas para melhor conhecer e controlar esse cenário atual (Fiocruz, 2022).
3.2. Brasil
O Brasil no período entre 31 de julho e 6 de agosto, até o momento, mostra a ocorrência do maior índice de notificação de casos confirmados ou prováveis da monkeypox, segundo a média de casos nos últimos sete dias, de acordo com a figura 9, elaborada pelo Ministério da Saúde. Até a última semana epidemiológica, 40, avaliada até 8 de outubro de 2022, foram obtidas notificações 36.103 para a varíola do macaco, demonstrando um aumento de 13,5% na incidência referente a semana epidemiológica 38, de 18 a 24 de setembro. (BRASIL, 2022).
FIGURA 3 – Casos confirmados e prováveis de monkeypox e média móvel, segundo semana epidemiológica de notificação, até 8 de outubro de 2022, Brasil (N=8.463)
Contudo, dentre os casos apresentados, 58% foram descartados e 1,8% não se incluía na definição de caso suspeito, sendo assim, obtidos como excluídos, de acordo com apresentado na figura 8, pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2022). Dessa maneira, excluindo 27.639 do número de ocorrências registradas e tornando, assim, fundamental esse rastreio pós notificação, visando ratificar quais casos são prováveis e confirmados.
FIGURA 4 – Fluxograma de classificação das notificações de monkeypox recebidas até 08 de outubro de 2022, Brasil
O sexo masculino se expões predominante entre os eventos confirmados e prováveis, com 91,5%, concentrando-se entre a faixa etária de 30 a 39 anos, com 42,1%, em sequência de indivíduos entre 18 a 29 anos, com 34,8%. Ao mesmo tempo que, entre o sexo feminino obteve maior concentração entre 18 a 29 anos, com 30,8%, de acordo com a figura 17, elaborada pelo Ministério da Saúde.
Ademais, dentre as ocorrências no sexo masculino, 34,6% se declararam homossexuais e 53,9% declararam fazer sexo com homens (BRASIL, 2022). Consoante a isso, um estudo publicado na revista In The Time Light, em setembro de 2022, realizou uma análise sobre a MPV e uma possível crise à saúde pública, ratifica os índices de homens que possuem relações com homens se apresentam em maior incidência. Frente a interação com fluidos corporais e lesões expostas (RANGANATH, et al. 2022). Desse modo, mostrando uma maior incidência entre indivíduos em idade sexualmente ativa, mas também, obtendo a contaminação via sexual, apresentando, assim, um mesmo padrão de distribuição do cenário mundial. Mas também, carecendo de maiores pesquisas referente a sua transmissibilidade via sexual
FIGURA 5 – Casos confirmados e prováveis de monkeypox, segundo faixa etária e sexo de nascimento, até 8 de outubro de 2022, Brasil (N= 8.443)
Outrossim, a apresentação de sinais e sintomas, dos casos confirmados são: febre em 57,7%; dor de cabeça em 40,4%; adenomegalia em 39,4% e, aproximadamente, 91% dos casos demonstrou pelo menos um sinal e um sintoma. Dessa forma, diferindo do padrão de sintomas referido mundialmente (BRASIL, 2022).
A distribuição regional de eventos confirmados e prováveis apresenta maior concentração na região sudeste, com 68%, e centro-oeste, com 12,2%. Tendo em vista, a maior concentração desses registros no estado de São Paulo, com 46,5%, e Rio de Janeiro, com 14%, segundo exposto na figura 12, elaborada pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2022). Semelhante a isso, uma pesquisa realizada na Elsevier Public Health Emergency Collection Monkeypox, em 2022, sob o contexto de analisar a MPXV como uma emergência de saúde pública também constata que a maior parte das ocorrências positivadas estão, em primeiro lugar, no estado de São Paulo e, em segundo lugar, no estado do Rio de Janeiro (GADELHA et al. 2022).
FIGURA 6 – Casos confirmados e prováveis de monkeypox, segundo unidade da Federação de residência, até 8 de outubro de 2022, Brasil (N=8.464)
Posto isso, a elaboração de medidas temporárias para diferentes contextos epidemiológicos criada pela OMS, institui o Brasil sob o contexto de “Estado com casos recentemente importados de monkeypox na população humana, com transmissão de humano para humano, inclusive em grupos populacionais-chave e comunidades com alto risco de exposição”. Tal circunstância lista determinadas ações como: adoção de medidas de vigilância sanitária e epidemiológica; manejo clínico, proteção e prevenção de infecções; pesquisa de contramedidas médicas; adoção de ações para reduzir a transmissão entre pessoas (FIOCRUZ, 2022). Logo, adotando estratégias que pretendem conter o avanço dessa doença.
4 CONCLUSÃO
O panorama apresentado nos resultados e discussão demonstra a circunstância epidêmica que o vírus monkeypox obtém no mundo, tornando clara sua predominância frente aos indivíduos contaminados, como também, sua forma de transmissão. No entanto, observa-se uma carência diante estudos atualizados sobre esse MPV, que proporcione uma maior base de dados sobre essa atual patologia, principalmente no Brasil. Nesse viés, o conhecimento sob essas particularidades permite a elaboração de ações mais assertivas no combate desse cenário. Dessa maneira, direcionando políticas públicas intersetoriais de cunho educativo para conscientização social, considerando as prioridades de locais específicos, no intuito de conter a transmissão da doença. Como também, o investimento projetos e teses que contribuam para melhor conhecer o comportamento dessa doença, hoje, no Brasil e no mundo. Por fim, visando reduzir e controlar sua incidência no cenário nacional e internacional da varíola do macaco.
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1,3,4,5,6,7,8,9,10,11,12 Acadêmica de Medicina da Universidade de Rio verde, (rcpaula93@gmail.com)
2 Enfermeira e docente do curso de Medicina pela Universidade de Rio Verde,
(laramachado.enf@gmail.com)